quinta-feira, agosto 31, 2006
Day and day, hour and hour
Dia desses vesti uma camisa minha do Doors. Sabe, não tenho mais idade pra usar uma blusa com nome de banda, foto de um cara que morreu de overdose, e que tem escrito nas costas "Break on through to the other side"!
quarta-feira, agosto 30, 2006
E você, prendeu ou soltou?
Vi várias pessoas fazendo uma sabatina a uma psicóloga. Elas pareciam acreditar que estavam diante de uma grande fonte de sabedoria, de alguém que iria ajudá-los a ler a mente dos outros e a resolver todos os seus problemas. Ela, tentando corresponder às expectativas, tinha uma resposta, como um abracadabra, pra tudo.
- Essas pessoas que a gente vê por aí que são extremamente controladoras, bem, isso pode ser porque elas prenderam demais as próprias fezes na infância.
- O menino pode se tornar homossexual por não se identificar com o pai, por não vê-lo como um bom exemplo, e acaba se inspirando na mãe.
Ah, eu não sabia que as coisas eram tão simples. E se eu tiver prendido meu xixi na infância, o que acontece? E se eu me identificar com minha mãe e ela for homossexual? Eu vou ser hetero porque a admiro, ou vou ser lésbica porque ela é lésbica?
- Essas pessoas que a gente vê por aí que são extremamente controladoras, bem, isso pode ser porque elas prenderam demais as próprias fezes na infância.
- O menino pode se tornar homossexual por não se identificar com o pai, por não vê-lo como um bom exemplo, e acaba se inspirando na mãe.
Ah, eu não sabia que as coisas eram tão simples. E se eu tiver prendido meu xixi na infância, o que acontece? E se eu me identificar com minha mãe e ela for homossexual? Eu vou ser hetero porque a admiro, ou vou ser lésbica porque ela é lésbica?
quinta-feira, agosto 24, 2006
Mas Carolina não viu
Ela se sentou diante de mim e fitou a janela, depois não consegui acompanhar o seu olhar de tão perdidos que eram seus olhos.
- Está triste?
- Não. Estou apenas distraída.
- O que a trouxe até aqui?
- Minha mãe mandou.
Eu esperava que ela falasse, mas permanecia em silêncio.
- Olhe, eu preciso que você fale.
- Está bem.
- Isso aqui é um ambulatório de saúde mental público. Você não está num consultório particular onde pode passar uma hora sem dizer nada e depois pagar. Tem um monte de gente lá fora esperando.
- Sim, sei.
Ela tinha gestos de volúpia. A assistente social disse que ela também a tratava assim. Perturbava-me bastante uma menina de 16 anos que havia sido estuprada tratando-me de forma erótica. Mas em nenhum momento me pareceu que ela queria de fato ter relações sexuais comigo ou coisa parecida. Pelo contrário, bastava eu tocar no seu ombro para lhe dizer “até quarta-feira”, que ela se assustava como se tivesse recebido um insulto.
Eu falava bem mais durante a consulta, algo não muito recomendável na Psicologia. Então, pedi para ela simular que a almofada era algum conhecido, e dissesse tudo o que sentia. Ela desenhou os olhos da almafada e fitou-os.
- Eu vou me matar. Não adianta – depois ficou olhando pra mim esperando alguma resposta, e eu, sem saber o que fazer, pus-me a fazer anotações no meu caderno.
A mãe dela, como sempre, a esperava no sofá lendo revistas femininas e tomando café, e eu pedi para conversar com ela um instante.
- A sua filha já lhe disse que queria se matar?
- Oh, doutora, não é isso que me preocupa. Eu não sei o que fazer, não sei, isso me deixa tão triste. Uma vez eu estava tratando a carne do almoço, e ela puxou o meu braço e disse: mãe, eu vou morrer, a senhora me ama? Eu disse que amava sim, mas não sei o que fazer com essa menina, me diga, pelo amor de Deus.
- E por que você não me falou nada sobre isso?
- Minha mãe disse que quem vai mesmo se matar não fala essas coisas.
- Quem vai se matar pode falar essas coisas sim. Pode ser um pedido de socorro. Mas fique calma, vamos ter cuidado.
Carolina sempre contava histórias de que algum homem a havia perseguido na rua, e dizia que havia sofrido vários abusos. A mãe contou que uma vez, ao chegar do trabalho, quando Carolina ainda tinha dez anos, havia visto o seu irmão tocando nas partes íntimas da filha. Ainda bem que nada havia se consumado.
Eu tentava sempre acalmá-la, ela não poderia conviver com tanto medo. Se todo aquele medo parecia protegê-la, na verdade era o que mais lhe fazia mal. Ela me escutava como se quisesse acreditar naquilo, mas não lhe fosse possível.
Fazia descrições minuciosas sobre as vezes em que achava que estava sendo perseguida, mas não conseguia se lembrar de quase nada do estupro que havia sofrido. Dizia que estava dormindo, e ao acordar viu um homem, do qual não lembra os aspectos, desabotoando sua blusa e abrindo as próprias calças. Daí por diante, ela não lembrava de mais nada.
- Maria, você tem certeza de que isso aconteceu mesmo?
- Tenho.
- Mas você sempre acha que tem alguém atrás de você. Será que você não tem tanto medo disso, depois do que seu tio lhe fez, ao ponto de acreditar que aconteceu?
- Não.
Certo dia, ela chegou ao ambulatório reclamando de dores na região genital. Ficava se contorcendo, pedia que alguém fizesse alguma coisa pelo amor de Deus. Ela chorava de um jeito que se via a dor marcando o rosto, mordia os lábios, às vezes me olhava sem pedir ajuda. Tinha aquela doença que não aparece em exames.
Quando abri a porta para chamá-la, ela não estava lá vendo televisão. Lembro que ela olhava para a tela como se visse imagens que não estavam ali.
Eu havia dito que o tratamento só funcionava mesmo se ela quisesse se cuidar, se conversasse comigo. Mas nada.
De vez em quando lhe telefono pra saber se está viva.
- Está triste?
- Não. Estou apenas distraída.
- O que a trouxe até aqui?
- Minha mãe mandou.
Eu esperava que ela falasse, mas permanecia em silêncio.
- Olhe, eu preciso que você fale.
- Está bem.
- Isso aqui é um ambulatório de saúde mental público. Você não está num consultório particular onde pode passar uma hora sem dizer nada e depois pagar. Tem um monte de gente lá fora esperando.
- Sim, sei.
Ela tinha gestos de volúpia. A assistente social disse que ela também a tratava assim. Perturbava-me bastante uma menina de 16 anos que havia sido estuprada tratando-me de forma erótica. Mas em nenhum momento me pareceu que ela queria de fato ter relações sexuais comigo ou coisa parecida. Pelo contrário, bastava eu tocar no seu ombro para lhe dizer “até quarta-feira”, que ela se assustava como se tivesse recebido um insulto.
Eu falava bem mais durante a consulta, algo não muito recomendável na Psicologia. Então, pedi para ela simular que a almofada era algum conhecido, e dissesse tudo o que sentia. Ela desenhou os olhos da almafada e fitou-os.
- Eu vou me matar. Não adianta – depois ficou olhando pra mim esperando alguma resposta, e eu, sem saber o que fazer, pus-me a fazer anotações no meu caderno.
A mãe dela, como sempre, a esperava no sofá lendo revistas femininas e tomando café, e eu pedi para conversar com ela um instante.
- A sua filha já lhe disse que queria se matar?
- Oh, doutora, não é isso que me preocupa. Eu não sei o que fazer, não sei, isso me deixa tão triste. Uma vez eu estava tratando a carne do almoço, e ela puxou o meu braço e disse: mãe, eu vou morrer, a senhora me ama? Eu disse que amava sim, mas não sei o que fazer com essa menina, me diga, pelo amor de Deus.
- E por que você não me falou nada sobre isso?
- Minha mãe disse que quem vai mesmo se matar não fala essas coisas.
- Quem vai se matar pode falar essas coisas sim. Pode ser um pedido de socorro. Mas fique calma, vamos ter cuidado.
Carolina sempre contava histórias de que algum homem a havia perseguido na rua, e dizia que havia sofrido vários abusos. A mãe contou que uma vez, ao chegar do trabalho, quando Carolina ainda tinha dez anos, havia visto o seu irmão tocando nas partes íntimas da filha. Ainda bem que nada havia se consumado.
Eu tentava sempre acalmá-la, ela não poderia conviver com tanto medo. Se todo aquele medo parecia protegê-la, na verdade era o que mais lhe fazia mal. Ela me escutava como se quisesse acreditar naquilo, mas não lhe fosse possível.
Fazia descrições minuciosas sobre as vezes em que achava que estava sendo perseguida, mas não conseguia se lembrar de quase nada do estupro que havia sofrido. Dizia que estava dormindo, e ao acordar viu um homem, do qual não lembra os aspectos, desabotoando sua blusa e abrindo as próprias calças. Daí por diante, ela não lembrava de mais nada.
- Maria, você tem certeza de que isso aconteceu mesmo?
- Tenho.
- Mas você sempre acha que tem alguém atrás de você. Será que você não tem tanto medo disso, depois do que seu tio lhe fez, ao ponto de acreditar que aconteceu?
- Não.
Certo dia, ela chegou ao ambulatório reclamando de dores na região genital. Ficava se contorcendo, pedia que alguém fizesse alguma coisa pelo amor de Deus. Ela chorava de um jeito que se via a dor marcando o rosto, mordia os lábios, às vezes me olhava sem pedir ajuda. Tinha aquela doença que não aparece em exames.
Quando abri a porta para chamá-la, ela não estava lá vendo televisão. Lembro que ela olhava para a tela como se visse imagens que não estavam ali.
Eu havia dito que o tratamento só funcionava mesmo se ela quisesse se cuidar, se conversasse comigo. Mas nada.
De vez em quando lhe telefono pra saber se está viva.
quarta-feira, agosto 23, 2006
Green eyes
Honey you are a rock
Upon which I stand
And I come here to talk
I hope you understand
The green eyes
Yeah the spotlight
Shines upon you
How could
Anybody
Deny you?
I came here with a load
And it feels so much lighter
Now I've met you
And honey you should know
That I could never go on
Without you
Green eyes
Honey you are the sea
Upon which I float
And I came here to talk
I think you should know
The green eyes
You're the one that
I wanted to find
Anyone who
Tried to deny you
Must be out of their mind
'Cause I came here with a load
And it feels so much lighter
Since I've met you
And honey you should know
That I could never go home
Without you
Green eyes
Green eyes
Honey you are a rock
Upon which I stand...
Upon which I stand
And I come here to talk
I hope you understand
The green eyes
Yeah the spotlight
Shines upon you
How could
Anybody
Deny you?
I came here with a load
And it feels so much lighter
Now I've met you
And honey you should know
That I could never go on
Without you
Green eyes
Honey you are the sea
Upon which I float
And I came here to talk
I think you should know
The green eyes
You're the one that
I wanted to find
Anyone who
Tried to deny you
Must be out of their mind
'Cause I came here with a load
And it feels so much lighter
Since I've met you
And honey you should know
That I could never go home
Without you
Green eyes
Green eyes
Honey you are a rock
Upon which I stand...
terça-feira, agosto 22, 2006
Uma noite fora de casa
Um ambiente de penumbra, vodka, risos lascivamente debochados, música ordinária e gentes escondidas em algum canto onde se possa ser íntimo, ou sendo íntimo sob nossos olhos porque ali tudo pode ser. Às vezes é entediante tanta orgia de palavras, de gestos, de vez em quando um vômito, um choro, um escândalo. Profundamente entediante, mas já passa da meia noite, e não tenho dinheiro suficiente para o táxi.
Não dá pra conversar por mais de dez minutos com alguém que não consegue articular os vocábulos. Dou um riso qualquer, os risos são sempre bem-vindos.
- Mas você tá rindo de quê?
- Como?
- É, o que foi que eu disse?
De fato, os bêbados podem estar plenamente conscientes.
- Nada, eu ri apenas pra lhe agradar. As pessoas gostam de risadas, não?
Odeio bêbados que puxam pelo braço. Ainda vai chegar o dia em que os brasileiros serão como os franceses e mal irão se tocar. Então será um povo civilizado. Pior do que esses idiotas que insistem em me puxar são aqueles benditos ébrios que, repletos de sapiência, começam a discutir literatura, filosofia, sociologia, política, etc e tal.
- Meu bem, divagações têm de ser curtas.
Essa noite que não tem fim. Bebo mais e mais, porque há de saber que todo bêbado se diverte, indenpendente de onde ele está. Às vezes me levanto e faço um quatro, só para garantir que meu corpo não estará mais tarde à disposição de quem queira, pois não confio de jeito nenhum nessa gente.
De vez em quando alguém me pede licença, estou sentada bem na frente de um quarto com um copo na mão e olhando pro espelho. Fito o meu aspecto exausto de tédio. Tive um desejo infantil de ver minha imagem refletida se movendo num ritmo diferente do meu. Será que eles fazem uma orgia lá dentro?
Não sei o que levou tanta gente àquele quarto. A narradora aqui não é onipresente, veja bem. Sei que beijei um cara que não lembro o nome só pra passar o tempo, e merda, ele falava demais, e muita besteira. Ele queria trepar, eu disse que não fazia sexo com ninguém na primeira noite. Fora isso, uma menina usando meias vermelhas vomitou perto de mim, e algo que antes era vinho veio parar no meu pé.
É uma longa caminhada até o ponto de ônibus debaixo do sol sonolento, vou passando pelos feirantes que erguem suas barracas e arrumam suas frutas. Dá vergonha de ver gente trabalhando enquanto ainda sinto álcool na boca.
Eu me pergunto como porra deixei de cumprir meus deveres para ir àquela festa de pessoas sujas.
Não dá pra conversar por mais de dez minutos com alguém que não consegue articular os vocábulos. Dou um riso qualquer, os risos são sempre bem-vindos.
- Mas você tá rindo de quê?
- Como?
- É, o que foi que eu disse?
De fato, os bêbados podem estar plenamente conscientes.
- Nada, eu ri apenas pra lhe agradar. As pessoas gostam de risadas, não?
Odeio bêbados que puxam pelo braço. Ainda vai chegar o dia em que os brasileiros serão como os franceses e mal irão se tocar. Então será um povo civilizado. Pior do que esses idiotas que insistem em me puxar são aqueles benditos ébrios que, repletos de sapiência, começam a discutir literatura, filosofia, sociologia, política, etc e tal.
- Meu bem, divagações têm de ser curtas.
Essa noite que não tem fim. Bebo mais e mais, porque há de saber que todo bêbado se diverte, indenpendente de onde ele está. Às vezes me levanto e faço um quatro, só para garantir que meu corpo não estará mais tarde à disposição de quem queira, pois não confio de jeito nenhum nessa gente.
De vez em quando alguém me pede licença, estou sentada bem na frente de um quarto com um copo na mão e olhando pro espelho. Fito o meu aspecto exausto de tédio. Tive um desejo infantil de ver minha imagem refletida se movendo num ritmo diferente do meu. Será que eles fazem uma orgia lá dentro?
Não sei o que levou tanta gente àquele quarto. A narradora aqui não é onipresente, veja bem. Sei que beijei um cara que não lembro o nome só pra passar o tempo, e merda, ele falava demais, e muita besteira. Ele queria trepar, eu disse que não fazia sexo com ninguém na primeira noite. Fora isso, uma menina usando meias vermelhas vomitou perto de mim, e algo que antes era vinho veio parar no meu pé.
É uma longa caminhada até o ponto de ônibus debaixo do sol sonolento, vou passando pelos feirantes que erguem suas barracas e arrumam suas frutas. Dá vergonha de ver gente trabalhando enquanto ainda sinto álcool na boca.
Eu me pergunto como porra deixei de cumprir meus deveres para ir àquela festa de pessoas sujas.
Another brick in the wall
Quando cheguei à sala para ter aula de Teorias do Jornalismo, lá estavam algumas pessoas em volta da mesa do professor, e eu imaginei que tratava-se de uma reunião pós aula. Fiquei na porta esperando, até que um cara veio até mim.
- Você vai ter aula aqui?
- Ham? É, vou sim.
Ele foi em direção à mesa onde estava uma mulher fazendo anotações, a qual pensei que era a professora, pois estava rodeada de gente. Então ele deu meia volta e veio até mim novamente.
- Vai ter aula né?
- Sim, sim.
- Você é professora?
HAM? Como assim ele achava que eu era professora? Eu só tenho 21 anos! Tá certo que eu quero ser professora, mas alguém vir dizer que, enfim, ham, é, não deve haver professora da universidade com 21 anos.
Eles resolveram se retirar da sala, já que haveria aula em pouco tempo. Eu fiquei lá, com as mãos no queixo, olhando pras folhas da árvore que fica de junto da janela, pensado, mas diacho que eu não sou professora!
- Você vai ter aula aqui?
- Ham? É, vou sim.
Ele foi em direção à mesa onde estava uma mulher fazendo anotações, a qual pensei que era a professora, pois estava rodeada de gente. Então ele deu meia volta e veio até mim novamente.
- Vai ter aula né?
- Sim, sim.
- Você é professora?
HAM? Como assim ele achava que eu era professora? Eu só tenho 21 anos! Tá certo que eu quero ser professora, mas alguém vir dizer que, enfim, ham, é, não deve haver professora da universidade com 21 anos.
Eles resolveram se retirar da sala, já que haveria aula em pouco tempo. Eu fiquei lá, com as mãos no queixo, olhando pras folhas da árvore que fica de junto da janela, pensado, mas diacho que eu não sou professora!
sexta-feira, agosto 18, 2006
Um novo sistema filosófico
quarta-feira, agosto 16, 2006
É devagar, é devagar devagarinho
Por que a gente gosta tanto de passar tempo fazendo porcaria ein? Eu não entendo. Estabeleço uma série de coisas a fazer todos os dias, e sinto como se o dia devesse ter mais de 24h ou penso que a gente não devia dormir. Mas nãaao. Quando me lembro da quantidade de tempo perdida com futilidades, aí o dia parece ter 48h. Ficar de barriga pra cima, na internet, ouvindo música, ah, cada pausinha que faço pra essas bobagens entre uma estudada e outra leva intermináveis minutinhos, mas na minha cabeça eu conto só como "ah, fui ali tomar água". Olha só que mentira! Vai tomar água, depois senta na frente do monitor e enrola um tempão, às vezes não fazendo absolutamente nada. Posso não ter mais nenhum site pra ver, nenhum fotolog pra olhar a vida do povo, mas eu fico lá, com a cara na frente do monitor, procurando a próxima coisa mais inútil ainda. Aí depois não faltam reclamações de que o dia deveria ter 48h, que nada dá tempo! Também desse jeito né? Inclusive eu estou nesse exato momento fazendo algo inútil e enrolando pra ler aquele monte de apostilas ali em cima da mesa. Veja bem, são 00:13. Eu vou é dormir.
sábado, agosto 12, 2006
Que grande mentira!
Qualquer pessoa que venha até mim com discurso com pretensão de verdade vira motivo de piada da minha parte. E eu evito ao máximo falar de certas visões de mundo com outras pessoas, porque vai parecer que estou querendo seguidores. Mas não tem coisa mais fascista do que discurso com pretensão de verdade, não tem relação de poder mais tosca do que querer iluminar com a verdade e a vida os outros.
terça-feira, agosto 08, 2006
Cotidiano
Estava eu na minha, no mundo da lua, pá, depois de sei lá quantas entrevistas que havia ido fazer onde o vento faz a curva, quando o ônibus pára e vejo escopetas, armas pra todos os lados. Desce, desce, é pros homens descerem! Então, sobem umas moças que, na boa, não pareciam policiais, e sim modelos com uniforme da Polícia Civil desfilando pela Fórum. Enfim, os homens, com as mãos encostadas na parede, foram revistados por homens, e as mulheres permaneceram no ônibus, e foram revistadas por mulheres.
- O que aconteceu? - disse eu depois de a policial bulir na minha bolsa.
- Ham? Ah, nada, é só rotina.
Concordo com meu grande amigo Vinícius. Rotina? Então eu estou fora da rotina!
- O que aconteceu? - disse eu depois de a policial bulir na minha bolsa.
- Ham? Ah, nada, é só rotina.
Concordo com meu grande amigo Vinícius. Rotina? Então eu estou fora da rotina!
domingo, agosto 06, 2006
Show legal =)
Em todos os shows de Los Hermanos que eu ia, sempre dava alguma coisa errado, e eu nem via a apresentação deles direito. Poh, mas o da sexta foi muito, muito bom, inesquecível.
Minhas amigas queriam ir ao camarim, e eu fui com elas. Num primeiro momento, não quis tirar foto, não falei com eles, tudo porque estava com vergonha no meio de tanta gritaria. Mas achei Rodrigo Amarante um cara muito gente fina, e tirei foto com o cara, e ele até disse: Ah, você não queria tirar foto comigo, né?
Ele com aquela cara de emo chorão, a blusa do Smiths, tímido, quieto. Ele não tem nada de estrela, sério, é todo na dele. Já Marcelo Camelo me pareceu metidinho. Mas quem sou eu pra julgar?
Enfim. Muito bom o show. Pena que eles fingiram que iam tocar "La bamba" e não tocaram. Pode?
Minhas amigas queriam ir ao camarim, e eu fui com elas. Num primeiro momento, não quis tirar foto, não falei com eles, tudo porque estava com vergonha no meio de tanta gritaria. Mas achei Rodrigo Amarante um cara muito gente fina, e tirei foto com o cara, e ele até disse: Ah, você não queria tirar foto comigo, né?
Ele com aquela cara de emo chorão, a blusa do Smiths, tímido, quieto. Ele não tem nada de estrela, sério, é todo na dele. Já Marcelo Camelo me pareceu metidinho. Mas quem sou eu pra julgar?
Enfim. Muito bom o show. Pena que eles fingiram que iam tocar "La bamba" e não tocaram. Pode?
Anti- Parada Gay
Não fui pra Parada Gay esse ano. E acho que deveria haver um protesto contra a Parada Gay. Não, eu não sou homofóbica. É que acho aquele evento um desrespeito aos homossexuais.
As pessoas vão pra lá rir dos gays e dançar ao som de Carcacinha do Pagode. Um evento completamente despolitizado. E além de despolitizado, partidário. Ouvi dizer que não faltaram propagandas de políticos, como do Psol, e não sei de mais quem.
Bora juntar essa galera pra fazer uma Anti-Parada Gay no mesmo dia da outra próximo ano? Ah, agora que tive essa idéia...
As pessoas vão pra lá rir dos gays e dançar ao som de Carcacinha do Pagode. Um evento completamente despolitizado. E além de despolitizado, partidário. Ouvi dizer que não faltaram propagandas de políticos, como do Psol, e não sei de mais quem.
Bora juntar essa galera pra fazer uma Anti-Parada Gay no mesmo dia da outra próximo ano? Ah, agora que tive essa idéia...
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Numa formartura, me vem o assessor de João Alves falar em ética, em verdade, e dizer aos formandos de um curso técnico de Radio/Tv que eles têm uma responsabilidade com a sociedade, pois a "massa" pode ser manipulada pra lá e pra cá, e os grupos políticos, ah os grupos políticos usam muito a mídia pra se promover.
Pra completar, o imbecil fala:
- A função do jornalista é tão importante quanto a do médico, que em determinado momento tem de escolher qual paciente vai colocar na UTI, e quais vão ter de ficar à própria sorte. O jornalista tem vidas nas suas mãos.
Uma pergunta: por que alguém tem que morrer? Por que será? Ein?
Vá falar em ética na casa do caralho!
Pra completar, o imbecil fala:
- A função do jornalista é tão importante quanto a do médico, que em determinado momento tem de escolher qual paciente vai colocar na UTI, e quais vão ter de ficar à própria sorte. O jornalista tem vidas nas suas mãos.
Uma pergunta: por que alguém tem que morrer? Por que será? Ein?
Vá falar em ética na casa do caralho!
sexta-feira, agosto 04, 2006
O homem ridículo
“Mas não me custou a adivinhar que seu saber se alimentava de intuições, que as suas aspirações não eram como as que temos na terra. Eles não tinham desejos, não procuravam, como nós, a ciência da vida, porque a sua vida era completa. E assim, os seus conhecimentos eram bem mais profundos e mais elevados que os nossos, porque a nossa ciência procura explicar a vida, obter uma consciência racional da vida para ensinar aos outros a viver, ao passo que eles não precisavam desta ciência, por saberem como se deve viver e o saberem sem raciocínio”.
“Eh sim, acabei por perverter a todos (...). Isto começou, como pueril divertimento, por galantaria, por devaneio de amor. Mas este vírus de mentira medrou nestes corações ingênuos, e agradou-lhes. Em seguida – oh! Com que pressa – nasceu a sensualidade, que gerou o ciúme, que gerou a crueldade... Já não sei quando, mas pouco depois houve sangue derramado, pela primeira vez. Assustados os homens começaram a isolar-se uns dos outros. Conheceram a vergonha e deram-lhe um título glorioso: a honra. Então cada nação teve o seu estandarte. Depois, os homens declararam guerra aos animais que fugiam para as florestas e se tornaram inimigos do homem. E começou a luta do teu e do meu. Inventaram-se os idiomas. Inventou-se a dor e enamoram-se dela. Todos estes homens estavam desvairados de dor e diziam que só pela dor se atinge a verdade. Foi esta a origem da ciência".
“Desde que se tornaram maus, puseram-se a perorar a cerca da fraternidade, da humanidade, e compreenderam essas idéias”.
“Aliás, todos os bons espíritos estavam persuadidos de que a ciência, a sabedoria e o sentimento da conservação acabariam por obrigar os homens a reunir-se numa sociedade racional. Para abreviar o acontecimento, os mais sábios apressaram-se a fazer desaparecer a todos os que não eram sábios, que não compreendiam a idéia ou que lhe retardavam o triunfo. Mas o sentimento da conservação enfraqueceu de repente. Surgiram os orgulhosos e sensuais, a pedirem, abertamente, ou tudo ou nada. Para obterem tudo, recorreram ao crime, e para obterem nada, quando lhes faltava tudo, recorreram ao suicídio. Fundaram-se cultos do nada tendo por ideal a paz eterna no não-ser. Finalmente, estes homens se cansaram de tão estéril trabalho e nos seus rostos pintou-se o sofrimento a que chamaram beleza, porque o gênio só existe no sofrimento. E os poetas glorificam o sofrimento”.
“E, no entanto, é tão simples! Num dia, numa hora, tudo poderia realizar-se! Amai-vos uns aos outros - eis tudo! Aliás, uma antiga verdade, velha de séculos! – O mal está nisto: “A consciência das leis da felicidade vale mais do que a felicidade”. É isto que importa combater.”
Trechos de “O sonho de um homem ridículo”, de Dostoievski.
quinta-feira, agosto 03, 2006
I'm only sleeping
When I wake up early in the morning
Lift my head, I'm still yawning
When I'm in the middle of a dream
Stay in bed, float upstream
Please don't wake me
No don't shake me
Leave me where I am
I'm only sleeping
Everybody seems to think I'm lazy
I don't mind, I think they're crazy
Running everywhere at such a speed
Till they find there's no need
Please don't spoil my day
I'm miles away
And after all
I'm only sleeping
Keeping an eye on the world going by my window
Taking my time
Lying there and staring at the ceiling
Waiting for that sleepy feeling
Please don't spoil my day
I'm miles away
And after all
I'm only sleeping
Keeping an eye on the world going by my window
Taking my time
When I wake up early in the morning
Lift my head, I'm still yawning
When I'm in the middle of a dream
Stay in bed, float upstream
Please don't wake me
No don't shake me
Leave me where I am
I'm only sleeping
John Lennon e Paul McCartney
No exílio
Não posso deixar de sentir esse tédio flutuante
E de me perguntar o que eles tentam ser
Eu que sempre amei demais
Sonhei demais
Deixei as cartas desavisadas para quem quisesse ver
Não quero o jogo
Nem o que a vitória me oferece
O que quero não está aqui
Mas tenho de ficar por aqui
Pois não há lugar nenhum
Aceitar que sempre vou perder
Porque nunca quis ganhar esse prêmio
Mas outro prêmio não há
E para quê prêmios?
Aqueles que não querem um altar
Que sejam chamados de perdedores
Ainda não entendi porque deve haver deuses
Se o sol é o sol, e o mar é o mar
E dizem que as flores choram
Mas é apenas o orvalho
Também dizem que há destino
Mas as linhas tortas são acaso
E aqueles que não estão presos a esse lugar
Que sejam chamados de perdidos
Que vão embora, forasteiros
O lugar é nosso
Ame-o ou deixe-o.
E de me perguntar o que eles tentam ser
Eu que sempre amei demais
Sonhei demais
Deixei as cartas desavisadas para quem quisesse ver
Não quero o jogo
Nem o que a vitória me oferece
O que quero não está aqui
Mas tenho de ficar por aqui
Pois não há lugar nenhum
Aceitar que sempre vou perder
Porque nunca quis ganhar esse prêmio
Mas outro prêmio não há
E para quê prêmios?
Aqueles que não querem um altar
Que sejam chamados de perdedores
Ainda não entendi porque deve haver deuses
Se o sol é o sol, e o mar é o mar
E dizem que as flores choram
Mas é apenas o orvalho
Também dizem que há destino
Mas as linhas tortas são acaso
E aqueles que não estão presos a esse lugar
Que sejam chamados de perdidos
Que vão embora, forasteiros
O lugar é nosso
Ame-o ou deixe-o.
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