Da segunda vez que tentei encontrar aquele menino,
Peguei uma estrada,
Fui de carona,
E nunca, nunca cheguei até ele
Nunca retornei àquele menino.
Posso até ter conhecido a sua cama
Fumado do seu cachimbo,
Posso até ter me incomodado com a falta de espaço na sua cama
E escutado o seu sono sofrido
Posso até ter conhecido quem ele mais ama
Quando fui dessa segunda vez
Mas não reencontrei aquele menino
Às vezes eu me pergunto se por acaso
não devia ter encontrado só daquela vez aquele menino
para que ele ficasse na lembrança
daquele jeito bonito
Aquele menino, que quando acordei, eu vi me olhando
e disse que estava me observando dormir
Quando da segunda vez me olhava apenas para caçoar dos meus olhos
Para dizer que eles estavam mortos
pois nada diziam.
Da primeira vez ele pediu para que eu não partisse
Da segunda vez ele nem queria se despedir
Eu devia apenas ir
E fui
Tateando no caminho um pouco de paz distante
Mas carregando ainda na bagagem
A mágoa do menino da segunda vez
A saudade do menino da primeira vez
E amava os dois, como se duas pessoas amasse.
Mas da terceira vez,
dessa vez eu o encontrei no meu lugar,
quando faltava pouco para não ser mais o meu lar
(e quando terei um lar definitivo?
não seria meu lugar este mundo infinito?)
E eu já sabia
E ele mesmo confirmou
Que aquele menino não existia
Mas encontrei um terceiro menino,
Que tinha medo de mim
E que também tinha medo de uma mulher que ele ama.
Este menino mais parecia um amigo,
não um amante
Este menino eu desejava,
mas não amava
E eu sabia que tudo o que amei nele antes
Foi fantasia
Que ele vestiu?
Que eu criei?
Mas este menino tem o direito de ser do jeito que ele é
Assim como tenho o direito de ser do jeito que sou.
E depois de tantos acasos
"Por que é que a gente é assim?"
Eu percebi
que ele, como eu, não sabe dar um abraço de despedida
que ele, como eu, leva a vida a viajar
que ele, como eu, tem medo de amar
cada um a seu modo.
"Este amor comum não serve para quem gosta de viajar".
Um comentário:
me arrancou suspiros afeminados nesse ai...=P
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