sábado, novembro 15, 2008

Antitrama

Tenho um amigo que conheci há algum tempo, mas que hoje em dia nosso contato é possível apenas através do mundo virtual. Não sabemos se um dia iremos nos reencontrar pessoalmente. Não que nossas conversas sejam impessoais. O que me chama atenção nesse amigo é o fato de que o contato que tivemos cara a cara foi muito breve, todavia estamos sempre nos entendendo de alguma forma. Só que sobre ele eu nada sei além de suas sensações. Isso mesmo, sensações.

É que ele não me conta histórias com início, meio e fim, não narra fatos mais concretos de sua vida. Seus relatos são cheios de incertezas, de vácuos de informação. Acostumei-me a isso. Se ele está confuso, eu sei como ele está confuso, mas não o porquê. Também conheço mais sua visão de mundo do que sua vida.

Às vezes converso com ele sobre as minhas impressões. Sinto que ele compartilha comigo algumas delas, e me entende mais do que a maioria das pessoas com quem convivo. Somos íntimos, mas também desconhecidos. A nossa relação é muito mais intimista do que narrativa. Nossas conversas são como aqueles filmes que preferem falar de sensações ao invés de fatos.

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