domingo, julho 09, 2006

Perder o medo da chuva


Pensei em escrever esse texto depois de algumas idéias, alguns conceitos que ando questionando. Mas pra falar de amor, eu não quero parecer uma sábia, a dona da verdade. Todas as cartas de amor são ridículas, já dizia Fernando Pessoa, e sim, a única definição que tenho sobre o amor é de que ele é ridículo. Para além de tudo isso, andei pensando e conversando com vários amigos sobre o amor livre.

Algo que sempre me pareceu impossível de alcançar, considerando que nós, seres humanos, somos todos cheios de inseguranças e egoísmos, o amor livre agora me parece uma forma de amar muito sincera.

Quando falo em amor livre, alguns chamam de putaria ou coisa de quem está revoltado e não quer se envolver. Mas quem disse que uma pessoa num relacionamento aberto não se apaixona? Ama sim, com direito a todas as coisas bobas, os encantos, a poesia. Mas não o encanto do amor romãntico, da idealização, e sim a poesia de amar alguém honestamente, de se encantar não pelo que o outro tem de herói, mas, por exemplo, pelo jeito que ele mexe o cabelo.

Nós temos medo de perder as pessoas que amamos. Mas no amor livre você não terá como perder alguém, até porque essa pessoa não é sua. É a absoluta negação da posse. Ora, você vai ter alguém junto de você porque não lhe permitiu escolha, e não por ela realmente querer estar com você? E mais: no amor livre amar outras pessoas está permitido.

Todos sentimos atração por várias pessoas, queremos conversar e estar junto de tantas gentes interessantes, então não vejo o que haveria de errado em permitir essa aproximação, e sentir prazer, não sei onde está a traição.

Algo muito bonito no ser humano é a diversidade. Cada pessoa com quem a gente se relaciona tem um jeitinho todo seu, umas manias tão suas, e nos trazem experiências novas. No amor livre, nós nos permitimos ter essas experiências.

É difícil? É. Sempre é difícil romper com padrões sociais. Não digo que essa é a melhor maneira de amar para todos, mas cada um de nós precisa buscar a sua forma de bem estar. Só não quero ficar sem saber dos amores que a vida me trouxe e não pude viver.

Um comentário:

Anônimo disse...

Viva o mundo moderno em pensamento... Mas, nesse sentido, eu sou tão pré-arcaico que tenho, de vc, um bocado de inveja.

PS.: Valeu pela moral.