terça-feira, novembro 27, 2007

Aprendo mais com abelhas do que com aeroplanos.
É um olhar pra baixo que eu nasci tendo.
É um olhar para ser menor, para o
Insignificante que eu me criei tendo.
O ser que na sociedade é chutado como uma barata - cresce de importância para o meu olho.
Ainda não entendi porque herdei esse olhar para baixo.
Sempre imagino que venha de ancestralidades machucadas.
Fui criado no mato e aprendi a gostar das coisinhas do chão- antes que das coisas celestiais.
Pessoas pertencidas de abandono me comovem:
tanto quanto as soberbas coisas ínfimas.

Manoel de Barros

segunda-feira, novembro 26, 2007



Câmeras fográficas, repórter maquiada se preparando pra ser filmada, mais jornalistas do que público. Tudo isso pra assistir a uma exposição de xilogravuras financiada pelo Programa BNB de Cultura, e apoiada pela Secretaria de Cultura do Estado. Tratavam-se de xilogravuras feitas por crianças e adolescentes de escolas públicas residentes em pequenos municípios de Sergipe. Os meninos e meninas estavam lá para presenciar a exposição, que mais parecia palco para personalidades "importantes" desfilarem a sua enorme estima pelas autênticas manifestações culturais do povo brasileiro. As paredes da biblioteca que abrigava a exposição estavam repletas de xilogravuras produzidas por crianças e adolescentes que aprederam em alguns poucos meses as técnicas milenares da xilogravura mescladas à tradição da literatura de cordel.

Eu estava lá para escrever uma matéria de assessoria de imprensa, e tinha a impressão de que já tinha visto cenas parecidas em outros lugares: mais jornalistas, mais grandes personalidades do que público em si, do que gente que foi ali só pra dar uma passada. Observava os fotógrafos tentando disfarçar nas imagens que ali havia pouquíssima gente. E eu tinha que fazer o meu papel de repórter, então dirigi-me a um pirralho pra lhe perguntar sobre sua xilogravura.

- E aí, o que você quis retratar nesse desenho?

- Moça, na verdade eu queria fazer um retrato da minha mãe, só que não deixaram. Disseram que era pra fazer alguma coisa de cultura popular.

domingo, novembro 25, 2007

Na solidão reconheço a minha imagem no espelho
E me beijo e me beijo
Como quem se apaixona por si mesma
Mas não é por mim essa paixão
É, sim, pela própria solidão
Pela ausência de estar toda para o mundo
Pela indecência de poder ser tudo o que há
E muito mais

Eu quero estar só
Para poder ser tudo ao mesmo tempo
Eu quero estar só
Distante dos cartórios, dos livros assinados
Das dívidas eternas
Das falsas promessas
Porque só consigo prometer a mim mesma
O que nunca vou cumprir
Que talvez agora eu esteja aqui
Um dia ali
E confesso que só quero o que não me mantém aqui ou ali

Promiscuidade dos lugares, dos sentidos, das emoções
Promiscuidade por sons, toques, cheiros, sensações
Em mim tudo o que permanece
É ânsia, somente ânsia
Nada além da ânsia

- Nem sequer as lembranças.
Decerto que as lembranças em mim nada são além do vagar pelo tempo devido a tanta ânsia.
Esta mesma ânsia que, quando estou aqui, me faz querer ir a outro lugar
Esta mesma ânsia que me faz partir sempre com o desejo de voltar
E a minha grande aventura, a minha eterna vontade
É ser para sempre
toda ânsia e saudade.

- Sou toda ânsia e saudade.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Surpresas musicais


Surpresa número 1- Quando meu irmão, menino fanático por Radiohead por influência minha, veio me dizer que a banda tinha lançado CD novo, e que esse CD poderia ser adquirido por preço determinado pelo consumidor através do site do Radiohead, eu só pensei numa coisa: legal. Isso, legal, apenas. Na verdade, eu achava que o CD seria um albunzinho mais ou menos, nada comparado a um OK Computer da vida. Ora ora, na minha crença bandas boas vão ficando cada vez mais fraquinhas com o passar do tempo, e seu destino é ou terminar por intriga dos músicos ego-inflados, ou acabar porque o vocalista morreu de overdose, para então essas tão maravilhosas bandas ficarem na nossa memória como algo sagrado.
Esse não parece ser o caso do Radiohead. Esse é uma grupo que fica melhor a cada dia que passa. Escuto o som dos caras desde meus 16 anos, e já estou com 22, e mesmo assim eles não têm uma obra falida ou que perdeu a graça. Muito pelo contrário, esse novo álbum, o In Rainbows, me soa como o melhor CD que o Radiohead já fez. As músicas têm muito, mas MUITO feeling, e parecem ter sido feitas numa convulsão de idéias de seus autores. São músicas intensas, bastante intensas, tanto nas letras quanto nos arranjos, e há uma confluência entre essas duas intensidades.

Só digo uma coisa: por mim o Radiohead ficava assim, lançando álbuns novos sempre melhores até eu ficar bem velhinha.

Surpresa número 2- A primeira vez que ouvi falar do Sean Lennin foi na MTV, e sei que foi algo como "ele coloca elementos de bossa nova nas músicas, ele é fã do Tom Jobim". É isso. Pra mim ele era só o filho do John Lennon. Tá, ele era o filho do John Lennon que gostava de música brasileira. Pronto. No mais, não passava do filho de alguém famoso, que nem Sandy e Júnior, que nem Vanessa Camargo, que nem Maria Rita. E eu tenho um preconceito SERÍSSIMO contra filhos de famosos. Porque pra mim eles não passam de filhos de famosos, ou, pra ser mais exata, impostores.
Mas aí eu tava hoje ouvindo rádio, que eu tinha deixado de ouvir há muito tempo, mas agora retomei o costume por estar trabalhando na Fundação Aperipê, que abarca rádios Aperipê AM e FM, além da Aperipê TV. Pois bem, então eu estava ouvindo a Aperipê FM, e no programa Especial das 10, que traz parte da discografia de um único artista durante todo o programa, o homenageado de hoje era Sean Lennon. Depois de já ter ouvido uma música, e gostado muito por sinal, é que soube que o artista era o bendito filho de John Lennon. Ainda bem, porque senão eu simplesmente teria desligado o rádio e ido dormir ou fazer qualquer outra coisa que não fosse ouvir um suposto impostor. Mas o cara é muito mais do que o filho de John Lennon, ele é bom mesmo, sim. Até estou no momento baixando alguns álbuns dele.

Foi bom porque aprendi: nunca subestime o talento de filhos de artistas famosos. Quem sabe né?




quinta-feira, novembro 08, 2007

Toda religião é uma forma cretina de explicar o mundo
Toda paixão é uma forma cretina de admirar
e admirar é tomar distância das coisas do mundo

Mas eu preciso de admiração
eu preciso de uma religião
um ofício, uma arte, um alguém
algo que me dê paixão

Eu quero trabalhar
na mais nova e grande idéia
Eu quero participar
da insurreição de quem vive na miséria
Eu quero a revolução

Toda revolução é envolvida por paixão
E toda paixão é uma revolução
dos sentidos
Mas o que sinto é uma grande vazio
incorporado
esse vazio incorporado na forma de tédio
- e ó tédio na forma de verbo-

Eu olho para as ruas e vejo que é tudo sempre igual
Eu olho para as caras e não vejo nada de especial
Meu grande amor não está por aí
A canção que ouço não é a canção que eu fiz
O ônibus do trabalho não viaja para onde eu quero ir
O céu está enevoado e deus eu nunca vi

Todos os deuses morreram
e essa é a minha perdição
Para viver é preciso ter deuses
-mas foi pelos deuses que eu sempre vivi!-
Pois quando eu disse: deus está morto
eu matei foi a mim.

domingo, novembro 04, 2007

Coisas que tenho de fazer antes de morrer...

- Ir a um show do Radiohead.

- Conhecer a França.

- Visitar um templo budista.

- Subir uma montanha.

- Pular de pára-quedas.

- Viajar de trem pela Europa. Tomar um café quentinho e observar pela janela do trem a bela vegetação e sentindo frio.

- Andar de barco nas ruas de Veneza.

- Passar um ano numa aldeia hippie.
Minha mãe sempre reclama que saio muito, que não sabe o que tanto faço na rua, que não paro quieta num lugar, etc etc etc. Mas aí, justifico:

- Ô mãe, num mundo grande desse, eu vou ficar presa entre as quatro paredes de uma casa? Se pudesse eu ia bem mais longe...

sábado, novembro 03, 2007

Minha cachorra parece criança. Se cai um biscoito no chão, ela vai correndo pegar, se meu irmão facilita e deixa um hamburger dando bobeira em cima da mesa, ela sobe no banco e come o hamburger. Agora, se eu deixo cair um pouco de salada, ela dá uma cheiradinha, e tchau, BEIJOS, ela ignora a salada.

Nude

Don't get any big ideas
They're not gonna happen
You paint yourself white
And feel up with noise
But there'll be something missing

Now that you've found it, it's gone
Now that you feel it, you don't
You've gone off the rails

So don't get any big ideas
They're not going to happen
You'll go to hell for what your dirty mind is thinking
Sometimes thom adds this verse when performing:
She stands stark naked and she beckons you to bed
Don't go, you'll only want to come back again

by Raiohead

sexta-feira, novembro 02, 2007

Família pós-moderna

Gente, então de repente eu me sinto culpada porque só vivo no msn e não tenho conversado tanto com minha mãe e tals, aquela coisa de, nossa, antigamente as famílias se reuniam na porta de casa, na sala de estar pra falar coisas sobre o céu, a Terra, a água e o ar. Aí chego pra minha mãe, que acabara de preparar o seu hamburger "pós-moderno", e digo:

- Ô mãe, senta aqui, vamos jantar juntas, vamos conversar...

- Eu não, tô indo ver a novela.

Da minha tara por GAYS

Gentém, ok, eu tenho tara por gays, como o título acima mesmo diz. Gosto de ver homens se beijando, essas coisas. Não, o pior é que tenho uma certa tendência a me interessar por homossexuais. Sinto atração por aqueles caras um tanto quanto afeminados... Nenhum problema, vocês gays entendam uma coisa: ser gay é coisa do passado, é too narrow-minded, too conservative (ok, aprendi no cursinho de inglês).

Minha gente, as pessoas hoje em dia são todas bissexuais, não tem ninguém hetero nem homo não!

HETEROS SÃO CONSERVADORES!

HOMOSSEXUIAIS SÃO ULTRAPASSADOS!

quinta-feira, novembro 01, 2007

Uma das coisas mais escrotas que já vi na vida foi meu avô contando uma piada. Era assim: um cara foi à missa e o padre disse que o casamento era um santo sacramento, eterno, FOREVER, etc. Nisso o tal cara era casado há 5o anos. Então ele convida o padre para passar uma semana em seu querido lar.

Logo no primeiro dia, o cara serviu um delisioso prato ao padre, para a felicidade do sacerdote. Entretanto, a satisfação do religioso não demorou muito, pois durante todos os dias o anfitrião sempre lhe servia a mesma comida, até que o santo homem não aguentou:

- Essa comida é muito boa, mas assim também não dá. Só como a mesma coisa há dias!

- Ah é, padre? Então imagine passar 50 anos comendo a mesma coisa!

Enfim. Meu avô contou essa piada pra mim, quando eu ainda era criança, bem na frente de minha avó, e na época em que eles comemoravam suas bodas de ouro.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa

Enquanto uns caras até "se apaixonam" de tanta vontade que têm de fuder com uma determinada garota, algumas meninas inventam que estão apaixonadas e querem ter sempre um namorado a tira colo pra ter aquela boa e velha foda certinha.

Minha gente, sem eufemismos ok!
Já senti saudade, já fiz muita coisa errada, já dormi na rua, já pedi ajuda