segunda-feira, outubro 23, 2006

Cotidiano: parte II

Um dia frio, às vezes alguma goteira faz gozação da minha sorte, vejo águas nojentas, ônibus e pára brisas de gotas. Me dá vontade de alguma coisa doce. Chego junto de uma banquinha que tinha uma cobertura de plástico. Eu a escolhi a dedo, não queria balas molhadas. Digo à moça enquanto fito as minhas chicletes preferidas.

- Quero duas dessa - e repouso uma moeda de cinquenta centavos em uma mão desconhecida.

- Ah, mas você pode conseguir muitos clientes... - disse um homem de casaco marrom para a menina a quem eu dera a moeda, bem diante dos meus olhos agora atônitos - com isso aqui... E ergueu o cigarro que havia acabado de comprar da garota. Ela deveria ter uns 16 anos. Lembrei do trabalho infantil, droga, eu não tinha percebido que ela era tão nova.

Fiquei assustada. Aquela história do cigarro não me descia. Notei que ela era uma mulata muito bonita, e ria gostoso e com jeito inocente diante do olhar lascivo do homem que erguia o cigarro no ar como uma oferenda. Eu não sei, aquele cigarro...

2 comentários:

Anônimo disse...

Não entendi. Não vi problema. A mocinha inocente e o homem canalha ou aliciador? História tão ordinária que, a não ser pelo provável concenso mútuo, parece perfeitamente contornável. O cigarro?, cigarros realmente vendem muito...
Aonde você quis chegar?

Anônimo disse...

Ou até onde chega o meu ceticismo?
=P