segunda-feira, julho 31, 2006
Os caminhos tortuosos da paixão
Algo que me atraía muito na minha tenra infância eram as capas dos livros Sabrina da minha mãe. Aquelas mulheres nuas ou seminuas envoltas pelos braços de um homem com ar de Dom Juan. Bastava eu abrir um livro, então minha vó vinha dizer que era imoral, e tomava-o das minhas mãos. Resultado: fiquei com tara por livros Sabrinas. Está certo que esses livros são uma porcaria, eu sei. Meu professor de Literatura no segundo ano do ensino médio dizia que o seu professor da faculdade o obrigava a lê-los para ele saber o que era péssima literatura, e falar mal de Paulo Coelho, Stephen King e Sabrinas com embasamento, e não porque estava na moda. Tá, mesmo sem ler já sei que é ruim, machista, imbecil. Mas não adianta. Minha avó me deixou com fetiche por Sabrinas, quem manda ela dizer que era feio, imoral e proibido? Agora que eu achei um sobre a estante da sala, não vou resistir em ler.
sábado, julho 29, 2006
Adoro besouros
Beatles é a minha banda das manhãs, das músicas que ouço pra começar o dia, como diria Mário Quintana, "de alma aberta e o coração cantando".
Aí pego o ônibus e na minha cabeça é só "Got a good reason, to taking the easy way out, got a good reason for taking the easy way out now...". Poxa, e um dia desses juro que vi John Lennon no ônibus. Mas o cara era realmente igualzinho a ele!
Um pergunta me instiga: seriam os Beatles uns dos primeiros boys band, seguindo a tradição já firmada por Elvis Presley, vulgo Rei do rock? Consigo imaginar perfeitamente os Backstreet boys cantando "Look (charminho, dedo indicador apontando) what you're doing (esse "doing" é bem forte, mão no lado esquerdo do peito) I'm feeling blue and lonely would it be so much (cara de cachorro pidão) to ask of you what you're doing to me (esse "to me" é bem calminho). Outra coincidência seria os gritos das garotas. Bem, de qualquer forma, nunca que aqueles filhinhos de papai movidos a playback comporiam músicas como as dos Beatles.
Costumo me imaginar dirigindo um carro numa estrada, do lado o mar imenso, no som Beatles, e essa pessoa insana que soy yo cantando de óculos escuros e balançando a cabeça. Realizará Dunya um dia a sua empreitada?
I'm oly sleeping
I should have known better
Something
Come together
I'm so tired
Day tripper
Don't let me down
What you're doing
No reply
You've got to hide your love away
Get back
I me mine
I am the walrus
Strawberry fields forever
There's a place
I'm looking through you
Hey bulldog
sexta-feira, julho 28, 2006
"Continuo com capacidade de raciócínio - já estudei matemática que é a loucura do raciocínio - mas agora quero o plasma - quero me alimentar diretamente da placenta. Tenho um pouco de medo: medo ainda de me entregar pois o próximo instante é feito por mim? ou se faz sozinho? Fazemo-lo juntos com a respiração. E com uma desenvoltura de toureiro na arena"
"Meus dias são só um clímax: vivo à beira"
"Sei que meu olhar deve ser o de uma pessoa primitiva que se entrega toda ao mundo, primitiva como os deuses que só admitem vastamente o bem e o mal e não querem conhecer o bem enovelado como em cabelos no mal"
"Vou crescendo com o dia que ao crescer me mata certa vaga esperança e me obriga a olhar cara a cara o duro sol"
"Quero a vibração do alegre. Quero a isenção de Mozart. Mas quero também a inconsequência. Liberdade? é o meu último refúgio, forcei-me à liberdade e aguento-a não como um dom mas com heroísmo: sou heroicamente livre. E quero o fluxo"
"Eu que detesto o domingo por ser oco"
"Mas de repente esqueço o como captar o que acontece, não sei captar o que existe senão vivendo aqui cada coisa que surgir e não importa o quê: estou quase livre dos meus erros. Deixo o cavalo livre correr fogoso. Eu, que troto nervosa e só a realidade me delimita"
"Ninguém saberá de nada: o que sei é tão volátil e quase inexistente que fica entre mim e eu"
"Embora às vezes grite: não quero mais ser eu!! mas eu me grudo a mim e inextrincavelmente forma-se uma tessitura de vida"
"Transfiguro a realidade e outra realidade sonhadora e sonâmbula me cria"
"Luto por conquistar mais profundamente a minha liberdade de sensações e pensamentos, sem nenhum sentido utilitário: sou sozinha, eu e minha liberdade"
"Embora tudo seja tão frágil. Sinto-me tão perdida. Vivo de um segredo que se irradia em raios luminosos que me ofuscariam se eu não os cobrisse com um manto pesado de falsas certezas. Que o Deus me ajude: estou sem guia e é de novo escuro"
"Vou parar um pouco porque sei que o Deus é o mundo. É o que existe. Eu rezo para o que existe? Não é perigoso aproximar-se do que existe. A prece profunda é uma meditação sobre o nada. É o contato seco e elétrico consigo, um impessoal"
"Tenho certo medo de mim, não sou de confiança e desconfio do meu falso poder"
"Porque estou cansada de me defender. Sou inocente. Até ingênua porque me entrego sem garantias"
"Não ter nascido bicho é a minha secreta nostalgia. Eles às vezes clamam de longe muitas gerações e eu não posso responder senão ficando inquieta. É o chamado"
Trechos de Água viva, de Clarice Lispector.
quarta-feira, julho 26, 2006
Salas de cinema fechadas em Sergipe têm muitas histórias para serem contadas
Alguns alunos que estudavam no Colégio Tobias Barreto matavam aula para ir ao Cinema Palace no centro da cidade de Aracaju. O jornalista e crítico de cinema Ivan Valença era um deles, e conta que os estudantes trocavam de blusa, as meninas viravam as saias pelo avesso, tudo para esconder o símbolo do colégio, pois não era permitida a entrada de alunos fardados segundo determinação do juizado de menores. “Lá dentro era uma algazarra, as pessoas gritavam, mas era divertido”, conta o jornalista. Cerca de 40 anos depois dessa época, em 1997, chegaram as salas multiplex no Brasil, que se localizam em cidades com mais de 400 mil habitantes e ficam em shoppings centers. Em Sergipe, um exemplo desse tipo de sala são as do Cinemark e do Moviecom.
O Cinemark é uma das três maiores redes de exibição de cinema no mundo, e chegou à Aracaju em 1998, funcionando no Shopping Jardins com nove salas que passam filmes simultaneamente. Menos de um ano depois, as duas salas de cinema que existiam no Shopping Riomar fecham. Quatro anos mais tarde o Moviecom inaugura cinco salas no Riomar. “O domínio das multiplex está ligado ao novo padrão de produção, distribuição e exibição no capitalismo global”, afirma o mestre em Cinema pela Universidade de São Paulo (USP), Caio Amado. Os estúdios de Hollywood vendem seus filmes para as grandes distribuidoras, que, por sua vez, negociam dias e horários com as empresas exibidoras, proprietárias das salas multiplex. Esse é o caminho percorrido por um filme americano até ser exibido no Cinemark, do Shopping Jardins.
Antes das salas multiplex chegarem à Aracaju, havia vários cinemas no centro da cidade, como o Palace, que hoje é uma casa de bingos. O Cinema Palace tinha sessões especiais e era muito freqüentado pela elite sergipana. Havia também várias salas que pertenciam à Igreja Católica, como o Cine Vitória e o Cinema Vera Cruz. “A Igreja estava muito preocupada com o que os fiéis viam. Eles recomendavam quais filmes poderiam ser vistos”, explica Ivan Valença.
A primeira sala de cinema de Sergipe foi o Cine Rio Branco, inaugurado em 1912, um dos primeiros cinemas do país, e que antes era o Teatro São José. “Havia cinemas de bairro como o Cinema Guarani, perto da casa onde eu morava, na Praça da Bandeira. Eu vi filmes extraordinários ali”, lembra Caio Amado.
Nas cidades do interior do estado existiam várias salas de cinema, como Itabaiana, que tinha 3 salas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 92% dos municípios no Brasil não têm nenhuma sala de projeção. A professora Adenildes Carvalho mora num sítio em Boquim e conta da primeira vez em que foi ao cinema, em Aracaju. “Foi incrível. Era uma tela enorme. Eu achava que as cadeiras estavam girando. Pensava: será que vou entrar no filme?”, relata. “Eu não vejo a hora de ir a Aracaju para ir ao cinema”. Para Cristiano Leal, professor da área de Comunicação Social e cinéfilo, o cinema é um ritual. “O cinema é uma experiência coletiva. As pessoas riem junto com o filme, e às vezes aplaudem”, diz.
O fim - Durante a década de 1980, o Cinema Rio Branco passou a exibir filmes pornôs. Segundo o antropólogo José Marcelo Domingos, o que atrai o público desses espaços é a possibilidade de encontrar um parceiro sexual sem prejudicar a imagem construída em sociedade. “No escuro do cinema você se torna anônimo. Há um clima de penumbra em que você não vê o outro e o outro não lhe vê por completo”, diz.
O que antes era o Cine Rio Branco, agora é uma loja de tecidos, a tela do Cine Plaza deu lugar a um altar, e um estacionamento ocupa o espaço onde antigamente os espectadores assistiam a filmes no Cinema Aracaju.
Reportagem:
Tatiana Hora e Ieda Tourinho
O Cinemark é uma das três maiores redes de exibição de cinema no mundo, e chegou à Aracaju em 1998, funcionando no Shopping Jardins com nove salas que passam filmes simultaneamente. Menos de um ano depois, as duas salas de cinema que existiam no Shopping Riomar fecham. Quatro anos mais tarde o Moviecom inaugura cinco salas no Riomar. “O domínio das multiplex está ligado ao novo padrão de produção, distribuição e exibição no capitalismo global”, afirma o mestre em Cinema pela Universidade de São Paulo (USP), Caio Amado. Os estúdios de Hollywood vendem seus filmes para as grandes distribuidoras, que, por sua vez, negociam dias e horários com as empresas exibidoras, proprietárias das salas multiplex. Esse é o caminho percorrido por um filme americano até ser exibido no Cinemark, do Shopping Jardins.
Antes das salas multiplex chegarem à Aracaju, havia vários cinemas no centro da cidade, como o Palace, que hoje é uma casa de bingos. O Cinema Palace tinha sessões especiais e era muito freqüentado pela elite sergipana. Havia também várias salas que pertenciam à Igreja Católica, como o Cine Vitória e o Cinema Vera Cruz. “A Igreja estava muito preocupada com o que os fiéis viam. Eles recomendavam quais filmes poderiam ser vistos”, explica Ivan Valença.
A primeira sala de cinema de Sergipe foi o Cine Rio Branco, inaugurado em 1912, um dos primeiros cinemas do país, e que antes era o Teatro São José. “Havia cinemas de bairro como o Cinema Guarani, perto da casa onde eu morava, na Praça da Bandeira. Eu vi filmes extraordinários ali”, lembra Caio Amado.
Nas cidades do interior do estado existiam várias salas de cinema, como Itabaiana, que tinha 3 salas. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 92% dos municípios no Brasil não têm nenhuma sala de projeção. A professora Adenildes Carvalho mora num sítio em Boquim e conta da primeira vez em que foi ao cinema, em Aracaju. “Foi incrível. Era uma tela enorme. Eu achava que as cadeiras estavam girando. Pensava: será que vou entrar no filme?”, relata. “Eu não vejo a hora de ir a Aracaju para ir ao cinema”. Para Cristiano Leal, professor da área de Comunicação Social e cinéfilo, o cinema é um ritual. “O cinema é uma experiência coletiva. As pessoas riem junto com o filme, e às vezes aplaudem”, diz.
O fim - Durante a década de 1980, o Cinema Rio Branco passou a exibir filmes pornôs. Segundo o antropólogo José Marcelo Domingos, o que atrai o público desses espaços é a possibilidade de encontrar um parceiro sexual sem prejudicar a imagem construída em sociedade. “No escuro do cinema você se torna anônimo. Há um clima de penumbra em que você não vê o outro e o outro não lhe vê por completo”, diz.
O que antes era o Cine Rio Branco, agora é uma loja de tecidos, a tela do Cine Plaza deu lugar a um altar, e um estacionamento ocupa o espaço onde antigamente os espectadores assistiam a filmes no Cinema Aracaju.
Reportagem:
Tatiana Hora e Ieda Tourinho
segunda-feira, julho 24, 2006
Amor é prosa, sexo é poesia
Frustração. Chamei uma amiga pra vir aqui em casa ver Brokeback Mountain. A idéia de assistir a dois homens bonitos fodendo nos era bem agradável. Logo de início a coisa não estava certa. A porra da versão que baixei da net estava dublada em espanhol, e eu odeio dublagens. Pra completar, quando coloquei o disco 2 a desgraça da legenda não encaixava. Fiquei sem ver o fim do filme.
Leis de Murphy à parte, ouvi dizer que naquele filme não havia romatismo, que o certo era contar a história de dois homossexuais apaixonados (ou seriam bissexuais?). Pois penso que homens que transam com homens sem amor não têm nada de insensíveis. Depois, achei Jack Twist e Ennis não sei o quê um casal de caras apaixonados que fodiam como os animais que são. Algumas pessoas pensam que transar com amor deve ter o estilo novela mexicana; as coisas cruas que fiquem para os filmes pornôs.
domingo, julho 23, 2006
Pessoas "desocupadas"
Eu tenho tanta coisa pra fazer e fico mandando mensagens de celular pras pessoas e escrevendo em blog. E eu jurava que blog era coisa de quem não tem o que fazer. Mas nãaao! Eu, um ser que odeia telefones celulares, mas adora mandar mensagens pros outros. Eu, que tenho muito o que fazer e tô escrevendo aqui nessa joça. Aiai.
sábado, julho 22, 2006
Universitários...
Estudantes universitários adoram reclamar. Nós falamos mal do reitor, da comida do Resun, do professor, do sol quente, da ruma de mato, da fila do Resun, da demora pra tirar xerox, que o professor marcou a prova pra muito cedo, que a prova estava difícil, que estava fácil demais, que o professor é carrasco, que é vagabundo, que a culpa é do governo, que a mulher que atende na Bicen é mal educada, que não dá pra achar livro naquela biblioteca, que o Campus só vive cheio, que a universidade é pública e a gente tem que pagar um monte de taxas, que a comida do DCE é cara, que o DCE é pelego, que há muitos pimbas, que há muitos pagodeiros, que há muita gente feia, que a expansão da universidade vai foder tudo, que o Resun devia ter uma comida melhor, que um dia achei uma pedra na comida do Resun, que queremos nos formar, e quando nos formarmos como vai ser? nós vamos ficar desempregados? há muita concorrência, trabalhar é um saco, dá vontade de voltar pra universidade, bons tempos aqueles, até que a comida do Resun não era tão ruim, aquele professor era engraçado, o Campus não era tão cheio, aqueles matos dão o ar da graça de uma universidade pública, e...
aiai.
aiai.
A lua cheia do sertão
Quando eu tinha uns cinco anos só vivia no xote lá no sertão. Tomava banho de rio, corria atrás dos sapos, comia pirão com arroz sem talher, meu cantor preferido era Luiz Gonzaga. E só tomava café numa xícara de florzinhas vermelhas de minha avó. As luzes, a sanfona, os sorrisos singelos, as sandálias das pessoas que dançavam ainda estão num lugar distante da minha memória. Saudades de vovó.
Adorava cantar essa música:
Mandacaru quando fulorá na seca
É um sinal que a chuva chega no sertão
Toda menina que enjôa da boneca
É sinal de que o amor já chegou no coração
Meia comprida não quer mais sapato baixo
Vestido bem cintado não quer mais vestir gibão
Ela só quer só pensa em namorar
Ela só quer só pensa em namorar
De manhã cedo já tá pintada
Só vive suspirando sonhando acordada
O pai leva ao doutor a filha adoentada
Não come nem estuda não dorme nem quer nada
Ela só quer só pensa em namorar
Ela só quer só pensa em namorar
Mas o doutor nem examina
Chamando o pai do lado
Lhe diz logo em surdina
Que o mal é da idade
E que pra tal menina
Não há um só remédio
Em toda medicina
Ela só quer só pensa em namorar
Ela só quer só pensa em namorar
quinta-feira, julho 20, 2006
O livro da vida
Essa semana recebi na entrada da universidade um folhetinho chamado Livro da vida. Pergunta número 1: que diabos é Livro da vida? A bíblia? Fotos de pessoas sorridentes em balanços e jardins, bem, fui logo na parte que falava de sexo. Fiquei besta com as barbaridades. E ainda por cima era edição internacional, quer dizer, pra quantas pessoas são distribuídas aquelas porcarias?
"Tudo o que Deus criou tem um propósito. Mas também tudo o que ele criou obedece a uma ordem. Portanto, o plano de Deus para o sexo deve ser compreendido no contexto do casamento de uma vida mútua de amor e compromisso entre duas pessoas. Do contrário, o relacionamento resultará em confusão, conflito e caos. O sexo, praticado fora do propósito para o qual Deus o criou, resulta em gravidez não desejada, aborto, estupro, inúmeras formas de abuso e violação sexual e doenças trágicas que levam à morte; entre elas, a AIDS"
Amém.
"Tudo o que Deus criou tem um propósito. Mas também tudo o que ele criou obedece a uma ordem. Portanto, o plano de Deus para o sexo deve ser compreendido no contexto do casamento de uma vida mútua de amor e compromisso entre duas pessoas. Do contrário, o relacionamento resultará em confusão, conflito e caos. O sexo, praticado fora do propósito para o qual Deus o criou, resulta em gravidez não desejada, aborto, estupro, inúmeras formas de abuso e violação sexual e doenças trágicas que levam à morte; entre elas, a AIDS"
Amém.
quarta-feira, julho 19, 2006
O sexo segundo as religiões
Espiritismo: A atividade heterosexual está associada à lei do amor
Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias - Mórmons: O sexo é o dom de Deus. É a coisa mais sublime que pode existir, pois é através do ato sexual que se multiplica e nasce uma criança e que é o grande show da vida
Judaismo: A finalidade é proporcionar prazer, companheirismo e aproximar duas pessoas maduras e que se amam
O Islam define a finalidade do sexo como:Para manter a espécie. Satisfazer a vontade implantada no homem e na mulher
Testemunhas de Jeová: Primariamente, o sexo tem a óbvia função de reprodução. É uma benção e uma dádiva do criador (Gênesis 1:28)
Catolicismo: O sexo é bonito. Aliás, na natureza não há nada de feio. Podem acontecer desvios, mas, em princípio, tudo o que está ligado ao desenrolar da vida é puro e bonito
Igreja Presbiteriana: É o que está na Bíblia: o sexo é uma benção de Deus. Fomos criadas pessoas sexuadas.
Umbanda e Candomblé: O sexo tem dupla finalidade:É um recurso da vida para sua própria perpetuação na carne, e É ma forma de unir pessoas de sexos opostos, proporcionando-lhes o prazer físico e a comunhão espiritual através de laços fortes.
Igreja Adventista do Sétimo Dia: A Igreja define como objetivo maior do sexo em si no ator de dar ou doar
Assembléia de Deus: O sexo é uma dádiva de Deus aos seres humanos, mas que precisa ser usado dentro dos parâmetros Bíblicos
Igreja Batista: É expressão de amor entre duas pessoas casadas.
Seicho-No-Ie: A união de homem e mulher se dá primeiro como uma união espiritual de duas almas, que se fundem numa só alma.
Hare Krishna: Deve acontecer quando um casal deseje ter filhos
Budismo: Como todo ser humano comum, muitos budistas têm no sexo uma prática não só com o objetivo de procriação.
www.edeus.org
terça-feira, julho 18, 2006
Sem nome
Às vezes digo que vou morar no campo. Certa vez fui à Salvador e o ar nojento dos carros, e a visão do shopping Barra, o mais rico da cidade, rodeado de favelas me oprimia. Na estrada, vi cidadezinhas, praias, ruas desertas de paz onde a gente sentia o aconchego das portas abertas, das cadeiras na frente de casa. Queria era ficar ali, o que fui fazer na cidade grande.
Dizem que é absurdo, que não vou me acostumar. Parece que ser feliz é ter sucesso profissional, é construir alguma coisa com seu nome, é casar e ter filhos com seu nome. Pra depois morrer e ter um túmulo com seu nome.
Eu só quero olhar pro céu e ver as estrelas. Daqui não dá.
Quando eu morrer, meu nome não vai estar nas estrelas. Serão apenas estrelas.
Dizem que é absurdo, que não vou me acostumar. Parece que ser feliz é ter sucesso profissional, é construir alguma coisa com seu nome, é casar e ter filhos com seu nome. Pra depois morrer e ter um túmulo com seu nome.
Eu só quero olhar pro céu e ver as estrelas. Daqui não dá.
Quando eu morrer, meu nome não vai estar nas estrelas. Serão apenas estrelas.
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Uma religião pela qual tenho me interessado é o budismo. A busca pelo equilíbrio através do fim do desejo. Além disso, é uma religião em que não há deus. O próprio Sidarta negou a existência de um espírito universal.
Já fui católica apostólica romana. E já fui também daquelas pessoas que dizem que acreditam num Deus diferente do da Igreja. Continua sendo um deus, não adianta. Passei a me questionar sobre nós termos que adorar algo, e comecei a negar as divindades. Um deus que diz para ser adorado acima de todas as coisas é, no mínimo, muito vaidoso. E parecido com o homem.
Os deuses e paraísos são criados por culturas. Eles nada têm de sobrenatural, nós os fizemos à nossa imagem e semelhança. Os deuses gregos eram humanos, o paraíso dos homens do Oriente Médio tinha abundância e mulheres virgens, quando eles andavam num mundo de seca e burcas.
Por negar a superioridade, não adoro nenhum deus. No budismo, o interessante é que você não ora para adorar um deus, mas medita para encontrar a paz em contato com o universo.
Já pensei em ser espírita. Mas a idéia de que existe uma escala de evolução a partir dos seres brutos, depois os animais irracionais, então o homem, e finalmente Deus, incomodou-me bastante.
Os budistas não comem carne porque acreditam que os animais irracionais também teriam a mesma substância que nós, ocidentais, chamamos de alma. Para eles, nós não somos superiores aos animais irracionais. Concordo que não devíamos comer carne não porque os animais irracionais têm uma "alma", mas porque nós, seres humanos, nos colocamos acima da cadeia. Nós não estamos no meio do mato, mas em super-mercados onde a carne é disposta como se fosse diferente daquilo que veio.
Apesar da extrema perspicácia de Sidarta em alguns pontos, ele não deixou de sofrer influências da cultura em que vivia. O budismo exige uma série de rituais de submissão da mulher, apesar de não a considerá-la inferior ao homem.
Um ensinamento budista que me interessou muito foi a negação do desejo. Quanto mais queremos, mais nos frustramos. Num mundo repleto de pseudonecessidades, nossas angústias também são criadas. Negar o desejo, mas não se subtraindo do mundo.
Muito pelo contrário. Nós temos uma integração holística com o universo. Para os budistas, não existe alma, mas um impulso kármico, por isso eles falam em renascimento ao invés de reencarnação. Esse impulso kármico é algo como a vontade, de Schopenhauer, filósofo muito influenciado pelo budismo. Nós não somos uma substância imutável, mas tudo se modifica o tempo inteiro, e não existe um eu constituído, mas uma intersubjetividade.
Numa sociedade narcisista, em que vejo psicólogos dizendo para sempre olharmos pra dentro de nós, penso que os valores orientais são mais interessantes nesse sentido. Anatta, ou, a ausência de um "eu". Se percebêssemos que somos anatta, lutaríamos mais por justiça, quando não estaríamos procurando apenas nosso bem estar.
O budismo fala também em samsara, ou os mundos criados por nós. Costumamos cambalear pelo tempo e pelo espaço, regressando ao passado, e projetando futuros. Algumas lembranças que voltam para nos angustiar, ou medo de sair do lugar que parece seguro. Segundo a filosofia budista, nós devemos viver o presente, e extinguir o samsara.
Algo que me intriga é o nirvana. Para o budismo, diferente da filosofia espírita, não há uma alma migrando de um corpo para o outro, afinal, não há um "eu", mas o que permanece é o impulso kármico, a vontade de vida. Esse impulso seria extinto quando não houvesse o desejo, e então viria o estado de paz eterna, além do tempo e do espaço, uma espécie de não-ser.
No budismo, o tempo é concebido enquanto um ciclo. Não houve começo nem haverá fim. Mas o que seria esse nirvana? Parece-me a morte propriamente dita.
Não acredito em vida pós-morte. Se eu morrer não serei mais eu, que vivo numa determinada época e com determinadas pessoas que fazem parte de mim. Então seria outra.
Há muitas idéias que me agradam no budismo, mas não tenho religião. Prefiro não explicar as coisas, nem entender. Gosto de Alberto Caeiro. É apenas a Natureza.
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Trecho de O meu olhar, Alberto Caeiro
segunda-feira, julho 17, 2006
Eu só não era feliz com você
Eu não sou triste, meu bem
Eu só não era feliz com você
Eu não estou só, meu bem
Eu só não estou com você
Eu não te odeio, meu bem
Eu só não faço questão de você
E você paga pra ver
E você paga pra ver
Não há como alguém como eu
Ser feliz, não dá pra crer
Você é quem dita o que é felicidade
Tem todas as verdades
Pois saiba que vaia de bêbado vale
Então bata o martelo
Vá ser feliz num castelo
E quem sabe
O mundo em volta adore a verdade
que você tem pra dizer
E você paga pra ver
E você paga pra ver
Não há como alguém como eu
Ser feliz, não dá pra crer
E você paga pra ver
E você paga pra ver
Eu não sou triste, meu bem
Eu só não era feliz com você
Eu só não era feliz com você
Eu não estou só, meu bem
Eu só não estou com você
Eu não te odeio, meu bem
Eu só não faço questão de você
E você paga pra ver
E você paga pra ver
Não há como alguém como eu
Ser feliz, não dá pra crer
Você é quem dita o que é felicidade
Tem todas as verdades
Pois saiba que vaia de bêbado vale
Então bata o martelo
Vá ser feliz num castelo
E quem sabe
O mundo em volta adore a verdade
que você tem pra dizer
E você paga pra ver
E você paga pra ver
Não há como alguém como eu
Ser feliz, não dá pra crer
E você paga pra ver
E você paga pra ver
Eu não sou triste, meu bem
Eu só não era feliz com você
Quem nasceu pra ser malandro também quer ser doutor
Vou dizer, viu, uma pessoa que lê em inglês sabendo pouco de inglês.
Que lê em espanhol sabendo nada além de portunhol
sobre mercado cinematográfico na América Latina
um monte de dados
um orientador carrasco e mau-humorado
e mesmo assim
meu deus dos céus! eu amo pesquisa!
amo, amo, amo!
eu nasci pra isso, porra! =)
Que lê em espanhol sabendo nada além de portunhol
sobre mercado cinematográfico na América Latina
um monte de dados
um orientador carrasco e mau-humorado
e mesmo assim
meu deus dos céus! eu amo pesquisa!
amo, amo, amo!
eu nasci pra isso, porra! =)
domingo, julho 16, 2006
Balada do louco
Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no céu
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Sim sou muito louco, não vou me curar
Já não sou o único que encontrou a paz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, eu sou feliz
Arnaldo Baptista e Rita Lee
O Super Homem
Freud falava das três feridas narcísicas. A primeira foi quando Copérnico afirmou que a Terra não era o centro do universo, e sim um entre infinitos outros pontos perdidos além do tempo e do espaço. A segunda ferida foi provocada por Darwin a partir de sua teoria da evolução, segundo a qual o homem tinha os mesmos ancestrais dos macacos. A terceira teria sido aberta pelo próprio Freud quando ele questionou a razão dizendo que nossa consciência é apenas a ponta do iceberg, e o inconsciente e o subconsciente formariam o imenso resto do iceberg escondido no oceano.
Nós somos um animal como qualquer outro.
Nós não somos o centro de merda nenhuma.
Nós somos até fracos.
Eu já disse que eu amo Freud? :~
Nós somos um animal como qualquer outro.
Nós não somos o centro de merda nenhuma.
Nós somos até fracos.
Eu já disse que eu amo Freud? :~
sexta-feira, julho 14, 2006
quarta-feira, julho 12, 2006
Lady sings the blues
Entre tantas coisas espalhadas pela casa, ela procurava uma blusa, e não notou o CD caindo no chão depois de ela mexer na toalha da mesa. Pisou no CD, estava atrás de algo, o que era mesmo, ah, era a blusa. Não havia respondido aquela mensagem de celular. Como ele pôde mandar um recado às duas da manhã? Palavras hostis de quem sentia falta. Gostava do abraço encabulado dele, e do riso que fazia as bochechas rosadas contrastarem com os olhos verdilantes. Lembrava da sua camisa laranja, e que ele sempre coçava a nuca antes de lhe pedir um beijo como se fosse o primeiro. Já haviam estado juntos várias vezes, aquela noite nos banquinhos da praça quando eles não repararam nas estrelas, e sim nos postes, entreteram-se olhando os mosquitos se embebedando de luz. Ele queria sempre chegar mais perto, mas ela não o tocava enquanto falava, e ele ficava brincando com os dedos falantes dela. Buscava nela alguma coisa doida que desamarrasse os seus cadarços.
O interfone tocou, ela não queria visitas, e só atendeu porque não suportava mais o barulho. Mariana, não sei se lhe avisaram, do jeito que o seu irmão é, mas deixei um CD que um rapaz pediu para entregar a você aí. Ah tah, obrigada. A imagem do CD rolando pelo chão surgiu na sua mente, como uma coisa qualquer no meio de tantas coisas, mas que agora, com o aviso, lhe era percebida.
Ela havia dito que gostava da Billie Holiday no dia em que eles se conheceram, poucos dias depois eles se beijaram, a pedido dela, e poucos dias depois ela estava agora fitando aquele CD que se parecia com ela. Colocou no som, mas antes de ouvir foi resolver alguma rotina. Quando voltou pra casa, não se lembrou de ouvir, e foi ver algo na televisão.
Ele estava esperando o ônibus. Ela teve vergonha de ir até lá dizer como estava. Sabia que ele também a tinha visto, e teve certeza quando da janela do ônibus ele resolveu gritar Mariana, você gostou do CD? Que CD? O CD que eu lhe dei. Antes que ela repondesse, ele a olhou daquele jeito, e foi levado pela rua quente e apressada.
Já havia tido vários homens depois dele. Procurou o CD da Billie Holiday que ele havia lhe dado, mas não o encontrou. Lembrou que nunca o tinha ouvido.
Lady sings the blues
She's got them bad
She feels so sad
Wants the world to know
Just what the blues is all about...
O interfone tocou, ela não queria visitas, e só atendeu porque não suportava mais o barulho. Mariana, não sei se lhe avisaram, do jeito que o seu irmão é, mas deixei um CD que um rapaz pediu para entregar a você aí. Ah tah, obrigada. A imagem do CD rolando pelo chão surgiu na sua mente, como uma coisa qualquer no meio de tantas coisas, mas que agora, com o aviso, lhe era percebida.
Ela havia dito que gostava da Billie Holiday no dia em que eles se conheceram, poucos dias depois eles se beijaram, a pedido dela, e poucos dias depois ela estava agora fitando aquele CD que se parecia com ela. Colocou no som, mas antes de ouvir foi resolver alguma rotina. Quando voltou pra casa, não se lembrou de ouvir, e foi ver algo na televisão.
Ele estava esperando o ônibus. Ela teve vergonha de ir até lá dizer como estava. Sabia que ele também a tinha visto, e teve certeza quando da janela do ônibus ele resolveu gritar Mariana, você gostou do CD? Que CD? O CD que eu lhe dei. Antes que ela repondesse, ele a olhou daquele jeito, e foi levado pela rua quente e apressada.
Já havia tido vários homens depois dele. Procurou o CD da Billie Holiday que ele havia lhe dado, mas não o encontrou. Lembrou que nunca o tinha ouvido.
Lady sings the blues
She's got them bad
She feels so sad
Wants the world to know
Just what the blues is all about...
domingo, julho 09, 2006
Perder o medo da chuva
Pensei em escrever esse texto depois de algumas idéias, alguns conceitos que ando questionando. Mas pra falar de amor, eu não quero parecer uma sábia, a dona da verdade. Todas as cartas de amor são ridículas, já dizia Fernando Pessoa, e sim, a única definição que tenho sobre o amor é de que ele é ridículo. Para além de tudo isso, andei pensando e conversando com vários amigos sobre o amor livre.
Algo que sempre me pareceu impossível de alcançar, considerando que nós, seres humanos, somos todos cheios de inseguranças e egoísmos, o amor livre agora me parece uma forma de amar muito sincera.
Quando falo em amor livre, alguns chamam de putaria ou coisa de quem está revoltado e não quer se envolver. Mas quem disse que uma pessoa num relacionamento aberto não se apaixona? Ama sim, com direito a todas as coisas bobas, os encantos, a poesia. Mas não o encanto do amor romãntico, da idealização, e sim a poesia de amar alguém honestamente, de se encantar não pelo que o outro tem de herói, mas, por exemplo, pelo jeito que ele mexe o cabelo.
Nós temos medo de perder as pessoas que amamos. Mas no amor livre você não terá como perder alguém, até porque essa pessoa não é sua. É a absoluta negação da posse. Ora, você vai ter alguém junto de você porque não lhe permitiu escolha, e não por ela realmente querer estar com você? E mais: no amor livre amar outras pessoas está permitido.
Todos sentimos atração por várias pessoas, queremos conversar e estar junto de tantas gentes interessantes, então não vejo o que haveria de errado em permitir essa aproximação, e sentir prazer, não sei onde está a traição.
Algo muito bonito no ser humano é a diversidade. Cada pessoa com quem a gente se relaciona tem um jeitinho todo seu, umas manias tão suas, e nos trazem experiências novas. No amor livre, nós nos permitimos ter essas experiências.
É difícil? É. Sempre é difícil romper com padrões sociais. Não digo que essa é a melhor maneira de amar para todos, mas cada um de nós precisa buscar a sua forma de bem estar. Só não quero ficar sem saber dos amores que a vida me trouxe e não pude viver.
sábado, julho 08, 2006
Eles passarão, eu passarinho
Ganhar é bom. Mas gostoso mesmo é dar a volta por cima.
Isso é só o começo...
*Post que foi apagado, mas publiquei de novo a pedido do Sr. Danilo =)
Isso é só o começo...
*Post que foi apagado, mas publiquei de novo a pedido do Sr. Danilo =)
A escola da vida
Quando a gente erra alguém vem e diz: tá vendo, isso serviu pra você aprender alguma coisa. Com o tempo passamos a ter essa mesma idéia, e essa é uma forma inteligente de sempre ver algo de bom em qualquer acontecimento. Mas me pego perguntando se estamos na vida aprendendo pra quê. A gente passa a vida toda aprendendo pra depois morrer?
Esse aprendizado é visto como uma evolução espiritual, como se estivéssemos caminhando para a ascese. Não vejo o que há de tão evoluído nos aprendizados de nossa história. Percebo que um dia fomos crianças inocentes que estendiam as mãozinhas para os passantes, pra quem o dinheiro não tinha valor, e o tempo apenas girava no brinquedo pendurado no berço.
Agora, o que somos? Seres evoluídos espiritualmente? Gentes medrosas, contidas nos seus carros em sinais esperando o verde dizer que já pode seguir pra alguma coisa apressada do dia. Andamos com pressa, e estamos sempre buscando o outro dia, que será o mesmo.
Nem foi tempo perdido. Somos tão jovens. Quero saber pra quê aprendemos tanto. Pra ter medo? Pra desconfiar? Pra não se fazer de ridículo e adorar? Pra deixar de ser mágico? Quero saber pra qual vida, se só tenha esta, eu tenho que aprender.
Esse aprendizado é visto como uma evolução espiritual, como se estivéssemos caminhando para a ascese. Não vejo o que há de tão evoluído nos aprendizados de nossa história. Percebo que um dia fomos crianças inocentes que estendiam as mãozinhas para os passantes, pra quem o dinheiro não tinha valor, e o tempo apenas girava no brinquedo pendurado no berço.
Agora, o que somos? Seres evoluídos espiritualmente? Gentes medrosas, contidas nos seus carros em sinais esperando o verde dizer que já pode seguir pra alguma coisa apressada do dia. Andamos com pressa, e estamos sempre buscando o outro dia, que será o mesmo.
Nem foi tempo perdido. Somos tão jovens. Quero saber pra quê aprendemos tanto. Pra ter medo? Pra desconfiar? Pra não se fazer de ridículo e adorar? Pra deixar de ser mágico? Quero saber pra qual vida, se só tenha esta, eu tenho que aprender.
segunda-feira, julho 03, 2006
Proximidade das eleições gera discussão sobre voto nulo
Em um país imaginário, os fiscais de uma seção eleitoral aguardavam pelos eleitores que insistiam em não chegar. Às quatro horas da tarde, filas de eleitores davam a volta no quarteirão até se perderem de vista. Após a apuração dos votos, constatou-se que cerca de 70% deles eram em branco. Foi realizada outra eleição, e mais de 80% da população votou em branco. A capital do país foi sitiada, ou seja, foi declarado estado de emergência enquanto a ordem institucional se encontrava ameaçada. Toda essa situação e o seu desenrolar estão retratadas no livro Ensaio sobre a Lucidez, do escritor português José Saramago.
Na vida real, seja nas mesas de bar ou na Internet, há discussões sobre as eleições desse ano. Alguns falam em votar nulo ou em branco, gerando debates sobre o papel do cidadão e sobre a democracia. No Brasil, diferente do país de Saramago, o voto em branco não anula eleição nem vai mais para nenhuma legenda desde 1997, servindo apenas para fins de estatísticas.
Quando o eleitor digita na urna eletrônica um número que não existe, esse voto é considerado nulo. Segundo o artigo 224 do Código Eleitoral, se mais da metade dos eleitores votar nulo será declarada a nulidade da eleição e ela deverá ser preparada novamente no prazo de 20 a 40 dias. Os candidatos da eleição anulada poderão se candidatar de novo.
Mensagens em massa fazendo propaganda do voto nulo foram enviadas pelo Orkut por Andréa Nascimento, estudante de Biologia Bacharelado da Universidade Federal de Sergipe (UFS). “Meu recado dizia: imaginem se mais da metade da população votar nulo, o que aconteceria no Brasil? Mas não sei ainda se vou anular meu voto. Fico com a sensação de que vou votar nulo sozinha, acho que todo mundo sente isso”, afirmou Andréa.
Grandes fóruns de discussão, como o iniciado por Andréa, são formados na Internet. Há redes de mobilização para fazer manifestações acionadas em questão de horas. “As informações circulam de forma muito rápida. Mas é aquela velha história: o cara que está lá no canteiro de obras não tem acesso a isso”, disse o cientista político Ernesto Seidl.
Marineide dos Santos tem uma banca onde vende sorvete no Terminal D.I.A., em Aracaju. “Eu já votei nulo”, afirmou. “Foi um voto de protesto, pode não ter sido pro resto do mundo, mas pra mim foi”, disse depois de servir um sorvete a um menino com farda de escola. Marineide falou que ainda não sabe em quem vai votar nessas eleições. Ela é contra o voto obrigatório. “Se o voto fosse facultativo os políticos trabalhariam mais para conquistar confiança, e nem metade da população sairia de casa para votar”, opina a comerciante.
O voto é obrigatório no Brasil para indivíduos com idade de 18 a 65 anos. Segundo o cientista político Ernesto Seidl, provavelmente as taxas de participação ainda seriam elevadas se o voto não fosse obrigatório. “Em grande parte por causa da mitologia democrática difundida, segundo a qual o voto é um direito sagrado. Também pelo fato de o voto ser um instrumento de engrenagem do clientelismo, que pode trazer benefícios ao eleitor”, avalia.
Eleições anuladas em Sergipe
Mais de seis mil eleitores tiveram que ir às urnas de novo em dois municípios de Sergipe, Nossa Senhora de Lourdes e em Divina Pastora, em 2004 por conta do número de votos nulos no processo eleitoral. No primeiro caso, o desembargador Artêmio Barreto, presidente do Tribunal Regional Eleitoral, pediu que fossem enviadas tropas federais para a cidade a fim de garantir a segurança dos eleitores.
Em Nossa Senhora de Lourdes, o prefeito Laerte Gomes tentava se reeleger e foi o único candidato da primeira eleição. Seu candidato à vice, Cleomaston da Silva Costa, era menor de idade. Dos 4.316 eleitores, 2.220 votaram nulo. Na segunda eleição, Laerte se candidatou novamente, mas Péricles Barbosa de Matos, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito com 51,20% dos votos.
Já no município de Divina Pastora, Carlos Augusto Cardoso Costa, Cabelinho, tentava seu terceiro mandato. Ele concorria com Paulo Mendonça, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Jorge Oliveira, do Partido Popular Socialista (PPS), e Antônio Carlos dos Santos, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Dos 2.402 eleitores, 1.493 votaram nulo, sendo que Antônio Carlos dos Santos não recebeu nenhum voto. Na segunda eleição, José Carlos de Souza, do PMDB, venceu com 56,1% dos votos.
Reportagem: Tatiana Hora
Edição: Carolina Amâncio
Na vida real, seja nas mesas de bar ou na Internet, há discussões sobre as eleições desse ano. Alguns falam em votar nulo ou em branco, gerando debates sobre o papel do cidadão e sobre a democracia. No Brasil, diferente do país de Saramago, o voto em branco não anula eleição nem vai mais para nenhuma legenda desde 1997, servindo apenas para fins de estatísticas.
Quando o eleitor digita na urna eletrônica um número que não existe, esse voto é considerado nulo. Segundo o artigo 224 do Código Eleitoral, se mais da metade dos eleitores votar nulo será declarada a nulidade da eleição e ela deverá ser preparada novamente no prazo de 20 a 40 dias. Os candidatos da eleição anulada poderão se candidatar de novo.
Mensagens em massa fazendo propaganda do voto nulo foram enviadas pelo Orkut por Andréa Nascimento, estudante de Biologia Bacharelado da Universidade Federal de Sergipe (UFS). “Meu recado dizia: imaginem se mais da metade da população votar nulo, o que aconteceria no Brasil? Mas não sei ainda se vou anular meu voto. Fico com a sensação de que vou votar nulo sozinha, acho que todo mundo sente isso”, afirmou Andréa.
Grandes fóruns de discussão, como o iniciado por Andréa, são formados na Internet. Há redes de mobilização para fazer manifestações acionadas em questão de horas. “As informações circulam de forma muito rápida. Mas é aquela velha história: o cara que está lá no canteiro de obras não tem acesso a isso”, disse o cientista político Ernesto Seidl.
Marineide dos Santos tem uma banca onde vende sorvete no Terminal D.I.A., em Aracaju. “Eu já votei nulo”, afirmou. “Foi um voto de protesto, pode não ter sido pro resto do mundo, mas pra mim foi”, disse depois de servir um sorvete a um menino com farda de escola. Marineide falou que ainda não sabe em quem vai votar nessas eleições. Ela é contra o voto obrigatório. “Se o voto fosse facultativo os políticos trabalhariam mais para conquistar confiança, e nem metade da população sairia de casa para votar”, opina a comerciante.
O voto é obrigatório no Brasil para indivíduos com idade de 18 a 65 anos. Segundo o cientista político Ernesto Seidl, provavelmente as taxas de participação ainda seriam elevadas se o voto não fosse obrigatório. “Em grande parte por causa da mitologia democrática difundida, segundo a qual o voto é um direito sagrado. Também pelo fato de o voto ser um instrumento de engrenagem do clientelismo, que pode trazer benefícios ao eleitor”, avalia.
Eleições anuladas em Sergipe
Mais de seis mil eleitores tiveram que ir às urnas de novo em dois municípios de Sergipe, Nossa Senhora de Lourdes e em Divina Pastora, em 2004 por conta do número de votos nulos no processo eleitoral. No primeiro caso, o desembargador Artêmio Barreto, presidente do Tribunal Regional Eleitoral, pediu que fossem enviadas tropas federais para a cidade a fim de garantir a segurança dos eleitores.
Em Nossa Senhora de Lourdes, o prefeito Laerte Gomes tentava se reeleger e foi o único candidato da primeira eleição. Seu candidato à vice, Cleomaston da Silva Costa, era menor de idade. Dos 4.316 eleitores, 2.220 votaram nulo. Na segunda eleição, Laerte se candidatou novamente, mas Péricles Barbosa de Matos, do Partido dos Trabalhadores (PT), foi eleito com 51,20% dos votos.
Já no município de Divina Pastora, Carlos Augusto Cardoso Costa, Cabelinho, tentava seu terceiro mandato. Ele concorria com Paulo Mendonça, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Jorge Oliveira, do Partido Popular Socialista (PPS), e Antônio Carlos dos Santos, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Dos 2.402 eleitores, 1.493 votaram nulo, sendo que Antônio Carlos dos Santos não recebeu nenhum voto. Na segunda eleição, José Carlos de Souza, do PMDB, venceu com 56,1% dos votos.
Reportagem: Tatiana Hora
Edição: Carolina Amâncio
domingo, julho 02, 2006
Que timinho
Não acompanhei essa copa. Só vi o jogo contra França porque minha mãe deu uns berros "aaah, o Brasil, tá perdendo, aaah", e aí me interessei pra ver.
Ah, copa boa foi a de 1994. Aquele pênalti de Baggio? Inesquecível! As pernas de Leonardo? Vixe minha nossa senhora...
Chorei quando o Brasil perdeu pra França na final de 1998 (aí sabe ser paia), mas dessa vez eu fiz foi rir. Não porque estava torcendo contra, como algumas pessoas que conheço fizeram, afinal, minha torcida contra continuaria dando audiência pra Globo :P Apenas porque Galvão Bueno dizendo "é preciso chorar mesmo, mas a vida continua" foi engraçado.
E como é que Ronaldinho ganha tanto dinheiro só pra viver reclamando do joelho ein?
Agora sim começam as aulas!
Ah, copa boa foi a de 1994. Aquele pênalti de Baggio? Inesquecível! As pernas de Leonardo? Vixe minha nossa senhora...
Chorei quando o Brasil perdeu pra França na final de 1998 (aí sabe ser paia), mas dessa vez eu fiz foi rir. Não porque estava torcendo contra, como algumas pessoas que conheço fizeram, afinal, minha torcida contra continuaria dando audiência pra Globo :P Apenas porque Galvão Bueno dizendo "é preciso chorar mesmo, mas a vida continua" foi engraçado.
E como é que Ronaldinho ganha tanto dinheiro só pra viver reclamando do joelho ein?
Agora sim começam as aulas!
sábado, julho 01, 2006
Coração vagabundo
Se eu quiser falar com Deus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Gilberto Gil
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar
Gilberto Gil
Assinar:
Postagens (Atom)