sexta-feira, outubro 21, 2005


Belo Belo

Belo belo belo, Tenho tudo quanto quero.

Tenho o fogo de constelações extintas há milênios.

E o risco brevíssimo — que foi? passou — de tantas estrelas cadentes.

A aurora apaga-se, E eu guardo as mais puras lágrimas da aurora.

O dia vem, e dia adentro Continuo a possuir o segredo grande da noite.

Belo belo belo, Tenho tudo quanto quero.

Não quero o êxtase nem os tormentos.

Não quero o que a terra só dá com trabalho.

As dádivas dos anjos são inaproveitáveis: Os anjos não compreendem os homens.

Não quero amar, Não quero ser amado.

Não quero combater, Não quero ser soldado.

— Quero a delícia de poder sentir as coisas mais simples.

Manuel Bandeira

é assim que me sinto.

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