sábado, junho 23, 2007

Tenho muitas feridas
que não sei se serão curadas
porque se por uma lado meu amor insiste em te perdoar e me perdoar
e permanecer do seu lado
minha memória brinca com o presente
retorna ao passado
e tudo que foi perdoado não deixa de ser uma lembrança triste e sutil
que às vezes se transforma num medo ou numa ira infundada

Não sei se devo partir
Não quero voltar de novo
Mas a decisão de só partir pra nunca mais voltar
Mantém-me estática sem saber dos meus passos aonde vão dar

Sei que já me basta a incerteza
Sei que você diz que gosta de mim
Mas também gosto de cerejas

Posso dizer que te amo um dia
Mesmo sabendo que dirá que gosta de mim
Mas você também gosta de caminhar na praia de manhã cedo

Não tiro aqui o valor do aconchego e do ar de saudade da praia de manhã cedo
Se você gosta de mim assim
Como gosta de caminhar e sentir o vento da praia de manhã cedo
Sei que gosta bastante
Talvez eu é que esteja pedindo demais

Afinal, em algum lugar alguém disse
Que uns amam
e outros se contentam em ser amados.

4 comentários:

e.m. disse...

adorei esse texto, condiz aos meus causos tb!! bjoss

e.m. disse...

Oi Dunya.. sobre o post no meu blog, acho q pra F.Pessoa vai bem por aí.. pra mim não vai ao pé da letra. Mas podemos olhar por outro lado tb. O fato de não queremos nada, pode nos levar a correr todos os riscos, depende de como atribuímos sentido aos momentos.. sei lá, pode ser ou não.. viver sem os dois lados é que não dá mesmo!

besos

e.m. disse...

oiê!! eu de novo
de ato n sei se é recomendável assisti-lo nessa condição.. mas pode ser q ajude em algo. kkkkkkkk
adoro Brilho eterno, já Pierrot le fou preciso assistir, n faltou oportunidade.. :/
besos

Naeno disse...

ACOCHO

Vez por outra
Eu sinto no meu lado esquerdo
Bem lá no fundo do peito
Alguém juntando,
Entrouxando, dando nós apertados.
E eu fico como que um prisioneiro
Fora. E dentro o aperto de uma cela estreita.
Fico espremido
E por mais que eu tente
Afrouxar as cordas,
Ou as alças da colcha de cama
Onde rebolaram tudo dentro,
Esses meus intentos são todos vãos.
E me molham as mãos,
Um suor de quem lutara horas a fio,
Desliza em veios estreitos pelo meu corpo.
Cega-me as frentes, as ruas,
Os caminhos por onde ando buscando ar.
E o ar me comprime por dentro,
Por fora se esvai.
De vez em quando
Chega essa lavadeira,
Querendo esfregar-me como se meu peito
Fosse um matulão surrado, empoeirado.
E o que me aperreia não é a correia dobrada
Enfiada na carne.
É meu coração.
É dele minha pena e tormento.
Melhor seria deixá-lo quieto e solto,
E que ele pulsasse, bombeasse e batesse
Nesses seus algozes.
Ah meu coração solto,
Ah meu peito alforriado,
O que eu sentiria do lado esquerdo do peito,
Era um vagão desocupado
Pra lá eu convidaria
Ao amor que entrasse.

Um beijo, tua poesia é lindíssima.

Naeno