terça-feira, novembro 30, 2010

Dardenne


Os filmes dos irmãos Dardenne são, acima de tudo, humanos. Até a câmera fica colada nos seus personagens num corpo a corpo como se fosse gente. É uma identificação cortante, que faz a gente sofrer junto com eles - não no sentido melancólico, mas no sentido cru da palavra. Filmes que abordam os problemas sociais a partir das pessoas - os problemas sociais perpassam as suas vidas, mas seus personagens tem vida própria e escolhas próprias no meio disso tudo. Há pausas para a gente ficar mais perto deles. Há violência pra gente se revoltar com eles. Há também um mundo cruel. E pessoas cruéis. E pessoas que mudam. Sim, principalmente isso, que mudam. Os Dardenne, assim como um cineasta como Bresson, acreditam na ascese de seus personagens. E assim, no final do filme eu sinto aquela dor no peito de quem mudou um pouco também - pra quem sabe ser mais feliz.

Imagem: L'enfant (2005).

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