terça-feira, março 14, 2006

Respirar sutilmente


Sempre achei sedutor o ato de fumar. O ar altivo, as baforadas, o olhar flutuando no horizonte. Volúpia.

Lembro-me ainda de Laurinha, a romântica gordinha de Carrosel, dizendo que achava sexy os homens que fumam. Estranho, não, uma menina de uns nove anos dizendo isso na Tv. Quando era criança, eu usava um palito de pirulito para simular um cigarro. E inventava baforadas com gosto na frente do espelho.

O cigarro é muito sedutor, não só porque dá um ar de beleza ao ato de tragá-lo, como alivia a ansiedade, o grande mal de que todos queremos nos livrar, seja lendo, ouvindo música, seja passando horas na internet. E assim os fumantes transpiram com ânsia um pouco de calma. De quê adianta?

Será que eles encontram algum sossego naquela fumaça? Pois o que vejo nos cafés é o desassossego de cigarros deixados na metade em cima do cinzeiro porque a ânsia quer o próximo cigarro. E de cigarro em cigarro nunca se chega à paz.

Fumar? Evito. Às vezes incomodo estranhos quando estou embriagada pedindo “um cigarrinho, por favor”, mas nem ao menos sei usar o isqueiro.Tenho uma vontade de ser que não se saciaria em duas carteiras por dia.

Mário Quintana até dizia, “fumar é respirar sutilmente”. Aparentemente sim, posso dizer até que é uma forma elegante de respirar. Pena que fatal. E os cinzeiros cheios das cinzas da angústia fazem a calma?

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