terça-feira, julho 20, 2010

O tempo

Hoje meu caro T.P. me mostrou um video em que Raul Cortez, que interpreta o personagem do pai na adaptação de Luis Fernando Carvalho, recita uma passagem de Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar, que fala sobre o tempo. Este livro é simplesmente fantástico e essa parte então...

O tempo é o maior tesouro de que um homem pode dispor; embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento; sem medida que o conheça, o tempo é contudo nosso bem de maior grandeza: não tem começo, não tem fim; é um pomo exótico que não pode ser repartido, podendo entretanto prover igualmente a todo mundo; onipresente, o tempo está em tudo; (...)
rico não é o homem que coleciona e se pesa no amontoado de moedas, e nem aquele, devasso, que se estende, mãos e braços, em terras largas; rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo, aproximando-se dele com ternura, não contrariando suas disposições, não se rebelando contra seu curso, não irritando sua corrente, estando atento para o seu fluxo, brindando-o antes com sabedoria para receber dele os favores e não a sua ira; o equilíbrio da vida depende essencialmente deste bem supremo, e quem souber com acerto a quantidade de vagar, ou a de espera, que se deve pôr nas coisas, não corre nunca o risco, ao buscar por elas, de defrontar-se com o que não é;(...)
pois só a justa medida do tempo dá a justa natureza das coisas (...)

Um comentário:

Nina Sampaio disse...

Gosto do filme. Adoro o livro. Raduan pega a gente, viu? O copo de cólera dele também é fantástico. Não gostei muito foi da adaptação para o cinema...
Raduan, Hilda e Clarice: estão aí paixões minhas. E não posso esquecer de outras tantas. Mas, seria bom citar também a Adélia Prado. No mais: boa leitura, boa observação a sua.
Beijo.