quinta-feira, dezembro 29, 2005

Os padecimentos da luxúria

A tua graça sutil se desfaz na cópula
Os dentes rasgando os lábios
Os olhos enlouquecidos nas órbitas
As mãos arranham meu corpo
O castigo

A tua graça é selvagem
No coito todos os sentidos giram em torno da tua alma de bicho
A fogueira das paixões a que te entregas
Como voluptuosa bruxa

Carrascos irão te buscar no sono
Talvez a culpa lhe guarde uma porção de medo
Mas jamais irá lhe privar do prazer insaciável

Arrasta-me inelutavelmente
Para a embriaguez de por tanto prazer ser fustigado
O gozo que transcende
Torna-se dor
A dor dos sentidos extenuados

O grito
O gemido
Os pedidos suplicantes a Deus, nosso Pai

Quando por fim morremos nos braços um do outro
Caindo no sono letárgico
Com os corpos estendidos em prazeres-dores
O último suspiro da concupiscência louca
De todas as nossas células acasaladas

Um comentário:

Anônimo disse...

Este poema me toca muito.
Dá uma olhada quando puder/quiser nos trabalhos do meu espaço no MSN http://spaces.msn.com/members/uqbar8/).
É uma nova série, com tema erótico.
Sempre pensei em associá-los com poesi, mas seria muito sem graça que a poesia fosse minha, ainda mais q não sou estes poetas.
Quem sabe não poderíamos fazer uma parceria meio às inversas: vc escrevendo minhas ilustrações. Este teu poema me deu vontade de desenhar sobre ele.