segunda-feira, março 06, 2006

Os bichinhos


Seguro Bruninha com medo de ela quebrar. As mãos pequeninas, essa criatura não é uma miniatura minha, mas tem um modo de ser tão seu abandonada aos meus braços e boiando os olhos nos brinquedos do berço. Ela com a boca no meu peito se alimentando de mim, ela que surgiu dentro de mim e veio a mundo atravessando o meu corpo, para encontrar o mundo e chorar de espanto, enfim nos meus braços se acalmar.

Bruninha pega toda a luz da lâmpada da sala com os olhos. Nada entende do que vê. Lâmpada, luz, o que será para ela? Algo que não se encontra numa linguagem. Quem sou eu com meu peito que ela suga com tanta vontade. Ma-mãe, ma-mãe, eu digo acariciando nariz com nariz. Bruninha responde quando a deixo em outros braços e seus olhinhos pedem para ela voltar aos meus.

Fita os desenhos coloridos do lençol e os captura com a mãozinha. Ela acredita que aqueles desenhos têm vida? Não, nada de lençóis brancos. Deixe-me colocar esse lençol cheio de bichinhos.

Eu vi meu reflexo no seu olhar, mas seu olhar não se encontra no meu. Ele se perde ao infinito e se torna um brilho singelo.

Uma música para Bruninha ouvir. Eu que guardo as palavras e as levo para tantas coisas que vivi. Bruninha ouve a música, ela sente a cadência do mundo para dar um sorriso bobo. Bobo como meu olhar diante dela, sem entender o que se faz da luz da lâmpada.

Um comentário:

Anônimo disse...

Keria eu ter a inocência de uma criança, poder "viajar" o tempo tdo sem ter q me preocupar com absolutamente nada... mas temos q crescer e nos corromper, perder a inocência...
Fui
Bjs