domingo, agosto 13, 2017

Elefante branco (2012), Pablo Trapero



Elefante branco é o nome de um grande hospital inacabado situado próximo a uma favela em Buenos Aires. E é também uma expressão que faz referência a uma coisa que é custosa de manter e sobre a qual pairam dúvidas sobre a sua real necessidade. É o espaço que diz muito dos personagens de Elefante branco (2012), de Pablo Trapero: Julian, um pároco enfermo que já não suporta mais o peso de carregar outras vidas nas costas; Nicholas, um voluntário belga que burla as regras do pároco e se aproxima cada vez mais de traficantes com o fim de obter a paz entre as gangues, além de manter um romance com uma assistente social que o coloca em crise sobre sua vocação. Ambos de origem rica e em busca de algum sentido espiritual ao levar uma vida franciscana. Um filme sobre manter-se vivo, sobre ser um sujeito que busca estar sempre para além de si mesmo, lançado ao mundo, mas num mundo hostil que destroça utopias. Um filme que mostra a favela sem glamour tarantinesco na montagem, sem bandidos e mocinhos, plano-sequência acompanhando um padre indo pedir a uma traficante o corpo do sobrinho do chefe de outra gangue para ser enterrado, câmera à distância mostrando dois padres lutando para que um policial não mate o menino que assassinou um policial infiltrado. Um filme que concilia questões existenciais e políticas, e que traz um olhar humanista - mas um humanismo que duvida de si mesmo diante da guerra e da luta pela sobrevivência.

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