Certa vez, um rapaz com quem fiquei me disse que eu deveria conter mais minhas risadas, posto que eu ficava parecendo "uma boba". Quem me conhece sabe que eu dou muitas gargalhadas, alguma delas deveras escandalosas. Eu gosto de rir, de falar tolices. Quantos e quantos homens acreditam que nós mulheres temos de ser discretas e devemos rir o suficiente para parecermos felizes e satisfeitas, porém nada ousadas?Assim, é para ele e qualquer outro homem que não goste do meu jeito de me comportar que eu dedico este poema de Cecília Meireles:
Gargalhada
Eu te quero ensinar a arte sublime de rir.
Dobra essa orelha grosseira, e escuta
o ritmo e o som da minha gargalhada:
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
Não vês?
É preciso jogar por escadas de mármores baixelas de ouro.
Rebentar colares, partir espelhos, quebrar cristais,
vergar a lâmina das espadas e despedaçar estátuas,
destruir as lâmpadas, abater cúpulas,
e atirar para longe os pandeiros e as liras...
O riso magnífico é um trecho dessa música desvairada.
Mas é preciso ter baixelas de ouro,
compreendes?
— e colares, e espelhos, e espadas e estátuas.
E as lâmpadas, Deus do céu!
E os pandeiros ágeis e as liras sonoras e trêmulas...
Escuta bem:
Ah! Ah! Ah! Ah!
Ah! Ah! Ah! Ah!
Só de três lugares nasceu até hoje essa música heróica:
do céu que venta,
do mar que dança,
e de mim.
3 comentários:
Já diria Elis:
"Quaquaraquaquá, quem riu?
Quaquaraquaquá, fui eu
Quaquaraquaquá, quem riu?
Quaquaraquaquá, fui eu
Ainda sou mais eu..."
muito bem lembrado, mulher!
:*
Adoro pessoas de sorriso solto!
Postar um comentário