sábado, agosto 02, 2008

Eu tenho mania de acreditar naquilo que me contam. Isso é um fato. Você pode narrar a história mais absurda que eu fico de olhos esbugalhados admirada com a coisa incrível que aconteceu a você. Muitas vezes as pessoas testam minha ingenuidade contando casos absurdos. Depois riem diante de meu semblante crédulo.

Ao mesmo tempo em que eu acredito, eu duvido. Duvido na mesma proporção em que acredito. Posso crer no que você me diz, mas não confio em você. Espero qualquer atitude sua, até a mais mal caráter. Isso é muito estranho.

Acho que é uma forma de me defender da minha própria ingenuidade. No fim das contas, acho que acredito no que as pessoas me dizem porque minto pouco, então suponho que me dirão a verdade. Corrijo, a verdade não (de quem é a verdade?), penso que serão honestos comigo. O valor que mais prezo com certeza é a honestidade. Talvez porque a coisa que mais odeio no mundo é ser enganada, ser feita de trouxa. É algo que realmente me tira do sério. Por detestar ser tratada como uma tola, é que procuro não fazer os outros de bobos.

Às vezes as pessoas podem se assustar. Nem todo mundo quer saber de sinceridade. Não que eu imponha a minha sinceridade aos outros como se fosse a dona da verdade, como se dissesse "você precisa ouvir o que eu tenho a dizer!", mas é que a minha espontaneidade causa constrangimento. Repito: nem todo mundo quer saber de sinceridade. Tem gente que prefere ignorar o que se passa. Cada um com sua loucura. Há pessoas que preferem o segredo, o não dito. Eu gosto das coisas às claras. Mesmo que muitas vezes me falte clareza quando falo.

Sabe, penso que quem gosta de ser honesto teme ser enganado, e fantasia conhecer tudo, algo como o desejo de ser deus e estar à espreita. Quem prefere guardar segredo e também não saber sobre tudo, sente prazer pelas lacunas, pelas reticências, por aquilo que não é visto. O primeiro é um voyeur atrás da fechadura. O segundo está na cena e de olhos bem fechados.

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