terça-feira, junho 01, 2010

Justiça



Recentemente assisti ao documentário Justiça, de Maria Augusta Ramos, e, seguindo a minha típica mania de ler críticas após ver filme, eu li diversos ataques com relação ao documentário. O foco era uma suposta representação maniqueísta dos personagens do filme.

Isso porque uma juíza é representada como uma mulher fascista, que acredita que a solução para os problemas do mundo está em prender ladrões de galinha. No final do filme, a juíza chega ao posto de desembargadora, numa cerimônia em que ela é elogiada por livrar a sociedade dos tais bandidos.

As análises que eu li criticavam justamente o fato de o documentário não expor nada que a torne mais "humana", pois, ao contrário do que faz com a defensora pública, o filme nunca chega à intimidade da juíza.

Só que a pergunta que eu faço é: será mesmo que a cineasta tem a OBRIGAÇÃO de apontar o lado "bom" de uma mulher que, diante de um homem na cadeira de rodas, não cansa de acusá-lo de ter cometido um assalto e PULADO UM MURO? Será?

Será que a cineasta não tem mesmo o direito de dispensar a construção psicológica de um personagem no documentário em nome da representá-lo como signo de algo muito maior?

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