Eu nunca tinha reparado em outros significados desta canção religiosa até que meu irmão me fez abrir os olhos, digo, aguçar os ouvidos...
"Vinde, assentai-vos à mesa
Corpo e sangue vos dou
Quero ver meu fogo arder..."
domingo, dezembro 31, 2006
quarta-feira, dezembro 27, 2006
Minha avó costura os segundos
que vão passando, passando...
Até que um pedaço da vida
transmuta-se em toalha de mesa
Ela reza o tempo
Com suas mãos envelhecidas,
Vovó segura o terço que segura as horas, as orações
que conta as horas, as orações
um pai-nosso
dez ave-marias
um pai-nosso
dez ave-marias
um pai-nosso
dez ave-marias
um pai-nosso
dez ave-marias
um pai nosso
dez ave-marias
que vão passando, passando...
Até que um pedaço da vida
transmuta-se em toalha de mesa
Ela reza o tempo
Com suas mãos envelhecidas,
Vovó segura o terço que segura as horas, as orações
que conta as horas, as orações
um pai-nosso
dez ave-marias
um pai-nosso
dez ave-marias
um pai-nosso
dez ave-marias
um pai-nosso
dez ave-marias
um pai nosso
dez ave-marias
segunda-feira, dezembro 25, 2006
Então é natal, e o que você fez? O ano termina e nasce outra vez...
Não tem coisa pior do que passar a virada do ano com a família. Tenho péssimas recordações disso. Quando eu era guria, minha avó me obrigava a ir à uma maldita missa justamente na hora em que tava todo mundo bêbado e pulando ondinhas no mar. Eu ficava sentada ouvindo um padre imbecil que cantava mal pra caramba e falava durante três, eu disse três horas! Depois ia pra casa e comia arroz com frango, e dormia. Fora isso, eu já passei a virada do ano vendo Faustão e até dormindo! Alguém é mais loser do que eu aí? Tem condição não. Bom, hoje em dia vou à praia, e ó céus, ano passado teve show de Simone lá. Eu não aguento mais a Simone, que vão pro inferno todas as pessoas que têm aquele cd dela do natal!
domingo, dezembro 24, 2006
O bosque
Cara, eu adoro caminhar em parquinhos. Eu sei que isso é bobo, mas eu fico viajando que estou no meio da mais pura natureza, quando na verdade é só um parquinho. Eu gosto de caminhar no Parque da Sementeira, principalmente de passar por uma trilha. Andar em trilhas ouvindo o pé roçar a areia cheia de pedras é muito bacana. E no começo dessa trilha tem uma placa dizendo "Bosque". É só um caminho que passa entre pequenas árvores no parque, mas pra mim aquilo ali é um bosque.
sábado, dezembro 23, 2006
Intelectual de cult é rola
Muita gente me chama de pimba. Não é coisa que me incomode, na verdade, eu até zombo bastante disso e me auto-declaro pimba. Não que eu já tenha humilhado alguém, não que eu me ache mais inteligente do que os outros, não que eu já tenha dito que li algo sem ter lido, não que eu ande com livro debaixo do braço, mas pelo simples fato de eu gostar de ler e adorar filmes (dos mais variados tipos, e não somente os "de arte"), me chamam de pimba. Pois é, o país tem altos índices de analfabetismo, e se você gosta de ler ou você é intelectual ou você quer bancar um. Você não pode gostar de ler porque gosta, afinal, dizem por aí que ler é coisa muito chata.
Não acho. Como também não vejo problema em alguém não gostar de ler. Conheço muuuuitas pessoas extremamente inteligentes que dormem só de ver letrinhas em uma página. Ler é questão de gosto.
Tem gente que prefere colocar em prática coisas muito legais a ficar sentado numa cadeira diante de um livro, tem gente que adora números, tem gente que toca violão pra caramba. Não é preciso, é óbvio, gostar de literatura pra ser inteligente. E digo mais: gosto é que nem cu.
Mas tem gente que vive se incomodando com o cu dos outros e falando mal de quem é pimba, e blá blá blá. Falar mal é algo legítimo na minha opinião, eu falo, tu falas, eles falam. Mangar, blefar são uma arte. E quem se importa tá fudido, a vero.
O problema é que ódio puro é puro amor. Quem se preocupa demais com determinados grupos, tenho essa impressão, geralmente nutre alguma admiração reprimida. Do tipo, altos gays são homofóbicos, assim como muita gente que odeia pimba teve tentativas frustradas de ler certos livros e por isso, acreditem, existem pessoas idiotas o suficiente para invejar pimbas! Deus é mais!
Muitas pessoas que eu vi esculhambando pimbas revelaram um certo complexo de inferioridade. Já vi gente que vivia me chamando de pimba perguntar coisas pra mim como se eu tivesse a obrigação de saber, como se eu fosse mais inteligente. Vasculhando minhas notas e exigindo que eu tirasse as maiores da classe, que eu fosse a maioral.Dizendo que eram incapazes de fazer um mestrado porque não liam coisinhas "cult" (argh! odeio essa palavra!). Mas não li tanta coisa assim. E eu me pergunto, puta que pariu, o que tem a ver?
Pois então. Adoro quem faz gozação pelo livre exercício do sarcasmo, quem não leva muita coisa a sério e não tá nem aí pra porra nenhuma. Eu falo mal de pimbas com pessoas que me chamam de pimbas e eu as chamo de pimbas, e somos felizes eternamente. Agora se você tentou ler aquele livro e não conseguiu e odeia quem lê, porra, você é paia pra caralho!
Não acho. Como também não vejo problema em alguém não gostar de ler. Conheço muuuuitas pessoas extremamente inteligentes que dormem só de ver letrinhas em uma página. Ler é questão de gosto.
Tem gente que prefere colocar em prática coisas muito legais a ficar sentado numa cadeira diante de um livro, tem gente que adora números, tem gente que toca violão pra caramba. Não é preciso, é óbvio, gostar de literatura pra ser inteligente. E digo mais: gosto é que nem cu.
Mas tem gente que vive se incomodando com o cu dos outros e falando mal de quem é pimba, e blá blá blá. Falar mal é algo legítimo na minha opinião, eu falo, tu falas, eles falam. Mangar, blefar são uma arte. E quem se importa tá fudido, a vero.
O problema é que ódio puro é puro amor. Quem se preocupa demais com determinados grupos, tenho essa impressão, geralmente nutre alguma admiração reprimida. Do tipo, altos gays são homofóbicos, assim como muita gente que odeia pimba teve tentativas frustradas de ler certos livros e por isso, acreditem, existem pessoas idiotas o suficiente para invejar pimbas! Deus é mais!
Muitas pessoas que eu vi esculhambando pimbas revelaram um certo complexo de inferioridade. Já vi gente que vivia me chamando de pimba perguntar coisas pra mim como se eu tivesse a obrigação de saber, como se eu fosse mais inteligente. Vasculhando minhas notas e exigindo que eu tirasse as maiores da classe, que eu fosse a maioral.Dizendo que eram incapazes de fazer um mestrado porque não liam coisinhas "cult" (argh! odeio essa palavra!). Mas não li tanta coisa assim. E eu me pergunto, puta que pariu, o que tem a ver?
Pois então. Adoro quem faz gozação pelo livre exercício do sarcasmo, quem não leva muita coisa a sério e não tá nem aí pra porra nenhuma. Eu falo mal de pimbas com pessoas que me chamam de pimbas e eu as chamo de pimbas, e somos felizes eternamente. Agora se você tentou ler aquele livro e não conseguiu e odeia quem lê, porra, você é paia pra caralho!
sexta-feira, dezembro 22, 2006
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Amor é questão de costume
Aí de repente você percebe que o amor não nasce do nada,
nem nos toma de sobressalto sem nos permitir defesa.
Ele não é místico, transcendental, ele é construído.
Então gente vê que poderia amar sei lá quantas pessoas nesse mundo,
e não apenas nosso marido,
nosso namorado,
aquele ou aquela a quem acreditamos todo o amor de uma vida inteira
O amor poderia ser dedicado a qualquer outra pessoa a quem a gente apenas...
se acostumasse!
Amor é questão de costume
E tudo depende da nossa vontade,
Porque a gente só ama quando quer amar
Afinal, amar é uma decisão, e uma decisão de quem sente falta.
nem nos toma de sobressalto sem nos permitir defesa.
Ele não é místico, transcendental, ele é construído.
Então gente vê que poderia amar sei lá quantas pessoas nesse mundo,
e não apenas nosso marido,
nosso namorado,
aquele ou aquela a quem acreditamos todo o amor de uma vida inteira
O amor poderia ser dedicado a qualquer outra pessoa a quem a gente apenas...
se acostumasse!
Amor é questão de costume
E tudo depende da nossa vontade,
Porque a gente só ama quando quer amar
Afinal, amar é uma decisão, e uma decisão de quem sente falta.
sábado, dezembro 16, 2006
É claro que ele é!
Dona A. é uma típica vizinha. Ela pede sal quando tá faltando na sua casa, e oferece sopa quando acha que sua comida está muito gostosa. É uma velhinha muito magra e de pequena estatura que adora ir à igreja, sempre passa por mim cheia de compras de supermercado, e vez por outra faz um curso de artesanato. Uma velhinha feliz. Mas Dona A. não chamaria a atenção de ninguém não fosse o fato de ter dois filhos travestis, que atraem os olhos nas ruas com seus peitos siliconados como ímãs, e que escutam Madonna no máximo volume.
Os dois moram na Espanha e são endinheirados. São tranformistas por lá, e na Espanha dá pra ganhar muito, mas muito dinheiro com isso. Têm um carinho enorme pela mãe, telefonam, querem saber como ela tá, do que precisa, e quando estão aqui em Aracaju fazem questão de enchê-la de regalias. Compram móveis caros, decoram o apartamento para deixá-lo cada vez mais luxuoso.
Mas Dona A. seria uma satisfeita mãe de filhos gays não fosse a estranheza de certos comentários. Certa vez, minha mãe estava assistindo à novela na casa dela, quando ela se mostrou indignada com um personagem gay.
- Que coisa! Onde já se viu ein! Coitada dessa moça, ela não tá vendo que ele gay?! Virgem Minha Nossa Senhora, essa televisão de hoje né? É tão triste uma mãe ter um filho gay!
Minha mãe disse que ficou impressionada com a forma como ela falava de homossexuais como se fosse algo distante da realidade dela. Comentava com aquele típico puritanismo de dona-de-casa conservadora, reafirmava valores que, na verdade, no seu lar não faziam o mínimo sentido.
Talvez fosse uma forma de não ficar envergonhada diante das amigas, apesar de não haver vergonha nenhuma em ter um, digo, dois filhos gays. Já minha mãe acha que quem sabe ela não mente pra si mesma até hoje e acha que dois marmanjos siliconados que usam plumas e adoram Madonna não são gays.
Os dois moram na Espanha e são endinheirados. São tranformistas por lá, e na Espanha dá pra ganhar muito, mas muito dinheiro com isso. Têm um carinho enorme pela mãe, telefonam, querem saber como ela tá, do que precisa, e quando estão aqui em Aracaju fazem questão de enchê-la de regalias. Compram móveis caros, decoram o apartamento para deixá-lo cada vez mais luxuoso.
Mas Dona A. seria uma satisfeita mãe de filhos gays não fosse a estranheza de certos comentários. Certa vez, minha mãe estava assistindo à novela na casa dela, quando ela se mostrou indignada com um personagem gay.
- Que coisa! Onde já se viu ein! Coitada dessa moça, ela não tá vendo que ele gay?! Virgem Minha Nossa Senhora, essa televisão de hoje né? É tão triste uma mãe ter um filho gay!
Minha mãe disse que ficou impressionada com a forma como ela falava de homossexuais como se fosse algo distante da realidade dela. Comentava com aquele típico puritanismo de dona-de-casa conservadora, reafirmava valores que, na verdade, no seu lar não faziam o mínimo sentido.
Talvez fosse uma forma de não ficar envergonhada diante das amigas, apesar de não haver vergonha nenhuma em ter um, digo, dois filhos gays. Já minha mãe acha que quem sabe ela não mente pra si mesma até hoje e acha que dois marmanjos siliconados que usam plumas e adoram Madonna não são gays.
quinta-feira, dezembro 14, 2006
Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(...)E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)(...)
Trecho do poema Tabacaria, de Álvaro de Campos
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
(...)E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim...
Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -
Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,
E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira,
E ouviu a voz de Deus num poço tapado.
Crer em mim? Não, nem em nada.
Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente
O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo,
E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha.
Escravos cardíacos das estrelas,
Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama;
Mas acordamos e ele é opaco,
Levantamo-nos e ele é alheio,
Saímos de casa e ele é a terra inteira,
Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido.
(Come chocolates, pequena;
Come chocolates!
Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates.
Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria.
Come, pequena suja, come!
Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes!
Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho,
Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.)(...)
Trecho do poema Tabacaria, de Álvaro de Campos
quarta-feira, dezembro 13, 2006
Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças
Quem nunca fez bico, birrou, teimou, mas não acatou a posição da mãe, da professora, etc? Pois é, eu também. Só que agora alguns psicólogos dão nome pra isso, um tal de Transtorno de Conduta e o Distúrbio de Déficit de Atenção.
O Transtorno de Conduta se refere aos problemas com autoridade, no caso, crianças que não lidam bem com ordens e regras. Já o Distúrbio de Déficit de Atenção ocorre em crianças hiperativas, que não conseguem ficar paradas, são impulsivas, explosivas, e com dificuldades de concentração. Dizem os especialistas que um transtorno está relacionado ao outro, pois as crianças com DDA têm dificuldades no âmbito das relações sociais, são continuamente rejeitadas, e acabam por desafiar ordens como uma forma de chamar a atenção.
Pais levam essas tais crianças "neuróticas" para os consultórios de psiquiatras e psicólogos e adivinha o que acontece? Eles passam anti-depressivos e obrigam a criança a ir toda semana ao divã para falar de suas "angústias existenciais".
Agora, eu me pergunto pra quê tanta doença. Dizem quem tá se dando bem com isso são as indústrias farmacêuticas. É tanto transtorno de qualquer coisa, que daqui um dia as prateleiras das farmácias vão ficar pertinho do chão no meio do supermercado pras crianças pedirem à mãe seu anti-depressivo, assim como fazem com brinquedos. Exagero, eu sei, mas com tanto guri tomando remédio punk por quê diabos ainda existe aquele aviso na embalagem "Todo medicamento deve ser mantido fora do alcance das crianças"?
Coitadas das crianças! No mundo civilizado o que não faltam são normas, proibições, punições. Se elas não conseguem ficar sentadas decorando a tabuada em plena flor da idade, quando querem coisas interessantes e precisam de um aprendizado mais interativo, elas são doidas. Se elas ficam putas da vida de ter que ir pra escola onde desde o maternal escutam falar de vestibular, elas são doidas. São malucas e tristes, pobres coitadas!
Acabou-se a palmatória, mas agora elas são carinhosamente chamadas de sociopatas e engolem comprimidos que as deixam eufóricas e sonolentas todos os dias. E viva a (pós?)- modernidade!
sexta-feira, dezembro 08, 2006
O tempo
Estava de manhãzinha tirando fotos com meus colegas no Mercado para a disciplina Fotografia e Iluminação, quando encontrei um senhor vendendo revistinhas de literatura de cordel, um homem muito conversador, cheios de histórias encantadas pra contar, um tal de João Firmino Cabral. Decidi comprar algumas revistinhas, uma delas, Os sofrimentos de Célia, de Manoel Pereira Sobrinho, e gostei muito muito desta frase:
O tempo é a fita trágica
Do cinema da matéria.
O tempo é a fita trágica
Do cinema da matéria.
terça-feira, dezembro 05, 2006
Debaixo dos caracóis dos seus cabelos
No pátio da escola, antes repleto de crianças correndo em todas as direções, mas que haviam sido levadas pelos carros dos pais, eu aguardava ansiosamente pela chegada da minha mãe, pois sentia fome e já passava de meio-dia. Às vezes chorava quando ela demorava demais com medo de ela me deixar na escola e nunca mais voltar. Aos seis anos, eu era uma bolinha, e só pensava em comer e brincar de Barbie. Quando minha mãe chegou, apontei para minha colega e disse:
- Veja só, mãe, ah, como eu queria ser como ela.
- Pra quê, minha filha? Você é tão bonita.
- Não, ela sim é bonita. Ela é loira. Eu queria ser loira.
Às vezes eu ficava me auscultando no espelho e desejava que meus cabelos fossem amarelos, meus olhos, azuis. Queria tirar aquela negritude dos meus aspectos, queria que meu nariz fosse empinadinho, que meus lábios fossem finos. Eu me achava feia porque precisava ser mais branca, e arrancar de mim toda aquela mestiçagem. Queria ser como as bonecas e as atrizes da TV.
De minha avó recebia elogios por ser branca. Ela dizia que suspirou de alívio ao me ver recém-nascida nos braços de minha mãe. Deus me livre você nascer preta, dizia ela. Vovó mora nos confis do sertão de Sergipe, é descendente de índios e tem marido negro. Mas ela queria que eu puxasse ao outro lado da família, o lado da minha mãe, dos brancos.
Certa vez, ela veio me visitar depois de anos sem me ver. Chorou tanto, que cambaleava sem aguentar tamanha emoção. Queria-me assim, crescida e estudando na Universidade, distante das plantações, da seca, do sol que aperta os olhos de quem olha pro céu.
E ao me ver brincar com uma menina de cabelos encaracolados, uma prima que ela levara para me apresentar, vovó pediu para a menina ficar quieta. Disse que ela, diferente de mim, era pretinha, e pediu para a doce mocinha dos cabelos encaracolados parar de me incomodar. A menina mergulhou nos braços dela, e depois correu e foi brincar com meus irmãos, que corriam e gritavam, como livres, pela casa. E não adiantava minha mãe reclamar do barulho e que a roupa ia ficar suja.
Percebi, então, que os cabelos daquela menina lembravam os cabelos que eu tinha na infância. Logo ao vê-la andetrar na sala, reparei feito boba nos cachinhos e tive saudade dos meus caracóis. Como eu adorava meus caracóis e brincava com eles! Eles eram feitos pelo carinho da minha mãe, que enrolva meus cabelos com uma escova até formar os meus queridos cachinhos.
Isso foi engraçado. A menina que queria ser loira dos olhos azuis, vivia pedindo à mãe para fazer cachos nos seus cabelos. O que me chamou a atenção, o que me fez ter certo carinho por aquela mocinha, foram seus caracóis moldados pela sua negritude. Os caracóis que eu tanto cantava na infância, debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma história pra contar, de um mundo tão distante! E ela corria com meus irmãos pela casa, e ali não havia nem negro nem branco, nem raça alguma. Só havia gente, bichos até.
- Veja só, mãe, ah, como eu queria ser como ela.
- Pra quê, minha filha? Você é tão bonita.
- Não, ela sim é bonita. Ela é loira. Eu queria ser loira.
Às vezes eu ficava me auscultando no espelho e desejava que meus cabelos fossem amarelos, meus olhos, azuis. Queria tirar aquela negritude dos meus aspectos, queria que meu nariz fosse empinadinho, que meus lábios fossem finos. Eu me achava feia porque precisava ser mais branca, e arrancar de mim toda aquela mestiçagem. Queria ser como as bonecas e as atrizes da TV.
De minha avó recebia elogios por ser branca. Ela dizia que suspirou de alívio ao me ver recém-nascida nos braços de minha mãe. Deus me livre você nascer preta, dizia ela. Vovó mora nos confis do sertão de Sergipe, é descendente de índios e tem marido negro. Mas ela queria que eu puxasse ao outro lado da família, o lado da minha mãe, dos brancos.
Certa vez, ela veio me visitar depois de anos sem me ver. Chorou tanto, que cambaleava sem aguentar tamanha emoção. Queria-me assim, crescida e estudando na Universidade, distante das plantações, da seca, do sol que aperta os olhos de quem olha pro céu.
E ao me ver brincar com uma menina de cabelos encaracolados, uma prima que ela levara para me apresentar, vovó pediu para a menina ficar quieta. Disse que ela, diferente de mim, era pretinha, e pediu para a doce mocinha dos cabelos encaracolados parar de me incomodar. A menina mergulhou nos braços dela, e depois correu e foi brincar com meus irmãos, que corriam e gritavam, como livres, pela casa. E não adiantava minha mãe reclamar do barulho e que a roupa ia ficar suja.
Percebi, então, que os cabelos daquela menina lembravam os cabelos que eu tinha na infância. Logo ao vê-la andetrar na sala, reparei feito boba nos cachinhos e tive saudade dos meus caracóis. Como eu adorava meus caracóis e brincava com eles! Eles eram feitos pelo carinho da minha mãe, que enrolva meus cabelos com uma escova até formar os meus queridos cachinhos.
Isso foi engraçado. A menina que queria ser loira dos olhos azuis, vivia pedindo à mãe para fazer cachos nos seus cabelos. O que me chamou a atenção, o que me fez ter certo carinho por aquela mocinha, foram seus caracóis moldados pela sua negritude. Os caracóis que eu tanto cantava na infância, debaixo dos caracóis dos seus cabelos, uma história pra contar, de um mundo tão distante! E ela corria com meus irmãos pela casa, e ali não havia nem negro nem branco, nem raça alguma. Só havia gente, bichos até.
terça-feira, novembro 28, 2006
Orgasmo ajuda a acabar com a guerra no mundo
Dois activistas da paz dos EUA planejaram a grande manifestação anti-guerra, que decorrerá no dia 22 de Dezembro. Querem que neste dia toda gente fique em casa.
A organização Orgasmo Global pela Paz foi criada por Donna Sheehan, 76 anos, e Paul Reffell, 55 anos. Dois activistas acham que o orgasmo vai ajudar a focar-se na paz mundial.
“O orgasmo provoca um sentimento incrível de paz durante e depois dele,” declarou Refell.
Os activistas estudaram psicologia e acreditam que a razão da guerra é o desejo do homem impressionar outro homem, quer dizer “o meu míssil é maior do que o teu,” segundo Reffell.
Reffell e Sheehan querem tentar transformar a energia sexual das pessoas em algo mais positivo.
Mas os activistas não são estranhos ao sexo e ao activismo social. Em 2002 Sheehan pediu a cerca de 50 mulheres tirar a roupa e gritar a palavra “Paz”.
Fonte: Site Pravda
A organização Orgasmo Global pela Paz foi criada por Donna Sheehan, 76 anos, e Paul Reffell, 55 anos. Dois activistas acham que o orgasmo vai ajudar a focar-se na paz mundial.
“O orgasmo provoca um sentimento incrível de paz durante e depois dele,” declarou Refell.
Os activistas estudaram psicologia e acreditam que a razão da guerra é o desejo do homem impressionar outro homem, quer dizer “o meu míssil é maior do que o teu,” segundo Reffell.
Reffell e Sheehan querem tentar transformar a energia sexual das pessoas em algo mais positivo.
Mas os activistas não são estranhos ao sexo e ao activismo social. Em 2002 Sheehan pediu a cerca de 50 mulheres tirar a roupa e gritar a palavra “Paz”.
Fonte: Site Pravda
Conversa de ônibus
Essa conversa eu ouvi ontem à noite a caminho da aula de Filosofia da Linguagem, que não tive. Eles falavam tão alto que não tinha como não ouvir...
- Um dia desses ela virou pra mim e disse "Eu te amo". Mas veja só, quando foi no sábado ela me ligou do celular umas 10 da noite e disse que estava na festa da Derrota. E que amor é esse?
- É né.
- Sabe, não tem como entender as mulheres.
- Ah, que nada. Vai ver que não é pra tentar entender.
- É? Vá nessa que quando você for se dar conta já vai estar com um belo par de chifres na cabeça.
- Que é isso, rapaz, você diz isso porque tá revoltado.
- Revoltado não, é verdade.
- Anram.
- E você com a Mariana?
- Tô bem.
- Você ama a Mariana?
- Anram.
- Você disse pra ela?
- Disse.
- E aí?
- Ela fez "anram".
- Poxa, se eu dissesse "eu te amo" pra alguém e essa pessoa me respondesse "anram"...
- Eu perguntei, "você me ama?", e ela disse "anram".
- As mulheres são incompreensíveis aos humanos.
- Aos humanos homens né?
- Sim, aos humanos homens.
- Um dia desses ela virou pra mim e disse "Eu te amo". Mas veja só, quando foi no sábado ela me ligou do celular umas 10 da noite e disse que estava na festa da Derrota. E que amor é esse?
- É né.
- Sabe, não tem como entender as mulheres.
- Ah, que nada. Vai ver que não é pra tentar entender.
- É? Vá nessa que quando você for se dar conta já vai estar com um belo par de chifres na cabeça.
- Que é isso, rapaz, você diz isso porque tá revoltado.
- Revoltado não, é verdade.
- Anram.
- E você com a Mariana?
- Tô bem.
- Você ama a Mariana?
- Anram.
- Você disse pra ela?
- Disse.
- E aí?
- Ela fez "anram".
- Poxa, se eu dissesse "eu te amo" pra alguém e essa pessoa me respondesse "anram"...
- Eu perguntei, "você me ama?", e ela disse "anram".
- As mulheres são incompreensíveis aos humanos.
- Aos humanos homens né?
- Sim, aos humanos homens.
O desapego
- Marthe, ele foi seu amante?
- Sim -disse ela- Mas estou interessada no filme.
Naquele dia, Mersault começou a apegar-se a Marthe. Ele a conhecera há alguns meses, atraído por sua beleza e por sua elegância. Um rosto um pouco largo, mas regular, os olhos dourados, e os lábios tão bem pintados que ela parecia alguma deusa de rosto desenhado. Uma tolice natural que brilhava nos seus olhos acusava, ainda, seu ar longíquo e impassível. Até agora, a cada vez que Mersault tinha com uma mulher os primeiros gestos decisivos, consciente da desgraça que determina que o amor e o desejo se expressem da mesma forma, ele pensava no rompimento antes de ter estreitado esse ser em seus braços. Mas Marthe acontecera num momento em que Mersault se liberava de tudo e de si mesmo. A preocupação de liberdade e de indiferença só é concebível num ser que ainda vive de esperança. Naquela época, para Mersault, nada contava. E, na primeira vez em que Marthe se descontraiu nos seus braços e que ele viu, nos traços que a proximidade tornara suaves, os lábios até então imóveis como flores pintadas, animarem-se e oferecerem-se a ele, não vislumbrou o futuro através dessa mulher, mas toda a força de seu desejo fixou-se nela e encheu-se com essa aparência. os lábios que ela lhe estendia pareciam-lhe a mensagem de um mundo sem paixão e inflado de desejo, em que seu coração se teria satisfeito. Isto ele sentia como um milagre. O coração batia com uma emoção que quase confundiu com o amor. E, quando sentiu a carne cheia e elástica sob os dentes, foi uma espécie de liberdade selvagem que mordeu furiosamente, depois de tê-la acariciado com os próprios lábios durante muito tempo. Tornou-se sua amante naquele mesmo dia.
A morte feliz, Albert Camus
- Sim -disse ela- Mas estou interessada no filme.
Naquele dia, Mersault começou a apegar-se a Marthe. Ele a conhecera há alguns meses, atraído por sua beleza e por sua elegância. Um rosto um pouco largo, mas regular, os olhos dourados, e os lábios tão bem pintados que ela parecia alguma deusa de rosto desenhado. Uma tolice natural que brilhava nos seus olhos acusava, ainda, seu ar longíquo e impassível. Até agora, a cada vez que Mersault tinha com uma mulher os primeiros gestos decisivos, consciente da desgraça que determina que o amor e o desejo se expressem da mesma forma, ele pensava no rompimento antes de ter estreitado esse ser em seus braços. Mas Marthe acontecera num momento em que Mersault se liberava de tudo e de si mesmo. A preocupação de liberdade e de indiferença só é concebível num ser que ainda vive de esperança. Naquela época, para Mersault, nada contava. E, na primeira vez em que Marthe se descontraiu nos seus braços e que ele viu, nos traços que a proximidade tornara suaves, os lábios até então imóveis como flores pintadas, animarem-se e oferecerem-se a ele, não vislumbrou o futuro através dessa mulher, mas toda a força de seu desejo fixou-se nela e encheu-se com essa aparência. os lábios que ela lhe estendia pareciam-lhe a mensagem de um mundo sem paixão e inflado de desejo, em que seu coração se teria satisfeito. Isto ele sentia como um milagre. O coração batia com uma emoção que quase confundiu com o amor. E, quando sentiu a carne cheia e elástica sob os dentes, foi uma espécie de liberdade selvagem que mordeu furiosamente, depois de tê-la acariciado com os próprios lábios durante muito tempo. Tornou-se sua amante naquele mesmo dia.
A morte feliz, Albert Camus
sexta-feira, novembro 24, 2006
terça-feira, novembro 21, 2006
O quereres
Onde queres revólver sou coqueiro, onde queres dinheiro
sou paixão
Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo
queres não
E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem
alta eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha
liberdade na amplidão
Onde queres família sou maluco, e onde queres
romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres
eunuco, garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não
vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres
cowboy eu sou chinês
Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato eu sou o espírito, e onde queres
ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo, e onde buscas o anjo
eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói, e onde queres
tortura, mansidão
Onde queres o lar, revolução, e onde queres bandido eu
sou o herói
Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos
dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e
rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés, e vê só que cilada o amor
me armou
E te quero e não queres como sou, não te quero e não
queres como és
Onde queres comício, flipper vídeo, e onde queres
romance, rock'n roll
Onde queres a lua eu sou o sol, onde a pura natura, o
inceticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz, onde queres um
canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro, e onde queres
coqueiro eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de
mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao
quereres assim
Infinitivamente pessoal, e eu querendo querer-te sem
ter fim
E querendo te aprender o total do querer que há e do
que não há em mim
Caetano Veloso
sou paixão
Onde queres descanso sou desejo, e onde sou só desejo
queres não
E onde não queres nada, nada falta, e onde voas bem
alta eu sou o chão
E onde pisas no chão minha alma salta, e ganha
liberdade na amplidão
Onde queres família sou maluco, e onde queres
romântico, burguês
Onde queres Leblon sou Pernambuco, e onde queres
eunuco, garanhão
E onde queres o sim e o não, talvez, onde vês eu não
vislumbro razão
Onde queres o lobo eu sou o irmão, e onde queres
cowboy eu sou chinês
Ah, bruta flor do querer, ah, bruta flor, bruta flor
Onde queres o ato eu sou o espírito, e onde queres
ternura eu sou tesão
Onde queres o livre decassílabo, e onde buscas o anjo
eu sou mulher
Onde queres prazer sou o que dói, e onde queres
tortura, mansidão
Onde queres o lar, revolução, e onde queres bandido eu
sou o herói
Eu queria querer-te e amar o amor, construírmos
dulcíssima prisão
E encontrar a mais justa adequação, tudo métrica e
rima e nunca dor
Mas a vida é real e de viés, e vê só que cilada o amor
me armou
E te quero e não queres como sou, não te quero e não
queres como és
Onde queres comício, flipper vídeo, e onde queres
romance, rock'n roll
Onde queres a lua eu sou o sol, onde a pura natura, o
inceticídeo
E onde queres mistério eu sou a luz, onde queres um
canto, o mundo inteiro
Onde queres quaresma, fevereiro, e onde queres
coqueiro eu sou obus
O quereres e o estares sempre a fim do que em mim é de
mim tão desigual
Faz-me querer-te bem, querer-te mal, bem a ti, mal ao
quereres assim
Infinitivamente pessoal, e eu querendo querer-te sem
ter fim
E querendo te aprender o total do querer que há e do
que não há em mim
Caetano Veloso
segunda-feira, novembro 20, 2006
Bandeira a dois
Internet tem cada coisa... Confira...
Sou taxista há 15 anos, 12 deles no mesmo ponto. Sou casado e tenho quatro filhas lindas. Minha esposa é muito dedicada. Tenho um caso com uma grã-fina há dois anos. Mas, para mim, isso não é traição. Traição seria se eu pagasse o motel e deixasse de colocar arroz e feijão dentro de casa. Como é ela quem paga o motel e a corrida até lá, então não acho que esteja traindo alguém. Ela sim trai o marido, pois paga com cheque de uma conta conjunta.
Ronaldo,Rio de Janeiro,RJ
domingo, novembro 19, 2006
sábado, novembro 18, 2006
Só Wittgenstein poderá nos salvar!
Eu sei que o título é de pimba. Mas, caro (a) leitor (a), dessa vez juro que não foi minha culpa. Essa frase foi dita aos brados pelo meu professor de Filosofia da Linguagem. Então o que quero falar neste texto? Bem, quero dizer que, de fato, percebi o quanto o pensamento de Wittgenstein poderá nos ajudar (não só eu, você também viu) a solucionar os problemas cotidianos de excessos de idéias desastrosas. Sabe aquele problemão que você arrumou? Tsc tsc, pode ser apenas um exemplo de mal uso da linguagem!
Você pode achar que estou brincando, mas estou falando sério sim. Veja bem, Wittgenstein dizia que houve na história da Filosofia uma série de pseudo-problemas. Filósofos se questionando sobre o tempo (ó), Deus (ó), e dizendo coisas aparentemente geniais, produndas, quando na verdade não diziam coisa com coisa! Wittgenstein vem botar ordem nessa bagaceira e manda esse povinho deixar de verborragia e reconhecer os limites do sentido. Do que não se pode falar, deve-se calar, diz o grande homem.
Ele fala de uma tal de "terapia gramatical". Trata-se de exercitar a crítica filosófica, de perceber até onde a linguagem pode ir, de reconhecer os diversos significados e, além do mais, ver que eles podem ser verdadeiros, mas sempre lembrando dos limites do sentido, afinal, não se pode olhar pra Monalisa e dizer "I like bananas". Agora veja como Wittgenstein pode ser de grande valia, muito melhor do que qualquer livro de auto-ajuda ou qualquer psicólogo.
Sabe aqueles pensamentos que a gente tem que não levam a lugar algum? Que só trazem preocupação? São apenas péssimos usos da linguagem! Isso mesmo! Você formulou que isso e aquilo, quando na verdade era uma questão trivial. Você não passa de um (a) filósofo (a) ruim, meu (a) caro (a).Além disso, algo que causa muitos mal-entendidos no cotidiano é essa história de achar que só o seu entendimento dos signos, das palavras, enfim, é válido. Não! É preciso entender como legítimas aquelas coisas que você acha absurdas, mas que podem ter sentido sim. Então caia na terapia gramatical!
Entendeu, né? Wittgenstein não explica, e assim é bem melhor. Entretanto, ele mesmo era um porra louca, que chega no final do Tratactus Logico-Philosophicus e diz: quem compreendeu o que eu disse no Tratactus, entende que tudo o que eu afirmei não faz sentido. Bem, entenda como quiser! E deixe de lado seus pseudo-problemas!
Você pode achar que estou brincando, mas estou falando sério sim. Veja bem, Wittgenstein dizia que houve na história da Filosofia uma série de pseudo-problemas. Filósofos se questionando sobre o tempo (ó), Deus (ó), e dizendo coisas aparentemente geniais, produndas, quando na verdade não diziam coisa com coisa! Wittgenstein vem botar ordem nessa bagaceira e manda esse povinho deixar de verborragia e reconhecer os limites do sentido. Do que não se pode falar, deve-se calar, diz o grande homem.
Ele fala de uma tal de "terapia gramatical". Trata-se de exercitar a crítica filosófica, de perceber até onde a linguagem pode ir, de reconhecer os diversos significados e, além do mais, ver que eles podem ser verdadeiros, mas sempre lembrando dos limites do sentido, afinal, não se pode olhar pra Monalisa e dizer "I like bananas". Agora veja como Wittgenstein pode ser de grande valia, muito melhor do que qualquer livro de auto-ajuda ou qualquer psicólogo.
Sabe aqueles pensamentos que a gente tem que não levam a lugar algum? Que só trazem preocupação? São apenas péssimos usos da linguagem! Isso mesmo! Você formulou que isso e aquilo, quando na verdade era uma questão trivial. Você não passa de um (a) filósofo (a) ruim, meu (a) caro (a).Além disso, algo que causa muitos mal-entendidos no cotidiano é essa história de achar que só o seu entendimento dos signos, das palavras, enfim, é válido. Não! É preciso entender como legítimas aquelas coisas que você acha absurdas, mas que podem ter sentido sim. Então caia na terapia gramatical!
Entendeu, né? Wittgenstein não explica, e assim é bem melhor. Entretanto, ele mesmo era um porra louca, que chega no final do Tratactus Logico-Philosophicus e diz: quem compreendeu o que eu disse no Tratactus, entende que tudo o que eu afirmei não faz sentido. Bem, entenda como quiser! E deixe de lado seus pseudo-problemas!
quarta-feira, novembro 15, 2006
Viva os sacanas e escrotos! Rá!
aiai
faça a monografia com carinho
depois quero ler
hehe
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkk
tah... mas n se mate dps, viu?
se ficar mto chata
¬¬ diz:
vinicius
deixe de falsa modestia
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkk
não eh falsa modéstia
pode ateh ser q fique boa e chata ao msm tempo
há várias coisas boas que são chatas
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkk
rapaz
aquele seu comentario
"como tudo na vida, é um pouco chato"
putz
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
¬¬ diz:
até escrevi um texto pro meu blog falando disso
Vinícius, esse mesmo diz:
noooosa
vc tem blog?
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
me mostra
¬¬ diz:
nao
é muito tosco
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkk
tah bom
vou perdoar
pq eu escrevo tosqueiras tb
e n mostro pra ng
nem chantagem sexual funciona
são meus arquivos secretos
com senha e td mais
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
oh peste
nao vinicius
mande um texto aí vá
na boa
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkk
¬¬ diz:
vc devia ter um blog, seria muito engtraçado
Vinícius, esse mesmo diz:
eu vou ter um um dia
qdo algum psicólogo me der alta
psicólogos dão alta?
¬¬ diz:
acho q nao
uma psiquiatra dizia pra mim q fazia analise há 11 anos
e q todo mundo devia fazer analise
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkk
¬¬ diz:
eles acham q é essencial reclamar da vida pelo menos uma vez por semana pagando por isso
Vinícius, esse mesmo diz:
por isso que eu reclamo tds os dias de graça... sobretudo qdo vejo algum evangélico otimista puxando assunto cmg
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
rapaz
a ultima pessoa pra quem eu relcamaria da vida
é um evangelico
logo ia dizer q jesus me ama
q ele é minha salvaçao
sacoi
Vinícius, esse mesmo diz:
mas essa eh a parte boa...
pq vc vira pra ele e faz: "jesus??? a última vez que eu ouvi falar de jesus foi na semana santa, meu filho"
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
eh dose reclamar da vida
td mundo acha feio, neh?
¬¬ diz:
pois eu reclamo pra caraio
devia reclamar menos
Vinícius, esse mesmo diz:
msm com tantos personagens mau-humorados célebres
¬¬ diz:
quem quem?
Vinícius, esse mesmo diz:
os Smurfs
aquele bem mal-humorado
¬¬ diz:
eu admiro aquelas pessoas suber equilibradas q nunca reclamam da vida, sempre otimistas com tudo, apesar de algumas serem um saco
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
a maioria é um saco msm
comem lentilhas no ano novo
será?
vestem branco
tomam banhos demorados
e acordam de bom humor
acreditam nos segredos da respiração
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
resumindo... são um saco
¬¬ diz:
o q sao segredos da respiraçao?
kkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
sei lah...
a sobrevivência?
¬¬ diz:
jkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
a manutenção do fôlego
eu tb penso mto nisso
¬¬ diz:
isso lembra a piada sem graça da loira burra
ham?
Vinícius, esse mesmo diz:
eu respiro... e pra mim não eh segredo nenhum
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
q nada a ver da porra
Vinícius, esse mesmo diz:
qual a piada da loira?
¬¬ diz:
vc jah viu aquele livro? q diz q vc é um espermatozóide vencedor?
a q fica ouvindo no gravador "inspira, expira"
Vinícius, esse mesmo diz:
não
q livro eh esse?
¬¬ diz:
é de um tal de augusto cury, Você é insubstituivel
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
augusto cury
¬¬ diz:
diz q o óvulo é julieta e o espermatozoide é romeu
o grande romance da humanidade
Vinícius, esse mesmo diz:
ele é a excelência da minha auto-estima
¬¬ diz:
q vc , entre milhoes de espermatozoide
foi o q conseguiu
é verdade
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
mas que tipo de consolo eh esse, hein?
eu devo ficar triste pelos bilhões de espermatozóides que não conseguiram?
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
nao poh
vc é o q conseguiu, aih diz q vc deve lembrar disso q ver q pode conseguir tudo
enfim, é ridículo
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
q louco
vc queria ser bem-humorada às custas de augusto cury?
eu prefiro ser mal-humorado
pq eu penso na chacota que vão tirar do meu bom-humor
qdo souberem q eh td à base de augusto cury
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
entao
eu conheço uma mulher q lê os livros dele e diz q aquilo faz o dia dela mais feliz. ela só fala de deus, de como o dia é lindo, q a beleza das platinhas do jardim dela e bla bla
eu nao sei
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
¬¬ diz:
queria ser idiota mesmo
Vinícius, esse mesmo diz:
eu prefiro o rabujo da terceira idade
¬¬ diz:
mas existe mal humor legal, engraçado, e tem aquele q é um saco
o mesmo pro bom humor
Vinícius, esse mesmo diz:
eh... isso eh
eu gosto dos bem-humorados que são sacanas e escrotos
que riem da própria desgraça
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkk
e dos mal humorados sacanas e escrotos
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
¬¬ diz:
pessoas sacanas sao legais
Vinícius, esse mesmo diz:
exato!!
resumindo: gosto dos sacanas e escrotos
não importa o temperamento
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
é vero
faça a monografia com carinho
depois quero ler
hehe
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkk
tah... mas n se mate dps, viu?
se ficar mto chata
¬¬ diz:
vinicius
deixe de falsa modestia
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkk
não eh falsa modéstia
pode ateh ser q fique boa e chata ao msm tempo
há várias coisas boas que são chatas
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkk
rapaz
aquele seu comentario
"como tudo na vida, é um pouco chato"
putz
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
¬¬ diz:
até escrevi um texto pro meu blog falando disso
Vinícius, esse mesmo diz:
noooosa
vc tem blog?
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
me mostra
¬¬ diz:
nao
é muito tosco
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkk
tah bom
vou perdoar
pq eu escrevo tosqueiras tb
e n mostro pra ng
nem chantagem sexual funciona
são meus arquivos secretos
com senha e td mais
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
oh peste
nao vinicius
mande um texto aí vá
na boa
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkk
¬¬ diz:
vc devia ter um blog, seria muito engtraçado
Vinícius, esse mesmo diz:
eu vou ter um um dia
qdo algum psicólogo me der alta
psicólogos dão alta?
¬¬ diz:
acho q nao
uma psiquiatra dizia pra mim q fazia analise há 11 anos
e q todo mundo devia fazer analise
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkk
¬¬ diz:
eles acham q é essencial reclamar da vida pelo menos uma vez por semana pagando por isso
Vinícius, esse mesmo diz:
por isso que eu reclamo tds os dias de graça... sobretudo qdo vejo algum evangélico otimista puxando assunto cmg
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
rapaz
a ultima pessoa pra quem eu relcamaria da vida
é um evangelico
logo ia dizer q jesus me ama
q ele é minha salvaçao
sacoi
Vinícius, esse mesmo diz:
mas essa eh a parte boa...
pq vc vira pra ele e faz: "jesus??? a última vez que eu ouvi falar de jesus foi na semana santa, meu filho"
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
eh dose reclamar da vida
td mundo acha feio, neh?
¬¬ diz:
pois eu reclamo pra caraio
devia reclamar menos
Vinícius, esse mesmo diz:
msm com tantos personagens mau-humorados célebres
¬¬ diz:
quem quem?
Vinícius, esse mesmo diz:
os Smurfs
aquele bem mal-humorado
¬¬ diz:
eu admiro aquelas pessoas suber equilibradas q nunca reclamam da vida, sempre otimistas com tudo, apesar de algumas serem um saco
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
a maioria é um saco msm
comem lentilhas no ano novo
será?
vestem branco
tomam banhos demorados
e acordam de bom humor
acreditam nos segredos da respiração
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
resumindo... são um saco
¬¬ diz:
o q sao segredos da respiraçao?
kkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
sei lah...
a sobrevivência?
¬¬ diz:
jkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Vinícius, esse mesmo diz:
a manutenção do fôlego
eu tb penso mto nisso
¬¬ diz:
isso lembra a piada sem graça da loira burra
ham?
Vinícius, esse mesmo diz:
eu respiro... e pra mim não eh segredo nenhum
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
q nada a ver da porra
Vinícius, esse mesmo diz:
qual a piada da loira?
¬¬ diz:
vc jah viu aquele livro? q diz q vc é um espermatozóide vencedor?
a q fica ouvindo no gravador "inspira, expira"
Vinícius, esse mesmo diz:
não
q livro eh esse?
¬¬ diz:
é de um tal de augusto cury, Você é insubstituivel
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
augusto cury
¬¬ diz:
diz q o óvulo é julieta e o espermatozoide é romeu
o grande romance da humanidade
Vinícius, esse mesmo diz:
ele é a excelência da minha auto-estima
¬¬ diz:
q vc , entre milhoes de espermatozoide
foi o q conseguiu
é verdade
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
mas que tipo de consolo eh esse, hein?
eu devo ficar triste pelos bilhões de espermatozóides que não conseguiram?
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
nao poh
vc é o q conseguiu, aih diz q vc deve lembrar disso q ver q pode conseguir tudo
enfim, é ridículo
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
q louco
vc queria ser bem-humorada às custas de augusto cury?
eu prefiro ser mal-humorado
pq eu penso na chacota que vão tirar do meu bom-humor
qdo souberem q eh td à base de augusto cury
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
entao
eu conheço uma mulher q lê os livros dele e diz q aquilo faz o dia dela mais feliz. ela só fala de deus, de como o dia é lindo, q a beleza das platinhas do jardim dela e bla bla
eu nao sei
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkk
¬¬ diz:
queria ser idiota mesmo
Vinícius, esse mesmo diz:
eu prefiro o rabujo da terceira idade
¬¬ diz:
mas existe mal humor legal, engraçado, e tem aquele q é um saco
o mesmo pro bom humor
Vinícius, esse mesmo diz:
eh... isso eh
eu gosto dos bem-humorados que são sacanas e escrotos
que riem da própria desgraça
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkk
e dos mal humorados sacanas e escrotos
Vinícius, esse mesmo diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkk
¬¬ diz:
pessoas sacanas sao legais
Vinícius, esse mesmo diz:
exato!!
resumindo: gosto dos sacanas e escrotos
não importa o temperamento
¬¬ diz:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
é vero
terça-feira, novembro 14, 2006
A morte não se vive
Estava estudando Filosofia da Linguagem, disciplina bem complicadinha, mas da qual gosto muito, e me deparei com os seguintes dizeres de Wittgenstein, em Tratactus Logico-Philosophicus:
A morte não é um evento da vida. A morte não se vive.
Se por eternidade não se entende a duração temporal infinita, mas a atemporalidade, então vive eternamente quem vive no presente.
A morte não é um evento da vida. A morte não se vive.
Se por eternidade não se entende a duração temporal infinita, mas a atemporalidade, então vive eternamente quem vive no presente.
segunda-feira, novembro 13, 2006
Esse nobre vagabundo
Quando eu era guria gostava muito da Daniela Mercury. De uns tempos pra cá, não sei como nem porque, antipatizei um pouco com ela. Mas hoje ouvi essa música no meu condomínio, e veja que letra bonita:
Nobre Vagabundo
Quanto tempo tenho
Pra matar essa saudade
Meu bem o ciúme
É pura vaidade
Se tu foges o tempo
Logo traz ansiedade
Respirar o amor
Aspirando liberdade
Tenho a vida doida
Encabeço o mundo
Sou ariano torto
Vivo de amor profundo
Sou perecível ao tempo
Vivo por um segundo
Perdoa meu amor
Esse nobre vagabundo
Nobre Vagabundo
Quanto tempo tenho
Pra matar essa saudade
Meu bem o ciúme
É pura vaidade
Se tu foges o tempo
Logo traz ansiedade
Respirar o amor
Aspirando liberdade
Tenho a vida doida
Encabeço o mundo
Sou ariano torto
Vivo de amor profundo
Sou perecível ao tempo
Vivo por um segundo
Perdoa meu amor
Esse nobre vagabundo
domingo, novembro 12, 2006
Que merda!
Tem gente que não aprende nunca!
O jeito é mangar...
Erra uma vez
nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez
Paulo Leminski
O jeito é mangar...
Erra uma vez
nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez
Paulo Leminski
Viva o lado coca-cola da vida
Estava na casa de minha avó, e depois de almoçar sob ordens dela, pois há de saber que minha avó quer as coisas nas horas certas, seja almoço, sono, enfim, deitei-me no sofá para assistir aos enlatados americanos. Aqui em casa não tem Tv a cabo, e às vezes gosto de conferir no lar doce lar de vovó o que está rolando na estranha cultura da televisão segmentada. Clipe após clipe, um tema se repetia: o amor. Eu te amo pra lá, eu te amo pra cá, você é meu sol, minha lua, minha flor, e demais seres, astros, satélites da natureza. Haja saco. Lembro que o Bono uma vez disse que é muito difícil fazer canção de amor, porque ô teminha batido, uma raridade não cair da breguice (algumas raras exceções vide Chico Buarque e Vinícius de Moraes, mas até Caetano já fez músicas de amor de péssimo gosto). Tá ok, entre uns clipes e outros a gente vê comerciais compre, compre, compre. Sabe, uma onda aquela propaganda do velhinho que toma coca-cola e vira o rei da cocada preta. Então desliguei a Tv, e lá vem música de igreja, senhor eu sei que tu me sondaaaaaaas, seeeenhor! Olha, pode parecer bobagem, mas pensei uma coisa: acho que os três deuses do nosso mundo são o amor, o Deus e o dinheiro. E quem não tem nenhum dos três faz o quê?
sábado, novembro 11, 2006
eu vejo um mundo grande grande com poesias imensas imensas cantadas ao luar das janelas da noite ventanias passados mundos incertos de ninguém eu só queria esquecer que existe o tempo e ficar na dimensão exata dos meus espaços mas não caibo dentro de mim e me acasalo a tudo eu só queria estar exatamente onde estou mas meus sentidos desconhecem a distância que separa meu pensamento das coisas e as coisas são também palavras poesias eu só queria deixar de ser isso tudo para ser simples como um cão um bicho sem deus mas todos os deuses tenho eu distribuídos pelas plataformas os mares os trens que afundam nas nuvens da noite e acordam diante das neblinas não não quero a morte quero apenas a vida ao natural a vida do mar porque o mar não tem poesia nenhuma o mar é mar uma mulher é uma mulher e tudo se acaba mas era preciso não saber que se acaba porque pra vida que é apenas vida não existe morte nem poesia e temo que o presente se escape porque não o alcanço perdida nas idas e vindas do passado e do futuro que nunca chega e sempre vai embora me deixe dormir aqui apague a luz eu quero ficar só com meu lençol e peço a mim mesma pra não sonhar ah só quero deixar de ser deixar de ser sem morrer por um instante
Namoro ou amizade
Em uma tarde de sábado entediante como a de hoje, estava assistindo a um programa do qual não recordo o nome, e que é apresentado por Márcio Garcia. No palco, gente simples, que geralmente diz ter apenas o ensino médio. Mas o que me chamou a atenção nesse programa foi o fato de ver mulheres e homens desesperados por sexo, romance, ou seja lá o quê, bem como as perguntas pra lá de indiscretas do apresentador.
Logo depois que uma mulher se apresentava, Márcio Garcia vinha com suas intervenções na vida particular dela. Como foi seu último relacionamento? Faz quanto tempo que não namora? Por que terminou? E eu me perguntava o tempo inteiro porque ninguém dizia um belo "não é da sua conta".
Durante uma dessas entrevistas, uma moça disse que seu último namoro terminou por incompatibilidade de gênios. Márcio Garcia logo destilava seu veneno que agradava a platéia e provavelmente fazia subir os índices de audiência. Perguntava se na verdade ele não teria terminado porque tinha arranjado outra, e por aí vai. Outra moça disse que seus relacionamentos eram efêmeros, e que o mais duradouro foi de apenas seis meses. Segundo ela, os rapazes simplesmente paravam de ligar, sumiam. O apresentador, que não deixava de arrancar alguns risos contidos das dançarinas seminuas, questionou qual seria a razão de os homens fugirem dela. O mais estranho é que a invasão de privacidade parecia não incomodar as senhoritas, e tudo era normal, extremamente normal se expor para um público do Oiapoque ao Chuí.
Francamente, não sei o que se passa na cabeça daquelas pessoas que se mostram aos olhos levianos que desnudam, zombam, interpretam como querem a vida pessoal dos outros. Engraçado como ninguém olha para o próprio umbigo nem lembra de suas próprias dores de cotovelo, inseguranças, loucuras de amor, suas cagadas em geral. Não, vemos um bando de juízes com reputação ilibada. Entretanto, problema é de quem se presta a esse papel, não é verdade, a gente precisa saber que pode sempre estar diante das platéias mais hostis nos palcos da vida.
Agora fica a pergunta: o que leva alguém a se expor dessa forma? Estariam atrás de alguém pra acabar com sua carência nas solitárias noites de sábado? Ou queriam mesmo a atenção das câmeras, subir ao palco, chegar perto do Márcio García e conversar com ele como se fosse um compadre. Às vezes algumas pessoas parecem se sentir em casa no universo que todos os dias entra pela sua casa através da telinha. Mas aquele lugar nunca vai ser lar de ninguém, nem acolher ninguém, ou dar atenção verdadeira e resolver problemas pessoais. E disso a gente sabe.
sexta-feira, novembro 10, 2006
Baila, baila comigo
Quando tinha uns quatro anos, eu vestia uma saia colorida e um top para dançar lambada ao som de Beto Barbosa. Eu sei que isso é ridículo, mas o fato é que sempre fui e sempre serei apaixonada por dança. Adoro tunz tunz, vi mil vezes "Grease, nos tempos da brilhantina", queria dançar como aquele cara do Jamiroquai, acho tango um charme, dança espanhola é o auge, pago pau pra Madonna, chorei assistindo a La Bamba e Selena, sou fã do Elvis, amo passinhos robóticos de coreografias de boy bands, amo os malucos no shopping a mexer o corpo feito imbecis naquele clipe tosco do Fatboy Slim, eu me requebro por macarena, me rendi à tosquice de "baila, baila comigo", e até já escandalizei dançando Rick Martin em cima da mesa numa festa. Após conferir minha perfomance, alguns disseram que eu deveria investir seriamente na carreira de estrela teen. Seria eu uma pop star do agreste? Mas não vá se fuder não!
quinta-feira, novembro 09, 2006
Fazer nada
Tenho pensado muito sobre meu cansaço, e cada vez que o percebo, pego, levo-o pra casa, e meu mundo vai ficando cada vez mais parecido com uma esteira de academia. Você olha toda hora pro relógio, e quer com todas as forças tomar dois litros de água gelada e cair em cima da cama. Aí me lembrei de uma vez em que eu estava assistindo a uma aula de uma professora que admiro muito, Lilian. Ela ministrava um curso sobre Escola de Frankfurt, e naquele exato momento falava de Adorno e suas teorias pra lá de pessimistas. Dizia Adorno que o tempo é determinado pelo modo de produção, que nossa agenda é feita de acordo com o trabalho; depois chegamos em casa após um longo dia de labuta, ligamos a TV, e nos entretemos com programas que nos seduzem a comprar coisas com o dinheiro do nosso suado trabalho. Então ela disse que às vezes era necessário se divertir, que essa história do Adorno de não participar do entretenimento da mídia era balela. Mas o que me chamou a atenção mesmo foi quando ela repousou o giz sobre a mesa, e disse com a mão encostada no quadro e o corpo exausto:
- Sabe, eu queria ter um tempinho pra não fazer nada. Nem ouvir música, ver TV, filme, nada. Eu só queria não fazer absolutamente nada por uns instantes. NADA. É, mas como eu ia dizendo...
- Sabe, eu queria ter um tempinho pra não fazer nada. Nem ouvir música, ver TV, filme, nada. Eu só queria não fazer absolutamente nada por uns instantes. NADA. É, mas como eu ia dizendo...
terça-feira, outubro 31, 2006
O partido do coração partido
Estava em sala de aula, quando vi em cima da carteira do meu colega uma edição do Brasil de Fato. Na capa, Lula dando aqueles abraços de político, e dizeres em letras garrafais como "vamos derrotar a direita", algo assim. Eu ri, aquele riso que se tem diante da mediocridade.
Interessante ver a esquerda fazer a mesmíssima coisa da direita, a exemplo da atitude demagoga de Lula e da capa panfletária do Brasil de Fato, que merecia o troféu VEJA que Jornalismo!
A questão não é a busca da imparcialidade. Não defendo isso. O problema é que boicotar esse princípio, na minha humilde opinião, não é incorrer no mesmo erro da imprensa que os esquerdistas tanto criticam, imprensa refém de partidos políticos.
Não sejamos imparciais, ok. Mas isso não significa que agora vamos querer iluminar as pessoas com nossas opiniões de "críticos" e sermos tão autoritários quanto qualquer reacionário. Não é preciso dizer ao povo que vote nesse, e não naquele, que acredite nisso, e não naquilo. É necessário pluralidade, sim. E é preciso que essa esquerda de merda deixe o povo falar por si.
Quando eu digo que acredito que o Jornalismo não deva ser imparcial, não digo que um jornal deve virar capacho de político. Será que não ser imparcial significa ser entusiasta de partidos? Acho que não. A parcialidade que defendo é ficar do lado do trabalhador que teve a mão decepada no trabalho, do menino que é chamado de trombadinha, da mulher que apanha do marido, do negro que é ofendido na rua, do homossexual que foi expulso de casa. É defender DIREITOS HUMANOS, e não um determinado candidato.
Mas aí a gente vê um jornal que se diz independente, como é o caso do Brasil de Fato, com uma capa dessas. Pois é, mas a Veja também não diz que é independente?
Interessante ver a esquerda fazer a mesmíssima coisa da direita, a exemplo da atitude demagoga de Lula e da capa panfletária do Brasil de Fato, que merecia o troféu VEJA que Jornalismo!
A questão não é a busca da imparcialidade. Não defendo isso. O problema é que boicotar esse princípio, na minha humilde opinião, não é incorrer no mesmo erro da imprensa que os esquerdistas tanto criticam, imprensa refém de partidos políticos.
Não sejamos imparciais, ok. Mas isso não significa que agora vamos querer iluminar as pessoas com nossas opiniões de "críticos" e sermos tão autoritários quanto qualquer reacionário. Não é preciso dizer ao povo que vote nesse, e não naquele, que acredite nisso, e não naquilo. É necessário pluralidade, sim. E é preciso que essa esquerda de merda deixe o povo falar por si.
Quando eu digo que acredito que o Jornalismo não deva ser imparcial, não digo que um jornal deve virar capacho de político. Será que não ser imparcial significa ser entusiasta de partidos? Acho que não. A parcialidade que defendo é ficar do lado do trabalhador que teve a mão decepada no trabalho, do menino que é chamado de trombadinha, da mulher que apanha do marido, do negro que é ofendido na rua, do homossexual que foi expulso de casa. É defender DIREITOS HUMANOS, e não um determinado candidato.
Mas aí a gente vê um jornal que se diz independente, como é o caso do Brasil de Fato, com uma capa dessas. Pois é, mas a Veja também não diz que é independente?
Não vá tomar no cu
Ninguém perdoa as pessoas que perdem o controle. É aquela velha história, alguém vem e dá pitaco na sua vida. Ninguém acha isso legal, né, todo mundo concorda que tá errado. Até que você diz um estonteante "vá cuidar de sua vida!". Pronto, fudeu, agora tá todo mundo contra você.
É assim desde o início dos tempos. Quem perde o controle vira vilão. Podem te encher o saco à vontade, mas se você soltar um "vá se fuder"... Aí já viu, você tem culpa de tudo, como é intolerante, é preciso educação e paciência.
O mais engraçado disso é que o politicamente correto é a ironia, o sarcasmo, a vileza do comentário sutil. Tudo nas entrelinhas. Nada claro e dito às alturas. Você, caro (a) colega que já mandou alguém se fuder, fez papel de tolo (a)! Eles querem pessoas que saibam ser cruéis com poucas palavras. E isso é uma arte. Quem é afeito aos gestos expansivos e às emoções fortes faz papel de bobo da corte e ainda é levado ao chacote em praça pública.
Não seja um (a) fraco (a). Não dê uma de Bukowski ou Fernando Pessoa. Revista a sua raiva numa áurea de vileza contida, nobre, casta, de quem é superior. O que Jesus Cristo não soube fazer diante dos comerciantes no templo.
É assim desde o início dos tempos. Quem perde o controle vira vilão. Podem te encher o saco à vontade, mas se você soltar um "vá se fuder"... Aí já viu, você tem culpa de tudo, como é intolerante, é preciso educação e paciência.
O mais engraçado disso é que o politicamente correto é a ironia, o sarcasmo, a vileza do comentário sutil. Tudo nas entrelinhas. Nada claro e dito às alturas. Você, caro (a) colega que já mandou alguém se fuder, fez papel de tolo (a)! Eles querem pessoas que saibam ser cruéis com poucas palavras. E isso é uma arte. Quem é afeito aos gestos expansivos e às emoções fortes faz papel de bobo da corte e ainda é levado ao chacote em praça pública.
Não seja um (a) fraco (a). Não dê uma de Bukowski ou Fernando Pessoa. Revista a sua raiva numa áurea de vileza contida, nobre, casta, de quem é superior. O que Jesus Cristo não soube fazer diante dos comerciantes no templo.
sexta-feira, outubro 27, 2006
Eu tenho que estar apaixonada 24 horas por dia. Se não estou fazendo alguma coisa de que gosto muito, fico deprê. Ok. Minha mente é uma fábrica de pensamentos inúteis. Contra isso, há essa vontade de fazer tudo e ao mesmo tempo. O fato é que sou hiperativa, e preciso fazer coisas o tempo todo, preciso de um trabalho pelo qual eu me apaixone, um filme, uma música, um livro, minha cachorrinha, sei lá. Agora estou metida em bilhões de ocupações e paixonites crônicas!
segunda-feira, outubro 23, 2006
Cotidiano: parte III
Seu canalha! Uma mulher chorando e gritando em plena avenida cheia de carros de gentes que pagam impostos. Foi assim, de supetão, como foi pra você o início do meu texto, caro leitor. Eu estava distraída, há pouco um homem tivera de buzinar para que meu corpo não rolasse sobre o carro. Bem me lembro que é assim nos filmes. Mas isso não interessa. O que interessa é que uma moça gritava e chorava no meio da rua, e uma mulher com sandálias havaianas passou e seguiu, um homem de bicileta passou e seguiu. Até que uma mulher puxou seu filho e sua sacola de pão, e foi em direção à moça que chorava e gritava no meio da avenida. Tomei coragem para me aproximar dela também. Entretanto, eu era apenas alguém perdida numa daquelas cenas que nos arrancam para o que há de sórdido no mundo.
- Seu canalha, você é um monstro!
- O que foi, minha filha? Quem é aquele rapaz?- disse a senhora dos pães, e eu tentava achar o canalha, mas pra todos os lados só havia homens com passos tranquilos, então o canalha devia também ser um cínico - Quem é, quem é?
- É meu marido - era a resposta que eu e a senhora com sacola de pães esperávamos.
- Mas o que foi que você fez pra ele fazer isso? - Não pude deixar de me indignar com a pergunta da senhora. Então devia haver alguma justificativa para o injustificável? Eu, covarde, não consegui pronunciar palavra.
Enquanto a senhora lhe fazia perguntas, a moça fitava atentamente e marcada de dor amarga algum daqueles homens tranquilos, e eu tentava, mas não descobria qual deles era seu marido frio como pedra do sertão à noite. Deveria ter seus 18 anos, era gordinha, usava uma blusa vermelha e uma calça jeans. Segurava o rosto quase como se estivesse dando tapas na própria cara, e se infringia alguma espécie de castigo privado. A senhora enchia o peito com ar de mulher batalhadora do pão das crianças.
- Vá na Delegacia da Mulher. Você tem que denunciar. Não deixe assim não. Ele tem que aprender.
E a garota correu andando, e adentrou exasperada de fragilidade, em seus passos bambos de lágrima, amor, ódio e surra, desviando do guarda, pela porta do Posto Sinhazinha.
- Seu canalha, você é um monstro!
- O que foi, minha filha? Quem é aquele rapaz?- disse a senhora dos pães, e eu tentava achar o canalha, mas pra todos os lados só havia homens com passos tranquilos, então o canalha devia também ser um cínico - Quem é, quem é?
- É meu marido - era a resposta que eu e a senhora com sacola de pães esperávamos.
- Mas o que foi que você fez pra ele fazer isso? - Não pude deixar de me indignar com a pergunta da senhora. Então devia haver alguma justificativa para o injustificável? Eu, covarde, não consegui pronunciar palavra.
Enquanto a senhora lhe fazia perguntas, a moça fitava atentamente e marcada de dor amarga algum daqueles homens tranquilos, e eu tentava, mas não descobria qual deles era seu marido frio como pedra do sertão à noite. Deveria ter seus 18 anos, era gordinha, usava uma blusa vermelha e uma calça jeans. Segurava o rosto quase como se estivesse dando tapas na própria cara, e se infringia alguma espécie de castigo privado. A senhora enchia o peito com ar de mulher batalhadora do pão das crianças.
- Vá na Delegacia da Mulher. Você tem que denunciar. Não deixe assim não. Ele tem que aprender.
E a garota correu andando, e adentrou exasperada de fragilidade, em seus passos bambos de lágrima, amor, ódio e surra, desviando do guarda, pela porta do Posto Sinhazinha.
Cotidiano: parte II
Um dia frio, às vezes alguma goteira faz gozação da minha sorte, vejo águas nojentas, ônibus e pára brisas de gotas. Me dá vontade de alguma coisa doce. Chego junto de uma banquinha que tinha uma cobertura de plástico. Eu a escolhi a dedo, não queria balas molhadas. Digo à moça enquanto fito as minhas chicletes preferidas.
- Quero duas dessa - e repouso uma moeda de cinquenta centavos em uma mão desconhecida.
- Ah, mas você pode conseguir muitos clientes... - disse um homem de casaco marrom para a menina a quem eu dera a moeda, bem diante dos meus olhos agora atônitos - com isso aqui... E ergueu o cigarro que havia acabado de comprar da garota. Ela deveria ter uns 16 anos. Lembrei do trabalho infantil, droga, eu não tinha percebido que ela era tão nova.
Fiquei assustada. Aquela história do cigarro não me descia. Notei que ela era uma mulata muito bonita, e ria gostoso e com jeito inocente diante do olhar lascivo do homem que erguia o cigarro no ar como uma oferenda. Eu não sei, aquele cigarro...
- Quero duas dessa - e repouso uma moeda de cinquenta centavos em uma mão desconhecida.
- Ah, mas você pode conseguir muitos clientes... - disse um homem de casaco marrom para a menina a quem eu dera a moeda, bem diante dos meus olhos agora atônitos - com isso aqui... E ergueu o cigarro que havia acabado de comprar da garota. Ela deveria ter uns 16 anos. Lembrei do trabalho infantil, droga, eu não tinha percebido que ela era tão nova.
Fiquei assustada. Aquela história do cigarro não me descia. Notei que ela era uma mulata muito bonita, e ria gostoso e com jeito inocente diante do olhar lascivo do homem que erguia o cigarro no ar como uma oferenda. Eu não sei, aquele cigarro...
domingo, outubro 22, 2006
Domingo...
Essa semana eu estava assistindo a um telejornal, algo muito raro, apesar da minha obrigação enquanto estudante de Jornalismo, mas foda-se, enfim, aí o cara disse num tom soberano: "Esse fim de semana vai ser de sol, a possibilidade de chuva é mínima, podem ir à praia tranquilamente". Beleza.
Aí ontem fui à Orla de noite, e pense num toró! Minha casa tá cheia de goteira, choveu o dia todo, um inferno! Sabe do que lembrei? Do Titanic! Todo mundo dizia que ele não afundava nem a pau, e na primeira viagem o navio afunda!
Só digo uma coisa: se Deus existir, ele adora tirar onda!
Aí ontem fui à Orla de noite, e pense num toró! Minha casa tá cheia de goteira, choveu o dia todo, um inferno! Sabe do que lembrei? Do Titanic! Todo mundo dizia que ele não afundava nem a pau, e na primeira viagem o navio afunda!
Só digo uma coisa: se Deus existir, ele adora tirar onda!
sexta-feira, outubro 20, 2006
I think I'm paranoid
Acordo, mas prefiro permanecer de olhos fechados. Tenho fastio de novos dias. De repente, não mais que de repente, uma lembrança me vem à cabeça como um vulto. Agora, a dúvida: teria isso realmente acontecido, teria essa pessoa realmente me dito isso, ou não passa de nóia criada pela minha mente com uma incrível capacidade de invenção e fabricação de pensamentos descartáveis? Brilho eterno de uma mente sem lembranças, meu filme favorito, lembrei-me dele nesse momento. Depois, o dia inteiro não passou de uma sequência de lembranças vazias, de memórias avulsas, de idéias deveras desconexas. Acredite, é muito angustiante perder os limites do real. Você se pergunta, se pergunta, mas está num labirinto de flashs, nada que se possa estabelecer uma narrativa. Não adianta. Por mais que eu tente descobrir se era sonho ou realidade, é como um amigo disse: a maior parte do que você lembra é uma história criada por você. Lembramos de pessoas em situações nas quais elas na verdade não estavam, perdemos a linearidade, imaginamos feições, gestos, que só existem nas nossas interpretações. Rememorar é uma grande invencionice. Achamos que podemos alcançar o passado, que ele estará lá numa gaveta à nossa disposição. Mas não passam de memórias esquizofrênicas e vacilantes.
terça-feira, outubro 17, 2006
Uma descoberta
Com alguma dor então Lóri percebeu que Ulisses, apesar de dizer o contrário, não queria se dar a ela. E ela pagaria com a mesma moeda. Talvez antes de ele falar, ela tivesse a intenção de um dia dar-se, pois sabia que teria de dar a alguém o que ela era, senão o que faria de si? Como morrer antes de dar-se, mesmo em silêncio? Porque no dar-se teria enfim uma testemunha de si própria. E porque Ulisses também teria pensado na morte, ele disse:
- Antes de morrer se vive, Lóri. É uma naturalidade morrer, transformar-se, transmutar-se. Nunca se inventou nada além de morrer. Como nunca se inventou um modo diferente de amor de corpo que, no entanto, é estranho e cego e no entanto cada pessoa, sem saber da outra, reinventa a cópia. Morrer deve ser um gozo natural. Depois de morrer não se vai ao paraíso, morrer é que é o paraíso.
Ficaram em silêncio muito tempo, um silêncio que não pesava. Até que ele, como se quisesse lhe dar alguma coisa, disse:
- Olhe para esse pardal, Lóri - mandou ele - não pára de ciscar o chão que aparentemente está vazio mas com certeza seus olhos vêem a comida.
Obediente, ela olhou. E de súbito eis que o pardal alçou vôo, e na surpresa Lóri esqueceu-se de si própria e disse como uma criança para Ulisses:
- É tão bonito que voa!
Falara com a inocência que usava nas aulas com as crianças, quando não temia ser julgada. Inquieta então olhou rápido para o lado de Ulisses. Ele a olhava. Com um susto Lóri notou: era um olhar... de amor?
O livro dos prazeres, Clarice Lispector
Imagem: Ulisses e as sereias, de Herbert Draper
- Antes de morrer se vive, Lóri. É uma naturalidade morrer, transformar-se, transmutar-se. Nunca se inventou nada além de morrer. Como nunca se inventou um modo diferente de amor de corpo que, no entanto, é estranho e cego e no entanto cada pessoa, sem saber da outra, reinventa a cópia. Morrer deve ser um gozo natural. Depois de morrer não se vai ao paraíso, morrer é que é o paraíso.
Ficaram em silêncio muito tempo, um silêncio que não pesava. Até que ele, como se quisesse lhe dar alguma coisa, disse:
- Olhe para esse pardal, Lóri - mandou ele - não pára de ciscar o chão que aparentemente está vazio mas com certeza seus olhos vêem a comida.
Obediente, ela olhou. E de súbito eis que o pardal alçou vôo, e na surpresa Lóri esqueceu-se de si própria e disse como uma criança para Ulisses:
- É tão bonito que voa!
Falara com a inocência que usava nas aulas com as crianças, quando não temia ser julgada. Inquieta então olhou rápido para o lado de Ulisses. Ele a olhava. Com um susto Lóri notou: era um olhar... de amor?
O livro dos prazeres, Clarice Lispector
Imagem: Ulisses e as sereias, de Herbert Draper
domingo, outubro 15, 2006
Amor profano
Nunca pensei que amor assim pudesse ter
Eu que sempre morri de amor
Agora posso viver de amor
E com o amor viver em paz
De um amor que não tem deuses
Os deuses são tiranos
Os homens não amam os deuses, adoram
Os deuses não amam os homens, perdoam
De um amor que não tem cercas
Terra onde tudo se ocupa e produz
Amor em que o cúmulo do sagrado é o cúmulo do profano
Amor em que o espetáculo se faz no que é cotidiano
Amor, quando eu disser que te amo
Não digo que morro de amores por você
Amor, eu não morro
Não morro porque quero viver
Eu que sempre morri de amor
Agora posso viver de amor
E com o amor viver em paz
De um amor que não tem deuses
Os deuses são tiranos
Os homens não amam os deuses, adoram
Os deuses não amam os homens, perdoam
De um amor que não tem cercas
Terra onde tudo se ocupa e produz
Amor em que o cúmulo do sagrado é o cúmulo do profano
Amor em que o espetáculo se faz no que é cotidiano
Amor, quando eu disser que te amo
Não digo que morro de amores por você
Amor, eu não morro
Não morro porque quero viver
sexta-feira, outubro 13, 2006
Planet Telex
You can force it but it will not come.
You can taste it but it will not form.
You can crush it but it's always here.
You can crush it but it's always near
Chasing you home saying everything is broken
Everyone is broken.
You can force it but it will stay stung.
You can crush it as dry as a bone.
You can walk it home straight from school.
You can kiss it
you can break all the rules
But still everything is broken,
Everyone is broken.
quinta-feira, outubro 12, 2006
La dolce vita
Caderninho e caneta a postos. Lá vou eu incomodar crianças que assistiam a um filme. Tudo escuro, como deve ser numa sala de cinema, e eu fico meio encabulada pra pedir entrevista. Pergunto a uma garotinha se ela queria bater um papinho comigo, e ela me responde toda sorridente que sim. Diz que nunca tinha vindo ao cinema, e era muito emocionante porque parecia que os desenhos animados eram reais. Lembrei de Nide, mulher de seus 40 anos muito bem vividos nos confins de Sergipe, que quando foi pela primeira vez ao cinema ficou com medo de as imagens saírem da tela. A magia é coisa muito bonita.
Bem, agora eu queria entrevistar uma criança da outra escola. Uma menina de seus 16 anos disse que era melhor outra pessoa falar, porque ela era grande e aquele filme não lhe era interessante. Até a vi depois fugir da sala aos risinhos acompanhada de um rapaz. Então um menino veio até mim trazido por um moço que se descrevia como seu responsável.
Fui logo abrindo o caderno e perguntei ao menino o que ele havia achado do filme. Ele ficou envergonhado, escondeu um tantinho do rosto com as pequeninas mãos, e disse que tinha achado muito bom. Perguntei-lhe se era a primeira vez que vinha ao cinema. Ele disse que sim.
- Então me conte da sua experiência, como foi vir pela primeira vez ao cinema?
- Foi muito bom - e insistiu em não olhar nos meus olhos.
Quando esta humilde estagiária que vos fala estava diante do computador a escrever suas matérias, perguntou-se: qual depoimento vou colocar na matéria? Lembrei do que o menino disse. No momento em que estava conversando com ele fiquei meio decepcionada, porque esperava uma declaração muito boa. Mas ele só disse que tinha achado muito bom. A menina, não obstante, havia dito algo com muito mais feeling, que os desenhos animados pareciam reais.
Então, o que eu iria escrever? Falaria sobre a menina, certo? Errado. Depois de um tempo, percebi que o mais apaixonante estava na simplicidade com que o menino falou do cinema. A menina olhava pra lá e pra cá, sempre preocupada com o fotógrafo. Perto do menino não havia fotógrafo, pois o repórter fotográfico havia saído para tirar fotos das crianças que estavam na sala de projeção, e o menino só pensava em voltar pra sala pra continuar a assistir às aventuras das coisas encantadas.
Eu escrevi: "Esta foi a primeira vez que Felipe Silva, 10 anos, esteve no cinema, e mesmo acanhado declarou: 'Achei muito bom'". Adorei o fato de a minha chefe não ter cortado o "mesmo acanhado" na hora da edição.
Às vezes a gente precisa descobrir a beleza das coisas simples, porque elas podem estar repletas de belas poesias sem rima e sem métrica, mas cheias de sinceridade.
Bem, agora eu queria entrevistar uma criança da outra escola. Uma menina de seus 16 anos disse que era melhor outra pessoa falar, porque ela era grande e aquele filme não lhe era interessante. Até a vi depois fugir da sala aos risinhos acompanhada de um rapaz. Então um menino veio até mim trazido por um moço que se descrevia como seu responsável.
Fui logo abrindo o caderno e perguntei ao menino o que ele havia achado do filme. Ele ficou envergonhado, escondeu um tantinho do rosto com as pequeninas mãos, e disse que tinha achado muito bom. Perguntei-lhe se era a primeira vez que vinha ao cinema. Ele disse que sim.
- Então me conte da sua experiência, como foi vir pela primeira vez ao cinema?
- Foi muito bom - e insistiu em não olhar nos meus olhos.
Quando esta humilde estagiária que vos fala estava diante do computador a escrever suas matérias, perguntou-se: qual depoimento vou colocar na matéria? Lembrei do que o menino disse. No momento em que estava conversando com ele fiquei meio decepcionada, porque esperava uma declaração muito boa. Mas ele só disse que tinha achado muito bom. A menina, não obstante, havia dito algo com muito mais feeling, que os desenhos animados pareciam reais.
Então, o que eu iria escrever? Falaria sobre a menina, certo? Errado. Depois de um tempo, percebi que o mais apaixonante estava na simplicidade com que o menino falou do cinema. A menina olhava pra lá e pra cá, sempre preocupada com o fotógrafo. Perto do menino não havia fotógrafo, pois o repórter fotográfico havia saído para tirar fotos das crianças que estavam na sala de projeção, e o menino só pensava em voltar pra sala pra continuar a assistir às aventuras das coisas encantadas.
Eu escrevi: "Esta foi a primeira vez que Felipe Silva, 10 anos, esteve no cinema, e mesmo acanhado declarou: 'Achei muito bom'". Adorei o fato de a minha chefe não ter cortado o "mesmo acanhado" na hora da edição.
Às vezes a gente precisa descobrir a beleza das coisas simples, porque elas podem estar repletas de belas poesias sem rima e sem métrica, mas cheias de sinceridade.
Hahaha
Estou converando no msn, pá, quando de repente a pessoa solta um "hahaha". Fico parada diante da tela do computador, tenho um tic. Não entendo porque certos tipos de risadas msnísticas me irritam tanto. Não, pelo amor de todos os deuses, não diga hahaha, nem rsrsrs, nem huahuahua!! Isso me dá tic tic nervoso, tic tic nervoso! Várias vezes já pedi que rissem de forma diferente, reclamei que hahaha parecia que a pessoa estava mangando da minha cara, huahuahua era coisa de imbecil, e rsrsrs era falso. Mas por quê? Bem, isso nem Freud explica!
segunda-feira, outubro 09, 2006
De grão em grão
Se um jornalista publica uma matéria que manipula descaradamente as informações, a culpa é do editor, do dono do jornal, do governo, do sistema capitalista. Se Fulano de Tal pressiona funcionários a votarem no candidato X, falta ao trabalho para fazer panfletagem, compra votos, faz boca de urna, a culpa é do governo, do capitalismo. Ora, é preciso tomar vergonha na cara e assumir nossas responsabilidades. Só é corrupto quem está lá no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto? Ou por toda parte vemos pequenas corrupções e pequenos corruptos? Se seremos pequenos corruptos ou cidadãos responsáveis a decisão é nossa, somente nossa. Mas precisamos lembrar que uma estrutura social injusta não é feita apenas por homens grandes, assim como uma estrutura social mais justa também não é construída apenas por homens grandes.
sexta-feira, outubro 06, 2006
E Deus me disse: desce e arrasa!
Eu nunca me senti tão realizada em toda minha vida =)
Hoje eu faço com meu braço o meu viver...
Hoje eu faço com meu braço o meu viver...
Água viva
Não beba deste copo d'água
pois esta água é viva
não viva a beber deste copo d'água
a salvar suas mentiras
deixe-as afogadas
vá lá, e viva
não se afogue neste copo
de água viva
é hora de iluminar as sombras do bar
pois a noite finda
não durma na calçada
hoje tem mais rotina
A rua não é para os bêbados dormirem
e sim para os homens que pagam impostos passarem
não cante músicas de amor
porque a rua é dos homens casados
Vá pra casa, não tropece, boa viagem
A noite finda
não durma na calçada
hoje tem mais rotina.
pois esta água é viva
não viva a beber deste copo d'água
a salvar suas mentiras
deixe-as afogadas
vá lá, e viva
não se afogue neste copo
de água viva
é hora de iluminar as sombras do bar
pois a noite finda
não durma na calçada
hoje tem mais rotina
A rua não é para os bêbados dormirem
e sim para os homens que pagam impostos passarem
não cante músicas de amor
porque a rua é dos homens casados
Vá pra casa, não tropece, boa viagem
A noite finda
não durma na calçada
hoje tem mais rotina.
terça-feira, outubro 03, 2006
Bipolares
Tava conversando com um amigo meu, e ele de repente soltou essa: "gosto do trabalho, mas, como tudo na vida, é um pouco chato". Nossa! Como esssa frase coube em mim direitinho!
Começamos a discutir o quanto nós éramos doidos. Nós dois tínhamos a estranha mania de nos super-empolgarmos com as coisas e, ao mesmo tempo, acharmos tudo extremamente entediante. Mas é... a vida parece incrível, entretanto, é tão a mesma, que às vezes me sinto num eterno expediente de funcionário público.
Talvez nós sejamos bipolares. Já fiz até teste de internet, e, segundo o resultado, há grandes possibilidades de eu ser bipolar. Não obstante, não sou idiota ao ponto de acreditar em testes de internet, afinal, já houve um que disse que eu era a Britney Spears. E será que a Britney não fica entediada com tantas viagens, flashs, fãs enlouquecidos?
Não, não adianta. Por mais que o dia seja outro, ainda é o mesmo sol, o mesmo caminho, as mesmas pessoas. E se tudo fosse como um orgasmo, um chocolate, uma viagem, seria muito mais entendiante. Afinal, a graça do orgasmo é que ele só dura 10 segundos.
Começamos a discutir o quanto nós éramos doidos. Nós dois tínhamos a estranha mania de nos super-empolgarmos com as coisas e, ao mesmo tempo, acharmos tudo extremamente entediante. Mas é... a vida parece incrível, entretanto, é tão a mesma, que às vezes me sinto num eterno expediente de funcionário público.
Talvez nós sejamos bipolares. Já fiz até teste de internet, e, segundo o resultado, há grandes possibilidades de eu ser bipolar. Não obstante, não sou idiota ao ponto de acreditar em testes de internet, afinal, já houve um que disse que eu era a Britney Spears. E será que a Britney não fica entediada com tantas viagens, flashs, fãs enlouquecidos?
Não, não adianta. Por mais que o dia seja outro, ainda é o mesmo sol, o mesmo caminho, as mesmas pessoas. E se tudo fosse como um orgasmo, um chocolate, uma viagem, seria muito mais entendiante. Afinal, a graça do orgasmo é que ele só dura 10 segundos.
sexta-feira, setembro 29, 2006
Rindo da mídia: parte I
E agora vocês com seus jornais? Pensam que com sua mídia de bosta podem fazer o que quiserem com a opinião pública? HA! Vocês são menos espertos do que pensam!
terça-feira, setembro 26, 2006
Doutor é quem tem doutorado
Eu perco a minha paciência! Se tem uma coisa que me irrita é essa história de chamar médicos, adêvogados e associados de doutores. E desde quando graduados são doutores? Não me venha querer que eu chame gente que só fez ler apostila de faculdade de doutor. ME POUPE!
Esse é o cúmulo da falta de bom senso. Aí tem gente que argumenta: nãaaao, mas quantos anos um médico estuda? Seis! E ainda faz residência! Por isso eles são doutores. Santa Ignorância! Meu querido, existe uma diferença entre um doutor e um não doutor, que você aparenta desconhecer. É simples: um doutor PRODUZ conhecimento, enquanto médicos e adêvogados apenas APREENDEM (quando não decoram mesmo). É uma senhora diferença.
Médico só é doutor se tiver doutorado. Por que ele seria diferente de um graduado em História, Letras, Filosofia? Os médicos ainda têm a desculpa tosca de que estudaram por mais tempo, mas e os adêvogados? Nem isso. Apenas acham que são doutores porque, ora, quem tem muita grana é doutor, não é? Claro, Roberto Marinho tinha uma cadeira na Academia Brasileita de Letras! Então um juiz esnobe que tece interpretações escrotas da lei merece ser chamado de doutor. E dá-lhe ignorância.
Não acho que devemos agora reverenciar pessoas que fizeram tese, ou chamá-los de doutores. Entretanto, é preciso lembrar que eles sim são doutores, e o são porque fizeram uma tese. Mas nem por isso eu devo puxar o saco de doutor nenhum. E tenho dito!
Esse é o cúmulo da falta de bom senso. Aí tem gente que argumenta: nãaaao, mas quantos anos um médico estuda? Seis! E ainda faz residência! Por isso eles são doutores. Santa Ignorância! Meu querido, existe uma diferença entre um doutor e um não doutor, que você aparenta desconhecer. É simples: um doutor PRODUZ conhecimento, enquanto médicos e adêvogados apenas APREENDEM (quando não decoram mesmo). É uma senhora diferença.
Médico só é doutor se tiver doutorado. Por que ele seria diferente de um graduado em História, Letras, Filosofia? Os médicos ainda têm a desculpa tosca de que estudaram por mais tempo, mas e os adêvogados? Nem isso. Apenas acham que são doutores porque, ora, quem tem muita grana é doutor, não é? Claro, Roberto Marinho tinha uma cadeira na Academia Brasileita de Letras! Então um juiz esnobe que tece interpretações escrotas da lei merece ser chamado de doutor. E dá-lhe ignorância.
Não acho que devemos agora reverenciar pessoas que fizeram tese, ou chamá-los de doutores. Entretanto, é preciso lembrar que eles sim são doutores, e o são porque fizeram uma tese. Mas nem por isso eu devo puxar o saco de doutor nenhum. E tenho dito!
terça-feira, setembro 19, 2006
Dia bom começa com delícia
O pessoal de Recursos Humanos vive falando em motivação. Colocam textos apócrifos de internet e frases de livros de auto-ajuda pro pessoal ler com o objetivo de tornar as pessoas mais animadas pro trabalho. Pois hoje fiz minha sugestão. Mande esse povo dar uma boa trepada antes de ir trabalhar!! Que porra, quanta gente mal educada, que horror!!! Queria ver eles não se motivarem... Iam ficar parecendo aquele povo de propaganda de margarina.
segunda-feira, setembro 18, 2006
A vitrola
Tati demorava-se muito tempo no parapeito da janela vendo o mar, vendo a vida. No arranha-céu entravam centenas de embrulhos de encomendas. Que haveria dentro deles? interrogava. Que vontade de abri-los para ver o que têm dentro!
Na calçada, nos ônibus, nos bondes, desfilavam os gigantes, gente que não brincava, ocupada com qualquer coisa que Tati não compreendia e que era um mistério. As mulheres que passavam na praia pareciam-lhe divindades...
Algumas dessas divindades não costumavam pagar as contas. Manuela teve prejuízo. A dona da casa sabia disso. Entretanto, veio declarar à costureira que não podia esperar mais, o atraso já era grande:
- A senhora compreende, não é? Eu não quero desconfiar de ninguém... Longe de mim... Mas os impostos estão cada vez... A senhora sabe... Além disso, estamos no fim do ano, vem aí o reveillon, as minhas filhas precisam se divertir, tudo são despesas... A vida está difícil.
Tati, chegando da praia no momento, interveio na conversa das duas mulheres:
- Fizemos uma montanha de areia, mamãe, que só você vendo...
- Espera, minha filha, deixa tua mãe conversar.
- ... E lá em cima pusemos, sabe quem? Carolina...
- Em todo caso, prosseguiu a proprietária, ainda posso esperar uns três dias.
- Depois, continuava por sua vez Tati, fizemos um buraco que acho que vai sair na Europa...
- Não atrapalha, menina! gritou a costureira, afastando a filha. E virando-se para a proprietária:
- Mas a senhora podia deixar que eu levasse ao menos a máquina para terminar algumas costuras.
- Só se deixar a vitrola, como garantia.
A proprietária ficou satisfeita, as filhas teriam vitrola para dançar. E Manuela deixou correr uma lágrima.
Trecho de Tati, a garota e outras histórias, de Aníbal Machado
domingo, setembro 17, 2006
Era uma vez...
Incrível como fui descobrir tão tarde o quanto gosto do jornalismo. Agora percebo como é gostoso o meu trabalho, de conversar com tanta gente, de achar em coisas aparentemente bobas ótimas histórias. Porque nós jornalistas, um dia serei de fato uma, somos contadores de histórias. E isso é bonito, apesar de todos os pesares.
sexta-feira, setembro 15, 2006
Mensagem à poesia
Não posso
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.
Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.
Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência.
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-Ia
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.
Vinicius de Moraes
Não é possível
Digam-lhe que é totalmente impossível
Agora não pode ser
É impossível
Não posso.
Digam-lhe que estou tristíssimo, mas não posso ir esta noite ao seu encontro.
Contem-lhe que há milhões de corpos a enterrar
Muitas cidades a reerguer, muita pobreza pelo mundo.
Contem-lhe que há uma criança chorando em alguma parte do mundo
E as mulheres estão ficando loucas, e há legiões delas carpindo
A saudade de seus homens; contem-lhe que há um vácuo
Nos olhos dos párias, e sua magreza é extrema; contem-lhe
Que a vergonha, a desonra, o suicídio rondam os lares, e é preciso reconquistar a vida
Façam-lhe ver que é preciso eu estar alerta, voltado para todos os caminhos
Pronto a socorrer, a amar, a mentir, a morrer se for preciso.
Ponderem-lhe, com cuidado – não a magoem... – que se não vou
Não é porque não queira: ela sabe; é porque há um herói num cárcere
Há um lavrador que foi agredido, há um poça de sangue numa praça.
Contem-lhe, bem em segredo, que eu devo estar prestes, que meus
Ombros não se devem curvar, que meus olhos não se devem
Deixar intimidar, que eu levo nas costas a desgraça dos homens
E não é o momento de parar agora; digam-lhe, no entanto
Que sofro muito, mas não posso mostrar meu sofrimento
Aos homens perplexos; digam-lhe que me foi dada
A terrível participação, e que possivelmente
Deverei enganar, fingir, falar com palavras alheias
Porque sei que há, longínqua, a claridade de uma aurora.
Se ela não compreender, oh procurem convencê-la
Desse invencível dever que é o meu; mas digam-lhe
Que, no fundo, tudo o que estou dando é dela, e que me
Dói ter de despojá-la assim, neste poema; que por outro lado
Não devo usá-la em seu mistério: a hora é de esclarecimento
Nem debruçar-me sobre mim quando a meu lado
Há fome e mentira; e um pranto de criança sozinha numa estrada
Junto a um cadáver de mãe: digam-lhe que há
Um náufrago no meio do oceano, um tirano no poder, um homem
Arrependido; digam-lhe que há uma casa vazia
Com um relógio batendo horas; digam-lhe que há um grande
Aumento de abismos na terra, há súplicas, há vociferações
Há fantasmas que me visitam de noite
E que me cumpre receber, contem a ela da minha certeza
No amanhã
Que sinto um sorriso no rosto invisível da noite
Vivo em tensão ante a expectativa do milagre; por isso
Peçam-lhe que tenha paciência, que não me chame agora
Com a sua voz de sombra; que não me faça sentir covarde
De ter de abandoná-la neste instante, em sua imensurável
Solidão, peçam-lhe, oh peçam-lhe que se cale
Por um momento, que não me chame
Porque não posso ir
Não posso ir
Não posso.
Mas não a traí. Em meu coração
Vive a sua imagem pertencida, e nada direi que possa
Envergonhá-la. A minha ausência.
É também um sortilégio
Do seu amor por mim. Vivo do desejo de revê-Ia
Num mundo em paz. Minha paixão de homem
Resta comigo; minha solidão resta comigo; minha
Loucura resta comigo. Talvez eu deva
Morrer sem vê-Ia mais, sem sentir mais
O gosto de suas lágrimas, olhá-la correr
Livre e nua nas praias e nos céus
E nas ruas da minha insônia. Digam-lhe que é esse
O meu martírio; que às vezes
Pesa-me sobre a cabeça o tampo da eternidade e as poderosas
Forças da tragédia abastecem-se sobre mim, e me impelem para a treva
Mas que eu devo resistir, que é preciso...
Mas que a amo com toda a pureza da minha passada adolescência
Com toda a violência das antigas horas de contemplação extática
Num amor cheio de renúncia. Oh, peçam a ela
Que me perdoe, ao seu triste e inconstante amigo
A quem foi dado se perder de amor pelo seu semelhante
A quem foi dado se perder de amor por uma pequena casa
Por um jardim de frente, por uma menininha de vermelho
A quem foi dado se perder de amor pelo direito
De todos terem um pequena casa, um jardim de frente
E uma menininha de vermelho; e se perdendo
Ser-lhe doce perder-se...
Por isso convençam a ela, expliquem-lhe que é terrível
Peçam-lhe de joelhos que não me esqueça, que me ame
Que me espere, porque sou seu, apenas seu; mas que agora
É mais forte do que eu, não posso ir
Não é possível
Me é totalmente impossível
Não pode ser não
É impossível
Não posso.
Vinicius de Moraes
Sem limites
Fui ver Trainspotting hoje na Bicen com a esperança de que seria um filme legal. Entretanto, ao mesmo tempo, estava apreensiva porque ultimamente tenho cometido equívocos com relação a filmes. Tipo, eu achava que As horas seria O filme, mas fiquei irritadíssima com aquela Virginia Woolf estereotipada e todo aquele melodrama. Enfim, mas Tranispotting é muito bom, cara. Nunca vi um filme sobre drogas daquele jeito.
Os filmes sobre drogas são muito "drogas, nem louco". Aquela coisa Leonardo DiCaprio chupando o pau do velho pra suprir o vício, e Cristiane F., drogada e prostituída. Sabe, um negócio educativo? Pois Trainspotting não. Num primeiro momento, achei até que o filme estava glamourizando as drogas. Que nada! Depois da cena em que eles encontram um bebê morto esquecido no porão pelo descaso deles, tão ocupados usando heroína, percebi que não era nada disso.
O filme fala de drogas do jeito que os pais não querem falar na sala de jantar. Mostra o prazer, sim, porque ele existe, oras! E a gente vê também um cara fudido tendo alucinações com um bebê morto. Sem apologia, sem lição de moral.
No fim do filme, nada do clichê do cara recuperado dando palestras para adolescentes em escolas. Ewan Mcgregor, o nome do personagem eu não me lembro agora, sai em busca da sua velha heroína, e pergunta: Será que essa é a última, ou é a última das últimas?
segunda-feira, setembro 11, 2006
O caminho da felicidade
Um sábio perguntava a um louco qual era o caminho da felicidade. O louco respondeu-lhe imediatamente, como alguém a quem se pergunta o caminho da cidade vizinha:
- Admira-te a ti mesmo e vive nas ruas.
- Espera - exclamou o sábio - Pedes demais. Basta que já admiremos a nós próprios!
O louco respondeu então:
- Mas como admirarmos sempre, sem desprezarmos sempre?
Friedrich Nietzsche
- Admira-te a ti mesmo e vive nas ruas.
- Espera - exclamou o sábio - Pedes demais. Basta que já admiremos a nós próprios!
O louco respondeu então:
- Mas como admirarmos sempre, sem desprezarmos sempre?
Friedrich Nietzsche
domingo, setembro 10, 2006
Political view
Passeando pelo orkut através do meu fake, descobri uma comunidade interessante. O Que é Very Libertarian, e na descrição "vamos explicar às pessoas de esquerda no orkut o que quer dizer very libertarian". No fórum, esquerdistas diziam que o termo se referia a marxistas e anarquistas, e direitosos afirmavam veementemente que tratava-se de uma nomenclatura para liberais ao extremo, seguidores ferrenhos de Adam Smith e companhia limitada. Algo me instigou: por que no orkut não há nenhuma definição política adequada à esquerda?
As opções para o ítem visão política são conservador de direita, muito conservador e de direita, centrista, esquerda liberal, muito liberal e de esquerda, libertário, libertário ao extremo, autoritário, autoritário ao extremo, depende e apolítico. Agora me diga: e desde quando existe esquerda liberal? O liberalismo não é de direita?
As únicas opções que podem ter alguma coisa a ver com a esquerda são libertário e libertário ao extremo. Entretanto, esse libertário, afinal, se refere aos que igualam libredade de empresa e liberdade do cidadão, ou aos anarquistas, marxistas, etc? É complicado.
Eu até então me definia como libertária, mas não vou entrar aqui no mérito da minha visão política, que não se encaixa nem na esquerda, nem na direita, nem no centro, nem na apoliticidade. A questão é: simplesmente não há nenhuma opção no orkut adequada à esquerda. O que existe são variações da direita.
Agora a pergunta: por quê?
As opções para o ítem visão política são conservador de direita, muito conservador e de direita, centrista, esquerda liberal, muito liberal e de esquerda, libertário, libertário ao extremo, autoritário, autoritário ao extremo, depende e apolítico. Agora me diga: e desde quando existe esquerda liberal? O liberalismo não é de direita?
As únicas opções que podem ter alguma coisa a ver com a esquerda são libertário e libertário ao extremo. Entretanto, esse libertário, afinal, se refere aos que igualam libredade de empresa e liberdade do cidadão, ou aos anarquistas, marxistas, etc? É complicado.
Eu até então me definia como libertária, mas não vou entrar aqui no mérito da minha visão política, que não se encaixa nem na esquerda, nem na direita, nem no centro, nem na apoliticidade. A questão é: simplesmente não há nenhuma opção no orkut adequada à esquerda. O que existe são variações da direita.
Agora a pergunta: por quê?
sábado, setembro 09, 2006
É uma questão vetorial
Uma colega minha veio me dizer que seu professor falou que pode provar qualquer coisa matematicamente. De fato, as pessoas de exatas costumam ser muito egocêntricas. Nossa, o mundo é uma grande equação, podemos estudar as relações sociais através de números. Meu querido, ME POUPE! Dizer isso é tão idiota quando eu achar que posso estudar análise combinatória a partir de Foucault.
quarta-feira, setembro 06, 2006
Tão engraçado!
Em certas situações, quando fico puta da vida com o que alguém disse, mas não posso fazer nada, como acontece tantas vezes no trabalho, eu começo a rir. Dou risadas sonsas, sem graça, um tanto hostis, fico rindo sem parar pra disfarçar minha irritação. Se eu não rir, vai ficar escrito na testa "seu (a) imbecil". Entretanto, não sei se minhas risadas de fato escondem alguma coisa. Na dúvida, eu incentivo a pessoa a continuar falando merda.
Daslu com rapadura
Merdas de políticos! Em época de eleição todo mundo é do povo. Alckmin vira Seu Geraldo, o homem simples que almoça no bandejão. Lula, com seu passado de menino pobre do Ceará, ah, quantos brasileiros pobres não querem virar Lula, Ronaldinho, Zezé, Luciano, Leonardo...
Lá se vão os abraços calorosos em velhas gordas, os beijos nos rostos de criancinhas. O engraçado é que eles usam essa imagem de homem simples, mas, ao mesmo tempo, não deixam de lado os ternos e sapatos grã finos.
Tudo porque, oras, os pobres gostam de se ver na tela, mas também sonham o sonho dos ricos. Vá o cara ser do povão, comer em restaurante de 1 real, e usar roupa de pedreiro pra você ver se ele ganha. Porra nenhuma! Então fica essa mistura hipócrita, escrota até, de um rico de terno comendo farofa.
Lá se vão os abraços calorosos em velhas gordas, os beijos nos rostos de criancinhas. O engraçado é que eles usam essa imagem de homem simples, mas, ao mesmo tempo, não deixam de lado os ternos e sapatos grã finos.
Tudo porque, oras, os pobres gostam de se ver na tela, mas também sonham o sonho dos ricos. Vá o cara ser do povão, comer em restaurante de 1 real, e usar roupa de pedreiro pra você ver se ele ganha. Porra nenhuma! Então fica essa mistura hipócrita, escrota até, de um rico de terno comendo farofa.
terça-feira, setembro 05, 2006
sexta-feira, setembro 01, 2006
Características do mercado cinematográfico estadunidense e do latino-americano
“A criação de um mercado comum de imagens é um dos desafios da busca de uma cultura dita global” (Mattelart, 2002)
Costumamos ir ao cinema no shopping e assistir a filmes estadunidenses. Por trás dos cartazes e das grandes telas existe um imenso mercado cinematográfico em que são vendidos cerca de 10 bilhões de ingressos por ano.
Na indústria cinematográfica, normalmente as produções estadunidenses correspondem a 85% do público de cinema no mundo. Na América Latina não é diferente, e por volta de 85% dos filmes exibidos nos cinemas na região são produções vindas dos EUA. Em países como Costa Rica e Chile a dominação do cinema estadunidense no mercado é ainda maior, e as películas provenientes de Hollywood representam 95% do mercado.
A indústria cinematográfica faz parte dos intercâmbios de bens culturais. Três quintos dos fluxos de bens culturais provém de 13 países, sendo que 87% dos lucros produzidos através de bens culturais e meios de comunicação de massa se concentram na comunidade européia, no Japão, e nos EUA. Apenas 13% dos lucros pertencem aos demais países do mundo.
A atividade cinematográfica apresenta três fases: produção, distribuição, e exibição. Os estúdios são responsáveis pela produção do filme. As empresas distribuidoras promovem a publicização e comercialização das produções. As exibidoras projetam os filmes nas salas de cinema.
Os Estados Unidos dominam as três fases do mercado cinematográfico. Quanto à produção, os grandes estúdios se localizam em Los Angeles, e conhecemos os letreiros de Hollywood. Atualmente, existem sete grandes estúdios de produção: Disney, Warner Bros, MGM-UA, Sony Pictures, Paramount, Universal 20th Century Fox. Desses, Sony, Universal e Fox são propriedades, respectivamente, de companhias originárias do Japão, Canadá e Austrália. Segundo o inglês David Puttnam, antigo chefe da Columbia Pictures, pertencente à Sony, hoje em dia nenhuma companhia de entretenimento fora dos Estados Unidos é capaz de distribuir uma película em todas as nações da Europa.
As empresas que dominam a distribuição são as majors, ou distribuidoras filiadas aos estúdios estadunidenses que distribuem os seus produtos em todo o mundo. As maiores empresas do setor formam grandes conglomerados através da integração vertical entre produção, distribuição e exibição. Octavio Getino faz a seguinte classificação com relação às distribuidoras latino-americanas:
Distribuidoras estrangeiras: seriam filiais das majors e responsáveis pela comercialização apenas dos filmes dos estúdios a que estariam vinculadas. Algumas delas seriam UIP, Buena Vista, Columbia Tristar.
Distribuidoras locais de filmes estrangeiros: seriam conhecidas como “independentes” e, segundo a definição de Getino, são formadas por capital local e não teriam vínculo com nenhum estúdio, mas selecionariam os filmes a serem comercializados em festivais, como por exemplo, Lumière, Art films, Europa filmes.
Distribuidoras nacionais: são formadas por capital local e a maior parte dos filmes que comercializam é nacional. No Brasil, um exemplo desse tipo de distribuidora foi a Embrafilme, criada durante o governo militar.
As empresas exibidoras estrangeiras são donas das multiplex, ou salas múltiplas que ficam em shoppings e se localizam em centros urbanos. Elas costumam apresentar filmes blockbuster, que estream simultaneamente em centenas de cidades nos cinco continentes. O grande número de filmes blockbuster nas salas de cinema tem relação também com as estratégias de distribuição, pois 95% dos filmes comercializados pelas majors são dessa categoria.
Os números de salas e de espectadores vinham caindo vertiginosamente na América Latina, até que com a chegada das multiplex voltaram a crescer. Entretanto, as salas de cinema ficam concentradas nas grandes cidades, pois as grandes empresas exibidoras só se interessam pelas cidades com mais de 400 mil habitantes.
É importante salientar que a dominação dos Estados Unidos no mercado cinematográfico não é produto de forças do mercado que operam a favor de Hollywood. A atividade cinematográfica estadunidense nasceu com forte impulso estatal, dado que se mostrava um mercado promissor. O governo dos Estados Unidos apoiou o desenvolvimento de sua cinematografia nos mercados externos, especialmente através dos Departamentos de Comércio e de Estado.
Se em qualquer país latino-americano os filmes hollywoodianos representam de 70% a 100% das produções exibidas, nos Estados Unidos 93,9% dos filmes exibidos em 2002 eram daquele país.
O mercado doméstico de cinema dos EUA é o maior do mundo. Os Estados Unidos têm o maior número de salas por habitante, e há 26 mil salas e cerca de 1,2 bilhões de espectadores, sendo que 98% dos longas comercializados nesse país são ali produzidos . O preço do bilhete custava aproximadamente 6,03 dólares em 2004, e a arrecadação foi em média 9,491 bilhões de dólares nesse mesmo ano.
Em 2003, os EUA tinham por volta de 12,3 salas para cada 100 mil habitantes, e a freqüência dos espectadores era de em média 5,39 vezes ao ano . A arrecadação do mercado cinematográfico estadunidense em 2004 foi superior em 92% à arrecadação da União Européia, conjunto de países que ocupa o segundo lugar em ingressos em bilheterias de cinema.
Um dos elementos da concorrência desleal nos mercados cinematográficos na América Latina é o fato de que as empresas produtoras estadunidenses pagam os custos de seus filmes já no seu país, que apresenta um amplo mercado doméstico, enquanto que as latino-americanas terão ainda de conquistar seu mercado interno para obter algum lucro. O lucro das empresas produtoras estadunidenses nos países da América Latina é neto, menos os custos com publicidade e cópias.
A atividade cinematográfica no mundo apresenta grandes desigualdades quando, por exemplo, os Estados Unidos detém com a ajuda de diversos subsídios 10% da produção mundial, e 90% do mercado de distribuição . Dentro da América Latina também existem grandes desigualdades.
“Mas se a linha divisória Norte/Sul já não basta para definir o atual estado do planeta, as desigualdades estruturais das décadas anteriores não sumiram assim. O que perturbou a representação maniqueísta do mundo foi que o Norte descobriu seu próprio território dos Suis e que, no coração mesmo do Sul, emergiram Nortes que trazem consigo seus Suis” (Mattelart, 2002)
Num país como a Argentina, com 38,6 milhões de habitantes, e PIB de 249,9 bilhões de dólares, são feitos em média 90 filmes por ano com a ajuda de 25 milhões de dólares em subsídios estatais, enquanto que no Uruguai, com 3,4 milhões de habitantes, e PIB de 12 bilhões de dólares, a média é de 3 filmes por ano, e há escassos investimentos públicos.
Considerando que os filmes latino-americanos têm pouca aceitação no exterior e devem reverter os custos no mercado interno, enquanto que os EUA têm um amplo mercado interno e a produção cinematográfica estadunidense tem respaldo em todo o mundo, fica difícil para um país como o Uruguai ter atividade cinematográfica sem políticas públicas de incentivo à produção audiovisual. Sem incentivo, nem Brasil, Argentina, ou qualquer país latino-americano teria cinema.
A formação de leis audiovisuais nos países latino-americanos, além das iniciativas de co-produção são essenciais para o desenvolvimento da cinematografia da região.
Bibliografia:
MATTELART, Armand. A globalização da comunicação. Bauru: EDUSC, 2002. Cap. VI.
GETINO, Octavio. El cine en el Mercosur y países asociados.
MORAES, Denis. A hegemonia das corporações de mídia no capitalismo global.
ARAÚJO, Taíssa Helena de Barros e CHAUVEL, Marie Agnes. Estratégias de promoção no lançamento de filmes norte-americanos no mercado brasileiro: um estudo de caso.
ARIAS, Fernando. Diversidad cultural en la exhibición cinematográfica en la Argentina.
RUIZ, Enrique E. Sánchez. El empequeñecido cine latinoamericano e la integración audiovisual.
PERELMAN, Pablo e SEIVACH, Paulina. La industria cinematográfica en la Argentina: entre los limites del mercado y el fomento estatal.
ROVITO, Pablo. Reflexiones sobre la exhibición cinematográfica en la Argentina.
Tatiana Hora
Parte do meu relatório.
Costumamos ir ao cinema no shopping e assistir a filmes estadunidenses. Por trás dos cartazes e das grandes telas existe um imenso mercado cinematográfico em que são vendidos cerca de 10 bilhões de ingressos por ano.
Na indústria cinematográfica, normalmente as produções estadunidenses correspondem a 85% do público de cinema no mundo. Na América Latina não é diferente, e por volta de 85% dos filmes exibidos nos cinemas na região são produções vindas dos EUA. Em países como Costa Rica e Chile a dominação do cinema estadunidense no mercado é ainda maior, e as películas provenientes de Hollywood representam 95% do mercado.
A indústria cinematográfica faz parte dos intercâmbios de bens culturais. Três quintos dos fluxos de bens culturais provém de 13 países, sendo que 87% dos lucros produzidos através de bens culturais e meios de comunicação de massa se concentram na comunidade européia, no Japão, e nos EUA. Apenas 13% dos lucros pertencem aos demais países do mundo.
A atividade cinematográfica apresenta três fases: produção, distribuição, e exibição. Os estúdios são responsáveis pela produção do filme. As empresas distribuidoras promovem a publicização e comercialização das produções. As exibidoras projetam os filmes nas salas de cinema.
Os Estados Unidos dominam as três fases do mercado cinematográfico. Quanto à produção, os grandes estúdios se localizam em Los Angeles, e conhecemos os letreiros de Hollywood. Atualmente, existem sete grandes estúdios de produção: Disney, Warner Bros, MGM-UA, Sony Pictures, Paramount, Universal 20th Century Fox. Desses, Sony, Universal e Fox são propriedades, respectivamente, de companhias originárias do Japão, Canadá e Austrália. Segundo o inglês David Puttnam, antigo chefe da Columbia Pictures, pertencente à Sony, hoje em dia nenhuma companhia de entretenimento fora dos Estados Unidos é capaz de distribuir uma película em todas as nações da Europa.
As empresas que dominam a distribuição são as majors, ou distribuidoras filiadas aos estúdios estadunidenses que distribuem os seus produtos em todo o mundo. As maiores empresas do setor formam grandes conglomerados através da integração vertical entre produção, distribuição e exibição. Octavio Getino faz a seguinte classificação com relação às distribuidoras latino-americanas:
Distribuidoras estrangeiras: seriam filiais das majors e responsáveis pela comercialização apenas dos filmes dos estúdios a que estariam vinculadas. Algumas delas seriam UIP, Buena Vista, Columbia Tristar.
Distribuidoras locais de filmes estrangeiros: seriam conhecidas como “independentes” e, segundo a definição de Getino, são formadas por capital local e não teriam vínculo com nenhum estúdio, mas selecionariam os filmes a serem comercializados em festivais, como por exemplo, Lumière, Art films, Europa filmes.
Distribuidoras nacionais: são formadas por capital local e a maior parte dos filmes que comercializam é nacional. No Brasil, um exemplo desse tipo de distribuidora foi a Embrafilme, criada durante o governo militar.
As empresas exibidoras estrangeiras são donas das multiplex, ou salas múltiplas que ficam em shoppings e se localizam em centros urbanos. Elas costumam apresentar filmes blockbuster, que estream simultaneamente em centenas de cidades nos cinco continentes. O grande número de filmes blockbuster nas salas de cinema tem relação também com as estratégias de distribuição, pois 95% dos filmes comercializados pelas majors são dessa categoria.
Os números de salas e de espectadores vinham caindo vertiginosamente na América Latina, até que com a chegada das multiplex voltaram a crescer. Entretanto, as salas de cinema ficam concentradas nas grandes cidades, pois as grandes empresas exibidoras só se interessam pelas cidades com mais de 400 mil habitantes.
É importante salientar que a dominação dos Estados Unidos no mercado cinematográfico não é produto de forças do mercado que operam a favor de Hollywood. A atividade cinematográfica estadunidense nasceu com forte impulso estatal, dado que se mostrava um mercado promissor. O governo dos Estados Unidos apoiou o desenvolvimento de sua cinematografia nos mercados externos, especialmente através dos Departamentos de Comércio e de Estado.
Se em qualquer país latino-americano os filmes hollywoodianos representam de 70% a 100% das produções exibidas, nos Estados Unidos 93,9% dos filmes exibidos em 2002 eram daquele país.
O mercado doméstico de cinema dos EUA é o maior do mundo. Os Estados Unidos têm o maior número de salas por habitante, e há 26 mil salas e cerca de 1,2 bilhões de espectadores, sendo que 98% dos longas comercializados nesse país são ali produzidos . O preço do bilhete custava aproximadamente 6,03 dólares em 2004, e a arrecadação foi em média 9,491 bilhões de dólares nesse mesmo ano.
Em 2003, os EUA tinham por volta de 12,3 salas para cada 100 mil habitantes, e a freqüência dos espectadores era de em média 5,39 vezes ao ano . A arrecadação do mercado cinematográfico estadunidense em 2004 foi superior em 92% à arrecadação da União Européia, conjunto de países que ocupa o segundo lugar em ingressos em bilheterias de cinema.
Um dos elementos da concorrência desleal nos mercados cinematográficos na América Latina é o fato de que as empresas produtoras estadunidenses pagam os custos de seus filmes já no seu país, que apresenta um amplo mercado doméstico, enquanto que as latino-americanas terão ainda de conquistar seu mercado interno para obter algum lucro. O lucro das empresas produtoras estadunidenses nos países da América Latina é neto, menos os custos com publicidade e cópias.
A atividade cinematográfica no mundo apresenta grandes desigualdades quando, por exemplo, os Estados Unidos detém com a ajuda de diversos subsídios 10% da produção mundial, e 90% do mercado de distribuição . Dentro da América Latina também existem grandes desigualdades.
“Mas se a linha divisória Norte/Sul já não basta para definir o atual estado do planeta, as desigualdades estruturais das décadas anteriores não sumiram assim. O que perturbou a representação maniqueísta do mundo foi que o Norte descobriu seu próprio território dos Suis e que, no coração mesmo do Sul, emergiram Nortes que trazem consigo seus Suis” (Mattelart, 2002)
Num país como a Argentina, com 38,6 milhões de habitantes, e PIB de 249,9 bilhões de dólares, são feitos em média 90 filmes por ano com a ajuda de 25 milhões de dólares em subsídios estatais, enquanto que no Uruguai, com 3,4 milhões de habitantes, e PIB de 12 bilhões de dólares, a média é de 3 filmes por ano, e há escassos investimentos públicos.
Considerando que os filmes latino-americanos têm pouca aceitação no exterior e devem reverter os custos no mercado interno, enquanto que os EUA têm um amplo mercado interno e a produção cinematográfica estadunidense tem respaldo em todo o mundo, fica difícil para um país como o Uruguai ter atividade cinematográfica sem políticas públicas de incentivo à produção audiovisual. Sem incentivo, nem Brasil, Argentina, ou qualquer país latino-americano teria cinema.
A formação de leis audiovisuais nos países latino-americanos, além das iniciativas de co-produção são essenciais para o desenvolvimento da cinematografia da região.
Bibliografia:
MATTELART, Armand. A globalização da comunicação. Bauru: EDUSC, 2002. Cap. VI.
GETINO, Octavio. El cine en el Mercosur y países asociados.
MORAES, Denis. A hegemonia das corporações de mídia no capitalismo global.
ARAÚJO, Taíssa Helena de Barros e CHAUVEL, Marie Agnes. Estratégias de promoção no lançamento de filmes norte-americanos no mercado brasileiro: um estudo de caso.
ARIAS, Fernando. Diversidad cultural en la exhibición cinematográfica en la Argentina.
RUIZ, Enrique E. Sánchez. El empequeñecido cine latinoamericano e la integración audiovisual.
PERELMAN, Pablo e SEIVACH, Paulina. La industria cinematográfica en la Argentina: entre los limites del mercado y el fomento estatal.
ROVITO, Pablo. Reflexiones sobre la exhibición cinematográfica en la Argentina.
Tatiana Hora
Parte do meu relatório.
quinta-feira, agosto 31, 2006
Day and day, hour and hour
quarta-feira, agosto 30, 2006
E você, prendeu ou soltou?
Vi várias pessoas fazendo uma sabatina a uma psicóloga. Elas pareciam acreditar que estavam diante de uma grande fonte de sabedoria, de alguém que iria ajudá-los a ler a mente dos outros e a resolver todos os seus problemas. Ela, tentando corresponder às expectativas, tinha uma resposta, como um abracadabra, pra tudo.
- Essas pessoas que a gente vê por aí que são extremamente controladoras, bem, isso pode ser porque elas prenderam demais as próprias fezes na infância.
- O menino pode se tornar homossexual por não se identificar com o pai, por não vê-lo como um bom exemplo, e acaba se inspirando na mãe.
Ah, eu não sabia que as coisas eram tão simples. E se eu tiver prendido meu xixi na infância, o que acontece? E se eu me identificar com minha mãe e ela for homossexual? Eu vou ser hetero porque a admiro, ou vou ser lésbica porque ela é lésbica?
- Essas pessoas que a gente vê por aí que são extremamente controladoras, bem, isso pode ser porque elas prenderam demais as próprias fezes na infância.
- O menino pode se tornar homossexual por não se identificar com o pai, por não vê-lo como um bom exemplo, e acaba se inspirando na mãe.
Ah, eu não sabia que as coisas eram tão simples. E se eu tiver prendido meu xixi na infância, o que acontece? E se eu me identificar com minha mãe e ela for homossexual? Eu vou ser hetero porque a admiro, ou vou ser lésbica porque ela é lésbica?
quinta-feira, agosto 24, 2006
Mas Carolina não viu
Ela se sentou diante de mim e fitou a janela, depois não consegui acompanhar o seu olhar de tão perdidos que eram seus olhos.
- Está triste?
- Não. Estou apenas distraída.
- O que a trouxe até aqui?
- Minha mãe mandou.
Eu esperava que ela falasse, mas permanecia em silêncio.
- Olhe, eu preciso que você fale.
- Está bem.
- Isso aqui é um ambulatório de saúde mental público. Você não está num consultório particular onde pode passar uma hora sem dizer nada e depois pagar. Tem um monte de gente lá fora esperando.
- Sim, sei.
Ela tinha gestos de volúpia. A assistente social disse que ela também a tratava assim. Perturbava-me bastante uma menina de 16 anos que havia sido estuprada tratando-me de forma erótica. Mas em nenhum momento me pareceu que ela queria de fato ter relações sexuais comigo ou coisa parecida. Pelo contrário, bastava eu tocar no seu ombro para lhe dizer “até quarta-feira”, que ela se assustava como se tivesse recebido um insulto.
Eu falava bem mais durante a consulta, algo não muito recomendável na Psicologia. Então, pedi para ela simular que a almofada era algum conhecido, e dissesse tudo o que sentia. Ela desenhou os olhos da almafada e fitou-os.
- Eu vou me matar. Não adianta – depois ficou olhando pra mim esperando alguma resposta, e eu, sem saber o que fazer, pus-me a fazer anotações no meu caderno.
A mãe dela, como sempre, a esperava no sofá lendo revistas femininas e tomando café, e eu pedi para conversar com ela um instante.
- A sua filha já lhe disse que queria se matar?
- Oh, doutora, não é isso que me preocupa. Eu não sei o que fazer, não sei, isso me deixa tão triste. Uma vez eu estava tratando a carne do almoço, e ela puxou o meu braço e disse: mãe, eu vou morrer, a senhora me ama? Eu disse que amava sim, mas não sei o que fazer com essa menina, me diga, pelo amor de Deus.
- E por que você não me falou nada sobre isso?
- Minha mãe disse que quem vai mesmo se matar não fala essas coisas.
- Quem vai se matar pode falar essas coisas sim. Pode ser um pedido de socorro. Mas fique calma, vamos ter cuidado.
Carolina sempre contava histórias de que algum homem a havia perseguido na rua, e dizia que havia sofrido vários abusos. A mãe contou que uma vez, ao chegar do trabalho, quando Carolina ainda tinha dez anos, havia visto o seu irmão tocando nas partes íntimas da filha. Ainda bem que nada havia se consumado.
Eu tentava sempre acalmá-la, ela não poderia conviver com tanto medo. Se todo aquele medo parecia protegê-la, na verdade era o que mais lhe fazia mal. Ela me escutava como se quisesse acreditar naquilo, mas não lhe fosse possível.
Fazia descrições minuciosas sobre as vezes em que achava que estava sendo perseguida, mas não conseguia se lembrar de quase nada do estupro que havia sofrido. Dizia que estava dormindo, e ao acordar viu um homem, do qual não lembra os aspectos, desabotoando sua blusa e abrindo as próprias calças. Daí por diante, ela não lembrava de mais nada.
- Maria, você tem certeza de que isso aconteceu mesmo?
- Tenho.
- Mas você sempre acha que tem alguém atrás de você. Será que você não tem tanto medo disso, depois do que seu tio lhe fez, ao ponto de acreditar que aconteceu?
- Não.
Certo dia, ela chegou ao ambulatório reclamando de dores na região genital. Ficava se contorcendo, pedia que alguém fizesse alguma coisa pelo amor de Deus. Ela chorava de um jeito que se via a dor marcando o rosto, mordia os lábios, às vezes me olhava sem pedir ajuda. Tinha aquela doença que não aparece em exames.
Quando abri a porta para chamá-la, ela não estava lá vendo televisão. Lembro que ela olhava para a tela como se visse imagens que não estavam ali.
Eu havia dito que o tratamento só funcionava mesmo se ela quisesse se cuidar, se conversasse comigo. Mas nada.
De vez em quando lhe telefono pra saber se está viva.
- Está triste?
- Não. Estou apenas distraída.
- O que a trouxe até aqui?
- Minha mãe mandou.
Eu esperava que ela falasse, mas permanecia em silêncio.
- Olhe, eu preciso que você fale.
- Está bem.
- Isso aqui é um ambulatório de saúde mental público. Você não está num consultório particular onde pode passar uma hora sem dizer nada e depois pagar. Tem um monte de gente lá fora esperando.
- Sim, sei.
Ela tinha gestos de volúpia. A assistente social disse que ela também a tratava assim. Perturbava-me bastante uma menina de 16 anos que havia sido estuprada tratando-me de forma erótica. Mas em nenhum momento me pareceu que ela queria de fato ter relações sexuais comigo ou coisa parecida. Pelo contrário, bastava eu tocar no seu ombro para lhe dizer “até quarta-feira”, que ela se assustava como se tivesse recebido um insulto.
Eu falava bem mais durante a consulta, algo não muito recomendável na Psicologia. Então, pedi para ela simular que a almofada era algum conhecido, e dissesse tudo o que sentia. Ela desenhou os olhos da almafada e fitou-os.
- Eu vou me matar. Não adianta – depois ficou olhando pra mim esperando alguma resposta, e eu, sem saber o que fazer, pus-me a fazer anotações no meu caderno.
A mãe dela, como sempre, a esperava no sofá lendo revistas femininas e tomando café, e eu pedi para conversar com ela um instante.
- A sua filha já lhe disse que queria se matar?
- Oh, doutora, não é isso que me preocupa. Eu não sei o que fazer, não sei, isso me deixa tão triste. Uma vez eu estava tratando a carne do almoço, e ela puxou o meu braço e disse: mãe, eu vou morrer, a senhora me ama? Eu disse que amava sim, mas não sei o que fazer com essa menina, me diga, pelo amor de Deus.
- E por que você não me falou nada sobre isso?
- Minha mãe disse que quem vai mesmo se matar não fala essas coisas.
- Quem vai se matar pode falar essas coisas sim. Pode ser um pedido de socorro. Mas fique calma, vamos ter cuidado.
Carolina sempre contava histórias de que algum homem a havia perseguido na rua, e dizia que havia sofrido vários abusos. A mãe contou que uma vez, ao chegar do trabalho, quando Carolina ainda tinha dez anos, havia visto o seu irmão tocando nas partes íntimas da filha. Ainda bem que nada havia se consumado.
Eu tentava sempre acalmá-la, ela não poderia conviver com tanto medo. Se todo aquele medo parecia protegê-la, na verdade era o que mais lhe fazia mal. Ela me escutava como se quisesse acreditar naquilo, mas não lhe fosse possível.
Fazia descrições minuciosas sobre as vezes em que achava que estava sendo perseguida, mas não conseguia se lembrar de quase nada do estupro que havia sofrido. Dizia que estava dormindo, e ao acordar viu um homem, do qual não lembra os aspectos, desabotoando sua blusa e abrindo as próprias calças. Daí por diante, ela não lembrava de mais nada.
- Maria, você tem certeza de que isso aconteceu mesmo?
- Tenho.
- Mas você sempre acha que tem alguém atrás de você. Será que você não tem tanto medo disso, depois do que seu tio lhe fez, ao ponto de acreditar que aconteceu?
- Não.
Certo dia, ela chegou ao ambulatório reclamando de dores na região genital. Ficava se contorcendo, pedia que alguém fizesse alguma coisa pelo amor de Deus. Ela chorava de um jeito que se via a dor marcando o rosto, mordia os lábios, às vezes me olhava sem pedir ajuda. Tinha aquela doença que não aparece em exames.
Quando abri a porta para chamá-la, ela não estava lá vendo televisão. Lembro que ela olhava para a tela como se visse imagens que não estavam ali.
Eu havia dito que o tratamento só funcionava mesmo se ela quisesse se cuidar, se conversasse comigo. Mas nada.
De vez em quando lhe telefono pra saber se está viva.
quarta-feira, agosto 23, 2006
Green eyes
Honey you are a rock
Upon which I stand
And I come here to talk
I hope you understand
The green eyes
Yeah the spotlight
Shines upon you
How could
Anybody
Deny you?
I came here with a load
And it feels so much lighter
Now I've met you
And honey you should know
That I could never go on
Without you
Green eyes
Honey you are the sea
Upon which I float
And I came here to talk
I think you should know
The green eyes
You're the one that
I wanted to find
Anyone who
Tried to deny you
Must be out of their mind
'Cause I came here with a load
And it feels so much lighter
Since I've met you
And honey you should know
That I could never go home
Without you
Green eyes
Green eyes
Honey you are a rock
Upon which I stand...
Upon which I stand
And I come here to talk
I hope you understand
The green eyes
Yeah the spotlight
Shines upon you
How could
Anybody
Deny you?
I came here with a load
And it feels so much lighter
Now I've met you
And honey you should know
That I could never go on
Without you
Green eyes
Honey you are the sea
Upon which I float
And I came here to talk
I think you should know
The green eyes
You're the one that
I wanted to find
Anyone who
Tried to deny you
Must be out of their mind
'Cause I came here with a load
And it feels so much lighter
Since I've met you
And honey you should know
That I could never go home
Without you
Green eyes
Green eyes
Honey you are a rock
Upon which I stand...
terça-feira, agosto 22, 2006
Uma noite fora de casa
Um ambiente de penumbra, vodka, risos lascivamente debochados, música ordinária e gentes escondidas em algum canto onde se possa ser íntimo, ou sendo íntimo sob nossos olhos porque ali tudo pode ser. Às vezes é entediante tanta orgia de palavras, de gestos, de vez em quando um vômito, um choro, um escândalo. Profundamente entediante, mas já passa da meia noite, e não tenho dinheiro suficiente para o táxi.
Não dá pra conversar por mais de dez minutos com alguém que não consegue articular os vocábulos. Dou um riso qualquer, os risos são sempre bem-vindos.
- Mas você tá rindo de quê?
- Como?
- É, o que foi que eu disse?
De fato, os bêbados podem estar plenamente conscientes.
- Nada, eu ri apenas pra lhe agradar. As pessoas gostam de risadas, não?
Odeio bêbados que puxam pelo braço. Ainda vai chegar o dia em que os brasileiros serão como os franceses e mal irão se tocar. Então será um povo civilizado. Pior do que esses idiotas que insistem em me puxar são aqueles benditos ébrios que, repletos de sapiência, começam a discutir literatura, filosofia, sociologia, política, etc e tal.
- Meu bem, divagações têm de ser curtas.
Essa noite que não tem fim. Bebo mais e mais, porque há de saber que todo bêbado se diverte, indenpendente de onde ele está. Às vezes me levanto e faço um quatro, só para garantir que meu corpo não estará mais tarde à disposição de quem queira, pois não confio de jeito nenhum nessa gente.
De vez em quando alguém me pede licença, estou sentada bem na frente de um quarto com um copo na mão e olhando pro espelho. Fito o meu aspecto exausto de tédio. Tive um desejo infantil de ver minha imagem refletida se movendo num ritmo diferente do meu. Será que eles fazem uma orgia lá dentro?
Não sei o que levou tanta gente àquele quarto. A narradora aqui não é onipresente, veja bem. Sei que beijei um cara que não lembro o nome só pra passar o tempo, e merda, ele falava demais, e muita besteira. Ele queria trepar, eu disse que não fazia sexo com ninguém na primeira noite. Fora isso, uma menina usando meias vermelhas vomitou perto de mim, e algo que antes era vinho veio parar no meu pé.
É uma longa caminhada até o ponto de ônibus debaixo do sol sonolento, vou passando pelos feirantes que erguem suas barracas e arrumam suas frutas. Dá vergonha de ver gente trabalhando enquanto ainda sinto álcool na boca.
Eu me pergunto como porra deixei de cumprir meus deveres para ir àquela festa de pessoas sujas.
Não dá pra conversar por mais de dez minutos com alguém que não consegue articular os vocábulos. Dou um riso qualquer, os risos são sempre bem-vindos.
- Mas você tá rindo de quê?
- Como?
- É, o que foi que eu disse?
De fato, os bêbados podem estar plenamente conscientes.
- Nada, eu ri apenas pra lhe agradar. As pessoas gostam de risadas, não?
Odeio bêbados que puxam pelo braço. Ainda vai chegar o dia em que os brasileiros serão como os franceses e mal irão se tocar. Então será um povo civilizado. Pior do que esses idiotas que insistem em me puxar são aqueles benditos ébrios que, repletos de sapiência, começam a discutir literatura, filosofia, sociologia, política, etc e tal.
- Meu bem, divagações têm de ser curtas.
Essa noite que não tem fim. Bebo mais e mais, porque há de saber que todo bêbado se diverte, indenpendente de onde ele está. Às vezes me levanto e faço um quatro, só para garantir que meu corpo não estará mais tarde à disposição de quem queira, pois não confio de jeito nenhum nessa gente.
De vez em quando alguém me pede licença, estou sentada bem na frente de um quarto com um copo na mão e olhando pro espelho. Fito o meu aspecto exausto de tédio. Tive um desejo infantil de ver minha imagem refletida se movendo num ritmo diferente do meu. Será que eles fazem uma orgia lá dentro?
Não sei o que levou tanta gente àquele quarto. A narradora aqui não é onipresente, veja bem. Sei que beijei um cara que não lembro o nome só pra passar o tempo, e merda, ele falava demais, e muita besteira. Ele queria trepar, eu disse que não fazia sexo com ninguém na primeira noite. Fora isso, uma menina usando meias vermelhas vomitou perto de mim, e algo que antes era vinho veio parar no meu pé.
É uma longa caminhada até o ponto de ônibus debaixo do sol sonolento, vou passando pelos feirantes que erguem suas barracas e arrumam suas frutas. Dá vergonha de ver gente trabalhando enquanto ainda sinto álcool na boca.
Eu me pergunto como porra deixei de cumprir meus deveres para ir àquela festa de pessoas sujas.
Another brick in the wall
Quando cheguei à sala para ter aula de Teorias do Jornalismo, lá estavam algumas pessoas em volta da mesa do professor, e eu imaginei que tratava-se de uma reunião pós aula. Fiquei na porta esperando, até que um cara veio até mim.
- Você vai ter aula aqui?
- Ham? É, vou sim.
Ele foi em direção à mesa onde estava uma mulher fazendo anotações, a qual pensei que era a professora, pois estava rodeada de gente. Então ele deu meia volta e veio até mim novamente.
- Vai ter aula né?
- Sim, sim.
- Você é professora?
HAM? Como assim ele achava que eu era professora? Eu só tenho 21 anos! Tá certo que eu quero ser professora, mas alguém vir dizer que, enfim, ham, é, não deve haver professora da universidade com 21 anos.
Eles resolveram se retirar da sala, já que haveria aula em pouco tempo. Eu fiquei lá, com as mãos no queixo, olhando pras folhas da árvore que fica de junto da janela, pensado, mas diacho que eu não sou professora!
- Você vai ter aula aqui?
- Ham? É, vou sim.
Ele foi em direção à mesa onde estava uma mulher fazendo anotações, a qual pensei que era a professora, pois estava rodeada de gente. Então ele deu meia volta e veio até mim novamente.
- Vai ter aula né?
- Sim, sim.
- Você é professora?
HAM? Como assim ele achava que eu era professora? Eu só tenho 21 anos! Tá certo que eu quero ser professora, mas alguém vir dizer que, enfim, ham, é, não deve haver professora da universidade com 21 anos.
Eles resolveram se retirar da sala, já que haveria aula em pouco tempo. Eu fiquei lá, com as mãos no queixo, olhando pras folhas da árvore que fica de junto da janela, pensado, mas diacho que eu não sou professora!
sexta-feira, agosto 18, 2006
Um novo sistema filosófico
quarta-feira, agosto 16, 2006
É devagar, é devagar devagarinho
Por que a gente gosta tanto de passar tempo fazendo porcaria ein? Eu não entendo. Estabeleço uma série de coisas a fazer todos os dias, e sinto como se o dia devesse ter mais de 24h ou penso que a gente não devia dormir. Mas nãaao. Quando me lembro da quantidade de tempo perdida com futilidades, aí o dia parece ter 48h. Ficar de barriga pra cima, na internet, ouvindo música, ah, cada pausinha que faço pra essas bobagens entre uma estudada e outra leva intermináveis minutinhos, mas na minha cabeça eu conto só como "ah, fui ali tomar água". Olha só que mentira! Vai tomar água, depois senta na frente do monitor e enrola um tempão, às vezes não fazendo absolutamente nada. Posso não ter mais nenhum site pra ver, nenhum fotolog pra olhar a vida do povo, mas eu fico lá, com a cara na frente do monitor, procurando a próxima coisa mais inútil ainda. Aí depois não faltam reclamações de que o dia deveria ter 48h, que nada dá tempo! Também desse jeito né? Inclusive eu estou nesse exato momento fazendo algo inútil e enrolando pra ler aquele monte de apostilas ali em cima da mesa. Veja bem, são 00:13. Eu vou é dormir.
sábado, agosto 12, 2006
Que grande mentira!
Qualquer pessoa que venha até mim com discurso com pretensão de verdade vira motivo de piada da minha parte. E eu evito ao máximo falar de certas visões de mundo com outras pessoas, porque vai parecer que estou querendo seguidores. Mas não tem coisa mais fascista do que discurso com pretensão de verdade, não tem relação de poder mais tosca do que querer iluminar com a verdade e a vida os outros.
terça-feira, agosto 08, 2006
Cotidiano
Estava eu na minha, no mundo da lua, pá, depois de sei lá quantas entrevistas que havia ido fazer onde o vento faz a curva, quando o ônibus pára e vejo escopetas, armas pra todos os lados. Desce, desce, é pros homens descerem! Então, sobem umas moças que, na boa, não pareciam policiais, e sim modelos com uniforme da Polícia Civil desfilando pela Fórum. Enfim, os homens, com as mãos encostadas na parede, foram revistados por homens, e as mulheres permaneceram no ônibus, e foram revistadas por mulheres.
- O que aconteceu? - disse eu depois de a policial bulir na minha bolsa.
- Ham? Ah, nada, é só rotina.
Concordo com meu grande amigo Vinícius. Rotina? Então eu estou fora da rotina!
- O que aconteceu? - disse eu depois de a policial bulir na minha bolsa.
- Ham? Ah, nada, é só rotina.
Concordo com meu grande amigo Vinícius. Rotina? Então eu estou fora da rotina!
domingo, agosto 06, 2006
Show legal =)
Em todos os shows de Los Hermanos que eu ia, sempre dava alguma coisa errado, e eu nem via a apresentação deles direito. Poh, mas o da sexta foi muito, muito bom, inesquecível.
Minhas amigas queriam ir ao camarim, e eu fui com elas. Num primeiro momento, não quis tirar foto, não falei com eles, tudo porque estava com vergonha no meio de tanta gritaria. Mas achei Rodrigo Amarante um cara muito gente fina, e tirei foto com o cara, e ele até disse: Ah, você não queria tirar foto comigo, né?
Ele com aquela cara de emo chorão, a blusa do Smiths, tímido, quieto. Ele não tem nada de estrela, sério, é todo na dele. Já Marcelo Camelo me pareceu metidinho. Mas quem sou eu pra julgar?
Enfim. Muito bom o show. Pena que eles fingiram que iam tocar "La bamba" e não tocaram. Pode?
Minhas amigas queriam ir ao camarim, e eu fui com elas. Num primeiro momento, não quis tirar foto, não falei com eles, tudo porque estava com vergonha no meio de tanta gritaria. Mas achei Rodrigo Amarante um cara muito gente fina, e tirei foto com o cara, e ele até disse: Ah, você não queria tirar foto comigo, né?
Ele com aquela cara de emo chorão, a blusa do Smiths, tímido, quieto. Ele não tem nada de estrela, sério, é todo na dele. Já Marcelo Camelo me pareceu metidinho. Mas quem sou eu pra julgar?
Enfim. Muito bom o show. Pena que eles fingiram que iam tocar "La bamba" e não tocaram. Pode?
Anti- Parada Gay
Não fui pra Parada Gay esse ano. E acho que deveria haver um protesto contra a Parada Gay. Não, eu não sou homofóbica. É que acho aquele evento um desrespeito aos homossexuais.
As pessoas vão pra lá rir dos gays e dançar ao som de Carcacinha do Pagode. Um evento completamente despolitizado. E além de despolitizado, partidário. Ouvi dizer que não faltaram propagandas de políticos, como do Psol, e não sei de mais quem.
Bora juntar essa galera pra fazer uma Anti-Parada Gay no mesmo dia da outra próximo ano? Ah, agora que tive essa idéia...
As pessoas vão pra lá rir dos gays e dançar ao som de Carcacinha do Pagode. Um evento completamente despolitizado. E além de despolitizado, partidário. Ouvi dizer que não faltaram propagandas de políticos, como do Psol, e não sei de mais quem.
Bora juntar essa galera pra fazer uma Anti-Parada Gay no mesmo dia da outra próximo ano? Ah, agora que tive essa idéia...
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Numa formartura, me vem o assessor de João Alves falar em ética, em verdade, e dizer aos formandos de um curso técnico de Radio/Tv que eles têm uma responsabilidade com a sociedade, pois a "massa" pode ser manipulada pra lá e pra cá, e os grupos políticos, ah os grupos políticos usam muito a mídia pra se promover.
Pra completar, o imbecil fala:
- A função do jornalista é tão importante quanto a do médico, que em determinado momento tem de escolher qual paciente vai colocar na UTI, e quais vão ter de ficar à própria sorte. O jornalista tem vidas nas suas mãos.
Uma pergunta: por que alguém tem que morrer? Por que será? Ein?
Vá falar em ética na casa do caralho!
Pra completar, o imbecil fala:
- A função do jornalista é tão importante quanto a do médico, que em determinado momento tem de escolher qual paciente vai colocar na UTI, e quais vão ter de ficar à própria sorte. O jornalista tem vidas nas suas mãos.
Uma pergunta: por que alguém tem que morrer? Por que será? Ein?
Vá falar em ética na casa do caralho!
sexta-feira, agosto 04, 2006
O homem ridículo
“Mas não me custou a adivinhar que seu saber se alimentava de intuições, que as suas aspirações não eram como as que temos na terra. Eles não tinham desejos, não procuravam, como nós, a ciência da vida, porque a sua vida era completa. E assim, os seus conhecimentos eram bem mais profundos e mais elevados que os nossos, porque a nossa ciência procura explicar a vida, obter uma consciência racional da vida para ensinar aos outros a viver, ao passo que eles não precisavam desta ciência, por saberem como se deve viver e o saberem sem raciocínio”.
“Eh sim, acabei por perverter a todos (...). Isto começou, como pueril divertimento, por galantaria, por devaneio de amor. Mas este vírus de mentira medrou nestes corações ingênuos, e agradou-lhes. Em seguida – oh! Com que pressa – nasceu a sensualidade, que gerou o ciúme, que gerou a crueldade... Já não sei quando, mas pouco depois houve sangue derramado, pela primeira vez. Assustados os homens começaram a isolar-se uns dos outros. Conheceram a vergonha e deram-lhe um título glorioso: a honra. Então cada nação teve o seu estandarte. Depois, os homens declararam guerra aos animais que fugiam para as florestas e se tornaram inimigos do homem. E começou a luta do teu e do meu. Inventaram-se os idiomas. Inventou-se a dor e enamoram-se dela. Todos estes homens estavam desvairados de dor e diziam que só pela dor se atinge a verdade. Foi esta a origem da ciência".
“Desde que se tornaram maus, puseram-se a perorar a cerca da fraternidade, da humanidade, e compreenderam essas idéias”.
“Aliás, todos os bons espíritos estavam persuadidos de que a ciência, a sabedoria e o sentimento da conservação acabariam por obrigar os homens a reunir-se numa sociedade racional. Para abreviar o acontecimento, os mais sábios apressaram-se a fazer desaparecer a todos os que não eram sábios, que não compreendiam a idéia ou que lhe retardavam o triunfo. Mas o sentimento da conservação enfraqueceu de repente. Surgiram os orgulhosos e sensuais, a pedirem, abertamente, ou tudo ou nada. Para obterem tudo, recorreram ao crime, e para obterem nada, quando lhes faltava tudo, recorreram ao suicídio. Fundaram-se cultos do nada tendo por ideal a paz eterna no não-ser. Finalmente, estes homens se cansaram de tão estéril trabalho e nos seus rostos pintou-se o sofrimento a que chamaram beleza, porque o gênio só existe no sofrimento. E os poetas glorificam o sofrimento”.
“E, no entanto, é tão simples! Num dia, numa hora, tudo poderia realizar-se! Amai-vos uns aos outros - eis tudo! Aliás, uma antiga verdade, velha de séculos! – O mal está nisto: “A consciência das leis da felicidade vale mais do que a felicidade”. É isto que importa combater.”
Trechos de “O sonho de um homem ridículo”, de Dostoievski.
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