terça-feira, janeiro 18, 2011

Do que quero

Curiosamente, hoje estava a ler uns poemas do heterônimo Ricardo Reis, e percebi que deveria dedicar mais atenção a esse heterônimo de Fernando Pessoa (muitos sabem que meu favorito é Álvaro de Campos), até que encontrei este poeminha, com título parecido com o que acabei de escrever... E que fala por mim, no meu atual momento, coisa que não costumava pensar... Ah, Pessoa!

Do que quero

Do que quero renego, se o querê-lo
Me pesa na vontade. Nada que haja
Vale que lhe concedamos
Uma atenção que doa.
Meu balde exponho à chuva, por ter água.
Minha vontade, assim, ao mundo exponho,
Recebo o que me é dado,
E o que falta não quero.

O que me é dado quero
Depois de dado, grato.

Nem quero mais que o dado
Ou que o tido desejo.

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