quarta-feira, dezembro 22, 2010

Crítica da internet - parte 1


Lá vou eu com mais uma proposta de série, mas será que vou dar continuidade? Enfim, tenho refletido sobre algumas problemáticas do ciberespaço e logo me lembrei de O show do eu, da Paula Sibilia. Em suma, o que Paula Sibilia afirma em seu estudo é que no tempo da ascenção da burguesia, paralelamente ao desenvolvimento da esfera pública enquanto prática do debate político essencial para a democracia, que ocorreu em locais como os cafés de Paris, houve também o incremento da subjetividade com a formação da família nuclear burguesa e a existência de espaços como o quarto individual, onde era possível estar a sós consigo mesmo, e ainda o enriquecimento dessa mesma subjetividade através da popularização da prática da escrita e da leitura.

No entanto, na esteira de Richard Sennett, Paula Sibilia fala sobre "o declínio do homem público". Digamos que vivemos numa época que valoriza demais a dimensão subjetiva e na qual a participação ativa na vida política é muito pequena. E essa subjetividade, antes vivida na dimensão única do espaço-tempo da intimidade do quarto e restrita a um diário escrito a sete chaves, agora perambula na amplitude e incerteza do tempo e do espaço da internet, bem como está em evidência numa vitrine virtual para qualquer um ver - num blog, por exemplo.

E é aí onde eu começo a me questionar a respeito do meu próprio blog. Dia desses estava em crise pensando na possibilidade de fechar minha conta. Não é a primeira vez que isso acontece, mas ao contrário do orkut, que eu cancelei váaarias vezes, nunca tive coragem de fechar meu blog. Mas ando repensando sobre ele.

Até que ponto é saudável expor a intimidade dessa forma? Quais são os olhos punidores que estão nos olhando? E mais: enquanto a internet apresenta um imenso potencial de mobilização social, nós nos perdemos submergindo na nossa intimidade e nos trazendo à exibição pública. Onde está a política nisso tudo?

Submetendo-nos à exibição, nós aprimoramos os mecanismos de poder, de acordo com Foucault, que é citado por Paula Sibilia. Segundo Foucault, a confissão pode ser uma técnica de vigilância que torna as micro-relações de poder ainda mais sutis e aperfeiçoadas - como no confessionário na igreja, por exemplo. E é assim que diversas empresas analisam o que os candidatos a vagas de emprego dizem na internet: em blog, orkut, twitter, facebook, etc. Como vi um cara dizer no twitter: "a moça disse que eu era competente, mas que não ia me contratar porque eu falava muita besteira no twitter".

Pois é. Por desejar tomar cada vez mais cuidado com o que digo seja para as pessoas com as quais me relaciono, seja com o que é publicado na internet, é que ando me questionando sobre os caminhos desse blog.

2 comentários:

Gomorra disse...

Ah, este dilema, como já me perseguiu também...
Se um dia eu for mandado para fora do DAA, será que terei facilidade para ser recontratado? Não falo tanta besteira assim no Twitter, mas exponho-me 'ad extremis' e volta e meia tem foto minah nu por aí, de frente, por trás, de lado, etc.. E todo mundo sabe quem eu gosto, quem desgosta de mim, etc. E elogio minha dispoição trabalhista de vez em quando... Ah, sei lá, dá medo, mas eu DEFINITIVAMENTE não me imagino mais sem 'blog'. Meu Fotolog, por exemplo, é diariamente atualizado desde 2003! Dia após dia, ás vezes, já durmo pensando no que vou ecsrever no dia seguinte...


Que dilema.

Segue a série, nos irmanamos neste sentido!

WPC>

allysson thierry disse...

pois, se eu n desabafar com o blog e a internet em geral, vou acabar gastando mt com psicólogos...
...e assim...o google é grátis
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk