terça-feira, setembro 30, 2008
domingo, setembro 28, 2008
You know I'm no good
I cheated myself
Like I knew I would
I told you I was troubled
You know that I'm no good
Like I knew I would
I told you I was troubled
You know that I'm no good
sexta-feira, setembro 26, 2008
Tédio com um T bem grande pra você
Voltei a ouvir Legião por esses dias. Lembrei de mim pequenina na casa de algum amigo da minha tia, quando ela ainda era adolescente, era fanática por Renato Russo, e andava com uns caras cabeludos e tatuados. Recordo que gostava muito das capas dos álbuns da Legião. Só que eu não gostava da Legião. Achei muito estranho o chororô da minha prima no dia do falecimento de Renato Russo, e até comentei que lamentava muito mais a morte dos Mamonas, para indignação da minha prima. Hoje em dia gosto de Legião, e ainda curto Mamonas sim! Comecei a ouvir a banda tarde, quando Legião tinha virado ou artigo de colecionador ou música nostálgica cantada por bandinhas pop em boites de patricinhas. Essa semana bateu a saudade.
And I guess it's just a phase
I don't know where I'm going
*
E hoje em dia
Como é que se diz "eu te amo"?
*
Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui
*
Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...
E nesses dias tão estranhos
Fica a poeira
Se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
É sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos...
Vamos sair!Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão procurando emprego...
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...
Vamos lá, tudo bem!
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir...
Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas
Possam se encontrar...
*
Moramos na cidade, também o presidente
E todos vão fingindo viver decentemente
Só que eu não pretendo ser tão decadente não
Tédio com um T bem grande pra você
Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro
Não tenho gasolina, também não tenho carro
Também não tenho nada de interessante pra fazer
Tédio com um T bem grande pra você
Se eu não faço nada, não fico satisfeito
Eu durmo o dia inteiro e aí não é direito
Porque quando escurece, só estou a fim de aprontar
Tédio com um T bem grande pra você
And I guess it's just a phase
I don't know where I'm going
*
E hoje em dia
Como é que se diz "eu te amo"?
*
Quero me encontrar, mas não sei onde estou
Vem comigo procurar algum lugar mais calmo
Longe dessa confusão e dessa gente que não se respeita
Tenho quase certeza que eu não sou daqui
*
Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...
E nesses dias tão estranhos
Fica a poeira
Se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais
Nunca é o bastante
E a primeira vez
É sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos...
Vamos sair!Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão procurando emprego...
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas...
Vamos lá, tudo bem!
Eu só quero me divertir
Esquecer dessa noite
Ter um lugar legal prá ir...
Já entregamos o alvo
E a artilharia
Comparamos nossas vidas
E esperamos que um dia
Nossas vidas
Possam se encontrar...
*
Moramos na cidade, também o presidente
E todos vão fingindo viver decentemente
Só que eu não pretendo ser tão decadente não
Tédio com um T bem grande pra você
Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro
Não tenho gasolina, também não tenho carro
Também não tenho nada de interessante pra fazer
Tédio com um T bem grande pra você
Se eu não faço nada, não fico satisfeito
Eu durmo o dia inteiro e aí não é direito
Porque quando escurece, só estou a fim de aprontar
Tédio com um T bem grande pra você
quinta-feira, setembro 25, 2008
Malditas eleições
Como é que permitem essas porcarias de carros de som de políticos espalhando idiotices pelas ruas? Ô negócio insuportável!!! Minha melhor amiga disse que a gatinha dela corre quando passa o carro de som... e por falar nessa minha amiga, várias são as vezes em que a gente tem que interromper a conversa graças a esses carros malditos. E é um tal de Deixa o homem trabalhar, e depois Não trabalha porque não quer, óooi, vige! Pelo amor de deus, proíbam isso!!!
Peçam voto baixo, cidadão não é surdo!
Peçam voto baixo, cidadão não é surdo!
segunda-feira, setembro 22, 2008
A palavra (1955), Carl Theodor Dreyer
A palavra, do diretor dinamarquês Carl Theodor Dreyer, é, antes de tudo, um filme sobre a linguagem, como o próprio nome indica. Essa palavra que é o que nos torna humanos, pela nossa capacidade de criar símbolos, essa palavra que parece querer tomar conta do mundo e desvendá-lo, essa palavra que pode trazer diversos desentendimentos.
O filme apresenta um homem, Johannes Borgen, que passa a acreditar que é Jesus de Nazaré depois de se debruçar sobre a obra do filósofo e teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard, para angústia do seu pai, Merton Borgen, que desejava que o filho se dedicasse à vida religiosa, e via nele o talento para tal devido às suas feições que lembravam Jesus, como também a sua voz de profeta.
O filme apresenta um homem, Johannes Borgen, que passa a acreditar que é Jesus de Nazaré depois de se debruçar sobre a obra do filósofo e teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard, para angústia do seu pai, Merton Borgen, que desejava que o filho se dedicasse à vida religiosa, e via nele o talento para tal devido às suas feições que lembravam Jesus, como também a sua voz de profeta.
Algo que se cristaliza no filme é a rigidez dos valores religiosos das duas famílias presentes no filme, e ainda a violência provocada através das aspirações que uns familiares infligem sobre outros do mesmo sangue. Essa violência é produzida por Merton, o chefe da família, em dois momentos: quando ele impõe que Johannes seja pastor, e o filho termina por perder a razão, e quando Merton pede para sua nora Inger lhe dar um neto homem, e, por fim, o filho dela nasce homem, porém morto.
Entretanto, o que se revela muito forte no filme, mais do que relação entre diversas gerações, é a contradição entre razão e misticismo. Logo na primeira seqüência, Johannes sobe no monte junto à sua casa e esbraveja contra todos aqueles que não crêem que ele é o Filho de Deus. Durante o filme, em diversos momentos ele surge perambulando pelos cômodos da casa, proferindo palavras em tom bíblico: “Vocês crêem no Cristo morto, mas não crêem em mim”, brada. Assim como Jesus, que foi renegado por muitos daqueles que aguardavam a vinda do Salvador, Johannes também enfrenta a incredulidade dos crentes. A morte santifica – e Johannes vivo, de carne e osso, não convence os cristãos, que o chamam de louco.
Johannes perde a razão através da própria razão – ele assume a postura de um esquizofrênico pelo caminho da filosofia – irracionalidade e racionalidade se mostram aí como duas faces de uma mesma moeda. E o misticismo, o irracional, o religioso, e a razão e a ciência são apresentados como faces de uma mesma moeda no filme de Dreyer: tanto a ciência quanto a religião são vontades irrefreáveis de compreender a totalidade do universo, de encontrar finalmente a Verdade.
Destarte, com a mesma maestria de Umberto Eco no livro O nome da rosa, Dreyer tece uma reflexão sobre o eterno dilema dos homens diante da linguagem, a procura pela verdade, pela intersecção entre linguagem e realidade. Se na obra de Umberto Eco uma biblioteca medieval guarda às sete chaves os livros sagrados, a verdade escrita por Deus, e nela acontecem diversos assassinatos em virtude de um livro proibido, no filme de Dreyer a luta a respeito da Verdade acontece quando a fé de Merton vai de encontro à fé de Peter. Tanto Merton quanto Peter são cristãos, mas, mesmo guiados pela palavra do mesmo Deus, eles divergem, e Peter não permite que sua filha Anne se case com o filho de Merton, Anders, por eles serem de religiões diferentes.
O conflito entre Merton e Peter assume maiores proporções quando o primeiro vai à casa do segundo com o objetivo de pedir permissão para que seu filho Anders se case com Anne. Depois de eles se digladiarem ao tratar sobre a legitimidade de sua fé, Merton recebe um telefonema informando que sua nora Inger está adoentada em pleno trabalho de parto. Peter, tomado pelo ardor das discussões com Merton, afirma que tal fato era um castigo para guiar Merton no caminho do verdadeiro Deus.
A Morte, assim, aparece como um elemento que perturba os personagens na sua relação com o mundo. A Morte põe em cheque a fé e a existência. Para Wittgenstein, em seu Tratactus Logico-Philosophicus, caso compreendamos a eternidade como duração atemporal, “vive eternamente quem vive no presente”. Essa fala desloca o sentido de uma vida após a morte para negligenciar a continuidade do tempo e a própria morte. No filme, a Morte surge como representação do Místico, daquilo sobre o qual não podemos falar, e o que nos causa estupefação. Na noite em que Inger agoniza com as dores do parto, Johannes anuncia que ela morrerá, mas que ele se encarregará de ressuscitá-la.
Da mesma maneira que Jesus Cristo fez ao ressuscitar o falecido Lázaro, Johannes pretende provar que é Deus superando a Morte. Não obstante, ninguém acredita que ele fará tal milagre, exceto a pequena Mareen, uma das filhas de Inger, e Johannes, assim como Jesus, afirma que as criancinhas são maiores no reino dos céus.
Na cena em que ele fala à Mareen que sua mãe morrerá, como em outros diálogos do filme, Dreyer coloca a câmera de forma a auscultar os personagens rondando em torno deles. Nesta obra, o diretor opta pelos movimentos de câmera em lugar do jogo de campo/contracampo, como presente em outro filme seu, A paixão de Joana D’arc (1928), em que ele havia explorado o plongée e contre-plongée para contrapor o sentimento de superioridade dos inquisidores e a humilhação de Joana D’arc. Em A palavra, Dreyer pouco se utiliza do campo/contracampo e, em lugar desse recurso, usa travellings para apresentar diálogos entre os personagens. Através dos travellings, a câmera se movimenta como se estivesse à espreita – ela investiga a cena e se move junto com ela.
O filme faz ver o invisível, quando enfatiza o movimento das roupas no varal provocado pelo vento, e ressalta a passagem do tempo através do tic-tac do relógio da sala dos Borgen, barulho que fica ainda mais evidente nas seqüências em que os personagens se afligem na sala da casa da família diante da iminência da morte de Inger.
Entretanto, o que se revela muito forte no filme, mais do que relação entre diversas gerações, é a contradição entre razão e misticismo. Logo na primeira seqüência, Johannes sobe no monte junto à sua casa e esbraveja contra todos aqueles que não crêem que ele é o Filho de Deus. Durante o filme, em diversos momentos ele surge perambulando pelos cômodos da casa, proferindo palavras em tom bíblico: “Vocês crêem no Cristo morto, mas não crêem em mim”, brada. Assim como Jesus, que foi renegado por muitos daqueles que aguardavam a vinda do Salvador, Johannes também enfrenta a incredulidade dos crentes. A morte santifica – e Johannes vivo, de carne e osso, não convence os cristãos, que o chamam de louco.
Johannes perde a razão através da própria razão – ele assume a postura de um esquizofrênico pelo caminho da filosofia – irracionalidade e racionalidade se mostram aí como duas faces de uma mesma moeda. E o misticismo, o irracional, o religioso, e a razão e a ciência são apresentados como faces de uma mesma moeda no filme de Dreyer: tanto a ciência quanto a religião são vontades irrefreáveis de compreender a totalidade do universo, de encontrar finalmente a Verdade.
Destarte, com a mesma maestria de Umberto Eco no livro O nome da rosa, Dreyer tece uma reflexão sobre o eterno dilema dos homens diante da linguagem, a procura pela verdade, pela intersecção entre linguagem e realidade. Se na obra de Umberto Eco uma biblioteca medieval guarda às sete chaves os livros sagrados, a verdade escrita por Deus, e nela acontecem diversos assassinatos em virtude de um livro proibido, no filme de Dreyer a luta a respeito da Verdade acontece quando a fé de Merton vai de encontro à fé de Peter. Tanto Merton quanto Peter são cristãos, mas, mesmo guiados pela palavra do mesmo Deus, eles divergem, e Peter não permite que sua filha Anne se case com o filho de Merton, Anders, por eles serem de religiões diferentes.
O conflito entre Merton e Peter assume maiores proporções quando o primeiro vai à casa do segundo com o objetivo de pedir permissão para que seu filho Anders se case com Anne. Depois de eles se digladiarem ao tratar sobre a legitimidade de sua fé, Merton recebe um telefonema informando que sua nora Inger está adoentada em pleno trabalho de parto. Peter, tomado pelo ardor das discussões com Merton, afirma que tal fato era um castigo para guiar Merton no caminho do verdadeiro Deus.
A Morte, assim, aparece como um elemento que perturba os personagens na sua relação com o mundo. A Morte põe em cheque a fé e a existência. Para Wittgenstein, em seu Tratactus Logico-Philosophicus, caso compreendamos a eternidade como duração atemporal, “vive eternamente quem vive no presente”. Essa fala desloca o sentido de uma vida após a morte para negligenciar a continuidade do tempo e a própria morte. No filme, a Morte surge como representação do Místico, daquilo sobre o qual não podemos falar, e o que nos causa estupefação. Na noite em que Inger agoniza com as dores do parto, Johannes anuncia que ela morrerá, mas que ele se encarregará de ressuscitá-la.
Da mesma maneira que Jesus Cristo fez ao ressuscitar o falecido Lázaro, Johannes pretende provar que é Deus superando a Morte. Não obstante, ninguém acredita que ele fará tal milagre, exceto a pequena Mareen, uma das filhas de Inger, e Johannes, assim como Jesus, afirma que as criancinhas são maiores no reino dos céus.
Na cena em que ele fala à Mareen que sua mãe morrerá, como em outros diálogos do filme, Dreyer coloca a câmera de forma a auscultar os personagens rondando em torno deles. Nesta obra, o diretor opta pelos movimentos de câmera em lugar do jogo de campo/contracampo, como presente em outro filme seu, A paixão de Joana D’arc (1928), em que ele havia explorado o plongée e contre-plongée para contrapor o sentimento de superioridade dos inquisidores e a humilhação de Joana D’arc. Em A palavra, Dreyer pouco se utiliza do campo/contracampo e, em lugar desse recurso, usa travellings para apresentar diálogos entre os personagens. Através dos travellings, a câmera se movimenta como se estivesse à espreita – ela investiga a cena e se move junto com ela.
O filme faz ver o invisível, quando enfatiza o movimento das roupas no varal provocado pelo vento, e ressalta a passagem do tempo através do tic-tac do relógio da sala dos Borgen, barulho que fica ainda mais evidente nas seqüências em que os personagens se afligem na sala da casa da família diante da iminência da morte de Inger.
Após minutos de muita angústia dos familiares, o médico sai do quarto com ar de missão cumprida. O pastor chega à casa dos Borgen e há um momento em que ficam lado a lado o pastor e o médico, a religião e a ciência. O médico questiona sobre o que havia salvado Inger, se sua competência ou as orações de Merton, e este último elogia o poder da fé. O pastor, crédulo e incrédulo, parabeniza a atuação do médico e, sobre a existência de milagres, afirma: as leis naturais são leis de Deus, e Deus não contrariaria as suas próprias leis. O médico questiona:
– Mas e os milagres de Cristo?
– Os milagres de Jesus aconteceram em contextos particulares.
Não havia mais milagres. Não havia mais milagres por quê o homem agora tinha um novo deus, a ciência? A ciência assegura que há leis naturais. A filosofia chega a questionar essas leis aparentemente inquestionáveis. Segundo Wittgenstein em seu Tratactus, “que o sol nascerá amanhã não é uma certeza concreta, mas uma necessidade lógica”. O fato de o sol nascer todos os dias não infere que ele não possa simplesmente deixar de aparecer amanhã. Wittgenstein, dessa forma, aponta os limites da linguagem. Para o filósofo, o que está além da linguagem é o Místico. E a Morte é o elemento místico do filme. Johannes desafia as leis naturais.
Logo após a saída do médico, Johannes afirma que Inger está morta. Ele aponta para uma luz que adentra a sala. Anders explica que se tratava da luz do farol do carro do médico que estava partindo. Johannes se espanta e afirma que um determinado barulho era a morte chegando para Inger. Anders informa que, em verdade, era o carro do médico dando partida. Destarte, o encanto diante do mistério e o desencanto através de explicações racionais se contrapõem na cena. Por fim, Mikkel, o marido ateu de Inger, sai do quarto e dá a notícia da morte dela.
Após o falecimento de Inger, Johannes foge de casa. A sua morte traz a união entre Anne e Anders, pois Peter se arrepende de ter desejado o falecimento de Inger como forma de provar a Merton a verdade do seu Deus. Mais tarde, Johannes retorna para casa, justamente no velório de Inger.
Admirados com sua volta, seus familiares se mostram esperançosos de que ele esteja curado. No entanto, ele afirma que irá ressuscitar Inger. Johannes chegara logo após Merton dizer que o corpo de Inger será enterrado, para revolta de Mikkel, que grita “eu também amava o corpo dela!”. O corpo, esse lugar profano, impregnado de vida, ele é prova da existência.
Johannes, então, ressuscita Inger. Como o Deus que se fez corpo, que trouxe Lázaro de volta à vida, e que ressuscitou no terceiro dia após sua morte, Johannes também desafia a Morte e a transcende. Não seria a Morte o grande mistério da vida? Johannes ressuscita Inger através da palavra. É quando o filme aponta a palavra e a vontade de objetivação, o tornar-se realidade a partir da linguagem. Assim como o Deus que criou o mundo a partir das palavras - faça-se a luz- Johannes traz Inger de volta à vida através da palavra. Após levantar-se, Inger abraça seu marido e o beija ardentemente. O corpo em contato com outro corpo, o corpo como certeza da vida, a vida havia superado a morte.
O filme de Dreyer não termina por defender a fé contra a razão. O diretor antes faz um elogio ao Místico, àquilo sobre o que não podemos falar. Dreyer coloca em cheque o poder da linguagem, a pretensão do homem de conhecer e domar o mundo. Um "louco" prova a sua verdade aos incrédulos contra os quais havia bradado na cena inicial do filme. A história desafia as leis naturais – uma morta é ressuscitada! - e o espectador cai na estupefação diante daquilo que não consegue explicar.
– Mas e os milagres de Cristo?
– Os milagres de Jesus aconteceram em contextos particulares.
Não havia mais milagres. Não havia mais milagres por quê o homem agora tinha um novo deus, a ciência? A ciência assegura que há leis naturais. A filosofia chega a questionar essas leis aparentemente inquestionáveis. Segundo Wittgenstein em seu Tratactus, “que o sol nascerá amanhã não é uma certeza concreta, mas uma necessidade lógica”. O fato de o sol nascer todos os dias não infere que ele não possa simplesmente deixar de aparecer amanhã. Wittgenstein, dessa forma, aponta os limites da linguagem. Para o filósofo, o que está além da linguagem é o Místico. E a Morte é o elemento místico do filme. Johannes desafia as leis naturais.
Logo após a saída do médico, Johannes afirma que Inger está morta. Ele aponta para uma luz que adentra a sala. Anders explica que se tratava da luz do farol do carro do médico que estava partindo. Johannes se espanta e afirma que um determinado barulho era a morte chegando para Inger. Anders informa que, em verdade, era o carro do médico dando partida. Destarte, o encanto diante do mistério e o desencanto através de explicações racionais se contrapõem na cena. Por fim, Mikkel, o marido ateu de Inger, sai do quarto e dá a notícia da morte dela.
Após o falecimento de Inger, Johannes foge de casa. A sua morte traz a união entre Anne e Anders, pois Peter se arrepende de ter desejado o falecimento de Inger como forma de provar a Merton a verdade do seu Deus. Mais tarde, Johannes retorna para casa, justamente no velório de Inger.
Admirados com sua volta, seus familiares se mostram esperançosos de que ele esteja curado. No entanto, ele afirma que irá ressuscitar Inger. Johannes chegara logo após Merton dizer que o corpo de Inger será enterrado, para revolta de Mikkel, que grita “eu também amava o corpo dela!”. O corpo, esse lugar profano, impregnado de vida, ele é prova da existência.
Johannes, então, ressuscita Inger. Como o Deus que se fez corpo, que trouxe Lázaro de volta à vida, e que ressuscitou no terceiro dia após sua morte, Johannes também desafia a Morte e a transcende. Não seria a Morte o grande mistério da vida? Johannes ressuscita Inger através da palavra. É quando o filme aponta a palavra e a vontade de objetivação, o tornar-se realidade a partir da linguagem. Assim como o Deus que criou o mundo a partir das palavras - faça-se a luz- Johannes traz Inger de volta à vida através da palavra. Após levantar-se, Inger abraça seu marido e o beija ardentemente. O corpo em contato com outro corpo, o corpo como certeza da vida, a vida havia superado a morte.
O filme de Dreyer não termina por defender a fé contra a razão. O diretor antes faz um elogio ao Místico, àquilo sobre o que não podemos falar. Dreyer coloca em cheque o poder da linguagem, a pretensão do homem de conhecer e domar o mundo. Um "louco" prova a sua verdade aos incrédulos contra os quais havia bradado na cena inicial do filme. A história desafia as leis naturais – uma morta é ressuscitada! - e o espectador cai na estupefação diante daquilo que não consegue explicar.
Por Tatiana Hora
domingo, setembro 21, 2008
I can't live... if living is without you...
Duas qualidades invejáveis numa pessoa
- Não falar quase nada da vida pessoal. Sabe aquela pessoa com quem você anda há séculos, e você de repente descobre por acaso que o pai dela morreu há dez anos? Pois é. Conversas sobre dominó, animais de estimação, cidades bonitas, essas coisas, tudo menos falar sobre o relacionamento com o namorado.
- Ser indiferente. Explico: existem pessoas que não opinam muito sobre os outros, simplesmente contam uma piada, dão bom dia, e seguem em frente. Elas têm umas poquíssimas pessoas guardadas no coração, e sobre as outras não têm muito a dizer além de um "para mim, nem fede, nem cheira". Acho ótimo.
- Ser indiferente. Explico: existem pessoas que não opinam muito sobre os outros, simplesmente contam uma piada, dão bom dia, e seguem em frente. Elas têm umas poquíssimas pessoas guardadas no coração, e sobre as outras não têm muito a dizer além de um "para mim, nem fede, nem cheira". Acho ótimo.
sábado, setembro 20, 2008
Beleza. Então eu leio no jornal que vai rolar Beto Barbosa na Colosseo, e aquele velho esquema de boite de patricinha pá, oeee 200 primeiras mulheres entrada free oeee. Aproveito e chamo uma colega minha que estava aflita para torrar a fortuna que havia conquistado depois de dar aula a um pirralho (50 contos), e ela fica toda animadinha para ir comigo ao show brega no meio da high society.
Ok. Eu me empolgo toda, passo o dia inteiro ouvindo as músicas do meu ídolo de infância, aguento um monte de piadas do povo do msn (que viu o que eu estava ouvindo, e veio comentar "hahaha você tá ouvindo Beto Barbosa, Tati!!!"), enfim, eu me requebro na frente do espelho, ouço minha mãe dizer não-sei-quantas-mil-vezes "Ô Tatiana, eu não sabia que você era tão brega", canto "dance e balance e vem!" no banheiro, me arrumo toda e pá, e lá vamos nós, eu e minha amiguinha. Enfim, saí do meu universo de parque da Sementeira, all star, bandas de rock, shows da Plástico ou Coverama. Não por muito tempo.
Minha amiga e eu, duas fudidas, compramos um vinho Dom Bosco numa loja de conveniência, porque, afinal, o consumo dentro daquela boite devia ser caro pra caralho, e a gente não tem carro, e ainda ia ter que pagar uma porra de um taxi, etc e tal. Em suma, somos quebradas.
Depois de pegar muita pilha tomando vinho, enfim nos dirigimos à boite Colosseo. Não havia tanta gente assim na porta, era para haver muito mais, afinal, era O REI DA LAMBADA que ia dar um show naquela noite. Daí minha amiga teve uma brilhante constatação.
- Ô Tati, será que esse show é de graça mesmo?
- É sim po.
- Mas tem tão pouca gente...
- Ah velho, tá bom, vou perguntar ao carinha na porta.
Lá vou eu né...
- Ô moço, hoje o show é de graça né?
- De graça? Bem, eu não sei não. Deixa eu chamar o rapaz ali.
E eis que surge o rapaz, um cara bem grande e com cara de muito atarefado na noite.
- Moço, hoje o show é de graça né?
- Q! Não, hoje não tem isso não.
:S - E quanto é?
- 20.
COMO ASSIM? VINTE REAIS???? O pior é que o cara foi bem grosseiro, e respondeu como se minha colega e eu quiséssemos enganar o segurança dizendo que o show era de graça. Eu nem argumentei que tinha visto no jornal, e blá blá blá, mas fiquei muito puta da vida. Daí minha colega...
- Po Tati, não vamos embora agora, velho! Vai ficar muito na cara que a gente não vai entrar porque não quer pagar os vinte contos!
- O quê? E eu não tenho orgulho, não, minha filha. Não pago mesmo vinte contos por essa porra, e digo mais: nada de enrolar aqui pra disfarçar, e vamos embora logo porque já são onze e meia e o buzu só roda até meia-noite!
E assim termina a triste história de uma menina que esperava dançar lambada a noite inteira, e volta para casa antes da meia-noite, e aguenta gozação da mãe quando chega em casa. Como podem brincar desse jeito com o sonho de uma ex-criança de cinco anos?
Ok. Eu me empolgo toda, passo o dia inteiro ouvindo as músicas do meu ídolo de infância, aguento um monte de piadas do povo do msn (que viu o que eu estava ouvindo, e veio comentar "hahaha você tá ouvindo Beto Barbosa, Tati!!!"), enfim, eu me requebro na frente do espelho, ouço minha mãe dizer não-sei-quantas-mil-vezes "Ô Tatiana, eu não sabia que você era tão brega", canto "dance e balance e vem!" no banheiro, me arrumo toda e pá, e lá vamos nós, eu e minha amiguinha. Enfim, saí do meu universo de parque da Sementeira, all star, bandas de rock, shows da Plástico ou Coverama. Não por muito tempo.
Minha amiga e eu, duas fudidas, compramos um vinho Dom Bosco numa loja de conveniência, porque, afinal, o consumo dentro daquela boite devia ser caro pra caralho, e a gente não tem carro, e ainda ia ter que pagar uma porra de um taxi, etc e tal. Em suma, somos quebradas.
Depois de pegar muita pilha tomando vinho, enfim nos dirigimos à boite Colosseo. Não havia tanta gente assim na porta, era para haver muito mais, afinal, era O REI DA LAMBADA que ia dar um show naquela noite. Daí minha amiga teve uma brilhante constatação.
- Ô Tati, será que esse show é de graça mesmo?
- É sim po.
- Mas tem tão pouca gente...
- Ah velho, tá bom, vou perguntar ao carinha na porta.
Lá vou eu né...
- Ô moço, hoje o show é de graça né?
- De graça? Bem, eu não sei não. Deixa eu chamar o rapaz ali.
E eis que surge o rapaz, um cara bem grande e com cara de muito atarefado na noite.
- Moço, hoje o show é de graça né?
- Q! Não, hoje não tem isso não.
:S - E quanto é?
- 20.
COMO ASSIM? VINTE REAIS???? O pior é que o cara foi bem grosseiro, e respondeu como se minha colega e eu quiséssemos enganar o segurança dizendo que o show era de graça. Eu nem argumentei que tinha visto no jornal, e blá blá blá, mas fiquei muito puta da vida. Daí minha colega...
- Po Tati, não vamos embora agora, velho! Vai ficar muito na cara que a gente não vai entrar porque não quer pagar os vinte contos!
- O quê? E eu não tenho orgulho, não, minha filha. Não pago mesmo vinte contos por essa porra, e digo mais: nada de enrolar aqui pra disfarçar, e vamos embora logo porque já são onze e meia e o buzu só roda até meia-noite!
E assim termina a triste história de uma menina que esperava dançar lambada a noite inteira, e volta para casa antes da meia-noite, e aguenta gozação da mãe quando chega em casa. Como podem brincar desse jeito com o sonho de uma ex-criança de cinco anos?
quinta-feira, setembro 18, 2008
Balance no A, no B, no C, balance com BB
Ve-lho, hoje vai rolar Beto Barbosa, um dos maiores ícones da lambada, meu ídolo de infância, lá na boite de paty, a Colosseo.
Nada como realizar um sonho de infância, eu, que no AUGE dos meus cinco anos adorava o ritmo "adocica, meu amor, adocica... adocica, meu amor, a minha vidaaaa". Mas eu vou é BEM LINDA, foi mal aê galera cult. Eu não preciso que Caetano diga que Beto Barbosa é bom pra achar digno ir ao show dele (será que ele já disse isso? o.O). Enfim, BEIJOS.
Lições do dia a dia
Umas das melhores qualidades que um homem pode ter é não ter ex-namorada. Além de ficar deslumbrado com você, ele não tem conversinha de trauma nem qualquer antipática querendo aparecer às suas custas. 100 pontos.
quarta-feira, setembro 17, 2008
Marcos
Um dia a cidade lhe pareceu muito desinteressante. As mesmas caras, as mesmas ruas, a cidade tomava a forma de um não-lugar. Cada baforada dos carros, cada horizonte que se estreitava à sua vista, cada dia em que preferia deitar-se a ver algo de novo... tudo isso era um sintoma de que deveria partir. Só se sentia bem perto do mar, pois o mar era a parte mais bela da cidade, e onde se sentia perdido dentro da própria casa.
O que mais o inquietava era a impressão de que já havia conhecido todas as mulheres que poderiam interessá-lo, que não eram muitas. Gostava da experiência, da aventura de encontrar uma nova pessoa na sua vida. O que para muitas mulheres significava a sua falta de comprometimento, para ele era a busca por saber um pouco mais sobre aquela alma e aquele corpo. Uma mulher caminhando na rua não era apenas uma mulher caminhando na rua - ela guardava muitos segredos e desventuras.
Agora andava pelos lugares e pensava, com um leve assomo de tédio, que as mulheres daquela cidade eram muito desinteressantes. Imaginava que seu grande amor não estaria ali, mas deveria se encontrar em alguma esquina desse mundo imenso. Porque, por mais que adorasse a efemeridade de alguns encontros, todas as mulheres com quem havia estado lhe suscitavam a vontade de que fosse ela a mulher com quem ele dividisse tudo o que ele era. Compartilharia uma rede, uma viagem para a Tailândia, compartilharia até a dor de um câncer, se fosse preciso. Ah! Mas não era Ela! Pois por mais que pudesse beijar todas as mulheres de uma festa, sabia que nenhuma delas diria o quanto gosta do pequeno sinal que ele tinha na maçã esquerda do rosto.
Então, se não havia mais ninguém interessante, estava na hora de viver uma aventura em outro lugar. E uma exigência sua era que esse outro lugar tivesse mar ou montanha. Pois o mar e a montanha lhe provocavam uma ascese.
Não acreditava no destino, e por isso tinha vontade de atravessar todos os espaços para lutar contra o acaso e construir um destino com as próprias mãos. Refletia sobre as contingências do mundo, e, a partir do que havia observado na sua mãe, que sempre se conteve diante da grandeza do mundo na pequenez da sua casa, ele desejava ampliar o seu universo e maximizar as possibilidades.
A vida era um jogo, ele tinha que ser um bom jogador. E o bom jogador é, acima de tudo, aquele que é ambicioso e arrisca. O mundo nunca tinha o mesmo tamanho de uma pessoa para outra. O mundo de cada um, pensava, tinha o tamanho inversamente proporcional ao do seu medo.
Cada palmeira na estrada
Tem uma moça recostada
Uma é minha namorada
E essa estrada vai dar no mar
Cada palma enluarada
Tem que estar quieta, parada
Qualquer canção, quase nada
Vai fazer o sol levantar
Vai fazer o dia nascer
Namorando a madrugada
Eu e minha namora - da
Vamos andando na estrada
Que vai dar no avarandado do amanhecer
No avarandado do amanhecer
No avarandado do amanhecer
Caetano Veloso
O que mais o inquietava era a impressão de que já havia conhecido todas as mulheres que poderiam interessá-lo, que não eram muitas. Gostava da experiência, da aventura de encontrar uma nova pessoa na sua vida. O que para muitas mulheres significava a sua falta de comprometimento, para ele era a busca por saber um pouco mais sobre aquela alma e aquele corpo. Uma mulher caminhando na rua não era apenas uma mulher caminhando na rua - ela guardava muitos segredos e desventuras.
Agora andava pelos lugares e pensava, com um leve assomo de tédio, que as mulheres daquela cidade eram muito desinteressantes. Imaginava que seu grande amor não estaria ali, mas deveria se encontrar em alguma esquina desse mundo imenso. Porque, por mais que adorasse a efemeridade de alguns encontros, todas as mulheres com quem havia estado lhe suscitavam a vontade de que fosse ela a mulher com quem ele dividisse tudo o que ele era. Compartilharia uma rede, uma viagem para a Tailândia, compartilharia até a dor de um câncer, se fosse preciso. Ah! Mas não era Ela! Pois por mais que pudesse beijar todas as mulheres de uma festa, sabia que nenhuma delas diria o quanto gosta do pequeno sinal que ele tinha na maçã esquerda do rosto.
Então, se não havia mais ninguém interessante, estava na hora de viver uma aventura em outro lugar. E uma exigência sua era que esse outro lugar tivesse mar ou montanha. Pois o mar e a montanha lhe provocavam uma ascese.
Não acreditava no destino, e por isso tinha vontade de atravessar todos os espaços para lutar contra o acaso e construir um destino com as próprias mãos. Refletia sobre as contingências do mundo, e, a partir do que havia observado na sua mãe, que sempre se conteve diante da grandeza do mundo na pequenez da sua casa, ele desejava ampliar o seu universo e maximizar as possibilidades.
A vida era um jogo, ele tinha que ser um bom jogador. E o bom jogador é, acima de tudo, aquele que é ambicioso e arrisca. O mundo nunca tinha o mesmo tamanho de uma pessoa para outra. O mundo de cada um, pensava, tinha o tamanho inversamente proporcional ao do seu medo.
Cada palmeira na estrada
Tem uma moça recostada
Uma é minha namorada
E essa estrada vai dar no mar
Cada palma enluarada
Tem que estar quieta, parada
Qualquer canção, quase nada
Vai fazer o sol levantar
Vai fazer o dia nascer
Namorando a madrugada
Eu e minha namora - da
Vamos andando na estrada
Que vai dar no avarandado do amanhecer
No avarandado do amanhecer
No avarandado do amanhecer
Caetano Veloso
terça-feira, setembro 16, 2008
Andreza
Um belo dia, Andreza, de repente, foi embora. Eu sempre soube dos seus ímpetos de partir, tinha plena consciência de que ela estava distante. O que mais me angustiava nisso tudo era o fato de, sempre que ela fazia as malas, eu descobrir uma paixão irrefreável por ela. Cheirava o seu cheiro e beijava a sua boca em plena fronha no meu travesseiro, ao passo que, assim que ela retornava, o seu sabor me era amargo e o seu semblante era recoberto por uma névoa de tédio. Eu só queria Andreza quando ela não podia ser minha. Era um fato.
Mas o que me atraía em Andreza? Talvez a intensidade, a intuição em lugar de inteligência, a genialidade presente em sua falta de método. Às vezes me sentia pequeno perto dela. Pequeno não no sentido de inferior, mas como se ela fosse me abocanhar a qualquer momento, tamanha era a sua vivacidade.
O que falta em Andreza é o rigor de uma boa mãe e a segurança do conforto de um lar. Pois com ela, eu nunca me sentia em casa, mas num trailer ou pedindo carona na estrada. E aquilo me fazia querer viver com ela aventuras e mais aventuras, sem nunca embarcar de vez na sua viagem louca.
Ah, mas eu não quero perder Andreza de jeito nenhum! E todos os seus retornos, ao mesmo tempo em que me fazem desvalorizá-la por acabar me dando conta de que suas idas sempre terão voltas, eles enchem-me de tesão pela euforia compulsiva da briga e da reconciliação. Como um amante das aventuras, mas falso aventureiro contido pela rotina, eu me embriagava com Andreza e me extasiava com nossa novela mexicana. Acendo um charuto.
Mas o que me atraía em Andreza? Talvez a intensidade, a intuição em lugar de inteligência, a genialidade presente em sua falta de método. Às vezes me sentia pequeno perto dela. Pequeno não no sentido de inferior, mas como se ela fosse me abocanhar a qualquer momento, tamanha era a sua vivacidade.
O que falta em Andreza é o rigor de uma boa mãe e a segurança do conforto de um lar. Pois com ela, eu nunca me sentia em casa, mas num trailer ou pedindo carona na estrada. E aquilo me fazia querer viver com ela aventuras e mais aventuras, sem nunca embarcar de vez na sua viagem louca.
Ah, mas eu não quero perder Andreza de jeito nenhum! E todos os seus retornos, ao mesmo tempo em que me fazem desvalorizá-la por acabar me dando conta de que suas idas sempre terão voltas, eles enchem-me de tesão pela euforia compulsiva da briga e da reconciliação. Como um amante das aventuras, mas falso aventureiro contido pela rotina, eu me embriagava com Andreza e me extasiava com nossa novela mexicana. Acendo um charuto.
segunda-feira, setembro 15, 2008
Eu sei que postar letra de música é coisa de guria, mas me identifiquei muito com essa música do Coldplay #)
Look at earth from outer space
Everyone must find a place
Give me time and give me space
Give me real, don't give me fake
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Give time give us a kiss
Tell me your own politic
And open up your eyes
Open up your eyes
Give me one, 'cause one is best
In confusion, confidence
Give me peace of mind and trust
Don't forget the rest of us
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Wounds that heal and cracks that fix
Tell me your own politic
And open up your eyes
Just open up your eyes
But give me love over, love over, love over this, I ...
And give me love over, love over, love over this, I ...
Look at earth from outer space
Everyone must find a place
Give me time and give me space
Give me real, don't give me fake
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Give time give us a kiss
Tell me your own politic
And open up your eyes
Open up your eyes
Give me one, 'cause one is best
In confusion, confidence
Give me peace of mind and trust
Don't forget the rest of us
Give me strength, reserve control
Give me heart and give me soul
Wounds that heal and cracks that fix
Tell me your own politic
And open up your eyes
Just open up your eyes
But give me love over, love over, love over this, I ...
And give me love over, love over, love over this, I ...
Laura
De uma forma ou de outra, eu sentia que poderia possuir Laura por inteiro. Tinha plena consciência que faltava-me apenas uma aproximação. Laura não tomaria o primeiro passo, não se arriscaria a tanto. Para ela tudo estava como estava e nada mais. Não havia incômodo algum em sua situação.
Suas palavras costumavam ser muito obtusas. Ela não queria deixar claro o que sentia ou pensava. Também escondia qualquer ciúme ou sinal de afeto. A verdade estava nas ações, então se não dissesse ou demonstrasse afeto, ele simplesmente não existiria.
Laura fazia-se de aventureira incorrigível. Todas as suas experiências mais sólidas com outras pessoas se mostravam vazias em seus relatos. Como se tudo não fosse nada além de um equívoco. Nas suas histórias havia, muito mais do que desabafos, uma maneira sutil de me afastar. Era como se me avisasse do meu futuro, caso quisesse um contato mais próximo. A dureza como observava a falha de outras pessoas era a mesma dureza como me prevenia de que jamais me amaria.
Eu não queria Laura. Nela eu via o projeto não realizado, tudo que poderia ser, mas não é. Até porque alguma coisa faltava em Laura. Meu sentimento por ela se mantinha suspenso, havia até alguma vontade de concretizá-lo. Entretanto, logo percebia que não era Laura quem eu queria, era o que Laura não almejava ser. Eu desejava o que Laura seria sem tanta hostilidade nas palavras, sem tanta frieza na postura, sem tanto fingir que não se importava.
Sentia-a se afastando de mim cada vez mais. Perdia-a aos poucos, e era uma pequena dor sempre que percebia um pouco dela dando adeus. Sabia que, muito provavelmente, poderia detê-la, mas faltava-me ânimo e coragem para impedi-la de ir embora. Lamentava a partida dela num impulso de ausência, num suspiro. Apenas a deixava partir, e não queria e nem me atreveria a conquistá-la. Ela era para mim uma ameaça.
Suas palavras costumavam ser muito obtusas. Ela não queria deixar claro o que sentia ou pensava. Também escondia qualquer ciúme ou sinal de afeto. A verdade estava nas ações, então se não dissesse ou demonstrasse afeto, ele simplesmente não existiria.
Laura fazia-se de aventureira incorrigível. Todas as suas experiências mais sólidas com outras pessoas se mostravam vazias em seus relatos. Como se tudo não fosse nada além de um equívoco. Nas suas histórias havia, muito mais do que desabafos, uma maneira sutil de me afastar. Era como se me avisasse do meu futuro, caso quisesse um contato mais próximo. A dureza como observava a falha de outras pessoas era a mesma dureza como me prevenia de que jamais me amaria.
Eu não queria Laura. Nela eu via o projeto não realizado, tudo que poderia ser, mas não é. Até porque alguma coisa faltava em Laura. Meu sentimento por ela se mantinha suspenso, havia até alguma vontade de concretizá-lo. Entretanto, logo percebia que não era Laura quem eu queria, era o que Laura não almejava ser. Eu desejava o que Laura seria sem tanta hostilidade nas palavras, sem tanta frieza na postura, sem tanto fingir que não se importava.
Sentia-a se afastando de mim cada vez mais. Perdia-a aos poucos, e era uma pequena dor sempre que percebia um pouco dela dando adeus. Sabia que, muito provavelmente, poderia detê-la, mas faltava-me ânimo e coragem para impedi-la de ir embora. Lamentava a partida dela num impulso de ausência, num suspiro. Apenas a deixava partir, e não queria e nem me atreveria a conquistá-la. Ela era para mim uma ameaça.
sexta-feira, setembro 12, 2008
quinta-feira, setembro 11, 2008
11 de setembro
Quando olhei a data de hoje, tomei um susto: né que é 11 de setembro? Então veio aquela velha pergunta: será que alguém vai realizar um ataque terrorista para celebrar a derrubada do World Trade Center?
Deve haver muita gente fazendo planos infalíveis para essa data. Ou não. Afinal, nessa época os EUA ficam armados até os dentes (ainda mais malucos do que de costume). Incrível como o espetáculo em volta da guerra mexe com a nossa cabeça. Quando penso em ataque terrorista, logo imagino algum mulçumano fantasiado de homem-bomba.
Do lado de cá, eu não comemoro o fato de o Brasil não viver em guerra, como faz minha avó. Seria redundante dizer que o Brasil vive suas guerras. Voltando ao assunto, lembro-me como hoje do meu 11 de setembro.
Não foi um dia que me trouxe comemorações ou lágrimas, apenas o olhar de "putz, para onde esse mundo vai ein?". Recordo o instante em que assisti pela televisão a visão espetacular do avião indo de encontro ao World Trade Center. Parecia coisa de filme, daqueles filmes que os americanos fazem porque vivem se cagando de medo de verem seu império ser demolido.
No dia seguinte, tive aula de história na escola. Meu professor, que vivia esbravejando sobre o quanto os EUA eram malditos na corrida para o Oeste e nas guerras no Oriente Médio, apareceu vestindo uma camisa com a imagem de uma das torres gêmeas sendo aniquilada por um avião, tendo logo abaixo da foto o seguinte dizer: "Isso é só o começo..."
Para mim, como disse antes, tal acontecimento não representa nem tristeza nem alegria. Só desapontamento. O ataque às torres gêmeas significa para mim, principalmente, uma grande bofetada nessa bobagem toda de pós-modernidade, de fim da geografia e fim da história, de soterramento das fronteiras espaço-temporais e blá blá blá.
Como se agora, porque pessoas de diferentes países podem conversar pelo ciberespaço, todo mundo fala a mesma língua, como se, porque tem coca-cola em qualquer lugar, as culturas serão unificadas. Daí, quando a gente vê um evento como esse do World Trade Center, percebemos que, se por um lado a globalização une, ela também desune, na medida em que provoca resistências ainda mais violentas de determinadas culturas que são dominadas por outras.
No mais, a globalização através dos meios de comunicação de massa nos proporciona essa experiência de assistir à guerra, de compartilhar o medo com o mundo todo, de ver imagens semelhantes, num universo em que a gente às vezes não sabe ao certo se está vendo o noticiário ou um filme.
Sobre a busca pela captura de Osama Bin Laden, a porta-voz da Casa Branca, Dona Perino, afirmou ontem:
- Há limitações humanas. Isso não é como nos filmes. Não temos super-poderes.
Big bang?
Fiquei sabendo de uma experiência que pretende comprovar a veracidade da teoria do Big Bang. Alguns estão apavorados com a possibilidade de se formar um buraco negro que dará fim ao planeta Terra devido à brincadeira dos cientistas com as tais partículas.
Engraçado o sensacionalismo que a imprensa adora fazer com os experimentos e as descobertas da ciência. Jornalistas praticamente fazem ficção científica em suas reportagens. Mas é claro: os homens se assustam com o poder da ciência e fazem questionamentos éticos que consistem basicamente em perguntar se, afinal, devemos ou não nos transformar em deuses.
De um lado os que acreditam na ciência, do outro os que têm fé em Deus. Duas crenças, e eu não defendo nenhuma. Para mim é uma grande bobagem essa história de que o homem é super poderoso, assim como não entendo porque deveria haver Deus se as coisas são o que são, e o mundo apenas está.
De uma forma ou de outra, não vejo nessa experiência uma grande ameaça. Afinal, dizem que se fôssemos sugados por um buraco negro não iríamos nem perceber, pois o mundo acabaria num piscar de olhos. Não vejo razão em temer algo que não traz sofrimento. Seria o fim e ponto final.
Engraçado o sensacionalismo que a imprensa adora fazer com os experimentos e as descobertas da ciência. Jornalistas praticamente fazem ficção científica em suas reportagens. Mas é claro: os homens se assustam com o poder da ciência e fazem questionamentos éticos que consistem basicamente em perguntar se, afinal, devemos ou não nos transformar em deuses.
De um lado os que acreditam na ciência, do outro os que têm fé em Deus. Duas crenças, e eu não defendo nenhuma. Para mim é uma grande bobagem essa história de que o homem é super poderoso, assim como não entendo porque deveria haver Deus se as coisas são o que são, e o mundo apenas está.
De uma forma ou de outra, não vejo nessa experiência uma grande ameaça. Afinal, dizem que se fôssemos sugados por um buraco negro não iríamos nem perceber, pois o mundo acabaria num piscar de olhos. Não vejo razão em temer algo que não traz sofrimento. Seria o fim e ponto final.
terça-feira, setembro 09, 2008
A mesma correspondência em dois tempos, presente e passado, de dentro e de fora, são duas correspondências.
Antes de ontem li e-mails de um antigo caso. Tantas coisas que passaram despercebidas por mim, agora se revelavam, para meu espanto. Não sei qual das duas perspectivas, a de dentro das emoções do prensente, ou a de fora, que contempla o passado distante através de um olhar racional, é a verdadeira.
Sei que uma coisa parece-me certa: lendo aquelas palavras no atual momento pude perceber fraquezas e inseguranças em quem antes sempre me pareceu tão impávido diante dos acontecimentos.
Antes de ontem li e-mails de um antigo caso. Tantas coisas que passaram despercebidas por mim, agora se revelavam, para meu espanto. Não sei qual das duas perspectivas, a de dentro das emoções do prensente, ou a de fora, que contempla o passado distante através de um olhar racional, é a verdadeira.
Sei que uma coisa parece-me certa: lendo aquelas palavras no atual momento pude perceber fraquezas e inseguranças em quem antes sempre me pareceu tão impávido diante dos acontecimentos.
segunda-feira, setembro 08, 2008
Jeito bocó de ser
Uma vez eu entrei na comunidade "Somos blasé". Era moderada, e adivinha o que aconteceu? Não fui aceita.
De fato. De onde diabos eu tirei a idéia de que sou blasé, minha gente??? Uma pessoa que quando ri, sempre aparece alguém pra dizer com espanto "mas o que foi isso??? que risada é essa, menina???"; um ser que vive fazendo piadinhas sem graça; alguém que passa a vida mangando de si mesma e dos outros...
Eu até queria ser misteriosa, uma mulher fatal, mas não consigo :(
De fato. De onde diabos eu tirei a idéia de que sou blasé, minha gente??? Uma pessoa que quando ri, sempre aparece alguém pra dizer com espanto "mas o que foi isso??? que risada é essa, menina???"; um ser que vive fazendo piadinhas sem graça; alguém que passa a vida mangando de si mesma e dos outros...
Eu até queria ser misteriosa, uma mulher fatal, mas não consigo :(
domingo, setembro 07, 2008
Estive na última semana em Natal para apresentar um artigo no Intercom (e farrear um pouquinho, porque ninguém é de ferro hehehe). Daí, como pessoa observadora que sou, fiquei reparando na postura, nos hábitos desses seres estranhos que são os pesquisadores.
Algo que me chamou a atenção foi a diferença gritante entre as discussões realizadas no congresso de iniciação científica, o Intercom Júnior, e os debates nos núcleos de pesquisa, que abarcam de mestrandos pra cima.
Primeiramente, é incômoda a maneira como o núcleo de semiótica discute. Explico: a elite intelectual da PUC e da USP se reúne numa sala e fica falando um lero lero para só eles entenderem. Houve uma apresentação em que eu não entendia absolutamente nada do que a congressista falava, mas compreendia o texto dela, que estava em grande parte nos slides. Uma fala que seria para simplificar e sintetizar, só complicava. Depois de duas palestras seguidas em que eu entendia muito pouco do que os especialistas falavam, eu comecei a entender o porquê de a moça da organização, que pedia para assinar a lista de inscritos na porta da sala, ter olhado para mim bastante surpresa com o meu interesse em ver as discussões sobre semiótica.
- Olha, aqui é o núcleo de semiótica - disse como quem pergunta "mas você, assim tão novinha, realmente quer participar?".
Fui embora do núcleo. Eles, que são semioticistas, que se entendam. Talvez não por pedantismo ou coisa do tipo, mas porque realmente é muito difícil falar de conceitos tão complexos em apenas 20 minutos no máximo.
Em outros NPs as discussões foram bem compreensíveis, ao contrário do NP de Semiótica. Os NPs de Audiovisual e de Teoria da Comunicação trouxeram discussões bem interessantes. Agora, uma coisa os diversos NPs têm em comum: o fato de os pesquisadores se digladiarem no congresso.
Diferente do que ocorre no Intercom Júnior, onde os estudantes só intervêm para demonstrar interesse pelo trabalho do outro, os NPs são verdadeiros campos de luta. Não sei até que ponto certos debates são embates teóricos ou de egos. Sei que você chega lá e vê um doutor apresentar a sua tese em 15 minutos, e depois aparece não sei quem para dizer que o conceito que ele utilizou é "vago", ou Fulana falar sobre sua dissertação em andamento e Cicrano dizer que, ao contrário do que ela afirma, o cineasta X é realista e recomenda um livro tal. Aí depois a Fulana diz que se ele ler a edição tal de uma determinada revista de crítica de cinema, ele vai ver que o tal cineasta declarou em entrevista que está muito equivocado quem diz que ele é realista. E etc etc etc.
Apesar do embate de teorias (ou egos, quem sabe) ser meio hostil às vezes, é até divertido ver o povo debatendo. É que no Intercom Júnior muito pouca gente se interessa por discutir o que um estudante fala. Fica aquele olhar compreensivo, aquela coisa "mas que bonitinho o Fulaninho ali apresentando". Já no NP, se por um lado há muita vaidade intelectual, por outro há mais questionamento, mais crítica, e crítica, quando feita de maneira saudável, é uma coisa essencial em pesquisa. Mas, ao que parece, nos próximos anos o Intercom vai misturar os pesquisadores dos mais diversos níveis. Não sei se é uma boa. Vamos ver se os estudantes terão de exercitar mais o lado crítico e os especialistas sairão da torre de marfim, ou se os estudantes serão escrachados, ou as duas coisas.
Algo que me chamou a atenção foi a diferença gritante entre as discussões realizadas no congresso de iniciação científica, o Intercom Júnior, e os debates nos núcleos de pesquisa, que abarcam de mestrandos pra cima.
Primeiramente, é incômoda a maneira como o núcleo de semiótica discute. Explico: a elite intelectual da PUC e da USP se reúne numa sala e fica falando um lero lero para só eles entenderem. Houve uma apresentação em que eu não entendia absolutamente nada do que a congressista falava, mas compreendia o texto dela, que estava em grande parte nos slides. Uma fala que seria para simplificar e sintetizar, só complicava. Depois de duas palestras seguidas em que eu entendia muito pouco do que os especialistas falavam, eu comecei a entender o porquê de a moça da organização, que pedia para assinar a lista de inscritos na porta da sala, ter olhado para mim bastante surpresa com o meu interesse em ver as discussões sobre semiótica.
- Olha, aqui é o núcleo de semiótica - disse como quem pergunta "mas você, assim tão novinha, realmente quer participar?".
Fui embora do núcleo. Eles, que são semioticistas, que se entendam. Talvez não por pedantismo ou coisa do tipo, mas porque realmente é muito difícil falar de conceitos tão complexos em apenas 20 minutos no máximo.
Em outros NPs as discussões foram bem compreensíveis, ao contrário do NP de Semiótica. Os NPs de Audiovisual e de Teoria da Comunicação trouxeram discussões bem interessantes. Agora, uma coisa os diversos NPs têm em comum: o fato de os pesquisadores se digladiarem no congresso.
Diferente do que ocorre no Intercom Júnior, onde os estudantes só intervêm para demonstrar interesse pelo trabalho do outro, os NPs são verdadeiros campos de luta. Não sei até que ponto certos debates são embates teóricos ou de egos. Sei que você chega lá e vê um doutor apresentar a sua tese em 15 minutos, e depois aparece não sei quem para dizer que o conceito que ele utilizou é "vago", ou Fulana falar sobre sua dissertação em andamento e Cicrano dizer que, ao contrário do que ela afirma, o cineasta X é realista e recomenda um livro tal. Aí depois a Fulana diz que se ele ler a edição tal de uma determinada revista de crítica de cinema, ele vai ver que o tal cineasta declarou em entrevista que está muito equivocado quem diz que ele é realista. E etc etc etc.
Apesar do embate de teorias (ou egos, quem sabe) ser meio hostil às vezes, é até divertido ver o povo debatendo. É que no Intercom Júnior muito pouca gente se interessa por discutir o que um estudante fala. Fica aquele olhar compreensivo, aquela coisa "mas que bonitinho o Fulaninho ali apresentando". Já no NP, se por um lado há muita vaidade intelectual, por outro há mais questionamento, mais crítica, e crítica, quando feita de maneira saudável, é uma coisa essencial em pesquisa. Mas, ao que parece, nos próximos anos o Intercom vai misturar os pesquisadores dos mais diversos níveis. Não sei se é uma boa. Vamos ver se os estudantes terão de exercitar mais o lado crítico e os especialistas sairão da torre de marfim, ou se os estudantes serão escrachados, ou as duas coisas.
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