Então... Ultimamente ando TÃO sem paciência pra escrever nesse blog que... sei lá. Vai ver é o fim do ano que me deixa muito letárgica (sei que essa palavra é muito cheia de frescura, mas foi nela que pensei mesmo e é ela que expressa bem o que sinto).
Só posso dizer que o fim de 2008 tá muito louco, histórias demais de uma vez só (que são o avesso da minha letargia para lidar com tanta maluquice), e espero seguir todo o planejamento que fiz para 2009, até conseguir meus objetivos para 2010...
No mais, é tudo um mar de incertezas.
terça-feira, dezembro 30, 2008
sábado, dezembro 27, 2008
domingo, dezembro 14, 2008
Reencontro - parte 2
Sempre fui assim, intuitiva. Minha inteligência não funciona por meio da lógica, mas da sensibilidade. Reconheço o caminho porque tateio as ruas, e não porque as conheço de cor. É por isso que posso me perder com a mesma facilidade com que me acho. Afinal, às vezes tomo uma rua como outra, e sigo o caminho até me dar conta de que todas as esquinas que cruzei, e que eu achava que eram as certas, não passavam de pura fantasia. Preciso saber os nomes das ruas e os números das casas.
Dessa vez, a minha intuição me pregou uma estranha peça. Soube que Dimitri havia terminado seu namoro. O que parecia um entendimento equivocado de um conversa que tivemos, era a mais pura verdade. Ele estava desabafando comigo com palavras obtusas. Mas o que ele queria dizer com toda aquele papo de destino? E sobre as coisas em que depositamos nossas expectativas, mas que não duram para sempre? Ele queria dizer que o destino havia me colocado no meio do caminho dele? E que o seu relacionamento de anos já se arrastava demais, indo de encontro ao que ele entendia sobre amor e tempo?
Eu não sei! Agora eu sentia como se essa fosse a minha grande oportunidade e eu tivesse que jogar. Só que, quando pressionadas, as pessoas podem errar dizer o próprio nome num jogo que vale muito. E eu não tenho o sangue frio que os jogadores têm. Eu não conto as cartas. Eu sinto e sigo o jogo como se ele me conduzisse com vida própria.
Talvez essa de se deixar levar tenha algo a ver com impulsividade. Bons jogadores blefam ao invés de perderem as estribeiras. Calculam em lugar de agirem com ousadia. Não colocam o carro na frente dos bois. Eu sei o que eu deveria fazer. Teria que me aproximar pouco a pouco, afinal, eu não faço mais parte da vida dele. Não deveria ter a pretensão de tratá-lo como íntimo se assim não somos. Mesmo que eu confie nele, ele pode simplesmente não confiar em mim. Sou uma desconhecida. Pode achar que não vou fazer nada além de bagunçar a sua vida de novo. Talvez esteja confuso e precisando estar só depois do fim de um amor eterno. Quem sabe eu não deva fazer nada além de permanecer distante!
Agora que finalmente o reencontro parece ser possível, eu prefiro deixar essa história pra lá. Estou vendo coisa onde não existe. De volta ao cotidiano, novamente esquecerei dele na vida ordinária. Só não sei quando, afinal, deixarei de experimentar, ao vê-lo, aquela mesma sensação de que tive saudade durante todo esse tempo. E se eu, em verdade, não senti tanta falta dele assim, o infinito da ausência naquele momento me fez ver que a saudade tanto pode ser pequena todo dia, quanto grande de uma vez só. Não é que eu seja uma apaixonada saudosa. É que por ele sinto saudade, e não paixão - é de amor ao passado que às vezes eu vivo.
Dessa vez, a minha intuição me pregou uma estranha peça. Soube que Dimitri havia terminado seu namoro. O que parecia um entendimento equivocado de um conversa que tivemos, era a mais pura verdade. Ele estava desabafando comigo com palavras obtusas. Mas o que ele queria dizer com toda aquele papo de destino? E sobre as coisas em que depositamos nossas expectativas, mas que não duram para sempre? Ele queria dizer que o destino havia me colocado no meio do caminho dele? E que o seu relacionamento de anos já se arrastava demais, indo de encontro ao que ele entendia sobre amor e tempo?
Eu não sei! Agora eu sentia como se essa fosse a minha grande oportunidade e eu tivesse que jogar. Só que, quando pressionadas, as pessoas podem errar dizer o próprio nome num jogo que vale muito. E eu não tenho o sangue frio que os jogadores têm. Eu não conto as cartas. Eu sinto e sigo o jogo como se ele me conduzisse com vida própria.
Talvez essa de se deixar levar tenha algo a ver com impulsividade. Bons jogadores blefam ao invés de perderem as estribeiras. Calculam em lugar de agirem com ousadia. Não colocam o carro na frente dos bois. Eu sei o que eu deveria fazer. Teria que me aproximar pouco a pouco, afinal, eu não faço mais parte da vida dele. Não deveria ter a pretensão de tratá-lo como íntimo se assim não somos. Mesmo que eu confie nele, ele pode simplesmente não confiar em mim. Sou uma desconhecida. Pode achar que não vou fazer nada além de bagunçar a sua vida de novo. Talvez esteja confuso e precisando estar só depois do fim de um amor eterno. Quem sabe eu não deva fazer nada além de permanecer distante!
Agora que finalmente o reencontro parece ser possível, eu prefiro deixar essa história pra lá. Estou vendo coisa onde não existe. De volta ao cotidiano, novamente esquecerei dele na vida ordinária. Só não sei quando, afinal, deixarei de experimentar, ao vê-lo, aquela mesma sensação de que tive saudade durante todo esse tempo. E se eu, em verdade, não senti tanta falta dele assim, o infinito da ausência naquele momento me fez ver que a saudade tanto pode ser pequena todo dia, quanto grande de uma vez só. Não é que eu seja uma apaixonada saudosa. É que por ele sinto saudade, e não paixão - é de amor ao passado que às vezes eu vivo.
quinta-feira, dezembro 04, 2008
Como vocês podem perceber, esse blog está entregue às traças. Ultimamente essa história de cinema está me consumindo MUITO. É chegar em casa e capotar na cama. Hoje nem fui dormir porque tô ansiosa pensando na filmagem de amanhã. É, pela primeira vez na história de minha saga pessoal, eu vou dirigir (junto com meu coleguinha de classe). Pois é, tô aqui me preparando pra maratona de 12h de trabalho ininterrupto de amanhã. Só me lembro da Angelina Jolie numa entrevista (maravilhas da programação inútil da Tv a cabo que minha mãe mandou instalar) dizendo que "o set de filmagem às vezes funciona tão bem que até parece um paraíso". Q!
Esse povinho de Hollywood é falso né?
Set é o lugar mais cheio de gente pirada, nervosa, e com todo mundo na luta contra a lei de murphy e sempre contando os minutos pro prazo final da gravação.
Pois eu, dona Jolie, eu estou indo direto para o inferno!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A-do-ro!
Esse povinho de Hollywood é falso né?
Set é o lugar mais cheio de gente pirada, nervosa, e com todo mundo na luta contra a lei de murphy e sempre contando os minutos pro prazo final da gravação.
Pois eu, dona Jolie, eu estou indo direto para o inferno!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
A-do-ro!
quinta-feira, novembro 20, 2008
Reencontro
Como é que a gente faz para voltar no tempo?
O tempo é o grande desafio da vida, não é? Havia planejado sair num determinado horário para chegar à entrevista pontualmente. Entretanto, isso não foi possível graças ao trânsito infernal da cidade e ao péssimo sistema de transporte público.
O calor da cidade era opressivo. Às vezes eu sentia como se minha mente ficasse ainda mais inquieta por causa desse clima. Logo no instante em que eu pedi para a moça dois cigarros, conferi se o ônibus ia aparecer, e, de fato, lá vinha meu ônibus, e, enquanto isso, a mulher olhava para as moedas e estendia a mão para mim devolvendo-as dizendo que o preço do cigarro havia aumentado. Deixei o cigarro, remédio contra o tempo, e corri até o ônibus. Só que as portas estavam fechadas. Aguardei a partida do carro. Ele se foi sem ao menos levar um passageiro.
Valia a pena esperar o próximo ônibus? O fiscal disse que outro ônibus só saria dali a vinte minutos. Não queria perder uma vaga por causa da passagem das horas. Calculei se tinha dinheiro suficiente para o táxi. Ainda restavam sete reais do dinheiro do ingresso que havia comprado há pouco no teatro próximo ao terminal. Acenei para o táxi. Ele não parou. Um homem parou o carro me oferecendo carona. Preferi esperar um outro táxi.
Eu não tirava o olho do relógio. No momento em que eu achava que não ia dar para seguir em frente com a partida, encontrei uma nota de dez na carteira, como uma bênção vinda dos céus.
Fiz a entrevista e depois sentei numa área de vivência para passar o tempo. Eu tinha um compromisso, e não ia voltar para casa, pois depois teria que regressar novamente, e aquele trânsito infernal.
Então eu passo pela frente de uma porta e vejo de relance quem eu penso que seria um rapaz com quem eu havia tido um breve envolvimento há um tempo atrás. Sentei-me. Acendi um cigarro que tinha comprado no terminal após o alarme falso do ônibus que acabou indo sem nenhum passageiro. Tomei água. Não, não era ele, eu devo estar vendo coisas, tenho essa mania de ver rostos de pessoas conhecidas em gente desconhecida.
- Como é seu nome?
- Dimitri.
- Dimitri o quê?
Nem esperei para ouvir o sobrenome. Quantos Dimitris havia naquela cidade? Segui até a recepção.
- Oi Dimitri, tudo bem?
- Oi Luiza, tudo bem!
Sentei-me novamente e voltei aos meus livros. Não consegui parar de pensar nele um segundo sequer. As palavras estavam numa escrita morta, soltas e sem significado, rabiscos diante de meus olhos analfabetos de tanta ansiedade. Quando ele voltasse, ia pedir para ele ficar ali um pouco comigo. Mas como eu ia fazer isso? Tá, eu ia dizer, oi senta aqui, vamos conversar. Não, não. Como vai? Quanto tempo!
Naqueles dez minutos se passaram lembranças avulsas que duraram algumas horas. Ele me pareceu um tanto nervoso ao me cumprimentar. Eu não conseguia agir naturalmente com ele. Quando ele saiu da sala, atentei para seu passo arrastado, seu impasse para chegar mais perto de mim. Ele não queria ir embora, pelo menos não naquela hora. Pedi para ele sentar para a gente conversar. Fazia tanto tempo!
Não o encontrava, sequer pensava nele, ou mesmo lembrava, mas reencontrá-lo sempre mexeu comigo, com as coisas mal resolvidas que eu tinha. Ficava envergonhada ao vê-lo na rua.
- Sabia que eu tenho vergonha quando te vejo?
- Ué, por quê?
- Você deve me achar uma louca!
- Não acho não.
- Acha sim. Ai meu deus, eu era tão tola naquela época!
Um dia aquele homem com jeito de menino esteve apaixonado por mim. Não fazia muito tempo desde que eu havia me afastado de um rapaz com quem eu não havia tido uma história – e talvez esse fosse o motivo de uma tristeza não ter se instalado em mim, afinal, não houve uma história. Olhei para ele e, por um momento, lembrei de todos os homens que havia conhecido desde então. Onde ele estava esse tempo todo? Eu sabia. E tinha plena consciência de que ele não podia ser meu.
Durante a minha espera, conversamos por horas e horas. Ele reclamou que estava com fome, e foi aí que percebi que ele havia deixado de passar em casa antes da aula, só para nesse intervalo passar um tempo junto comigo. E quando me vi falando como se ele nunca tivesse ficado longe de mim, conclui que eu confiava nele, mesmo que a gente nunca tenha sido amigos ou amantes por muito tempo. Apesar da brevidade das nossas aproximações, houve momentos em que ele se mostrou mais companheiro do que amigos de anos. Em volta dele havia uma áurea, uma energia boa que eu gostava de sentir. Eu precisava de um bocado daquela energia por perto. Poucas pessoas tinham o semblante tão puro quanto o dele.
Houve um instante em que o azul dos seus olhos vibraram. Queria tocá-lo, queria beijá-lo. Mas me segurei, eu precisava manter o controle. Conversamos como bons amigos, mas eu imaginava, mesmo que me faltasse um espelho, que algo na linguagem do meu corpo, da minha voz, revelava mais do que eu permitiria. Lembrei das mensagens dele, da lembrança que ele deixou na portaria do prédio. Como pude?
Ele encostou-se preguiçoso na cadeira. Eu me estendi sobre a cadeira com os pés em outra para descansar. Quando os dois estavam absortos no nosso mundo, como se estivéssemos num parque olhando pro céu, ele me fez uma confissão. Foi uma confidência sem nomes, sem fatos concretos. Ele apenas me falou de uma aflição. Eu nunca imaginei vê-lo angustiado.
- Sabe, tem uma coisa me remoendo. Faz alguns dias já. Hoje isso está mais forte. Estou assim o dia inteiro. Sabe quando você sente um frio na barriga?
- Do que você tá falando?
- É algo mal resolvido. Um conflito que se estende. Sabe, quando você não espera que uma coisa vai dar nisso, mas acaba acontecendo.
- E você se decepciona porque depositou suas expectativas naquilo.
- É, é isso.
- Mas eu fico assim quando estou esperando algo ou quando esse algo já aconteceu.
- Os dois. Já aconteceu e eu estou esperando no que isso vai dar.
Qual era o conflito dele? Com o quê ele havia se decepcionado? Um leve prazer tomou conta de mim, desses prazeres egoístas que não devemos sentir. É que eu queria muito acreditar que o relacionamento que ele levava há anos já não dava mais certo. Eu não o esperei durante todo esse tempo, mas sempre que o reencontrava algo me dizia que a gente ainda iria ficar juntos, seja de maneira efêmera, ou seja por muitos anos. Eu só não sabia como.
Ele se despediu dando um tchauzinho tímido, e eu não tive coragem de ter algum contato físico com ele, de abraçá-lo antes que ele fosse embora, mesmo que quisesse tê-lo só um pouquinho mais perto. Então ele relutou em partir. Esperava que eu tivesse tomado a grande decisão do dia – abraçá-lo. Ele veio no meio do nada -além de nós- me dar um abraço e um beijo no rosto. Eu não sabia quando ia revê-lo. Senti uma leve pontada no coração.
No nosso papo, ele havia falado em energia. Ele, ao contrário de mim, acreditava em alguma força que fazia as coisas acontecerem. Eu, que na nossa conversa defendi que vivemos a deriva, agarrava-me agora à crença de que o destino o havia colocado no meu caminho naquele dia. Por mais que eu não me lembrasse dele no cotidiano, assim que o avistava era como se eu sentisse saudade durante todo esse tempo.
O tempo é o grande desafio da vida, não é? Havia planejado sair num determinado horário para chegar à entrevista pontualmente. Entretanto, isso não foi possível graças ao trânsito infernal da cidade e ao péssimo sistema de transporte público.
O calor da cidade era opressivo. Às vezes eu sentia como se minha mente ficasse ainda mais inquieta por causa desse clima. Logo no instante em que eu pedi para a moça dois cigarros, conferi se o ônibus ia aparecer, e, de fato, lá vinha meu ônibus, e, enquanto isso, a mulher olhava para as moedas e estendia a mão para mim devolvendo-as dizendo que o preço do cigarro havia aumentado. Deixei o cigarro, remédio contra o tempo, e corri até o ônibus. Só que as portas estavam fechadas. Aguardei a partida do carro. Ele se foi sem ao menos levar um passageiro.
Valia a pena esperar o próximo ônibus? O fiscal disse que outro ônibus só saria dali a vinte minutos. Não queria perder uma vaga por causa da passagem das horas. Calculei se tinha dinheiro suficiente para o táxi. Ainda restavam sete reais do dinheiro do ingresso que havia comprado há pouco no teatro próximo ao terminal. Acenei para o táxi. Ele não parou. Um homem parou o carro me oferecendo carona. Preferi esperar um outro táxi.
Eu não tirava o olho do relógio. No momento em que eu achava que não ia dar para seguir em frente com a partida, encontrei uma nota de dez na carteira, como uma bênção vinda dos céus.
Fiz a entrevista e depois sentei numa área de vivência para passar o tempo. Eu tinha um compromisso, e não ia voltar para casa, pois depois teria que regressar novamente, e aquele trânsito infernal.
Então eu passo pela frente de uma porta e vejo de relance quem eu penso que seria um rapaz com quem eu havia tido um breve envolvimento há um tempo atrás. Sentei-me. Acendi um cigarro que tinha comprado no terminal após o alarme falso do ônibus que acabou indo sem nenhum passageiro. Tomei água. Não, não era ele, eu devo estar vendo coisas, tenho essa mania de ver rostos de pessoas conhecidas em gente desconhecida.
- Como é seu nome?
- Dimitri.
- Dimitri o quê?
Nem esperei para ouvir o sobrenome. Quantos Dimitris havia naquela cidade? Segui até a recepção.
- Oi Dimitri, tudo bem?
- Oi Luiza, tudo bem!
Sentei-me novamente e voltei aos meus livros. Não consegui parar de pensar nele um segundo sequer. As palavras estavam numa escrita morta, soltas e sem significado, rabiscos diante de meus olhos analfabetos de tanta ansiedade. Quando ele voltasse, ia pedir para ele ficar ali um pouco comigo. Mas como eu ia fazer isso? Tá, eu ia dizer, oi senta aqui, vamos conversar. Não, não. Como vai? Quanto tempo!
Naqueles dez minutos se passaram lembranças avulsas que duraram algumas horas. Ele me pareceu um tanto nervoso ao me cumprimentar. Eu não conseguia agir naturalmente com ele. Quando ele saiu da sala, atentei para seu passo arrastado, seu impasse para chegar mais perto de mim. Ele não queria ir embora, pelo menos não naquela hora. Pedi para ele sentar para a gente conversar. Fazia tanto tempo!
Não o encontrava, sequer pensava nele, ou mesmo lembrava, mas reencontrá-lo sempre mexeu comigo, com as coisas mal resolvidas que eu tinha. Ficava envergonhada ao vê-lo na rua.
- Sabia que eu tenho vergonha quando te vejo?
- Ué, por quê?
- Você deve me achar uma louca!
- Não acho não.
- Acha sim. Ai meu deus, eu era tão tola naquela época!
Um dia aquele homem com jeito de menino esteve apaixonado por mim. Não fazia muito tempo desde que eu havia me afastado de um rapaz com quem eu não havia tido uma história – e talvez esse fosse o motivo de uma tristeza não ter se instalado em mim, afinal, não houve uma história. Olhei para ele e, por um momento, lembrei de todos os homens que havia conhecido desde então. Onde ele estava esse tempo todo? Eu sabia. E tinha plena consciência de que ele não podia ser meu.
Durante a minha espera, conversamos por horas e horas. Ele reclamou que estava com fome, e foi aí que percebi que ele havia deixado de passar em casa antes da aula, só para nesse intervalo passar um tempo junto comigo. E quando me vi falando como se ele nunca tivesse ficado longe de mim, conclui que eu confiava nele, mesmo que a gente nunca tenha sido amigos ou amantes por muito tempo. Apesar da brevidade das nossas aproximações, houve momentos em que ele se mostrou mais companheiro do que amigos de anos. Em volta dele havia uma áurea, uma energia boa que eu gostava de sentir. Eu precisava de um bocado daquela energia por perto. Poucas pessoas tinham o semblante tão puro quanto o dele.
Houve um instante em que o azul dos seus olhos vibraram. Queria tocá-lo, queria beijá-lo. Mas me segurei, eu precisava manter o controle. Conversamos como bons amigos, mas eu imaginava, mesmo que me faltasse um espelho, que algo na linguagem do meu corpo, da minha voz, revelava mais do que eu permitiria. Lembrei das mensagens dele, da lembrança que ele deixou na portaria do prédio. Como pude?
Ele encostou-se preguiçoso na cadeira. Eu me estendi sobre a cadeira com os pés em outra para descansar. Quando os dois estavam absortos no nosso mundo, como se estivéssemos num parque olhando pro céu, ele me fez uma confissão. Foi uma confidência sem nomes, sem fatos concretos. Ele apenas me falou de uma aflição. Eu nunca imaginei vê-lo angustiado.
- Sabe, tem uma coisa me remoendo. Faz alguns dias já. Hoje isso está mais forte. Estou assim o dia inteiro. Sabe quando você sente um frio na barriga?
- Do que você tá falando?
- É algo mal resolvido. Um conflito que se estende. Sabe, quando você não espera que uma coisa vai dar nisso, mas acaba acontecendo.
- E você se decepciona porque depositou suas expectativas naquilo.
- É, é isso.
- Mas eu fico assim quando estou esperando algo ou quando esse algo já aconteceu.
- Os dois. Já aconteceu e eu estou esperando no que isso vai dar.
Qual era o conflito dele? Com o quê ele havia se decepcionado? Um leve prazer tomou conta de mim, desses prazeres egoístas que não devemos sentir. É que eu queria muito acreditar que o relacionamento que ele levava há anos já não dava mais certo. Eu não o esperei durante todo esse tempo, mas sempre que o reencontrava algo me dizia que a gente ainda iria ficar juntos, seja de maneira efêmera, ou seja por muitos anos. Eu só não sabia como.
Ele se despediu dando um tchauzinho tímido, e eu não tive coragem de ter algum contato físico com ele, de abraçá-lo antes que ele fosse embora, mesmo que quisesse tê-lo só um pouquinho mais perto. Então ele relutou em partir. Esperava que eu tivesse tomado a grande decisão do dia – abraçá-lo. Ele veio no meio do nada -além de nós- me dar um abraço e um beijo no rosto. Eu não sabia quando ia revê-lo. Senti uma leve pontada no coração.
No nosso papo, ele havia falado em energia. Ele, ao contrário de mim, acreditava em alguma força que fazia as coisas acontecerem. Eu, que na nossa conversa defendi que vivemos a deriva, agarrava-me agora à crença de que o destino o havia colocado no meu caminho naquele dia. Por mais que eu não me lembrasse dele no cotidiano, assim que o avistava era como se eu sentisse saudade durante todo esse tempo.
terça-feira, novembro 18, 2008
A Mulher de Branco
Quando criança, eu morria de medo da Mulher de Branco, da novela Tieta. Assim que ela surgia iluminando a noite misteriosa do agreste, eu corria para o meu quarto, o que provocava muitos risos entre meus familiares. Aquela coisa "ô, criança tem cada uma né?". Não foram poucas as vezes em que meu tio vestiu um lençol branco e saiu correndo atrás de mim para me assustar. Mesmo desconfiando de que era ele, eu fugia, porque, na dúvida, podia ser a Mulher de Branco né!
Até que no final da novela, eu, criança ingênua, descobri que a Mulher de Branco não passava de uma viúva tarada que saía pela noite vestida de fantasma atrás de um homem que pudesse "tirar o seu atraso". Era Perpétua, aquela senhora pudica, que estava sempre usando roupas pretas, coitada, não conseguia esquecer o falecido marido - chegando ao ponto de guardar a coisa que ela mais gostava nele numa caixa (não vou dizer que coisa era, crianças).
Só posso dizer que foi uma decepção tremenda: tipo, oi, o que tenho eu a ver com uma velha tarada que assedia sexualmente homens? E eu achando que a Mulher de Branco era um fantasma que matava os moradores da pequena Santana do Agreste. Tudo bem, era tudo uma piada e eu não entendi. Achei que qualquer coisa com lençol branco envolvia terror.
Rappel muito louco
Tenho estudado algo sobre violência urbana e cinema brasileiro, etc. E visto e revisto alguns filmes nesse sentido.
Resultado: Peguei no sono e sonhei que via, da janela do meu quarto, o Capitão Nascimento escalar a parede do meu prédio, com a mesma feição angustiada que ele tinha em uma cena em que ele faz rappel em Tropa de Elite.
Resultado: Peguei no sono e sonhei que via, da janela do meu quarto, o Capitão Nascimento escalar a parede do meu prédio, com a mesma feição angustiada que ele tinha em uma cena em que ele faz rappel em Tropa de Elite.
domingo, novembro 16, 2008
Versus
Eu queria desejar a paz ao mundo
mas tenho de admitir que
enquanto escrevo essa poesia
em algum lugar
alguém sofre uma punição
alguma injustiça é cometida
alguém tem que se calar
e a dor que mais dói é a dor a que a gente se acostuma
- a tudo nessa vida, a gente se acostuma -
só que agora essa dor me incomoda
e seguro no peito
um sentimento de que "não tem mais jeito"
só resta a mim viver
levar a vida como der
em alguns momentos esquecer
e em outros desejar a paz no mundo
a paz anula o conflito
mas anular o conflito terminaria em anular as duas partes
- é o fim?-
e esses que falam em inferno e fim do mundo
quero saber se eles desenham o inferno parecido com isso aqui
e o término de tudo
um ritual coletivo de morte
eu que luto com a minha própria sorte
já me despeço do mundo
como quem é só mais uma
-não, eu não fiz nenhuma revolução-
nunca quis ser uma mártir
apenas quero um pouco de paz
mas a paz é a anulação do conflito
e anular o conflito é anular as duas partes
afinal
mais com mais dá mais
menos com menos dá mais
agora,
mais com menos...
dá menos.
mas tenho de admitir que
enquanto escrevo essa poesia
em algum lugar
alguém sofre uma punição
alguma injustiça é cometida
alguém tem que se calar
e a dor que mais dói é a dor a que a gente se acostuma
- a tudo nessa vida, a gente se acostuma -
só que agora essa dor me incomoda
e seguro no peito
um sentimento de que "não tem mais jeito"
só resta a mim viver
levar a vida como der
em alguns momentos esquecer
e em outros desejar a paz no mundo
a paz anula o conflito
mas anular o conflito terminaria em anular as duas partes
- é o fim?-
e esses que falam em inferno e fim do mundo
quero saber se eles desenham o inferno parecido com isso aqui
e o término de tudo
um ritual coletivo de morte
eu que luto com a minha própria sorte
já me despeço do mundo
como quem é só mais uma
-não, eu não fiz nenhuma revolução-
nunca quis ser uma mártir
apenas quero um pouco de paz
mas a paz é a anulação do conflito
e anular o conflito é anular as duas partes
afinal
mais com mais dá mais
menos com menos dá mais
agora,
mais com menos...
dá menos.
sábado, novembro 15, 2008
Antitrama
Tenho um amigo que conheci há algum tempo, mas que hoje em dia nosso contato é possível apenas através do mundo virtual. Não sabemos se um dia iremos nos reencontrar pessoalmente. Não que nossas conversas sejam impessoais. O que me chama atenção nesse amigo é o fato de que o contato que tivemos cara a cara foi muito breve, todavia estamos sempre nos entendendo de alguma forma. Só que sobre ele eu nada sei além de suas sensações. Isso mesmo, sensações.
É que ele não me conta histórias com início, meio e fim, não narra fatos mais concretos de sua vida. Seus relatos são cheios de incertezas, de vácuos de informação. Acostumei-me a isso. Se ele está confuso, eu sei como ele está confuso, mas não o porquê. Também conheço mais sua visão de mundo do que sua vida.
Às vezes converso com ele sobre as minhas impressões. Sinto que ele compartilha comigo algumas delas, e me entende mais do que a maioria das pessoas com quem convivo. Somos íntimos, mas também desconhecidos. A nossa relação é muito mais intimista do que narrativa. Nossas conversas são como aqueles filmes que preferem falar de sensações ao invés de fatos.
É que ele não me conta histórias com início, meio e fim, não narra fatos mais concretos de sua vida. Seus relatos são cheios de incertezas, de vácuos de informação. Acostumei-me a isso. Se ele está confuso, eu sei como ele está confuso, mas não o porquê. Também conheço mais sua visão de mundo do que sua vida.
Às vezes converso com ele sobre as minhas impressões. Sinto que ele compartilha comigo algumas delas, e me entende mais do que a maioria das pessoas com quem convivo. Somos íntimos, mas também desconhecidos. A nossa relação é muito mais intimista do que narrativa. Nossas conversas são como aqueles filmes que preferem falar de sensações ao invés de fatos.
sexta-feira, novembro 14, 2008
Fiquei muito muito triste hoje.
Velho, como assim que não tem o emoticon do capeta no novo messenger? Que porcaria é essa de Messenger Beta? Eu curtia tanto usar o emoticon do capeta! Po, isso deve ser reivindicação dos crentes ¬¬
Nesse mundo as pessoas adoram se juntar pra reclamar do que não vale a pena, vide abaixo-assinado por finais de novela.
Velho, como assim que não tem o emoticon do capeta no novo messenger? Que porcaria é essa de Messenger Beta? Eu curtia tanto usar o emoticon do capeta! Po, isso deve ser reivindicação dos crentes ¬¬
Nesse mundo as pessoas adoram se juntar pra reclamar do que não vale a pena, vide abaixo-assinado por finais de novela.
Sorriso
Um sorriso mudou o meu dia
E esse dia mudou minha vida.
O sorriso me encheu de alegria
Mesmo vindo de uma desconhecida.
Foi tão forte, seguro e bonito...
Foi presente de Deus ou do acaso.
Acalmou o coração que era aflito
E me deu força pra mais um passo.
É provável que não mais a veja...
Não dará pra mostrar gratidão.
Mas desejo onde quer que ela esteja
Que lhe afaguem com amor o coração.
Foi depois desse dia sublime,
Do sorriso que a mim trouxe paz,
Duma estranha mudar meu destino
Que aprendi a sorrir muito mais.
Ícaro Olavo - o melhor amigo do mundo!
E esse dia mudou minha vida.
O sorriso me encheu de alegria
Mesmo vindo de uma desconhecida.
Foi tão forte, seguro e bonito...
Foi presente de Deus ou do acaso.
Acalmou o coração que era aflito
E me deu força pra mais um passo.
É provável que não mais a veja...
Não dará pra mostrar gratidão.
Mas desejo onde quer que ela esteja
Que lhe afaguem com amor o coração.
Foi depois desse dia sublime,
Do sorriso que a mim trouxe paz,
Duma estranha mudar meu destino
Que aprendi a sorrir muito mais.
Ícaro Olavo - o melhor amigo do mundo!
quinta-feira, novembro 13, 2008
Doce infância
Um colega meu do curso de Cinema (ele leu esse blog uma vez, não sei se chegará a ver isso aqui) disse que estudou numa escola com educação do tempo da pedra: a professora chegava ao cúmulo de colocá-lo de joelhos em cima do milho. Detalhe: o nome da escola era Doce Infância. Tipo, doce o quê? oi?
Agora entendi o fato de ele ter concordado comigo na aula de Direção. Após o professor dizer que uma professora de um determinado roteiro estava "malvada demais", ele afirmou que "isso existe sim".
Essa história do meu colega dá um filme. Assim como a da minha professora querida que não me deixou sair da aula para fazer xixi (como alguém faz isso com uma criança do Jardim de infância?) , e eu acabei mijando nas calças ali mesmo. Garooooooooota! ;)
Esses adultos ficam com essa mania de "humanizar" tudo. Pra criança é mais fácil: ou tem aquele amor maternal ou não passa de uma maldita opressora.
PS: A história do meu colega parece conversa de pescador.
Agora entendi o fato de ele ter concordado comigo na aula de Direção. Após o professor dizer que uma professora de um determinado roteiro estava "malvada demais", ele afirmou que "isso existe sim".
Essa história do meu colega dá um filme. Assim como a da minha professora querida que não me deixou sair da aula para fazer xixi (como alguém faz isso com uma criança do Jardim de infância?) , e eu acabei mijando nas calças ali mesmo. Garooooooooota! ;)
Esses adultos ficam com essa mania de "humanizar" tudo. Pra criança é mais fácil: ou tem aquele amor maternal ou não passa de uma maldita opressora.
PS: A história do meu colega parece conversa de pescador.
A canção tocou na hora "errada"
Há momentos em que uma pessoa fala meio mundo de besteira para moi, e nessas horas eu só penso o quanto seria belo e verdadeiro se eu apenas fizesse o seguinte gesto: respirar fundo e soltar um pum.
Sim, meus caros, um pum! Desculpem-me os leitores que esperam de mim uma dama (não devem ter lido muitos posts), mas quão estupenda seria a mais autêntica manifestação da minha irreverência diante de tamanha imbecilidade humana!
Meu pum soaria malandro, daqueles puns altos e sem fedor, uma resposta em flatulências ao que não merece os ouvidos - só uma mangação vinda do cu.
Sim, meus caros, um pum! Desculpem-me os leitores que esperam de mim uma dama (não devem ter lido muitos posts), mas quão estupenda seria a mais autêntica manifestação da minha irreverência diante de tamanha imbecilidade humana!
Meu pum soaria malandro, daqueles puns altos e sem fedor, uma resposta em flatulências ao que não merece os ouvidos - só uma mangação vinda do cu.
Fiz uma promessa. Antes de deletar a porcaria do meu orkut, imaginei quais possíveis utilidades ele teria em minha vida. Tá, eu tenho enorme apego por gente que sequer conheço pessoalmente, masss... essas pessoas (que não são muitas) estão no meu msn, hehe. Então quaaase apaguei meu orkut... Aí foi que eu atribui uma utilidade àquela coisa. O orkut seria o instrumento para que eu conseguisse concretizar um determinado objetivo... Dei poucos dias para que isso ocorra, caso não, deletarei aquela joça. Aguardem cenas dos próximos capítulos.
quarta-feira, novembro 12, 2008
Je suis très chiq
- Você não é nada burguesa - disse certa vez uma colega minha cujo sobrenome é Rochs.
Realmente, eu não sou nada burguesa. Há algo de plebéia em minha essência.
Lembro-me que, quando criança, eu adorava ir aos cafundós do sertão de Sergipe para visitar minha avó. Lá ela me deixava comer com as mãos, algo que minha mãe jamais permitiria. Eu dançava nos forrós pé-de-serra da vida, me enfiava no mato, e chegava ao cúmulo de correr atrás dos sapinhos.
Além de gostar do sertão, eu costumava dormir num cubículo onde a empregada doméstica morava, lá no Bairro América. Era um lar de apenas um cômodo, e o banheiro se situava num corredor, e era dividido com os demais moradores do lugar.
Não é que eu visse a pobreza como algo glamouroso, ou quisesse ser muito pobre, mas nunca tive muitas frescuras. Prova disso foi minha passagem pela aldeia hippie - pouquíssimas pessoas que conheço não pediriam arrego num local sem energia elétrica e água encanada. Só que eu me diverti a beça, e, caso haja outra oportunidade, estarei lá.
Comigo a diversão não precisa custar caro. Às vezes saio de casa com alguns trocados no bolso e garanto que posso até curtir mais do que certas pessoas que gastam 60 reais numa noite. Também não tenho frescuras de andar de ônibus, e mimimi. Eu sou uma "pobre" bem resolvida. Eu vou de ônibus mesmo e não tenho problema com isso. A noite é uma criança e quero mais é curtir!
Para completar a minha atitude "nada burguesa", eu não sei me equilibrar numa porcaria de um salto. Às vezes tento usar aquela joça, mas o desconforto é tão grande, e a dificuldade de se locomover também, que não tem essa de posh girl - ao chegar à festa de formatura de uma amiga fui logo tirando as sandálias para aproveitar os embalos de sábado à noite com os pés livres, leves e soltos. Sem perder o glamour, claro.
Realmente, eu não sou nada burguesa. Há algo de plebéia em minha essência.
Lembro-me que, quando criança, eu adorava ir aos cafundós do sertão de Sergipe para visitar minha avó. Lá ela me deixava comer com as mãos, algo que minha mãe jamais permitiria. Eu dançava nos forrós pé-de-serra da vida, me enfiava no mato, e chegava ao cúmulo de correr atrás dos sapinhos.
Além de gostar do sertão, eu costumava dormir num cubículo onde a empregada doméstica morava, lá no Bairro América. Era um lar de apenas um cômodo, e o banheiro se situava num corredor, e era dividido com os demais moradores do lugar.
Não é que eu visse a pobreza como algo glamouroso, ou quisesse ser muito pobre, mas nunca tive muitas frescuras. Prova disso foi minha passagem pela aldeia hippie - pouquíssimas pessoas que conheço não pediriam arrego num local sem energia elétrica e água encanada. Só que eu me diverti a beça, e, caso haja outra oportunidade, estarei lá.
Comigo a diversão não precisa custar caro. Às vezes saio de casa com alguns trocados no bolso e garanto que posso até curtir mais do que certas pessoas que gastam 60 reais numa noite. Também não tenho frescuras de andar de ônibus, e mimimi. Eu sou uma "pobre" bem resolvida. Eu vou de ônibus mesmo e não tenho problema com isso. A noite é uma criança e quero mais é curtir!
Para completar a minha atitude "nada burguesa", eu não sei me equilibrar numa porcaria de um salto. Às vezes tento usar aquela joça, mas o desconforto é tão grande, e a dificuldade de se locomover também, que não tem essa de posh girl - ao chegar à festa de formatura de uma amiga fui logo tirando as sandálias para aproveitar os embalos de sábado à noite com os pés livres, leves e soltos. Sem perder o glamour, claro.
segunda-feira, novembro 10, 2008
Injeção na testa
Eu costumava dizer que "de graça, topo até injeção na testa". Acho que foi por isso que aceitei o convite da minha tia para viajar à praia do Conde, na Bahia, com tudo pago por ela. Está certo que as intenções dela foram boas (eu não pagaria 180 reais por más intenções), mas há um conflito gritante entre o que eu penso sobre diversão e o que ela imagina que isso seja.
Tudo começou quando, ainda no ônibus, o líder da excursão se mostrou quando falou ao microfone e, em seguida, percebi que aquele era um grupo da igreja do Grageru ao ver o microfone ser entregue nas mãos do padre Raimundo. Lembro muito bem daquele padre, ele foi responsável por um trauma de infância.
Todo santo ano novo, minha avó me obrigava a passar a virada numa missa dele, e recordo que o tal padre (espero sinceramente que ele não leia esse blog) além de cantar MUITO mal, GOSTAVA de cantar, e demorava HORAS discursando. A frase da minha avó, que fingia amar o discurso dele enquanto dava capengadas na cabeça como quem quer dormir, cai como uma luva neste momento: no discurso de um padre, nos primeiros 10 minutos quem fala é Deus. Após meia hora, quem fala é o homem. Depois de uma hora, quem tagarela é o diabo, que afasta o fiel da igreja. -Amém-
Quando o padre começou a discursar no ônibus, eu fiquei ansiosíssima torcendo para que ele não ficasse rezando uma missa ali mesmo. Sorte a nossa que ele só proferiu algumas poucas palavras desejando boa viagem a todos, e rezou um pai nosso e uma ave maria.
Está bem. Ajeito a cadeira para me deitar, na esperança de dormir durante toda a viagem, afinal, havia acordado muito cedo e dormido apenas três horas. Daí que ligam o bendito DVD. Quem inventou o uso de DVDs em ônibus? Quem disse que isso é legal? Num ônibus existem diversas pessoas com diversos gostos - digo, ou será que eu era a única ali que não estava nem um pouco a fim de ouvir o Belo numa telona cantando com o Padre Marcelo para uma multidão?
Isso mesmo: o BELO. Mal pude acreditar. Ao ver o padre Marcelo num show olhando com cara de santidade para o telão com a imagem do cantor Belo, eu fiz instantaneamente a seguinte observação: O BELO NÃO É TRAFICANTE? Ok. Pára o mundo que eu quero descer! Quase solto esse comentário aos ouvidos de uma católica que estava ao meu lado, até ver que ela estava adorando o showzinho do Belo. Aí o padre Marcelo disse para não sei quantas milhares de pessoas do espetáculo: Meus queridos, quem gosta do Belo? Então batam palmas para o Belo!
Como se não bastasse o Belo, depois vieram os cantores sertanejos Daniel e Leonardo. E ainda teve Paulo Ricardo cantando Deus é dez num ritmo que só me fazia crer que ele havia feito uma versão religiosa para Olhar 43.
Chegando ao hotel, os companheiros de excursão viraram pessoas normais - ou seja, pediram cerveja e mandaram o garçon aumentar o som. E, claro, reclamaram que a cerveja estava quente. Só que existe um limite na minha cabecinha com relação a aceitar a normalidade da minha tia. Explico. Havia um brinquedo lá chamado tirolesa, que consiste num banquinho em que a pessoa se senta para então colocar as mãos numa barra fixada a uma corda, e em seguida a pessoa desce a toda velocidade a alguns metros de altura sobre um rio. Pois então. Meu primo (de uns 13 anos), filho da tia em questão, decidiu brincar na tirolesa, mas não estava acertando subir no banquinho de madeira. Toquem os tambores para o comentário da minha tia.
- Filho, senta nesse pau direito! - e depois solta uma gaitada.
Atenção para o meu semblante de "q!". Para completar, a católica fervorosa que estava ao meu lado diz "É pra aprender desde pequeno né?", e dá boas risadas em uníssono com minha tia, o que comprovava aos meus olhos pasmos que minha tia não havia dito "senta nesse pau direito!" por inocência.
Na volta, alguns passageiros proferiram um "woo-hoo" ao ouvir soar no ônibus uma cantora que cantava algo como Quem for mulher bate no litro, quem for mulher levante o litro e dá uma golada. Essa cena era pura contradição para mim, que a montava na minha mente junto ao piti que minha tia deu por eu ter tomado caipirinha.
- Caipirinha? Quem foi que tomou isso? Isso faz mal!
- Faz é bem, minha senhora - interveio o recepcionista.
E olha que nem dei bafón, ao contrário de certos senhores que estavam lá, mas enfim... Não demorou muito para a oposição (da mesma religião) tirar o DVD da banda que falava do tal litro e substitui-lo por um video de uma missa do Padre Zezinho - que era até melhor do que aquela música horrível de banda de forró eletrônico.
Agora que já estou em casa só penso que nunca mais tomarei um gole de álcool na frente de familiares, nem nunca mais quero ouvir piadas da minha tia. Talvez sejamos todos conservadores, cada um a seu modo. Ela não quer me ver tomando caipirinha, e eu não quero ouvir suas piadinhas. Saldo positivo: pelo menos estive numa praia linda e deserta, e me banhei numa lagoa de águas gostosas e azuladas.
Tudo começou quando, ainda no ônibus, o líder da excursão se mostrou quando falou ao microfone e, em seguida, percebi que aquele era um grupo da igreja do Grageru ao ver o microfone ser entregue nas mãos do padre Raimundo. Lembro muito bem daquele padre, ele foi responsável por um trauma de infância.
Todo santo ano novo, minha avó me obrigava a passar a virada numa missa dele, e recordo que o tal padre (espero sinceramente que ele não leia esse blog) além de cantar MUITO mal, GOSTAVA de cantar, e demorava HORAS discursando. A frase da minha avó, que fingia amar o discurso dele enquanto dava capengadas na cabeça como quem quer dormir, cai como uma luva neste momento: no discurso de um padre, nos primeiros 10 minutos quem fala é Deus. Após meia hora, quem fala é o homem. Depois de uma hora, quem tagarela é o diabo, que afasta o fiel da igreja. -Amém-
Quando o padre começou a discursar no ônibus, eu fiquei ansiosíssima torcendo para que ele não ficasse rezando uma missa ali mesmo. Sorte a nossa que ele só proferiu algumas poucas palavras desejando boa viagem a todos, e rezou um pai nosso e uma ave maria.
Está bem. Ajeito a cadeira para me deitar, na esperança de dormir durante toda a viagem, afinal, havia acordado muito cedo e dormido apenas três horas. Daí que ligam o bendito DVD. Quem inventou o uso de DVDs em ônibus? Quem disse que isso é legal? Num ônibus existem diversas pessoas com diversos gostos - digo, ou será que eu era a única ali que não estava nem um pouco a fim de ouvir o Belo numa telona cantando com o Padre Marcelo para uma multidão?
Isso mesmo: o BELO. Mal pude acreditar. Ao ver o padre Marcelo num show olhando com cara de santidade para o telão com a imagem do cantor Belo, eu fiz instantaneamente a seguinte observação: O BELO NÃO É TRAFICANTE? Ok. Pára o mundo que eu quero descer! Quase solto esse comentário aos ouvidos de uma católica que estava ao meu lado, até ver que ela estava adorando o showzinho do Belo. Aí o padre Marcelo disse para não sei quantas milhares de pessoas do espetáculo: Meus queridos, quem gosta do Belo? Então batam palmas para o Belo!
Como se não bastasse o Belo, depois vieram os cantores sertanejos Daniel e Leonardo. E ainda teve Paulo Ricardo cantando Deus é dez num ritmo que só me fazia crer que ele havia feito uma versão religiosa para Olhar 43.
Chegando ao hotel, os companheiros de excursão viraram pessoas normais - ou seja, pediram cerveja e mandaram o garçon aumentar o som. E, claro, reclamaram que a cerveja estava quente. Só que existe um limite na minha cabecinha com relação a aceitar a normalidade da minha tia. Explico. Havia um brinquedo lá chamado tirolesa, que consiste num banquinho em que a pessoa se senta para então colocar as mãos numa barra fixada a uma corda, e em seguida a pessoa desce a toda velocidade a alguns metros de altura sobre um rio. Pois então. Meu primo (de uns 13 anos), filho da tia em questão, decidiu brincar na tirolesa, mas não estava acertando subir no banquinho de madeira. Toquem os tambores para o comentário da minha tia.
- Filho, senta nesse pau direito! - e depois solta uma gaitada.
Atenção para o meu semblante de "q!". Para completar, a católica fervorosa que estava ao meu lado diz "É pra aprender desde pequeno né?", e dá boas risadas em uníssono com minha tia, o que comprovava aos meus olhos pasmos que minha tia não havia dito "senta nesse pau direito!" por inocência.
Na volta, alguns passageiros proferiram um "woo-hoo" ao ouvir soar no ônibus uma cantora que cantava algo como Quem for mulher bate no litro, quem for mulher levante o litro e dá uma golada. Essa cena era pura contradição para mim, que a montava na minha mente junto ao piti que minha tia deu por eu ter tomado caipirinha.
- Caipirinha? Quem foi que tomou isso? Isso faz mal!
- Faz é bem, minha senhora - interveio o recepcionista.
E olha que nem dei bafón, ao contrário de certos senhores que estavam lá, mas enfim... Não demorou muito para a oposição (da mesma religião) tirar o DVD da banda que falava do tal litro e substitui-lo por um video de uma missa do Padre Zezinho - que era até melhor do que aquela música horrível de banda de forró eletrônico.
Agora que já estou em casa só penso que nunca mais tomarei um gole de álcool na frente de familiares, nem nunca mais quero ouvir piadas da minha tia. Talvez sejamos todos conservadores, cada um a seu modo. Ela não quer me ver tomando caipirinha, e eu não quero ouvir suas piadinhas. Saldo positivo: pelo menos estive numa praia linda e deserta, e me banhei numa lagoa de águas gostosas e azuladas.
quarta-feira, novembro 05, 2008
Falei agora a pouco a uma amiga que gosto de fingir que tenho determinada coisa - não vou dizer o que é aqui no blog. Daí quando eu abri a janela do msn foi um tapa na cara virtual a frase dela. Algo como "você poderia ter essa coisa, ao invés de fingir que tem", o que associei instantaneamente ao que ela tinha falado antes, tipo "o que você ainda está fazendo nessa situação?".
terça-feira, novembro 04, 2008
Quem quiser que me critique
Certa vez, numa aula nos primeiros períodos da universidade, as pessoas discutiam sobre crítica de cinema. A maioria absoluta defendia que a crítica é uma prática completamente inútil. O crítico, como manda o senso comum, não passa de um criador frustrado. O próprio Truffaut chegou a afirmar isso em 1955, na revista Arts. Só que não demorou muito para o crítico Truffaut realizar filmes memoráveis, como Fahrenheit 459, Quem atirou no pianista?, Jules e Jim, Os incompreendidos, entre outros.
Além de criador frustrado, o crítico pode ser acusado de cabeçudo demais, teórico que vive no mundo das nuvens refletindo sobre coisas que não levam a lugar algum. Daí que a gente tem aqueles bons e velhos exemplos de críticos como André Bazin, fundador da revista Cahiers du Cinéma, a maior revista de crítica de cinema do mundo, e aqui no Brasil temos o Paulo Emílio Salles Gomes, que contribui e muito para a formação de uma cultura cinematográfica brasileira. Eles não realizaram filmes, entretanto, não foram poucos os cineastas que se inspiraram neles - dá-lhe Nouvelle Vague na França e Cinema Novo no Brasil.
Mas por que o crítico tem uma imagem tão negativa? Arrisco uma resposta: há pouquíssimos críticos que valham a nomenclatura que lhes é auferida. A maioria dos "críticos" é formada por pseudo-críticos. Vamos a alguns dos procedimentos desse tipo de crítica.
Antes de tudo, a fama que o crítico tem de ser uma pessoa ranzinza advém dos pseudo-críticos. Eles acham O MÁXIMO sair desferindo os mais duros impropérios contra os filmes alheios. Por isso que certa vez o crítico Jairo Ferreira fez questão de esclarecer em um texto seu - "não estou sendo irônico nem maldoso, estou sendo crítico". Para Jairo, sarcasmo barato é uma coisa e a crítica é outra, o que não funciona tendo em vista a maioria dos críticos. O sarcasmo é uma forma de argumentação bastante atraente às vezes, entretanto, os idiotas se utilizam dele a esmo. Não gostou do filme? Então lá vem uma enxurrada de piadinhas que não se baseiam em nada além do pretenso humor "inteligente" do pseudo-crítico, e que têm como critério apenas o "gosto" ou "não gosto".
Na hora de elogiar, os pseudo-críticos são mais imbecis ainda. Eles não se sentem seguros o suficiente para exaltar um filme - afinal, pega mal pra caramba dizer que tal obra é um dos melhores filmes do ano, e depois conferir a opinião da galera da crítica e ver que está todo mundo metendo o sarrafo - então o pseudo-crítico dá um saque nos textos do pessoal primeiro, e seguindo a levada dos críticos renomados reproduz a opinião deles, ou até mesmo algumas palavras. Como se não bastasse, na hora de elogiar o filme não faltam análises vagas, repletas de adjetivos - já disse que adjetivo é a principal arma dos estúpidos? Então o cara não sabe porríssima nenhuma do que está falando e entope o texto de observações brilhantes como "a fotografia é belíssima", "a atuação é bastante convincente" ou "a trilha sonora é tocante". Tais opiniões só evidenciam uma coisa: o quanto o pseudo-crítico não sabe sobre estética do cinema e fica rodopiando em adjetivos que não falam coisa com coisa.
Agora, se "os críticos" têm essa má fama, a gente sabe muito bem de onde ela vem. Então muita gente fala que a crítica é inútil e que prefere ver o filme sem influência de ninguém. Só acho que a função da crítica não é dizer a verdade, mas tão somente prolongar o debate, e assim o filme dura mais do que aquele tempo que passamos na sala de projeção. Acredito que a crítica não serve para "ensinar" a interpretação mais aprofundada do filme, todavia nos chama atenção para certos aspectos, e nós até podemos ir além das palavras do crítico a partir do incentivo da discussão e, destarte, indentificarmos outros tantos aspectos numa obra cheia de possibilidades.
Além de criador frustrado, o crítico pode ser acusado de cabeçudo demais, teórico que vive no mundo das nuvens refletindo sobre coisas que não levam a lugar algum. Daí que a gente tem aqueles bons e velhos exemplos de críticos como André Bazin, fundador da revista Cahiers du Cinéma, a maior revista de crítica de cinema do mundo, e aqui no Brasil temos o Paulo Emílio Salles Gomes, que contribui e muito para a formação de uma cultura cinematográfica brasileira. Eles não realizaram filmes, entretanto, não foram poucos os cineastas que se inspiraram neles - dá-lhe Nouvelle Vague na França e Cinema Novo no Brasil.
Mas por que o crítico tem uma imagem tão negativa? Arrisco uma resposta: há pouquíssimos críticos que valham a nomenclatura que lhes é auferida. A maioria dos "críticos" é formada por pseudo-críticos. Vamos a alguns dos procedimentos desse tipo de crítica.
Antes de tudo, a fama que o crítico tem de ser uma pessoa ranzinza advém dos pseudo-críticos. Eles acham O MÁXIMO sair desferindo os mais duros impropérios contra os filmes alheios. Por isso que certa vez o crítico Jairo Ferreira fez questão de esclarecer em um texto seu - "não estou sendo irônico nem maldoso, estou sendo crítico". Para Jairo, sarcasmo barato é uma coisa e a crítica é outra, o que não funciona tendo em vista a maioria dos críticos. O sarcasmo é uma forma de argumentação bastante atraente às vezes, entretanto, os idiotas se utilizam dele a esmo. Não gostou do filme? Então lá vem uma enxurrada de piadinhas que não se baseiam em nada além do pretenso humor "inteligente" do pseudo-crítico, e que têm como critério apenas o "gosto" ou "não gosto".
Na hora de elogiar, os pseudo-críticos são mais imbecis ainda. Eles não se sentem seguros o suficiente para exaltar um filme - afinal, pega mal pra caramba dizer que tal obra é um dos melhores filmes do ano, e depois conferir a opinião da galera da crítica e ver que está todo mundo metendo o sarrafo - então o pseudo-crítico dá um saque nos textos do pessoal primeiro, e seguindo a levada dos críticos renomados reproduz a opinião deles, ou até mesmo algumas palavras. Como se não bastasse, na hora de elogiar o filme não faltam análises vagas, repletas de adjetivos - já disse que adjetivo é a principal arma dos estúpidos? Então o cara não sabe porríssima nenhuma do que está falando e entope o texto de observações brilhantes como "a fotografia é belíssima", "a atuação é bastante convincente" ou "a trilha sonora é tocante". Tais opiniões só evidenciam uma coisa: o quanto o pseudo-crítico não sabe sobre estética do cinema e fica rodopiando em adjetivos que não falam coisa com coisa.
Agora, se "os críticos" têm essa má fama, a gente sabe muito bem de onde ela vem. Então muita gente fala que a crítica é inútil e que prefere ver o filme sem influência de ninguém. Só acho que a função da crítica não é dizer a verdade, mas tão somente prolongar o debate, e assim o filme dura mais do que aquele tempo que passamos na sala de projeção. Acredito que a crítica não serve para "ensinar" a interpretação mais aprofundada do filme, todavia nos chama atenção para certos aspectos, e nós até podemos ir além das palavras do crítico a partir do incentivo da discussão e, destarte, indentificarmos outros tantos aspectos numa obra cheia de possibilidades.
Vou contar até sete...
Depois de contar a um amigo o fato de ter me decepcionado com determinada pessoa, assim que ele se pôs, como sempre faz, a defender a tal pessoa, sua namorada fez uma intervenção inusitada.
- Cuidado com o que você defende.
Essa frase sintetizava em poucas palavras a indignação que ela tinha por ele costumar ser tão complacente com aqueles que se encontram no banco dos réus. Não faz muito tempo desde que uma amiga dele desabafou sobre algumas atitudes impensadas do seu noivo, e ele ressaltou, entre outros pontos, quantas coisas eles viveram juntos, coisas que não são para jogar fora assim do nada. Não deu outra: logo depois o noivo dela aprontou de novo.
Destarte, diferente de outras ocasiões, dessa vez meu caro amigo proferiu uma frase que me pareceu deveras sensata.
- Se uma pessoa lhe faz mal uma vez, a culpa é dela. Se duas, a culpada é você.
Ora ora, veja só! Mas é claro! Essa frase um tanto quanto anti-cristã ensina algo que tem todo sentido seja em relacionamentos amorosos ou com amizades também. Acredito que não se trata de se tornar uma pessoa rancorosa, não obstante significa entender que quando uma pessoa comete uma falha grave com você é hora de você deixá-la se foder. As pessoas cometem erros na vida, é fato. Entretanto, se essa pessoa errou comigo, eu não tenho a obrigação de aceitá-la ainda. Ela pode seguir em frente e ver a merda que fez. Parece que quando perdoamos certas atitudes, as pessoas perdem o respeito e se sentem no direito de fazerem o que bem entendem. Há relações que ficam completamente esvaziadas, sem confiança e repletas de mágoas que só fazem atravancar a nossa vida.
Por isso que, se quando eu era uma boa cristã eu defendia que devemos perdoar "setenta vezes sete", e, depois de um tapa, "oferecer a outra face", hoje acredito que devo contar até sete para a pessoa sumir da minha frente e, após "baterem na minha face", devo fazer a egípcia.
- Cuidado com o que você defende.
Essa frase sintetizava em poucas palavras a indignação que ela tinha por ele costumar ser tão complacente com aqueles que se encontram no banco dos réus. Não faz muito tempo desde que uma amiga dele desabafou sobre algumas atitudes impensadas do seu noivo, e ele ressaltou, entre outros pontos, quantas coisas eles viveram juntos, coisas que não são para jogar fora assim do nada. Não deu outra: logo depois o noivo dela aprontou de novo.
Destarte, diferente de outras ocasiões, dessa vez meu caro amigo proferiu uma frase que me pareceu deveras sensata.
- Se uma pessoa lhe faz mal uma vez, a culpa é dela. Se duas, a culpada é você.
Ora ora, veja só! Mas é claro! Essa frase um tanto quanto anti-cristã ensina algo que tem todo sentido seja em relacionamentos amorosos ou com amizades também. Acredito que não se trata de se tornar uma pessoa rancorosa, não obstante significa entender que quando uma pessoa comete uma falha grave com você é hora de você deixá-la se foder. As pessoas cometem erros na vida, é fato. Entretanto, se essa pessoa errou comigo, eu não tenho a obrigação de aceitá-la ainda. Ela pode seguir em frente e ver a merda que fez. Parece que quando perdoamos certas atitudes, as pessoas perdem o respeito e se sentem no direito de fazerem o que bem entendem. Há relações que ficam completamente esvaziadas, sem confiança e repletas de mágoas que só fazem atravancar a nossa vida.
Por isso que, se quando eu era uma boa cristã eu defendia que devemos perdoar "setenta vezes sete", e, depois de um tapa, "oferecer a outra face", hoje acredito que devo contar até sete para a pessoa sumir da minha frente e, após "baterem na minha face", devo fazer a egípcia.
sábado, outubro 25, 2008
Somos tão jooovens, tão joooveeeens...
Bem, tomei café demais hoje à noite, tá foda conseguir dormir, então resolvi escrever pro blog, numa espécie de monólogo besta pra me distrair.
Hoje vi um filme que tinha uma adolescente em crise. De cara, o filme mostrava umas cenas de um povo de preto, fazendo cara de "muito doido", enquanto rolava aquele rock paulêra. Minha antipatia foi inevitável. Sabe por quê? Porque eu odeio adolescentes. Isso é um fato.
O pior é que a pirralha em questão fugiu de casa e foi se juntar a um grupinho de maloqueiros que se achavam os alternativos, mas não passavam de imbecis alienados. Irritação profunda. Sabe, eu tenho nojinho daqueles pirralhos que andam com trocentos piercings na cara pra "chocar a sociedade". Aqueles guris punks que batem ponto no shopping. Sabe aquele tipo de gente que adora Rage Against e acha que é mendigo em plena praça de alimentação do shopping? Pois é!
Enfim, mas pior do que os adolescentes é tudo aquilo dedicado a eles. Seja campanha anti-drogas (não tô dizendo pra todo mundo virar Amy Winehouse, mas é que não suporto aqueles professores de Redação que só pedem pros guris escreverem sobre o POLÊMICO tema das drogas), seja papinho de que mainha tem que explicar o que é sexo e como se coloca camisinha (alguém descobriu o que é sexo ou como se coloca a camisinha pela mãe? ou já sabia bem antes hãm?), seja filmes com garotas de torcida, jogadores de baseball e meninos feios de óculos... É por aí, toda essa coisa Malhação, Capricho e MTV. Mas será que o problema são os adolescentes de hoje em dia? Essa coisa toda "pós-moderna" ou sei lá o quê?! Sei não...
Adolescentes são tão insuportáveis que Jesus Cristo abafou essa parte da história pra não se queimar. Não tá na bíblia, pode conferir.
*Sobre a minha adolescência, prefiro não comentar...*
Hoje vi um filme que tinha uma adolescente em crise. De cara, o filme mostrava umas cenas de um povo de preto, fazendo cara de "muito doido", enquanto rolava aquele rock paulêra. Minha antipatia foi inevitável. Sabe por quê? Porque eu odeio adolescentes. Isso é um fato.
O pior é que a pirralha em questão fugiu de casa e foi se juntar a um grupinho de maloqueiros que se achavam os alternativos, mas não passavam de imbecis alienados. Irritação profunda. Sabe, eu tenho nojinho daqueles pirralhos que andam com trocentos piercings na cara pra "chocar a sociedade". Aqueles guris punks que batem ponto no shopping. Sabe aquele tipo de gente que adora Rage Against e acha que é mendigo em plena praça de alimentação do shopping? Pois é!
Enfim, mas pior do que os adolescentes é tudo aquilo dedicado a eles. Seja campanha anti-drogas (não tô dizendo pra todo mundo virar Amy Winehouse, mas é que não suporto aqueles professores de Redação que só pedem pros guris escreverem sobre o POLÊMICO tema das drogas), seja papinho de que mainha tem que explicar o que é sexo e como se coloca camisinha (alguém descobriu o que é sexo ou como se coloca a camisinha pela mãe? ou já sabia bem antes hãm?), seja filmes com garotas de torcida, jogadores de baseball e meninos feios de óculos... É por aí, toda essa coisa Malhação, Capricho e MTV. Mas será que o problema são os adolescentes de hoje em dia? Essa coisa toda "pós-moderna" ou sei lá o quê?! Sei não...
Adolescentes são tão insuportáveis que Jesus Cristo abafou essa parte da história pra não se queimar. Não tá na bíblia, pode conferir.
*Sobre a minha adolescência, prefiro não comentar...*
sexta-feira, outubro 24, 2008
Ah, eu posso até estar pensando com uns drinks a mais, mas... Isso pode parecer clichê! Mas que seja! Sabe, isso em outros momentos poderia me soar como um clichê, uma cantada barata, mas agora... Sei lá... É como se todas as cantadas vagabundas fossem de verdade. Eu penso: nunca senti isso por ninguém. O que é isso: Está certo que me apaixonei por algumas pessoas, amei outras... Só que eu nunca olhei pra alguém e tive a porra da certeza de que sempre admiriaria essa pessoa. Não sei se você vai entender, é meio complicado. Olho pra várias pessoas e vejos pessoas normais. Daí olho pra você e vejo alguém por quem eu seria capaz de passar a minha vida toda, mas ouça bem, eu disse A VIDA TODA apaixonada. Eu NUNCA senti isso por seu ninguém. Para mim é plenamente lógico e possível eu para sempre te amar, cara. É que você é a porra do meu tipo cagado e cuspido. O seu olhar... eu nunca vi coisa me deixar mais inquieta, mexer mais com minha alma, do que seu olhar... Você vira de lado, você se esbarra em alguma coisa- todo desastrado do jeito que você é- você mexe sua boca, tudo é muito bonito e atraente pra mim, exatamente do jeito que você é, eu te quero. E não adianta. Todos os caras parecem caras ordinários perto de você. Isso é amor platônico, mas eu casaria você... putz, essa sua energia muito boa...Esse seu sotaque tão gostoso... Esse seu jeito... Sabe o que é admirar alguém por essas coisas? Pois então: eu te admiro não por você ser o mais alguma coisa, mas porque você se preocupa, você balança o pezinho e é um charme, você usa sempre o mesmo tênis, o seu "porra", "meu" são as coisas mais lindas, a forma como você segura o queixo e olha de soslaio pra pensar "será, cara?"... você, sei lá. você é muito lindo, porra!
quarta-feira, outubro 22, 2008
Então ele posiciona as mãos de modo a formar um quadro através do qual ele me observa por trás de uma câmera imaginária. Situa-me no centro desse quadro. Dirige o olhar fixamente para os meus olhos, como uma espécie de voyeur contemplativo. É alguém que me espia, que está à espreita. O jogo entre o olhar do voyeur e aquele que está sendo observado, o objeto que se torna consciente da sua condição. Todo o lirismo da sedução e do desejo tendo como foco o olhar... Ao fim, tudo se torna pura imagem, e o olhar se confunde num ponto sem extensão entre o observador e o observado. O personagem que olha diretamente para a câmera. O espectador através da câmera. Cópula visual entre o que é visto e o sujeito do olhar, invertendo seus papéis ao infinito. Meus olhos resistem, eles perdem o foco, mesmo mantendo-se na mesma direção. Percebo que ele havia deslocado brevemente o olhar, para depois regressar a mim, mas seus olhos, assim como os meus, haviam perdido o foco. Nossos olhos, então, se separam, e eu sinto a quebra de um encanto; parecia que um filme havia terminado, e tinham acendido as luzes do cinema - cinema de nós dois. Os outros teriam notado aquele jogo de olhares? O jogo havia realmente acontecido?
Quando pequena, assisti a algumas novelas. Certamente, entre as cenas que mais me atraíam, estavam aquelas clássicas de mulheres a beira de um ataque de nervos jogando vasos na parede ou pratos no chão. Eu sempre sonhei em ter pratos disponíveis aqui em casa com o objetivo de atirá-los no chão, um a um, só para aliviar as tensões. Deve ser uma puta de uma terapia.
sábado, outubro 18, 2008
Ontem, quando estava na cozinha procurando alguma gororoba para jantar, encontrei um pacote de pães de forma contendo apenas algumas poucas unidades, então percebi que alguém havia rejeitado o primeiro pão e colocado depois de outro pão, e aí outra pessoa veio e fez a mesma coisa, e assim sucessivamente. O primeiro, igual ao último pão de forma, como vocês devem saber, é aquele menorzinho, chochinho, sem graça. Por isso tanta gente deixa pra lá.
O mesmo acontece com o primeiro biscoito. Quando as pessoas abrem o pacote com aquela fitinha vermelha que facilita o trabalho (ou não), geralmente a primeira bolacha fica lá na pequena parte acima da fitinha, esquecida, até um tanto quebrada. Pois quando eu abro o pacote, vou direto até o primeiro biscoito, repartido, vilipendiado, incompreendido e descartado, e o como enfim!
Daí que ontem comentei que todo mundo despreza o primeiro e o último pão de forma, assim como a primeira bolacha do pacote, mas eu não, eu gosto deles! Então meu irmão soltou essa pérola, enquanto eu passava margarina no primeiro pão de forma:
- É que você gosta de coisas rejeitadas.
Será?
PS: Preciso enfatizar aqui que a falta do acento circunflexo no pão de forma me incomoda profundamente, posto que me parece pão de forma, como boa forma, e não pão de fÔrma!
O mesmo acontece com o primeiro biscoito. Quando as pessoas abrem o pacote com aquela fitinha vermelha que facilita o trabalho (ou não), geralmente a primeira bolacha fica lá na pequena parte acima da fitinha, esquecida, até um tanto quebrada. Pois quando eu abro o pacote, vou direto até o primeiro biscoito, repartido, vilipendiado, incompreendido e descartado, e o como enfim!
Daí que ontem comentei que todo mundo despreza o primeiro e o último pão de forma, assim como a primeira bolacha do pacote, mas eu não, eu gosto deles! Então meu irmão soltou essa pérola, enquanto eu passava margarina no primeiro pão de forma:
- É que você gosta de coisas rejeitadas.
Será?
PS: Preciso enfatizar aqui que a falta do acento circunflexo no pão de forma me incomoda profundamente, posto que me parece pão de forma, como boa forma, e não pão de fÔrma!
sexta-feira, outubro 17, 2008
I feel my luck could change
Uma coincidência muito estranha aconteceu. Um ano depois, dez anos depois. O que está por trás dessa magia dos números 1 e 10? Outubro, o mês. O passado parece entrar num eterno retorno... mas as narrativas são sempre distintas... e isso tudo, aonde é que vai dar?
Antigamente, quando alguém vinha jogar na minha cara os meus defeitos, eu me retraía toda e ficava triste e surpresa diante daquelas características que, na maioria das vezes, eu nem tinha reparado em mim. Hoje sinto que estou bem mais feliz com meus defeitos. Eles não me fazem sentir culpada, nem pior do que os outros. Sabe por quê? Porque agora estou mais segura das minhas virtudes. O dedo na cara não desmonta o que eu sou, mas tão somente apontam para o que eu já conheço e aprendi a lidar. Passei também a me divertir com minhas próprias mancadas, a mangar do tombo, com a classe e irreverência de quem aprende com os erros e não faz questão nenhuma de ser perfeita.
Descobri uma atividade muito legal: cozinhar. Isso mesmo. A vida toda eu sempre deixei queimar, coloquei sal demais, essas coisas. Hoje em dia encaro cozinhar como uma atividade catártica, e fico muito feliz quando faço uma comidinha de que as pessoas gostam.
Cozinhar exige cuidado, você tem que cortar os vegetais assim assado; requer atenção, pois você deve reparar direitinho para ver se está no ponto; cozinhar exige método também, pois os ingredientes precisam ser refogados numa ordem X; tudo também tem que ser feito com a maior delicadeza... é necessário ser preciso, sim, tudo na medida certa e com dedicação aos mínimos detalhes, porque são os mínimos detalhes que fazem a diferença entre duas tortas realizadas a partir da mesma receita. E tem que ter amor também. Aquela comida feita às pressas, com má vontade, de qualquer jeito, com certeza não terá o sabor daquela feita com carinho, atenção, cuidado, precisão e método.
Cozinhar é uma arte, meus caros.
Cozinhar exige cuidado, você tem que cortar os vegetais assim assado; requer atenção, pois você deve reparar direitinho para ver se está no ponto; cozinhar exige método também, pois os ingredientes precisam ser refogados numa ordem X; tudo também tem que ser feito com a maior delicadeza... é necessário ser preciso, sim, tudo na medida certa e com dedicação aos mínimos detalhes, porque são os mínimos detalhes que fazem a diferença entre duas tortas realizadas a partir da mesma receita. E tem que ter amor também. Aquela comida feita às pressas, com má vontade, de qualquer jeito, com certeza não terá o sabor daquela feita com carinho, atenção, cuidado, precisão e método.
Cozinhar é uma arte, meus caros.
quarta-feira, outubro 15, 2008
Para Luiza
Oi...
Então, acho que houve um grande mal entendido entre a gente. Não sabia que o que eu disse ia te deixar tão magoada. Você falou como se eu quisesse lhe fazer algum mal, e disse que eu estava usando o que sabia sobre sua pessoa contra você. Quero que saiba que não foi essa minha intenção.
A verdade, Luiza, é que eu venho tentado me reaproximar de você, mas você sempre me afasta com tanta hostilidade. Não importa o que você vai achar do que estou dizendo, quais intenções vai atribuir a mim, todavia eu quero mesmo é falar que não sou seu inimigo e nem quero ser. Eu só não entendo muito bem essa sua mania de se auto-destruir, de se denegrir, você precisa se proteger de si mesma.
Não sei que demônios te afligem. Não sou nenhum deus pairando acima dos homens para te julgar. Só enfatizo aqui que não te vejo como uma estúpida, tola ou coisa parecida. Apenas, repito, não compreendo essa sua insegurança - ela é para mim um deslocamento. É uma coisa descabida em você, ela não era para estar aí. Você tem qualidades que ainda não descobriu, qualidades essas que me fazem te admirar pelo que você é.
Só acho que você precisa de mais coragem e força para lutar, pois reconheço em você um grande potencial, uma grande mulher. Não tente se esconder de mim, por favor. Digo, quem sou eu para lhe dizer o que deve fazer?
Fica bem, Luiza.
PS: desculpe por qualquer palavra insensata. Nem revisei o texto.
Então, acho que houve um grande mal entendido entre a gente. Não sabia que o que eu disse ia te deixar tão magoada. Você falou como se eu quisesse lhe fazer algum mal, e disse que eu estava usando o que sabia sobre sua pessoa contra você. Quero que saiba que não foi essa minha intenção.
A verdade, Luiza, é que eu venho tentado me reaproximar de você, mas você sempre me afasta com tanta hostilidade. Não importa o que você vai achar do que estou dizendo, quais intenções vai atribuir a mim, todavia eu quero mesmo é falar que não sou seu inimigo e nem quero ser. Eu só não entendo muito bem essa sua mania de se auto-destruir, de se denegrir, você precisa se proteger de si mesma.
Não sei que demônios te afligem. Não sou nenhum deus pairando acima dos homens para te julgar. Só enfatizo aqui que não te vejo como uma estúpida, tola ou coisa parecida. Apenas, repito, não compreendo essa sua insegurança - ela é para mim um deslocamento. É uma coisa descabida em você, ela não era para estar aí. Você tem qualidades que ainda não descobriu, qualidades essas que me fazem te admirar pelo que você é.
Só acho que você precisa de mais coragem e força para lutar, pois reconheço em você um grande potencial, uma grande mulher. Não tente se esconder de mim, por favor. Digo, quem sou eu para lhe dizer o que deve fazer?
Fica bem, Luiza.
PS: desculpe por qualquer palavra insensata. Nem revisei o texto.
Ah, essa saudade que eu sinto
me afoga o peito sem razão
Se eu voltar pra você
vai ser porque eu não consegui te esquecer
mas juro que também não terei conseguido esquecer
meus motivos, e então
eu lhe digo
que de novo partirei
sem ter arrumado as malas
como quem vai embora, mas não tem casa - fugitiva
e para não voltar ao falso começo - onde não há saída
começo com ares de meio e incômodo de fim
resta assim a cada um de nós, a parte
ser nada além de apenas uma parte.
me afoga o peito sem razão
Se eu voltar pra você
vai ser porque eu não consegui te esquecer
mas juro que também não terei conseguido esquecer
meus motivos, e então
eu lhe digo
que de novo partirei
sem ter arrumado as malas
como quem vai embora, mas não tem casa - fugitiva
e para não voltar ao falso começo - onde não há saída
começo com ares de meio e incômodo de fim
resta assim a cada um de nós, a parte
ser nada além de apenas uma parte.
segunda-feira, outubro 13, 2008
domingo, outubro 12, 2008
sexta-feira, outubro 10, 2008
Vamos ver quem tem a vida mais fácil!
Canso de ouvir por aí dizerem que vida de mulher é muito fácil - afirmam categoricamente que é só chegar. Frisam que para a mulher bonita então, nossa, todo fim de semana haverá não sei quantos homens querendo sair com ela. Já os homens, coitados... Eles têm TANTO trabalho para conseguir qualquer coisa. Pobrezinhos. Agora vamos aos fatos.
Corrijam-me se eu estiver enganada, ou avisem-me caso eu seja lésbica, mas definitivamente existem MUITO mais mulheres bonitas do que homens bonitos. Não sei se isso ocorre devido ao efeito dos tratamentos de beleza... Mas o fato é que quando eu chego a uma festa, vejo trocentas mulheres bonitas e emperequetadas, e só uns pouquíssimos caras bonitos.
Começa daí né. Depois vem aquela lenga lenga segundo a qual homem é quem pega mulher, e mulher pega quem quiser, e só faz aguardar. RÁ-RÁ-RÁ! Até parece! Meus caros, é a mulher quem pega o homem, na grande maioria das vezes, e o faz acreditar que foi ele o grande conquistador da história. Homem é tão maria mole que não dá tiro no escuro nem a pau - a auto-estima dele vai até o fundo do poço depois de um fora, e mulher nenhuma vale isso tudo.
Aí já viu: a mulher tem que ir ao ataque, digo, demonstrar interesse para o garanhão se aproximar. Junte a isso o fato de ela estar no meio de não sei quantas mulheres bonitas. Nesse contexto, homem não precisa ser tão bonito, legal e inteligente para fazer o MAIOR sucesso. Basta ele ser "ajeitadinho", conversador e enrolar um pouco sobre diversos assuntos, para o cara ser desejado por muitas. Eu digo muitas MESMO. E se ele tiver carro então... as feministas que me desculpem (odeio machismo, mas me declarar feminista seria meio "cansativo", explico em outro post), não obstante, a observação empírica me fez concluir que a grande maioria das mulheres se interessa mais quando o cara tem carro.
Outra coisa: homem raramente baba ovo de mulher, faz isso quando está apaixonado ou quando quer comer alguma menina com juízo de 15 anos (ou que ele supõe que tenha juízo de 15 anos), já mulher... É uma rasgação de seda só. Mimimi pra cá, mimimi pra lá, mensagem, scrap, blá blá blá.
Por fim, recordo do comentário de uma amiga que diz que seu namorado bonitón, porém que nunca foi pegador, não tem noção da quantidade de mulheres com quem ele poderia ficar. Lembro também de uma prima que namorava um bonitón, e foram inúmeras as vezes em que ele veio me cumprimentar e, logo depois, alguma colega minha soltava um "quem é esse? bonitinho ele viu! e parece ser tão gente fina!", e daí eu tinha que cortar com um repetitivo "é namorado da minha prima, hehe". Então a gente percebe que mulher é um bicho besta, e que não é preciso fazer muito esforço para ser um cara desejado por muitas.
Homem não precisa ser muita coisa pra fazer sucesso: basta ser ajeitadinho. Possa crer que um cara bonitinho já arranca não sei quantos comentários entre miguxas quando passa. Quando um cara - não precisa ser muita coisa não, basta ser razoável - chega a um show, ele tem muitas, mas muitas possibilidades de ação, sendo apenas educadinho e um pouco esperto.
Em se tratando de feios, dizem as más línguas que a natureza não oferece refúgio. Pois eu vos digo que bastam algumas horinhas de academia para o feio virar "o fortinho", "gostosinho", mimimi. E tenho dito!
Corrijam-me se eu estiver enganada, ou avisem-me caso eu seja lésbica, mas definitivamente existem MUITO mais mulheres bonitas do que homens bonitos. Não sei se isso ocorre devido ao efeito dos tratamentos de beleza... Mas o fato é que quando eu chego a uma festa, vejo trocentas mulheres bonitas e emperequetadas, e só uns pouquíssimos caras bonitos.
Começa daí né. Depois vem aquela lenga lenga segundo a qual homem é quem pega mulher, e mulher pega quem quiser, e só faz aguardar. RÁ-RÁ-RÁ! Até parece! Meus caros, é a mulher quem pega o homem, na grande maioria das vezes, e o faz acreditar que foi ele o grande conquistador da história. Homem é tão maria mole que não dá tiro no escuro nem a pau - a auto-estima dele vai até o fundo do poço depois de um fora, e mulher nenhuma vale isso tudo.
Aí já viu: a mulher tem que ir ao ataque, digo, demonstrar interesse para o garanhão se aproximar. Junte a isso o fato de ela estar no meio de não sei quantas mulheres bonitas. Nesse contexto, homem não precisa ser tão bonito, legal e inteligente para fazer o MAIOR sucesso. Basta ele ser "ajeitadinho", conversador e enrolar um pouco sobre diversos assuntos, para o cara ser desejado por muitas. Eu digo muitas MESMO. E se ele tiver carro então... as feministas que me desculpem (odeio machismo, mas me declarar feminista seria meio "cansativo", explico em outro post), não obstante, a observação empírica me fez concluir que a grande maioria das mulheres se interessa mais quando o cara tem carro.
Outra coisa: homem raramente baba ovo de mulher, faz isso quando está apaixonado ou quando quer comer alguma menina com juízo de 15 anos (ou que ele supõe que tenha juízo de 15 anos), já mulher... É uma rasgação de seda só. Mimimi pra cá, mimimi pra lá, mensagem, scrap, blá blá blá.
Por fim, recordo do comentário de uma amiga que diz que seu namorado bonitón, porém que nunca foi pegador, não tem noção da quantidade de mulheres com quem ele poderia ficar. Lembro também de uma prima que namorava um bonitón, e foram inúmeras as vezes em que ele veio me cumprimentar e, logo depois, alguma colega minha soltava um "quem é esse? bonitinho ele viu! e parece ser tão gente fina!", e daí eu tinha que cortar com um repetitivo "é namorado da minha prima, hehe". Então a gente percebe que mulher é um bicho besta, e que não é preciso fazer muito esforço para ser um cara desejado por muitas.
Homem não precisa ser muita coisa pra fazer sucesso: basta ser ajeitadinho. Possa crer que um cara bonitinho já arranca não sei quantos comentários entre miguxas quando passa. Quando um cara - não precisa ser muita coisa não, basta ser razoável - chega a um show, ele tem muitas, mas muitas possibilidades de ação, sendo apenas educadinho e um pouco esperto.
Em se tratando de feios, dizem as más línguas que a natureza não oferece refúgio. Pois eu vos digo que bastam algumas horinhas de academia para o feio virar "o fortinho", "gostosinho", mimimi. E tenho dito!
quinta-feira, outubro 09, 2008
Back to black
Não consigo parar de ouvir a Amy Winehouse. Ao procurar informações sobre a cantora, só encontrei notícias referentes aos seus vícios e bafóns homéricos, claro. A celebridade mais escandalosa de toda a história da indústria cultural, a menina dos olhos dos paparazzi, a favorita do tablóide The Sun.
O mais extraordinário nisso tudo é a forma como Amy Winehouse é a própria encarnação do espetáculo: ela fala sobre seus vícios nas suas canções, e diz que não vai para uma clínica de reabilitação (They tried to make me go to rehab, but I said no, no, no!), conta que dormiu com ex (há boatos de que ela recorreu ao ex enquanto o marido estava na prisão), e ainda avisa: I told you, I was trouble, you know that I'm no good... Ela entoa que espera seu grande amor sair da cadeia no cover de Valerie, feito em dueto com Mark Ronson. Ela se deita no chão da cozinha, em um clipe, segurando um copo de whisky, sua bebida favorita, representando um porre de dor de cotovelo.
Amy Winehouse canta sobre sua própria vida para todo mundo ouvir... Ela não é só uma cantora: é um personagem de carne e osso. E parece que a sua grande glória será morrer jovem, o que ela demonstra pelo seu instinto irrefreável de auto-destruição. Tal paixão pela morte levou mulheres depressivas e de vozes poderosas, a exemplo de Billie Holiday e Janis Joplin, ídolos de Amy Winehouse, ao falecimento por overdose. Só que ela está tão entregue ao vício, em uma sociedade em que as imagens se multiplicam cada vez mais, quando a rapidez das informações permite uma cobertura detalhada de escândalo a escândalo, que sua partida não teria nenhum glamour: as imagens não são de uma cantora eternizada pela sacralidade da morte na juventude, mas sim fotografias de uma mulher decadente e desesperada. Seria isso tudo um grande show?
quarta-feira, outubro 08, 2008
Aplica-se em mim
Como dor sutil de injeção de sangue
Um tédio agudo
Que me suga
Como sanguessugas
dispersas sobre minha carne
O gosto de viver a vida
E torna-me vampiro dos dias
Não sei se quero mais
Não vejo nenhuma saída
O desespero
Como um assomo do começo
Da partida
Não tenho dinheiro
Não há como ir a lugar algum
Preciso de emprego
Onde não haverá ideais
Só o senso pragmático
E o salário para as coisas banais
O que eu quero não cabe nesse lugar
Talvez nem seja do ofício dos homens
O que eu quero me consome
Como se eu não quisesse nada além de sonhar
Como se todas as minhas forças
E todos os meus pensamentos
Convergissem na intersecção
da realidade de todos os amores vãos
Como dor sutil de injeção de sangue
Um tédio agudo
Que me suga
Como sanguessugas
dispersas sobre minha carne
O gosto de viver a vida
E torna-me vampiro dos dias
Não sei se quero mais
Não vejo nenhuma saída
O desespero
Como um assomo do começo
Da partida
Não tenho dinheiro
Não há como ir a lugar algum
Preciso de emprego
Onde não haverá ideais
Só o senso pragmático
E o salário para as coisas banais
O que eu quero não cabe nesse lugar
Talvez nem seja do ofício dos homens
O que eu quero me consome
Como se eu não quisesse nada além de sonhar
Como se todas as minhas forças
E todos os meus pensamentos
Convergissem na intersecção
da realidade de todos os amores vãos
domingo, outubro 05, 2008
Orkut nas eleições
vc ainda não tem vereador. Aracaju precisa de um vereador com uma trajetória de vida marcada pela luta a favor das diferenças,um parlarmentar que viva a discrimenção e tenha coragem de combatê-la sem ódio; um legitimo defensor do respeito às diferenças. FULANO XXXXX
Boca de urna pelo orkut pode?
Boca de urna pelo orkut pode?
Café filosófico no MSN
Tati diz: as pessoas raramente sacaneiam as outras na cara de pau
[kLeBeR] diz: aham
Tati diz: geralmente elas botam um monte de explicações, ou desculpas, ou coisas veladas
[kLeBeR] diz: Isso se chama sociedade
[kLeBeR] diz: kkkkkkkk
Tati diz: éeeeeeeeeeeeeee
Tati diz: que é pra depois dizerem que não tinham más intenções
[kLeBeR] diz: issoooooooooo
[kLeBeR] diz: aham
Tati diz: geralmente elas botam um monte de explicações, ou desculpas, ou coisas veladas
[kLeBeR] diz: Isso se chama sociedade
[kLeBeR] diz: kkkkkkkk
Tati diz: éeeeeeeeeeeeeee
Tati diz: que é pra depois dizerem que não tinham más intenções
[kLeBeR] diz: issoooooooooo
sexta-feira, outubro 03, 2008
Estava conversando sobre as tais das pessoas "difíceis". Ouvi um pedido de conselho sobre telefonar ou não. Disse que devia.
- Ah, mulher, mas ele vai achar que eu tô na dele.
Respondo: e daí? Sim, e daí? Desde quando o fato de uma mulher não ligar para o cara, não demonstrar interesse, indica que ela é a bam bam bam? O mesmo para os homens.
Por trás dessa "gostosura" toda, desse cu doce, lenga lenga, existe muitas vezes uma BAITA de uma insegurança. É assim: eu não quero me dar mal nessa história, portanto, sou a pessoa difícil. E quantas vezes os mais seguros acreditam no próprio taco e investem sem medo de ser feliz?
Não foram poucas as pessoas "fáceis" que eu vi se dando bem, não mesmo. Homens que, num primeiro momento, diziam "eu não vou gostar de você, cuidado, eu sou maaaaaau", de repente apareciam babando pela guria "fácil", que corre atrás sem orgulho nenhum - só bastante auto-estima. Mulheres que faziam o cara de gato e sapato, depois se encantaram pelo bonzinho que dá atenção, amor e dengo dengo.
Gente que faz cu doce é que nem pudim da Casa Alemã: por mais que a gente queira comer, acaba enjoando e jogando o resto no lixo.
- Ah, mulher, mas ele vai achar que eu tô na dele.
Respondo: e daí? Sim, e daí? Desde quando o fato de uma mulher não ligar para o cara, não demonstrar interesse, indica que ela é a bam bam bam? O mesmo para os homens.
Por trás dessa "gostosura" toda, desse cu doce, lenga lenga, existe muitas vezes uma BAITA de uma insegurança. É assim: eu não quero me dar mal nessa história, portanto, sou a pessoa difícil. E quantas vezes os mais seguros acreditam no próprio taco e investem sem medo de ser feliz?
Não foram poucas as pessoas "fáceis" que eu vi se dando bem, não mesmo. Homens que, num primeiro momento, diziam "eu não vou gostar de você, cuidado, eu sou maaaaaau", de repente apareciam babando pela guria "fácil", que corre atrás sem orgulho nenhum - só bastante auto-estima. Mulheres que faziam o cara de gato e sapato, depois se encantaram pelo bonzinho que dá atenção, amor e dengo dengo.
Gente que faz cu doce é que nem pudim da Casa Alemã: por mais que a gente queira comer, acaba enjoando e jogando o resto no lixo.
Aula da saudade
Segunda-feira eu fui à aula da saudade de uma grande amiga minha. Nunca tinha visto uma, e dessa vez houve certa insistência por parte dela em me fazer ir. Era também para eu ter uma aula da saudade, mas o fato é que esse semestre eu fui a única pessoa a se formar em Jornalismo, e seria impensável um evento desse só para mim, como também não quis colocar nome em placa, nem irei à colação de grau no Emes, aderindo àquela boa e velha colação no DAA. Dispenso todos esses rituais de passagem sem nenhum problema, enquanto algumas pessoas estranham bastante as minhas escolhas, como se eu não fosse uma pessoa “normal”. Muitos podem até imaginar que eu não gostei da universidade, mas a verdade é que eu gosto tanto que pretendo passar a vida inteira vinculada à academia.
Bom, mas voltemos à aula da saudade. Eu achei muito bacana meeesmo. Principalmente porque a turma em questão era muito unida, com alunos que eu acompanhei de perto e vi que eram companheiros de guerra em festas de arromba, congressos e movimento estudantil. No mais, adoro nostalgia, e essa aula tinha um clima propriamente nostálgico, claro, e as pessoas pareciam ter saudade de tudo: desde as crises com relação ao curso até as piadas de alunos e professores em plena sala de aula, como se tudo aquilo fizesse parte de um processo de amadurecimento. Algumas falas me pareceram melosas e forçadas como discurso de padre em casamento, enquanto outros eram sinceros agradecimentos a tudo o que a vida pode oferecer, e terminavam às vezes com uma lágrima tentando se esconder no cantinho do olho.
Lá na aula, os ex-alunos responderam a algumas perguntas sobre a universidade feitas pelas duas professoras mais queridas da Biologia. Agora vou responder a essas questões aqui, numa espécie aula da saudade particular kkk.
Qual foi a pior refeição feita no Resun?
Nossa, pergunta difícil essa, porque foram muitas. Eu detestava a comida daquele lugar, e chegou um momento em que realmente não dava para comer mais lá, quando parei de comer carne. Enfim, havia várias refeições que, assim que eu via no cardápio do dia, eu simplesmente dava as costas e ia comer em outro lugar, do tipo fígado, rabada e carne de porco, alimentos que eu não consumia nem na minha casa, imagina no Resun! Mas a pior refeição mesmo para mim foi uma que eu sequer fiz. Quando eu peguei o prato e vi que o salpicão de frango (uma das poucas refeições do Resun que eu gostava) tinha acabado, e o cara botou no meu prato uma porra de uma dobradinha...
Gente do céu, o que era aquilo?! Era muito, mas muito feio mesmo! Eu estava morrendo de fome, mas não consegui comer um pedacinho sequer de tanto nojo que eu tive. E eu nunca tinha comido dobradinha na vida. Lembrei também, assim que ergui o garfo para comer aquela porcaria de dobradinha do Resun, que um colega meu teve uma diarréia fuderosíssima num congresso em Salvador por causa de uma dobradinha que ele comeu na casa da sua avó. Fiquei imaginando então o que aconteceria comigo se eu comesse uma dobradinha do RESUN! Baixei o garfo, é óbvio! Jesus, apague a luz!
Qual foi o melhor congresso?
O melhor congresso em termos científicos para mim foi o Intercom em Natal, mas digamos que os eventos em que curti a “vibe” mesmo nem eram de Comunicação Social, mas foram uns encontros de História e Biologia que ocorreram aqui na UFS em 2005.
Qual foi a melhor festa?
As melhores, eu diria, aconteceram na república onde mora um pessoal da Biologia e uns agregados. Mas essas festas eram mais bacanas em outros tempos, ultimamente o povo só faz jogar truco! O pessoal tá ficando velho :~~
Quem foi sua grande companheira de UFS?
Ah, sem dúvida foi Ieda, minha amiga com quem divido assuntos nerds, noias, confidências, e um pouquinho de veneno também.
É isso... agora sabe qual é a coisa mais apaixonante daquela universidade? O ambiente decadente de universidade pública! O mato! Deitar nos banquinhos pra pegar o vento gostoso de junto das árvores logo depois do almoço! Ah, delícia! Bom, agora é só esperar a minha EMOCIONANTE colação de grau no DAA.
Bom, mas voltemos à aula da saudade. Eu achei muito bacana meeesmo. Principalmente porque a turma em questão era muito unida, com alunos que eu acompanhei de perto e vi que eram companheiros de guerra em festas de arromba, congressos e movimento estudantil. No mais, adoro nostalgia, e essa aula tinha um clima propriamente nostálgico, claro, e as pessoas pareciam ter saudade de tudo: desde as crises com relação ao curso até as piadas de alunos e professores em plena sala de aula, como se tudo aquilo fizesse parte de um processo de amadurecimento. Algumas falas me pareceram melosas e forçadas como discurso de padre em casamento, enquanto outros eram sinceros agradecimentos a tudo o que a vida pode oferecer, e terminavam às vezes com uma lágrima tentando se esconder no cantinho do olho.
Lá na aula, os ex-alunos responderam a algumas perguntas sobre a universidade feitas pelas duas professoras mais queridas da Biologia. Agora vou responder a essas questões aqui, numa espécie aula da saudade particular kkk.
Qual foi a pior refeição feita no Resun?
Nossa, pergunta difícil essa, porque foram muitas. Eu detestava a comida daquele lugar, e chegou um momento em que realmente não dava para comer mais lá, quando parei de comer carne. Enfim, havia várias refeições que, assim que eu via no cardápio do dia, eu simplesmente dava as costas e ia comer em outro lugar, do tipo fígado, rabada e carne de porco, alimentos que eu não consumia nem na minha casa, imagina no Resun! Mas a pior refeição mesmo para mim foi uma que eu sequer fiz. Quando eu peguei o prato e vi que o salpicão de frango (uma das poucas refeições do Resun que eu gostava) tinha acabado, e o cara botou no meu prato uma porra de uma dobradinha...
Gente do céu, o que era aquilo?! Era muito, mas muito feio mesmo! Eu estava morrendo de fome, mas não consegui comer um pedacinho sequer de tanto nojo que eu tive. E eu nunca tinha comido dobradinha na vida. Lembrei também, assim que ergui o garfo para comer aquela porcaria de dobradinha do Resun, que um colega meu teve uma diarréia fuderosíssima num congresso em Salvador por causa de uma dobradinha que ele comeu na casa da sua avó. Fiquei imaginando então o que aconteceria comigo se eu comesse uma dobradinha do RESUN! Baixei o garfo, é óbvio! Jesus, apague a luz!
Qual foi o melhor congresso?
O melhor congresso em termos científicos para mim foi o Intercom em Natal, mas digamos que os eventos em que curti a “vibe” mesmo nem eram de Comunicação Social, mas foram uns encontros de História e Biologia que ocorreram aqui na UFS em 2005.
Qual foi a melhor festa?
As melhores, eu diria, aconteceram na república onde mora um pessoal da Biologia e uns agregados. Mas essas festas eram mais bacanas em outros tempos, ultimamente o povo só faz jogar truco! O pessoal tá ficando velho :~~
Quem foi sua grande companheira de UFS?
Ah, sem dúvida foi Ieda, minha amiga com quem divido assuntos nerds, noias, confidências, e um pouquinho de veneno também.
É isso... agora sabe qual é a coisa mais apaixonante daquela universidade? O ambiente decadente de universidade pública! O mato! Deitar nos banquinhos pra pegar o vento gostoso de junto das árvores logo depois do almoço! Ah, delícia! Bom, agora é só esperar a minha EMOCIONANTE colação de grau no DAA.
terça-feira, setembro 30, 2008
domingo, setembro 28, 2008
You know I'm no good
I cheated myself
Like I knew I would
I told you I was troubled
You know that I'm no good
Like I knew I would
I told you I was troubled
You know that I'm no good
sexta-feira, setembro 26, 2008
Tédio com um T bem grande pra você
Voltei a ouvir Legião por esses dias. Lembrei de mim pequenina na casa de algum amigo da minha tia, quando ela ainda era adolescente, era fanática por Renato Russo, e andava com uns caras cabeludos e tatuados. Recordo que gostava muito das capas dos álbuns da Legião. Só que eu não gostava da Legião. Achei muito estranho o chororô da minha prima no dia do falecimento de Renato Russo, e até comentei que lamentava muito mais a morte dos Mamonas, para indignação da minha prima. Hoje em dia gosto de Legião, e ainda curto Mamonas sim! Comecei a ouvir a banda tarde, quando Legião tinha virado ou artigo de colecionador ou música nostálgica cantada por bandinhas pop em boites de patricinhas. Essa semana bateu a saudade.
And I guess it's just a phase
I don't know where I'm going
*
E hoje em dia
Como é que se diz "eu te amo"?
*
Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui
*
Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...
E nesses dias tão estranhos
Fica a poeira
Se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
É sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos...
Vamos sair!Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão procurando emprego...
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...
Vamos lá, tudo bem!
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir...
Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas
Possam se encontrar...
*
Moramos na cidade, também o presidente
E todos vão fingindo viver decentemente
Só que eu não pretendo ser tão decadente não
Tédio com um T bem grande pra você
Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro
Não tenho gasolina, também não tenho carro
Também não tenho nada de interessante pra fazer
Tédio com um T bem grande pra você
Se eu não faço nada, não fico satisfeito
Eu durmo o dia inteiro e aí não é direito
Porque quando escurece, só estou a fim de aprontar
Tédio com um T bem grande pra você
And I guess it's just a phase
I don't know where I'm going
*
E hoje em dia
Como é que se diz "eu te amo"?
*
Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui
*
Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...
E nesses dias tão estranhos
Fica a poeira
Se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
É sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos...
Vamos sair!Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão procurando emprego...
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...
Vamos lá, tudo bem!
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir...
Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas
Possam se encontrar...
*
Moramos na cidade, também o presidente
E todos vão fingindo viver decentemente
Só que eu não pretendo ser tão decadente não
Tédio com um T bem grande pra você
Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro
Não tenho gasolina, também não tenho carro
Também não tenho nada de interessante pra fazer
Tédio com um T bem grande pra você
Se eu não faço nada, não fico satisfeito
Eu durmo o dia inteiro e aí não é direito
Porque quando escurece, só estou a fim de aprontar
Tédio com um T bem grande pra você
quinta-feira, setembro 25, 2008
Malditas eleições
Como é que permitem essas porcarias de carros de som de políticos espalhando idiotices pelas ruas? Ô negócio insuportável!!! Minha melhor amiga disse que a gatinha dela corre quando passa o carro de som... e por falar nessa minha amiga, várias são as vezes em que a gente tem que interromper a conversa graças a esses carros malditos. E é um tal de Deixa o homem trabalhar, e depois Não trabalha porque não quer, óooi, vige! Pelo amor de deus, proíbam isso!!!
Peçam voto baixo, cidadão não é surdo!
Peçam voto baixo, cidadão não é surdo!
segunda-feira, setembro 22, 2008
A palavra (1955), Carl Theodor Dreyer
A palavra, do diretor dinamarquês Carl Theodor Dreyer, é, antes de tudo, um filme sobre a linguagem, como o próprio nome indica. Essa palavra que é o que nos torna humanos, pela nossa capacidade de criar símbolos, essa palavra que parece querer tomar conta do mundo e desvendá-lo, essa palavra que pode trazer diversos desentendimentos.
O filme apresenta um homem, Johannes Borgen, que passa a acreditar que é Jesus de Nazaré depois de se debruçar sobre a obra do filósofo e teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard, para angústia do seu pai, Merton Borgen, que desejava que o filho se dedicasse à vida religiosa, e via nele o talento para tal devido às suas feições que lembravam Jesus, como também a sua voz de profeta.
O filme apresenta um homem, Johannes Borgen, que passa a acreditar que é Jesus de Nazaré depois de se debruçar sobre a obra do filósofo e teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard, para angústia do seu pai, Merton Borgen, que desejava que o filho se dedicasse à vida religiosa, e via nele o talento para tal devido às suas feições que lembravam Jesus, como também a sua voz de profeta.
Algo que se cristaliza no filme é a rigidez dos valores religiosos das duas famílias presentes no filme, e ainda a violência provocada através das aspirações que uns familiares infligem sobre outros do mesmo sangue. Essa violência é produzida por Merton, o chefe da família, em dois momentos: quando ele impõe que Johannes seja pastor, e o filho termina por perder a razão, e quando Merton pede para sua nora Inger lhe dar um neto homem, e, por fim, o filho dela nasce homem, porém morto.
Entretanto, o que se revela muito forte no filme, mais do que relação entre diversas gerações, é a contradição entre razão e misticismo. Logo na primeira seqüência, Johannes sobe no monte junto à sua casa e esbraveja contra todos aqueles que não crêem que ele é o Filho de Deus. Durante o filme, em diversos momentos ele surge perambulando pelos cômodos da casa, proferindo palavras em tom bíblico: “Vocês crêem no Cristo morto, mas não crêem em mim”, brada. Assim como Jesus, que foi renegado por muitos daqueles que aguardavam a vinda do Salvador, Johannes também enfrenta a incredulidade dos crentes. A morte santifica – e Johannes vivo, de carne e osso, não convence os cristãos, que o chamam de louco.
Johannes perde a razão através da própria razão – ele assume a postura de um esquizofrênico pelo caminho da filosofia – irracionalidade e racionalidade se mostram aí como duas faces de uma mesma moeda. E o misticismo, o irracional, o religioso, e a razão e a ciência são apresentados como faces de uma mesma moeda no filme de Dreyer: tanto a ciência quanto a religião são vontades irrefreáveis de compreender a totalidade do universo, de encontrar finalmente a Verdade.
Destarte, com a mesma maestria de Umberto Eco no livro O nome da rosa, Dreyer tece uma reflexão sobre o eterno dilema dos homens diante da linguagem, a procura pela verdade, pela intersecção entre linguagem e realidade. Se na obra de Umberto Eco uma biblioteca medieval guarda às sete chaves os livros sagrados, a verdade escrita por Deus, e nela acontecem diversos assassinatos em virtude de um livro proibido, no filme de Dreyer a luta a respeito da Verdade acontece quando a fé de Merton vai de encontro à fé de Peter. Tanto Merton quanto Peter são cristãos, mas, mesmo guiados pela palavra do mesmo Deus, eles divergem, e Peter não permite que sua filha Anne se case com o filho de Merton, Anders, por eles serem de religiões diferentes.
O conflito entre Merton e Peter assume maiores proporções quando o primeiro vai à casa do segundo com o objetivo de pedir permissão para que seu filho Anders se case com Anne. Depois de eles se digladiarem ao tratar sobre a legitimidade de sua fé, Merton recebe um telefonema informando que sua nora Inger está adoentada em pleno trabalho de parto. Peter, tomado pelo ardor das discussões com Merton, afirma que tal fato era um castigo para guiar Merton no caminho do verdadeiro Deus.
A Morte, assim, aparece como um elemento que perturba os personagens na sua relação com o mundo. A Morte põe em cheque a fé e a existência. Para Wittgenstein, em seu Tratactus Logico-Philosophicus, caso compreendamos a eternidade como duração atemporal, “vive eternamente quem vive no presente”. Essa fala desloca o sentido de uma vida após a morte para negligenciar a continuidade do tempo e a própria morte. No filme, a Morte surge como representação do Místico, daquilo sobre o qual não podemos falar, e o que nos causa estupefação. Na noite em que Inger agoniza com as dores do parto, Johannes anuncia que ela morrerá, mas que ele se encarregará de ressuscitá-la.
Da mesma maneira que Jesus Cristo fez ao ressuscitar o falecido Lázaro, Johannes pretende provar que é Deus superando a Morte. Não obstante, ninguém acredita que ele fará tal milagre, exceto a pequena Mareen, uma das filhas de Inger, e Johannes, assim como Jesus, afirma que as criancinhas são maiores no reino dos céus.
Na cena em que ele fala à Mareen que sua mãe morrerá, como em outros diálogos do filme, Dreyer coloca a câmera de forma a auscultar os personagens rondando em torno deles. Nesta obra, o diretor opta pelos movimentos de câmera em lugar do jogo de campo/contracampo, como presente em outro filme seu, A paixão de Joana D’arc (1928), em que ele havia explorado o plongée e contre-plongée para contrapor o sentimento de superioridade dos inquisidores e a humilhação de Joana D’arc. Em A palavra, Dreyer pouco se utiliza do campo/contracampo e, em lugar desse recurso, usa travellings para apresentar diálogos entre os personagens. Através dos travellings, a câmera se movimenta como se estivesse à espreita – ela investiga a cena e se move junto com ela.
O filme faz ver o invisível, quando enfatiza o movimento das roupas no varal provocado pelo vento, e ressalta a passagem do tempo através do tic-tac do relógio da sala dos Borgen, barulho que fica ainda mais evidente nas seqüências em que os personagens se afligem na sala da casa da família diante da iminência da morte de Inger.
Entretanto, o que se revela muito forte no filme, mais do que relação entre diversas gerações, é a contradição entre razão e misticismo. Logo na primeira seqüência, Johannes sobe no monte junto à sua casa e esbraveja contra todos aqueles que não crêem que ele é o Filho de Deus. Durante o filme, em diversos momentos ele surge perambulando pelos cômodos da casa, proferindo palavras em tom bíblico: “Vocês crêem no Cristo morto, mas não crêem em mim”, brada. Assim como Jesus, que foi renegado por muitos daqueles que aguardavam a vinda do Salvador, Johannes também enfrenta a incredulidade dos crentes. A morte santifica – e Johannes vivo, de carne e osso, não convence os cristãos, que o chamam de louco.
Johannes perde a razão através da própria razão – ele assume a postura de um esquizofrênico pelo caminho da filosofia – irracionalidade e racionalidade se mostram aí como duas faces de uma mesma moeda. E o misticismo, o irracional, o religioso, e a razão e a ciência são apresentados como faces de uma mesma moeda no filme de Dreyer: tanto a ciência quanto a religião são vontades irrefreáveis de compreender a totalidade do universo, de encontrar finalmente a Verdade.
Destarte, com a mesma maestria de Umberto Eco no livro O nome da rosa, Dreyer tece uma reflexão sobre o eterno dilema dos homens diante da linguagem, a procura pela verdade, pela intersecção entre linguagem e realidade. Se na obra de Umberto Eco uma biblioteca medieval guarda às sete chaves os livros sagrados, a verdade escrita por Deus, e nela acontecem diversos assassinatos em virtude de um livro proibido, no filme de Dreyer a luta a respeito da Verdade acontece quando a fé de Merton vai de encontro à fé de Peter. Tanto Merton quanto Peter são cristãos, mas, mesmo guiados pela palavra do mesmo Deus, eles divergem, e Peter não permite que sua filha Anne se case com o filho de Merton, Anders, por eles serem de religiões diferentes.
O conflito entre Merton e Peter assume maiores proporções quando o primeiro vai à casa do segundo com o objetivo de pedir permissão para que seu filho Anders se case com Anne. Depois de eles se digladiarem ao tratar sobre a legitimidade de sua fé, Merton recebe um telefonema informando que sua nora Inger está adoentada em pleno trabalho de parto. Peter, tomado pelo ardor das discussões com Merton, afirma que tal fato era um castigo para guiar Merton no caminho do verdadeiro Deus.
A Morte, assim, aparece como um elemento que perturba os personagens na sua relação com o mundo. A Morte põe em cheque a fé e a existência. Para Wittgenstein, em seu Tratactus Logico-Philosophicus, caso compreendamos a eternidade como duração atemporal, “vive eternamente quem vive no presente”. Essa fala desloca o sentido de uma vida após a morte para negligenciar a continuidade do tempo e a própria morte. No filme, a Morte surge como representação do Místico, daquilo sobre o qual não podemos falar, e o que nos causa estupefação. Na noite em que Inger agoniza com as dores do parto, Johannes anuncia que ela morrerá, mas que ele se encarregará de ressuscitá-la.
Da mesma maneira que Jesus Cristo fez ao ressuscitar o falecido Lázaro, Johannes pretende provar que é Deus superando a Morte. Não obstante, ninguém acredita que ele fará tal milagre, exceto a pequena Mareen, uma das filhas de Inger, e Johannes, assim como Jesus, afirma que as criancinhas são maiores no reino dos céus.
Na cena em que ele fala à Mareen que sua mãe morrerá, como em outros diálogos do filme, Dreyer coloca a câmera de forma a auscultar os personagens rondando em torno deles. Nesta obra, o diretor opta pelos movimentos de câmera em lugar do jogo de campo/contracampo, como presente em outro filme seu, A paixão de Joana D’arc (1928), em que ele havia explorado o plongée e contre-plongée para contrapor o sentimento de superioridade dos inquisidores e a humilhação de Joana D’arc. Em A palavra, Dreyer pouco se utiliza do campo/contracampo e, em lugar desse recurso, usa travellings para apresentar diálogos entre os personagens. Através dos travellings, a câmera se movimenta como se estivesse à espreita – ela investiga a cena e se move junto com ela.
O filme faz ver o invisível, quando enfatiza o movimento das roupas no varal provocado pelo vento, e ressalta a passagem do tempo através do tic-tac do relógio da sala dos Borgen, barulho que fica ainda mais evidente nas seqüências em que os personagens se afligem na sala da casa da família diante da iminência da morte de Inger.
Após minutos de muita angústia dos familiares, o médico sai do quarto com ar de missão cumprida. O pastor chega à casa dos Borgen e há um momento em que ficam lado a lado o pastor e o médico, a religião e a ciência. O médico questiona sobre o que havia salvado Inger, se sua competência ou as orações de Merton, e este último elogia o poder da fé. O pastor, crédulo e incrédulo, parabeniza a atuação do médico e, sobre a existência de milagres, afirma: as leis naturais são leis de Deus, e Deus não contrariaria as suas próprias leis. O médico questiona:
– Mas e os milagres de Cristo?
– Os milagres de Jesus aconteceram em contextos particulares.
Não havia mais milagres. Não havia mais milagres por quê o homem agora tinha um novo deus, a ciência? A ciência assegura que há leis naturais. A filosofia chega a questionar essas leis aparentemente inquestionáveis. Segundo Wittgenstein em seu Tratactus, “que o sol nascerá amanhã não é uma certeza concreta, mas uma necessidade lógica”. O fato de o sol nascer todos os dias não infere que ele não possa simplesmente deixar de aparecer amanhã. Wittgenstein, dessa forma, aponta os limites da linguagem. Para o filósofo, o que está além da linguagem é o Místico. E a Morte é o elemento místico do filme. Johannes desafia as leis naturais.
Logo após a saída do médico, Johannes afirma que Inger está morta. Ele aponta para uma luz que adentra a sala. Anders explica que se tratava da luz do farol do carro do médico que estava partindo. Johannes se espanta e afirma que um determinado barulho era a morte chegando para Inger. Anders informa que, em verdade, era o carro do médico dando partida. Destarte, o encanto diante do mistério e o desencanto através de explicações racionais se contrapõem na cena. Por fim, Mikkel, o marido ateu de Inger, sai do quarto e dá a notícia da morte dela.
Após o falecimento de Inger, Johannes foge de casa. A sua morte traz a união entre Anne e Anders, pois Peter se arrepende de ter desejado o falecimento de Inger como forma de provar a Merton a verdade do seu Deus. Mais tarde, Johannes retorna para casa, justamente no velório de Inger.
Admirados com sua volta, seus familiares se mostram esperançosos de que ele esteja curado. No entanto, ele afirma que irá ressuscitar Inger. Johannes chegara logo após Merton dizer que o corpo de Inger será enterrado, para revolta de Mikkel, que grita “eu também amava o corpo dela!”. O corpo, esse lugar profano, impregnado de vida, ele é prova da existência.
Johannes, então, ressuscita Inger. Como o Deus que se fez corpo, que trouxe Lázaro de volta à vida, e que ressuscitou no terceiro dia após sua morte, Johannes também desafia a Morte e a transcende. Não seria a Morte o grande mistério da vida? Johannes ressuscita Inger através da palavra. É quando o filme aponta a palavra e a vontade de objetivação, o tornar-se realidade a partir da linguagem. Assim como o Deus que criou o mundo a partir das palavras - faça-se a luz- Johannes traz Inger de volta à vida através da palavra. Após levantar-se, Inger abraça seu marido e o beija ardentemente. O corpo em contato com outro corpo, o corpo como certeza da vida, a vida havia superado a morte.
O filme de Dreyer não termina por defender a fé contra a razão. O diretor antes faz um elogio ao Místico, àquilo sobre o que não podemos falar. Dreyer coloca em cheque o poder da linguagem, a pretensão do homem de conhecer e domar o mundo. Um "louco" prova a sua verdade aos incrédulos contra os quais havia bradado na cena inicial do filme. A história desafia as leis naturais – uma morta é ressuscitada! - e o espectador cai na estupefação diante daquilo que não consegue explicar.
– Mas e os milagres de Cristo?
– Os milagres de Jesus aconteceram em contextos particulares.
Não havia mais milagres. Não havia mais milagres por quê o homem agora tinha um novo deus, a ciência? A ciência assegura que há leis naturais. A filosofia chega a questionar essas leis aparentemente inquestionáveis. Segundo Wittgenstein em seu Tratactus, “que o sol nascerá amanhã não é uma certeza concreta, mas uma necessidade lógica”. O fato de o sol nascer todos os dias não infere que ele não possa simplesmente deixar de aparecer amanhã. Wittgenstein, dessa forma, aponta os limites da linguagem. Para o filósofo, o que está além da linguagem é o Místico. E a Morte é o elemento místico do filme. Johannes desafia as leis naturais.
Logo após a saída do médico, Johannes afirma que Inger está morta. Ele aponta para uma luz que adentra a sala. Anders explica que se tratava da luz do farol do carro do médico que estava partindo. Johannes se espanta e afirma que um determinado barulho era a morte chegando para Inger. Anders informa que, em verdade, era o carro do médico dando partida. Destarte, o encanto diante do mistério e o desencanto através de explicações racionais se contrapõem na cena. Por fim, Mikkel, o marido ateu de Inger, sai do quarto e dá a notícia da morte dela.
Após o falecimento de Inger, Johannes foge de casa. A sua morte traz a união entre Anne e Anders, pois Peter se arrepende de ter desejado o falecimento de Inger como forma de provar a Merton a verdade do seu Deus. Mais tarde, Johannes retorna para casa, justamente no velório de Inger.
Admirados com sua volta, seus familiares se mostram esperançosos de que ele esteja curado. No entanto, ele afirma que irá ressuscitar Inger. Johannes chegara logo após Merton dizer que o corpo de Inger será enterrado, para revolta de Mikkel, que grita “eu também amava o corpo dela!”. O corpo, esse lugar profano, impregnado de vida, ele é prova da existência.
Johannes, então, ressuscita Inger. Como o Deus que se fez corpo, que trouxe Lázaro de volta à vida, e que ressuscitou no terceiro dia após sua morte, Johannes também desafia a Morte e a transcende. Não seria a Morte o grande mistério da vida? Johannes ressuscita Inger através da palavra. É quando o filme aponta a palavra e a vontade de objetivação, o tornar-se realidade a partir da linguagem. Assim como o Deus que criou o mundo a partir das palavras - faça-se a luz- Johannes traz Inger de volta à vida através da palavra. Após levantar-se, Inger abraça seu marido e o beija ardentemente. O corpo em contato com outro corpo, o corpo como certeza da vida, a vida havia superado a morte.
O filme de Dreyer não termina por defender a fé contra a razão. O diretor antes faz um elogio ao Místico, àquilo sobre o que não podemos falar. Dreyer coloca em cheque o poder da linguagem, a pretensão do homem de conhecer e domar o mundo. Um "louco" prova a sua verdade aos incrédulos contra os quais havia bradado na cena inicial do filme. A história desafia as leis naturais – uma morta é ressuscitada! - e o espectador cai na estupefação diante daquilo que não consegue explicar.
Por Tatiana Hora
domingo, setembro 21, 2008
I can't live... if living is without you...
Duas qualidades invejáveis numa pessoa
- Não falar quase nada da vida pessoal. Sabe aquela pessoa com quem você anda há séculos, e você de repente descobre por acaso que o pai dela morreu há dez anos? Pois é. Conversas sobre dominó, animais de estimação, cidades bonitas, essas coisas, tudo menos falar sobre o relacionamento com o namorado.
- Ser indiferente. Explico: existem pessoas que não opinam muito sobre os outros, simplesmente contam uma piada, dão bom dia, e seguem em frente. Elas têm umas poquíssimas pessoas guardadas no coração, e sobre as outras não têm muito a dizer além de um "para mim, nem fede, nem cheira". Acho ótimo.
- Ser indiferente. Explico: existem pessoas que não opinam muito sobre os outros, simplesmente contam uma piada, dão bom dia, e seguem em frente. Elas têm umas poquíssimas pessoas guardadas no coração, e sobre as outras não têm muito a dizer além de um "para mim, nem fede, nem cheira". Acho ótimo.
sábado, setembro 20, 2008
Beleza. Então eu leio no jornal que vai rolar Beto Barbosa na Colosseo, e aquele velho esquema de boite de patricinha pá, oeee 200 primeiras mulheres entrada free oeee. Aproveito e chamo uma colega minha que estava aflita para torrar a fortuna que havia conquistado depois de dar aula a um pirralho (50 contos), e ela fica toda animadinha para ir comigo ao show brega no meio da high society.
Ok. Eu me empolgo toda, passo o dia inteiro ouvindo as músicas do meu ídolo de infância, aguento um monte de piadas do povo do msn (que viu o que eu estava ouvindo, e veio comentar "hahaha você tá ouvindo Beto Barbosa, Tati!!!"), enfim, eu me requebro na frente do espelho, ouço minha mãe dizer não-sei-quantas-mil-vezes "Ô Tatiana, eu não sabia que você era tão brega", canto "dance e balance e vem!" no banheiro, me arrumo toda e pá, e lá vamos nós, eu e minha amiguinha. Enfim, saí do meu universo de parque da Sementeira, all star, bandas de rock, shows da Plástico ou Coverama. Não por muito tempo.
Minha amiga e eu, duas fudidas, compramos um vinho Dom Bosco numa loja de conveniência, porque, afinal, o consumo dentro daquela boite devia ser caro pra caralho, e a gente não tem carro, e ainda ia ter que pagar uma porra de um taxi, etc e tal. Em suma, somos quebradas.
Depois de pegar muita pilha tomando vinho, enfim nos dirigimos à boite Colosseo. Não havia tanta gente assim na porta, era para haver muito mais, afinal, era O REI DA LAMBADA que ia dar um show naquela noite. Daí minha amiga teve uma brilhante constatação.
- Ô Tati, será que esse show é de graça mesmo?
- É sim po.
- Mas tem tão pouca gente...
- Ah velho, tá bom, vou perguntar ao carinha na porta.
Lá vou eu né...
- Ô moço, hoje o show é de graça né?
- De graça? Bem, eu não sei não. Deixa eu chamar o rapaz ali.
E eis que surge o rapaz, um cara bem grande e com cara de muito atarefado na noite.
- Moço, hoje o show é de graça né?
- Q! Não, hoje não tem isso não.
:S - E quanto é?
- 20.
COMO ASSIM? VINTE REAIS???? O pior é que o cara foi bem grosseiro, e respondeu como se minha colega e eu quiséssemos enganar o segurança dizendo que o show era de graça. Eu nem argumentei que tinha visto no jornal, e blá blá blá, mas fiquei muito puta da vida. Daí minha colega...
- Po Tati, não vamos embora agora, velho! Vai ficar muito na cara que a gente não vai entrar porque não quer pagar os vinte contos!
- O quê? E eu não tenho orgulho, não, minha filha. Não pago mesmo vinte contos por essa porra, e digo mais: nada de enrolar aqui pra disfarçar, e vamos embora logo porque já são onze e meia e o buzu só roda até meia-noite!
E assim termina a triste história de uma menina que esperava dançar lambada a noite inteira, e volta para casa antes da meia-noite, e aguenta gozação da mãe quando chega em casa. Como podem brincar desse jeito com o sonho de uma ex-criança de cinco anos?
Ok. Eu me empolgo toda, passo o dia inteiro ouvindo as músicas do meu ídolo de infância, aguento um monte de piadas do povo do msn (que viu o que eu estava ouvindo, e veio comentar "hahaha você tá ouvindo Beto Barbosa, Tati!!!"), enfim, eu me requebro na frente do espelho, ouço minha mãe dizer não-sei-quantas-mil-vezes "Ô Tatiana, eu não sabia que você era tão brega", canto "dance e balance e vem!" no banheiro, me arrumo toda e pá, e lá vamos nós, eu e minha amiguinha. Enfim, saí do meu universo de parque da Sementeira, all star, bandas de rock, shows da Plástico ou Coverama. Não por muito tempo.
Minha amiga e eu, duas fudidas, compramos um vinho Dom Bosco numa loja de conveniência, porque, afinal, o consumo dentro daquela boite devia ser caro pra caralho, e a gente não tem carro, e ainda ia ter que pagar uma porra de um taxi, etc e tal. Em suma, somos quebradas.
Depois de pegar muita pilha tomando vinho, enfim nos dirigimos à boite Colosseo. Não havia tanta gente assim na porta, era para haver muito mais, afinal, era O REI DA LAMBADA que ia dar um show naquela noite. Daí minha amiga teve uma brilhante constatação.
- Ô Tati, será que esse show é de graça mesmo?
- É sim po.
- Mas tem tão pouca gente...
- Ah velho, tá bom, vou perguntar ao carinha na porta.
Lá vou eu né...
- Ô moço, hoje o show é de graça né?
- De graça? Bem, eu não sei não. Deixa eu chamar o rapaz ali.
E eis que surge o rapaz, um cara bem grande e com cara de muito atarefado na noite.
- Moço, hoje o show é de graça né?
- Q! Não, hoje não tem isso não.
:S - E quanto é?
- 20.
COMO ASSIM? VINTE REAIS???? O pior é que o cara foi bem grosseiro, e respondeu como se minha colega e eu quiséssemos enganar o segurança dizendo que o show era de graça. Eu nem argumentei que tinha visto no jornal, e blá blá blá, mas fiquei muito puta da vida. Daí minha colega...
- Po Tati, não vamos embora agora, velho! Vai ficar muito na cara que a gente não vai entrar porque não quer pagar os vinte contos!
- O quê? E eu não tenho orgulho, não, minha filha. Não pago mesmo vinte contos por essa porra, e digo mais: nada de enrolar aqui pra disfarçar, e vamos embora logo porque já são onze e meia e o buzu só roda até meia-noite!
E assim termina a triste história de uma menina que esperava dançar lambada a noite inteira, e volta para casa antes da meia-noite, e aguenta gozação da mãe quando chega em casa. Como podem brincar desse jeito com o sonho de uma ex-criança de cinco anos?
quinta-feira, setembro 18, 2008
Balance no A, no B, no C, balance com BB
Ve-lho, hoje vai rolar Beto Barbosa, um dos maiores ícones da lambada, meu ídolo de infância, lá na boite de paty, a Colosseo.
Nada como realizar um sonho de infância, eu, que no AUGE dos meus cinco anos adorava o ritmo "adocica, meu amor, adocica... adocica, meu amor, a minha vidaaaa". Mas eu vou é BEM LINDA, foi mal aê galera cult. Eu não preciso que Caetano diga que Beto Barbosa é bom pra achar digno ir ao show dele (será que ele já disse isso? o.O). Enfim, BEIJOS.
Lições do dia a dia
Umas das melhores qualidades que um homem pode ter é não ter ex-namorada. Além de ficar deslumbrado com você, ele não tem conversinha de trauma nem qualquer antipática querendo aparecer às suas custas. 100 pontos.
quarta-feira, setembro 17, 2008
Marcos
Um dia a cidade lhe pareceu muito desinteressante. As mesmas caras, as mesmas ruas, a cidade tomava a forma de um não-lugar. Cada baforada dos carros, cada horizonte que se estreitava à sua vista, cada dia em que preferia deitar-se a ver algo de novo... tudo isso era um sintoma de que deveria partir. Só se sentia bem perto do mar, pois o mar era a parte mais bela da cidade, e onde se sentia perdido dentro da própria casa.
O que mais o inquietava era a impressão de que já havia conhecido todas as mulheres que poderiam interessá-lo, que não eram muitas. Gostava da experiência, da aventura de encontrar uma nova pessoa na sua vida. O que para muitas mulheres significava a sua falta de comprometimento, para ele era a busca por saber um pouco mais sobre aquela alma e aquele corpo. Uma mulher caminhando na rua não era apenas uma mulher caminhando na rua - ela guardava muitos segredos e desventuras.
Agora andava pelos lugares e pensava, com um leve assomo de tédio, que as mulheres daquela cidade eram muito desinteressantes. Imaginava que seu grande amor não estaria ali, mas deveria se encontrar em alguma esquina desse mundo imenso. Porque, por mais que adorasse a efemeridade de alguns encontros, todas as mulheres com quem havia estado lhe suscitavam a vontade de que fosse ela a mulher com quem ele dividisse tudo o que ele era. Compartilharia uma rede, uma viagem para a Tailândia, compartilharia até a dor de um câncer, se fosse preciso. Ah! Mas não era Ela! Pois por mais que pudesse beijar todas as mulheres de uma festa, sabia que nenhuma delas diria o quanto gosta do pequeno sinal que ele tinha na maçã esquerda do rosto.
Então, se não havia mais ninguém interessante, estava na hora de viver uma aventura em outro lugar. E uma exigência sua era que esse outro lugar tivesse mar ou montanha. Pois o mar e a montanha lhe provocavam uma ascese.
Não acreditava no destino, e por isso tinha vontade de atravessar todos os espaços para lutar contra o acaso e construir um destino com as próprias mãos. Refletia sobre as contingências do mundo, e, a partir do que havia observado na sua mãe, que sempre se conteve diante da grandeza do mundo na pequenez da sua casa, ele desejava ampliar o seu universo e maximizar as possibilidades.
A vida era um jogo, ele tinha que ser um bom jogador. E o bom jogador é, acima de tudo, aquele que é ambicioso e arrisca. O mundo nunca tinha o mesmo tamanho de uma pessoa para outra. O mundo de cada um, pensava, tinha o tamanho inversamente proporcional ao do seu medo.
Cada palmeira na estrada
Tem uma moça recostada
Uma é minha namorada
E essa estrada vai dar no mar
Cada palma enluarada
Tem que estar quieta, parada
Qualquer canção, quase nada
Vai fazer o sol levantar
Vai fazer o dia nascer
Namorando a madrugada
Eu e minha namora - da
Vamos andando na estrada
Que vai dar no avarandado do amanhecer
No avarandado do amanhecer
No avarandado do amanhecer
Caetano Veloso
O que mais o inquietava era a impressão de que já havia conhecido todas as mulheres que poderiam interessá-lo, que não eram muitas. Gostava da experiência, da aventura de encontrar uma nova pessoa na sua vida. O que para muitas mulheres significava a sua falta de comprometimento, para ele era a busca por saber um pouco mais sobre aquela alma e aquele corpo. Uma mulher caminhando na rua não era apenas uma mulher caminhando na rua - ela guardava muitos segredos e desventuras.
Agora andava pelos lugares e pensava, com um leve assomo de tédio, que as mulheres daquela cidade eram muito desinteressantes. Imaginava que seu grande amor não estaria ali, mas deveria se encontrar em alguma esquina desse mundo imenso. Porque, por mais que adorasse a efemeridade de alguns encontros, todas as mulheres com quem havia estado lhe suscitavam a vontade de que fosse ela a mulher com quem ele dividisse tudo o que ele era. Compartilharia uma rede, uma viagem para a Tailândia, compartilharia até a dor de um câncer, se fosse preciso. Ah! Mas não era Ela! Pois por mais que pudesse beijar todas as mulheres de uma festa, sabia que nenhuma delas diria o quanto gosta do pequeno sinal que ele tinha na maçã esquerda do rosto.
Então, se não havia mais ninguém interessante, estava na hora de viver uma aventura em outro lugar. E uma exigência sua era que esse outro lugar tivesse mar ou montanha. Pois o mar e a montanha lhe provocavam uma ascese.
Não acreditava no destino, e por isso tinha vontade de atravessar todos os espaços para lutar contra o acaso e construir um destino com as próprias mãos. Refletia sobre as contingências do mundo, e, a partir do que havia observado na sua mãe, que sempre se conteve diante da grandeza do mundo na pequenez da sua casa, ele desejava ampliar o seu universo e maximizar as possibilidades.
A vida era um jogo, ele tinha que ser um bom jogador. E o bom jogador é, acima de tudo, aquele que é ambicioso e arrisca. O mundo nunca tinha o mesmo tamanho de uma pessoa para outra. O mundo de cada um, pensava, tinha o tamanho inversamente proporcional ao do seu medo.
Cada palmeira na estrada
Tem uma moça recostada
Uma é minha namorada
E essa estrada vai dar no mar
Cada palma enluarada
Tem que estar quieta, parada
Qualquer canção, quase nada
Vai fazer o sol levantar
Vai fazer o dia nascer
Namorando a madrugada
Eu e minha namora - da
Vamos andando na estrada
Que vai dar no avarandado do amanhecer
No avarandado do amanhecer
No avarandado do amanhecer
Caetano Veloso
terça-feira, setembro 16, 2008
Andreza
Um belo dia, Andreza, de repente, foi embora. Eu sempre soube dos seus ímpetos de partir, tinha plena consciência de que ela estava distante. O que mais me angustiava nisso tudo era o fato de, sempre que ela fazia as malas, eu descobrir uma paixão irrefreável por ela. Cheirava o seu cheiro e beijava a sua boca em plena fronha no meu travesseiro, ao passo que, assim que ela retornava, o seu sabor me era amargo e o seu semblante era recoberto por uma névoa de tédio. Eu só queria Andreza quando ela não podia ser minha. Era um fato.
Mas o que me atraía em Andreza? Talvez a intensidade, a intuição em lugar de inteligência, a genialidade presente em sua falta de método. Às vezes me sentia pequeno perto dela. Pequeno não no sentido de inferior, mas como se ela fosse me abocanhar a qualquer momento, tamanha era a sua vivacidade.
O que falta em Andreza é o rigor de uma boa mãe e a segurança do conforto de um lar. Pois com ela, eu nunca me sentia em casa, mas num trailer ou pedindo carona na estrada. E aquilo me fazia querer viver com ela aventuras e mais aventuras, sem nunca embarcar de vez na sua viagem louca.
Ah, mas eu não quero perder Andreza de jeito nenhum! E todos os seus retornos, ao mesmo tempo em que me fazem desvalorizá-la por acabar me dando conta de que suas idas sempre terão voltas, eles enchem-me de tesão pela euforia compulsiva da briga e da reconciliação. Como um amante das aventuras, mas falso aventureiro contido pela rotina, eu me embriagava com Andreza e me extasiava com nossa novela mexicana. Acendo um charuto.
Mas o que me atraía em Andreza? Talvez a intensidade, a intuição em lugar de inteligência, a genialidade presente em sua falta de método. Às vezes me sentia pequeno perto dela. Pequeno não no sentido de inferior, mas como se ela fosse me abocanhar a qualquer momento, tamanha era a sua vivacidade.
O que falta em Andreza é o rigor de uma boa mãe e a segurança do conforto de um lar. Pois com ela, eu nunca me sentia em casa, mas num trailer ou pedindo carona na estrada. E aquilo me fazia querer viver com ela aventuras e mais aventuras, sem nunca embarcar de vez na sua viagem louca.
Ah, mas eu não quero perder Andreza de jeito nenhum! E todos os seus retornos, ao mesmo tempo em que me fazem desvalorizá-la por acabar me dando conta de que suas idas sempre terão voltas, eles enchem-me de tesão pela euforia compulsiva da briga e da reconciliação. Como um amante das aventuras, mas falso aventureiro contido pela rotina, eu me embriagava com Andreza e me extasiava com nossa novela mexicana. Acendo um charuto.
segunda-feira, setembro 15, 2008
Eu sei que postar letra de música é coisa de guria, mas me identifiquei muito com essa música do Coldplay #)
Look at earth from outer space
Everyone must find a place
Give me time and give me space
Give me real, don't give me fake
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Give time give us a kiss
Tell me your own politic
And open up your eyes
Open up your eyes
Give me one, 'cause one is best
In confusion, confidence
Give me peace of mind and trust
Don't forget the rest of us
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Wounds that heal and cracks that fix
Tell me your own politic
And open up your eyes
Just open up your eyes
But give me love over, love over, love over this, I ...
And give me love over, love over, love over this, I ...
Look at earth from outer space
Everyone must find a place
Give me time and give me space
Give me real, don't give me fake
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Give time give us a kiss
Tell me your own politic
And open up your eyes
Open up your eyes
Give me one, 'cause one is best
In confusion, confidence
Give me peace of mind and trust
Don't forget the rest of us
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Wounds that heal and cracks that fix
Tell me your own politic
And open up your eyes
Just open up your eyes
But give me love over, love over, love over this, I ...
And give me love over, love over, love over this, I ...
Laura
De uma forma ou de outra, eu sentia que poderia possuir Laura por inteiro. Tinha plena consciência que faltava-me apenas uma aproximação. Laura não tomaria o primeiro passo, não se arriscaria a tanto. Para ela tudo estava como estava e nada mais. Não havia incômodo algum em sua situação.
Suas palavras costumavam ser muito obtusas. Ela não queria deixar claro o que sentia ou pensava. Também escondia qualquer ciúme ou sinal de afeto. A verdade estava nas ações, então se não dissesse ou demonstrasse afeto, ele simplesmente não existiria.
Laura fazia-se de aventureira incorrigível. Todas as suas experiências mais sólidas com outras pessoas se mostravam vazias em seus relatos. Como se tudo não fosse nada além de um equívoco. Nas suas histórias havia, muito mais do que desabafos, uma maneira sutil de me afastar. Era como se me avisasse do meu futuro, caso quisesse um contato mais próximo. A dureza como observava a falha de outras pessoas era a mesma dureza como me prevenia de que jamais me amaria.
Eu não queria Laura. Nela eu via o projeto não realizado, tudo que poderia ser, mas não é. Até porque alguma coisa faltava em Laura. Meu sentimento por ela se mantinha suspenso, havia até alguma vontade de concretizá-lo. Entretanto, logo percebia que não era Laura quem eu queria, era o que Laura não almejava ser. Eu desejava o que Laura seria sem tanta hostilidade nas palavras, sem tanta frieza na postura, sem tanto fingir que não se importava.
Sentia-a se afastando de mim cada vez mais. Perdia-a aos poucos, e era uma pequena dor sempre que percebia um pouco dela dando adeus. Sabia que, muito provavelmente, poderia detê-la, mas faltava-me ânimo e coragem para impedi-la de ir embora. Lamentava a partida dela num impulso de ausência, num suspiro. Apenas a deixava partir, e não queria e nem me atreveria a conquistá-la. Ela era para mim uma ameaça.
Suas palavras costumavam ser muito obtusas. Ela não queria deixar claro o que sentia ou pensava. Também escondia qualquer ciúme ou sinal de afeto. A verdade estava nas ações, então se não dissesse ou demonstrasse afeto, ele simplesmente não existiria.
Laura fazia-se de aventureira incorrigível. Todas as suas experiências mais sólidas com outras pessoas se mostravam vazias em seus relatos. Como se tudo não fosse nada além de um equívoco. Nas suas histórias havia, muito mais do que desabafos, uma maneira sutil de me afastar. Era como se me avisasse do meu futuro, caso quisesse um contato mais próximo. A dureza como observava a falha de outras pessoas era a mesma dureza como me prevenia de que jamais me amaria.
Eu não queria Laura. Nela eu via o projeto não realizado, tudo que poderia ser, mas não é. Até porque alguma coisa faltava em Laura. Meu sentimento por ela se mantinha suspenso, havia até alguma vontade de concretizá-lo. Entretanto, logo percebia que não era Laura quem eu queria, era o que Laura não almejava ser. Eu desejava o que Laura seria sem tanta hostilidade nas palavras, sem tanta frieza na postura, sem tanto fingir que não se importava.
Sentia-a se afastando de mim cada vez mais. Perdia-a aos poucos, e era uma pequena dor sempre que percebia um pouco dela dando adeus. Sabia que, muito provavelmente, poderia detê-la, mas faltava-me ânimo e coragem para impedi-la de ir embora. Lamentava a partida dela num impulso de ausência, num suspiro. Apenas a deixava partir, e não queria e nem me atreveria a conquistá-la. Ela era para mim uma ameaça.
sexta-feira, setembro 12, 2008
quinta-feira, setembro 11, 2008
11 de setembro
Quando olhei a data de hoje, tomei um susto: né que é 11 de setembro? Então veio aquela velha pergunta: será que alguém vai realizar um ataque terrorista para celebrar a derrubada do World Trade Center?
Deve haver muita gente fazendo planos infalíveis para essa data. Ou não. Afinal, nessa época os EUA ficam armados até os dentes (ainda mais malucos do que de costume). Incrível como o espetáculo em volta da guerra mexe com a nossa cabeça. Quando penso em ataque terrorista, logo imagino algum mulçumano fantasiado de homem-bomba.
Do lado de cá, eu não comemoro o fato de o Brasil não viver em guerra, como faz minha avó. Seria redundante dizer que o Brasil vive suas guerras. Voltando ao assunto, lembro-me como hoje do meu 11 de setembro.
Não foi um dia que me trouxe comemorações ou lágrimas, apenas o olhar de "putz, para onde esse mundo vai ein?". Recordo o instante em que assisti pela televisão a visão espetacular do avião indo de encontro ao World Trade Center. Parecia coisa de filme, daqueles filmes que os americanos fazem porque vivem se cagando de medo de verem seu império ser demolido.
No dia seguinte, tive aula de história na escola. Meu professor, que vivia esbravejando sobre o quanto os EUA eram malditos na corrida para o Oeste e nas guerras no Oriente Médio, apareceu vestindo uma camisa com a imagem de uma das torres gêmeas sendo aniquilada por um avião, tendo logo abaixo da foto o seguinte dizer: "Isso é só o começo..."
Para mim, como disse antes, tal acontecimento não representa nem tristeza nem alegria. Só desapontamento. O ataque às torres gêmeas significa para mim, principalmente, uma grande bofetada nessa bobagem toda de pós-modernidade, de fim da geografia e fim da história, de soterramento das fronteiras espaço-temporais e blá blá blá.
Como se agora, porque pessoas de diferentes países podem conversar pelo ciberespaço, todo mundo fala a mesma língua, como se, porque tem coca-cola em qualquer lugar, as culturas serão unificadas. Daí, quando a gente vê um evento como esse do World Trade Center, percebemos que, se por um lado a globalização une, ela também desune, na medida em que provoca resistências ainda mais violentas de determinadas culturas que são dominadas por outras.
No mais, a globalização através dos meios de comunicação de massa nos proporciona essa experiência de assistir à guerra, de compartilhar o medo com o mundo todo, de ver imagens semelhantes, num universo em que a gente às vezes não sabe ao certo se está vendo o noticiário ou um filme.
Sobre a busca pela captura de Osama Bin Laden, a porta-voz da Casa Branca, Dona Perino, afirmou ontem:
- Há limitações humanas. Isso não é como nos filmes. Não temos super-poderes.
Big bang?
Fiquei sabendo de uma experiência que pretende comprovar a veracidade da teoria do Big Bang. Alguns estão apavorados com a possibilidade de se formar um buraco negro que dará fim ao planeta Terra devido à brincadeira dos cientistas com as tais partículas.
Engraçado o sensacionalismo que a imprensa adora fazer com os experimentos e as descobertas da ciência. Jornalistas praticamente fazem ficção científica em suas reportagens. Mas é claro: os homens se assustam com o poder da ciência e fazem questionamentos éticos que consistem basicamente em perguntar se, afinal, devemos ou não nos transformar em deuses.
De um lado os que acreditam na ciência, do outro os que têm fé em Deus. Duas crenças, e eu não defendo nenhuma. Para mim é uma grande bobagem essa história de que o homem é super poderoso, assim como não entendo porque deveria haver Deus se as coisas são o que são, e o mundo apenas está.
De uma forma ou de outra, não vejo nessa experiência uma grande ameaça. Afinal, dizem que se fôssemos sugados por um buraco negro não iríamos nem perceber, pois o mundo acabaria num piscar de olhos. Não vejo razão em temer algo que não traz sofrimento. Seria o fim e ponto final.
Engraçado o sensacionalismo que a imprensa adora fazer com os experimentos e as descobertas da ciência. Jornalistas praticamente fazem ficção científica em suas reportagens. Mas é claro: os homens se assustam com o poder da ciência e fazem questionamentos éticos que consistem basicamente em perguntar se, afinal, devemos ou não nos transformar em deuses.
De um lado os que acreditam na ciência, do outro os que têm fé em Deus. Duas crenças, e eu não defendo nenhuma. Para mim é uma grande bobagem essa história de que o homem é super poderoso, assim como não entendo porque deveria haver Deus se as coisas são o que são, e o mundo apenas está.
De uma forma ou de outra, não vejo nessa experiência uma grande ameaça. Afinal, dizem que se fôssemos sugados por um buraco negro não iríamos nem perceber, pois o mundo acabaria num piscar de olhos. Não vejo razão em temer algo que não traz sofrimento. Seria o fim e ponto final.
terça-feira, setembro 09, 2008
A mesma correspondência em dois tempos, presente e passado, de dentro e de fora, são duas correspondências.
Antes de ontem li e-mails de um antigo caso. Tantas coisas que passaram despercebidas por mim, agora se revelavam, para meu espanto. Não sei qual das duas perspectivas, a de dentro das emoções do prensente, ou a de fora, que contempla o passado distante através de um olhar racional, é a verdadeira.
Sei que uma coisa parece-me certa: lendo aquelas palavras no atual momento pude perceber fraquezas e inseguranças em quem antes sempre me pareceu tão impávido diante dos acontecimentos.
Antes de ontem li e-mails de um antigo caso. Tantas coisas que passaram despercebidas por mim, agora se revelavam, para meu espanto. Não sei qual das duas perspectivas, a de dentro das emoções do prensente, ou a de fora, que contempla o passado distante através de um olhar racional, é a verdadeira.
Sei que uma coisa parece-me certa: lendo aquelas palavras no atual momento pude perceber fraquezas e inseguranças em quem antes sempre me pareceu tão impávido diante dos acontecimentos.
segunda-feira, setembro 08, 2008
Jeito bocó de ser
Uma vez eu entrei na comunidade "Somos blasé". Era moderada, e adivinha o que aconteceu? Não fui aceita.
De fato. De onde diabos eu tirei a idéia de que sou blasé, minha gente??? Uma pessoa que quando ri, sempre aparece alguém pra dizer com espanto "mas o que foi isso??? que risada é essa, menina???"; um ser que vive fazendo piadinhas sem graça; alguém que passa a vida mangando de si mesma e dos outros...
Eu até queria ser misteriosa, uma mulher fatal, mas não consigo :(
De fato. De onde diabos eu tirei a idéia de que sou blasé, minha gente??? Uma pessoa que quando ri, sempre aparece alguém pra dizer com espanto "mas o que foi isso??? que risada é essa, menina???"; um ser que vive fazendo piadinhas sem graça; alguém que passa a vida mangando de si mesma e dos outros...
Eu até queria ser misteriosa, uma mulher fatal, mas não consigo :(
domingo, setembro 07, 2008
Estive na última semana em Natal para apresentar um artigo no Intercom (e farrear um pouquinho, porque ninguém é de ferro hehehe). Daí, como pessoa observadora que sou, fiquei reparando na postura, nos hábitos desses seres estranhos que são os pesquisadores.
Algo que me chamou a atenção foi a diferença gritante entre as discussões realizadas no congresso de iniciação científica, o Intercom Júnior, e os debates nos núcleos de pesquisa, que abarcam de mestrandos pra cima.
Primeiramente, é incômoda a maneira como o núcleo de semiótica discute. Explico: a elite intelectual da PUC e da USP se reúne numa sala e fica falando um lero lero para só eles entenderem. Houve uma apresentação em que eu não entendia absolutamente nada do que a congressista falava, mas compreendia o texto dela, que estava em grande parte nos slides. Uma fala que seria para simplificar e sintetizar, só complicava. Depois de duas palestras seguidas em que eu entendia muito pouco do que os especialistas falavam, eu comecei a entender o porquê de a moça da organização, que pedia para assinar a lista de inscritos na porta da sala, ter olhado para mim bastante surpresa com o meu interesse em ver as discussões sobre semiótica.
- Olha, aqui é o núcleo de semiótica - disse como quem pergunta "mas você, assim tão novinha, realmente quer participar?".
Fui embora do núcleo. Eles, que são semioticistas, que se entendam. Talvez não por pedantismo ou coisa do tipo, mas porque realmente é muito difícil falar de conceitos tão complexos em apenas 20 minutos no máximo.
Em outros NPs as discussões foram bem compreensíveis, ao contrário do NP de Semiótica. Os NPs de Audiovisual e de Teoria da Comunicação trouxeram discussões bem interessantes. Agora, uma coisa os diversos NPs têm em comum: o fato de os pesquisadores se digladiarem no congresso.
Diferente do que ocorre no Intercom Júnior, onde os estudantes só intervêm para demonstrar interesse pelo trabalho do outro, os NPs são verdadeiros campos de luta. Não sei até que ponto certos debates são embates teóricos ou de egos. Sei que você chega lá e vê um doutor apresentar a sua tese em 15 minutos, e depois aparece não sei quem para dizer que o conceito que ele utilizou é "vago", ou Fulana falar sobre sua dissertação em andamento e Cicrano dizer que, ao contrário do que ela afirma, o cineasta X é realista e recomenda um livro tal. Aí depois a Fulana diz que se ele ler a edição tal de uma determinada revista de crítica de cinema, ele vai ver que o tal cineasta declarou em entrevista que está muito equivocado quem diz que ele é realista. E etc etc etc.
Apesar do embate de teorias (ou egos, quem sabe) ser meio hostil às vezes, é até divertido ver o povo debatendo. É que no Intercom Júnior muito pouca gente se interessa por discutir o que um estudante fala. Fica aquele olhar compreensivo, aquela coisa "mas que bonitinho o Fulaninho ali apresentando". Já no NP, se por um lado há muita vaidade intelectual, por outro há mais questionamento, mais crítica, e crítica, quando feita de maneira saudável, é uma coisa essencial em pesquisa. Mas, ao que parece, nos próximos anos o Intercom vai misturar os pesquisadores dos mais diversos níveis. Não sei se é uma boa. Vamos ver se os estudantes terão de exercitar mais o lado crítico e os especialistas sairão da torre de marfim, ou se os estudantes serão escrachados, ou as duas coisas.
Algo que me chamou a atenção foi a diferença gritante entre as discussões realizadas no congresso de iniciação científica, o Intercom Júnior, e os debates nos núcleos de pesquisa, que abarcam de mestrandos pra cima.
Primeiramente, é incômoda a maneira como o núcleo de semiótica discute. Explico: a elite intelectual da PUC e da USP se reúne numa sala e fica falando um lero lero para só eles entenderem. Houve uma apresentação em que eu não entendia absolutamente nada do que a congressista falava, mas compreendia o texto dela, que estava em grande parte nos slides. Uma fala que seria para simplificar e sintetizar, só complicava. Depois de duas palestras seguidas em que eu entendia muito pouco do que os especialistas falavam, eu comecei a entender o porquê de a moça da organização, que pedia para assinar a lista de inscritos na porta da sala, ter olhado para mim bastante surpresa com o meu interesse em ver as discussões sobre semiótica.
- Olha, aqui é o núcleo de semiótica - disse como quem pergunta "mas você, assim tão novinha, realmente quer participar?".
Fui embora do núcleo. Eles, que são semioticistas, que se entendam. Talvez não por pedantismo ou coisa do tipo, mas porque realmente é muito difícil falar de conceitos tão complexos em apenas 20 minutos no máximo.
Em outros NPs as discussões foram bem compreensíveis, ao contrário do NP de Semiótica. Os NPs de Audiovisual e de Teoria da Comunicação trouxeram discussões bem interessantes. Agora, uma coisa os diversos NPs têm em comum: o fato de os pesquisadores se digladiarem no congresso.
Diferente do que ocorre no Intercom Júnior, onde os estudantes só intervêm para demonstrar interesse pelo trabalho do outro, os NPs são verdadeiros campos de luta. Não sei até que ponto certos debates são embates teóricos ou de egos. Sei que você chega lá e vê um doutor apresentar a sua tese em 15 minutos, e depois aparece não sei quem para dizer que o conceito que ele utilizou é "vago", ou Fulana falar sobre sua dissertação em andamento e Cicrano dizer que, ao contrário do que ela afirma, o cineasta X é realista e recomenda um livro tal. Aí depois a Fulana diz que se ele ler a edição tal de uma determinada revista de crítica de cinema, ele vai ver que o tal cineasta declarou em entrevista que está muito equivocado quem diz que ele é realista. E etc etc etc.
Apesar do embate de teorias (ou egos, quem sabe) ser meio hostil às vezes, é até divertido ver o povo debatendo. É que no Intercom Júnior muito pouca gente se interessa por discutir o que um estudante fala. Fica aquele olhar compreensivo, aquela coisa "mas que bonitinho o Fulaninho ali apresentando". Já no NP, se por um lado há muita vaidade intelectual, por outro há mais questionamento, mais crítica, e crítica, quando feita de maneira saudável, é uma coisa essencial em pesquisa. Mas, ao que parece, nos próximos anos o Intercom vai misturar os pesquisadores dos mais diversos níveis. Não sei se é uma boa. Vamos ver se os estudantes terão de exercitar mais o lado crítico e os especialistas sairão da torre de marfim, ou se os estudantes serão escrachados, ou as duas coisas.
segunda-feira, setembro 01, 2008
sábado, agosto 30, 2008
Então eu vejo no MSN hoje: Michael Jackson jovem aos 50 anos.
JOVEM????
Para mim o cara é um doente, porque só uma pessoa muito doente mesmo para mudar de cor, só sendo bizarramente racista e imbecil. Eu vejo é um cara feio para caralho, cheio de plásticas, um boneco tosco. Um cara que era bonito que só faz uma merda dessa...
JOVEM????
Para mim o cara é um doente, porque só uma pessoa muito doente mesmo para mudar de cor, só sendo bizarramente racista e imbecil. Eu vejo é um cara feio para caralho, cheio de plásticas, um boneco tosco. Um cara que era bonito que só faz uma merda dessa...
quinta-feira, agosto 28, 2008
Tenho coisa pra caramba explodindo na cabeça e mal consigo escrever. Às vezes escrevo aleatoriamente um monte de coisa, mas mesmo para isso preciso de um tanto de "linha de raciocínio", o que não consigo estabelecer agora. Sinto um impulso de falar, mas em seguida uma inquietação que me toma de forma abrupta, até finalmente estancar com certa violência na pausa. Como um silência suspenso em pleno carnaval. Como uma incompreensão tremenda, tão cheia de sensações. Idéias avulsas, obscuridade, falsa lucidez que se impõe sobre o que é inexplicável. Sou eu tentando domar os meus pensamentos - não os explicando - todavia tão somente os evitando.
quarta-feira, agosto 27, 2008
Aceite esta humilde porção de farofa...
Ontem eu me levantei indignada com o meu irmão que havia deixado a TV ligada quando, ao chegar diante da televisão com meu indicador pronto para desligá-la, eu me deparo com uma coisa linda de deus na TV. Ai meu deus, não bota uma homem lindo desse na minha frente que assusta!!!
Era Rodrigo Santoro. Fiquei besta com a maneira como o cara conversava. Ele era muito inteligente, de maneira aparentemente modesta. O cara falava sobre ioga, sobre os filmes em que atuou... tudo para ele parecia ser apaixonante. E quando recebia um elogio, logo tratava de fazer alguma brincadeira. "Olha só o peitoral dele"... comentou o apresentador..."Ah, mas como você pode ver tem até uns pêlos brancos aqui", replicou.
Sei que quando o Jô Soares (odiado e amado por muitos, como todo apresentador da Rede Globo, a la Faustão e Galvão Bueno), perguntou a ele sobre o que ele gostava de comer, ele deu uma resposta ton fofinha.
- Ah, eu como arroz integral, uma saladinha, um peixe, soja, gosto de ter uma alimentação saudável...
- Então você não come COMIDA né?
- Ah não, eu como muito doce, adoro um chocolate...
- E do que você sente falta quando tá longe?
- Farofa.
- Você gosta de que tipo de farofa?
- Todas. Eu amo farofa.
Daí o Jô Soares comentou sobre o quanto os olhos deles brilharam de forma tão intensa falando da farofa. Percebi.
Era Rodrigo Santoro. Fiquei besta com a maneira como o cara conversava. Ele era muito inteligente, de maneira aparentemente modesta. O cara falava sobre ioga, sobre os filmes em que atuou... tudo para ele parecia ser apaixonante. E quando recebia um elogio, logo tratava de fazer alguma brincadeira. "Olha só o peitoral dele"... comentou o apresentador..."Ah, mas como você pode ver tem até uns pêlos brancos aqui", replicou.
Sei que quando o Jô Soares (odiado e amado por muitos, como todo apresentador da Rede Globo, a la Faustão e Galvão Bueno), perguntou a ele sobre o que ele gostava de comer, ele deu uma resposta ton fofinha.
- Ah, eu como arroz integral, uma saladinha, um peixe, soja, gosto de ter uma alimentação saudável...
- Então você não come COMIDA né?
- Ah não, eu como muito doce, adoro um chocolate...
- E do que você sente falta quando tá longe?
- Farofa.
- Você gosta de que tipo de farofa?
- Todas. Eu amo farofa.
Daí o Jô Soares comentou sobre o quanto os olhos deles brilharam de forma tão intensa falando da farofa. Percebi.
Não seja por isso, que eu aprendo no Google a preparar TODOS os tipos de farofa.
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