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Todo autor tem suas manias. E o cineasta japonês Yasujiro Ozu não poderia deixar de também ter as suas. É por isso que vi finais semelhantes em Viagem à Tóquio e Primavera tardia. O mesmo ator interpretando personagens diferentes e vivendo situações semelhantes: a velhice, a perda de sua única companhia, a experiência da solidão. Essa solidão Ozu nos transmite através da passagem de tempo no cinema. Em Viagem à Tóquio, com um personagem que contempla o horizonte após o falecimento da esposa, e em Primavera Tardia através de um senhor descascando uma maçã apresentando o semblante desértico depois da partida da filha que havia se casado. Porque o tempo, quando estamos sós, passa de um jeito diferente. E talvez Ozu esteja tentando nos fazer sentir sozinhos quando assistimos a um filme dele...
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