domingo, novembro 25, 2007

Na solidão reconheço a minha imagem no espelho
E me beijo e me beijo
Como quem se apaixona por si mesma
Mas não é por mim essa paixão
É, sim, pela própria solidão
Pela ausência de estar toda para o mundo
Pela indecência de poder ser tudo o que há
E muito mais

Eu quero estar só
Para poder ser tudo ao mesmo tempo
Eu quero estar só
Distante dos cartórios, dos livros assinados
Das dívidas eternas
Das falsas promessas
Porque só consigo prometer a mim mesma
O que nunca vou cumprir
Que talvez agora eu esteja aqui
Um dia ali
E confesso que só quero o que não me mantém aqui ou ali

Promiscuidade dos lugares, dos sentidos, das emoções
Promiscuidade por sons, toques, cheiros, sensações
Em mim tudo o que permanece
É ânsia, somente ânsia
Nada além da ânsia

- Nem sequer as lembranças.
Decerto que as lembranças em mim nada são além do vagar pelo tempo devido a tanta ânsia.
Esta mesma ânsia que, quando estou aqui, me faz querer ir a outro lugar
Esta mesma ânsia que me faz partir sempre com o desejo de voltar
E a minha grande aventura, a minha eterna vontade
É ser para sempre
toda ânsia e saudade.

- Sou toda ânsia e saudade.

4 comentários:

Anônimo disse...

Belo, muito belo.

tatiana hora disse...

brigada.
fico feliz que tenha achado :)

Inacio disse...

Miguxa vc conhece Bukowski? Ja tomou uma com ele?

tatiana hora disse...

kkkkkkkk
já perguntaram se eu gostava de Bukowski uma vez...
na verdade, gosto de pouca coisa, porque em geral ele é muito machista.