Sempre fui assim, intuitiva. Minha inteligência não funciona por meio da lógica, mas da sensibilidade. Reconheço o caminho porque tateio as ruas, e não porque as conheço de cor. É por isso que posso me perder com a mesma facilidade com que me acho. Afinal, às vezes tomo uma rua como outra, e sigo o caminho até me dar conta de que todas as esquinas que cruzei, e que eu achava que eram as certas, não passavam de pura fantasia. Preciso saber os nomes das ruas e os números das casas.
Dessa vez, a minha intuição me pregou uma estranha peça. Soube que Dimitri havia terminado seu namoro. O que parecia um entendimento equivocado de um conversa que tivemos, era a mais pura verdade. Ele estava desabafando comigo com palavras obtusas. Mas o que ele queria dizer com toda aquele papo de destino? E sobre as coisas em que depositamos nossas expectativas, mas que não duram para sempre? Ele queria dizer que o destino havia me colocado no meio do caminho dele? E que o seu relacionamento de anos já se arrastava demais, indo de encontro ao que ele entendia sobre amor e tempo?
Eu não sei! Agora eu sentia como se essa fosse a minha grande oportunidade e eu tivesse que jogar. Só que, quando pressionadas, as pessoas podem errar dizer o próprio nome num jogo que vale muito. E eu não tenho o sangue frio que os jogadores têm. Eu não conto as cartas. Eu sinto e sigo o jogo como se ele me conduzisse com vida própria.
Talvez essa de se deixar levar tenha algo a ver com impulsividade. Bons jogadores blefam ao invés de perderem as estribeiras. Calculam em lugar de agirem com ousadia. Não colocam o carro na frente dos bois. Eu sei o que eu deveria fazer. Teria que me aproximar pouco a pouco, afinal, eu não faço mais parte da vida dele. Não deveria ter a pretensão de tratá-lo como íntimo se assim não somos. Mesmo que eu confie nele, ele pode simplesmente não confiar em mim. Sou uma desconhecida. Pode achar que não vou fazer nada além de bagunçar a sua vida de novo. Talvez esteja confuso e precisando estar só depois do fim de um amor eterno. Quem sabe eu não deva fazer nada além de permanecer distante!
Agora que finalmente o reencontro parece ser possível, eu prefiro deixar essa história pra lá. Estou vendo coisa onde não existe. De volta ao cotidiano, novamente esquecerei dele na vida ordinária. Só não sei quando, afinal, deixarei de experimentar, ao vê-lo, aquela mesma sensação de que tive saudade durante todo esse tempo. E se eu, em verdade, não senti tanta falta dele assim, o infinito da ausência naquele momento me fez ver que a saudade tanto pode ser pequena todo dia, quanto grande de uma vez só. Não é que eu seja uma apaixonada saudosa. É que por ele sinto saudade, e não paixão - é de amor ao passado que às vezes eu vivo.
3 comentários:
acho que preciso ler a primeira parte...
agora eu entendi...
Não acho que você esteja vendo coisas onde não existe nada, sinceramente... mas o melhor é deixar as coisas rolarem. é isso o que importa, entender é pra depois, só depois.
Atualiza, Tati... bjs.
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