Estava ontem assistindo ao documentário de João Moreira Salles, o Entreatos, com certeza um ótimo filme, quando me lembrei de um fato curioso: o cineasta em questão é filho do dono do Unibanco, assim como seu irmão, Walter Salles.
Certa vez, em uma aula eu afirmei que "assim é fácil ser cineasta". Acho que o professor não gostou muito da minha observação, talvez tenha interpretado como se eu estivesse subestimando a competência artística do João Moreira Salles, o que definitivamente não é o caso, mas a questão é que fazer cinema é um troço complicado e que envolve grana, mas muita grana. Às vezes reclamo do dinheiro que certos editais oferecem, e as pessoas falam como se eu fosse ficar milionária caso ganhasse um concurso desse. Parece que elas não têm a mínima dimensão do trabalho e do gasto que envolve um filme. Está certo que o João Moreira Salles, não fosse o cineasta que é, poderia fazer muita besteira com o dinheiro do Unibanco, todavia, o seu caminho até a realização é muito menos complicado do que qualquer outro pretenso realizador brasileiro.
Diante das adversidades, hoje em dia quando penso no que faria caso ganhasse na loto, entre outras coisas, eu certamente faria um filme. Um filme modesto, sem muitos gastos, um curta, que não se achasse a última peça de vanguarda, mas em que eu tivesse liberdade artística simplesmente pelo fato de ser a dona do dinheiro. É, cinema tem dessas coisas...
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