Mas eu, em cuja alma se refletem
As forças todas do universo,
Em cuja reflexão emotiva e sacudida
Minuto a minuto, emoção a emoção,
Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —
Eu o foco inútil de todas as realidades,
Eu o fantasma nascido de todas as sensações,
Eu o abstrato, eu o projetado no écran,
Eu a mulher legítima e triste do Conjunto
Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água!
Álvaro de Campos
sábado, junho 13, 2009
terça-feira, junho 09, 2009
domingo, junho 07, 2009
Esse negócio meu de intuição, que até comentei num post recente, me pregou uma peça do caralho. Eu achava que uma coisa ia acontecer, e essa coisa de fato aconteceu, só que com um detalhe que mudava todo o sentido do fato. Ou seja, eu me achando a Mãe Dinah, e no fim das contas não podia prever mesmo porríssima nenhuma. É meio como se os deuses quisessem tirar onda com a minha cara. E foi uma onda bem feia. Aprendi a lição: do futuro eu não sei é nada. NADA.
sábado, junho 06, 2009
Yo soy brega
Hoje estava ouvindo a saudosa Elis Regina, a maior cantora brasileira de todos os tempos em minha humilde opinião, quando me dei conta do quanto sou brega. Isso mesmo: BREGA. Frases como "eu hoje me embriagando de whisky com guaraná, ouvi sua voz murmurando são dois pra lá, dois pra cá!" me comovem. Já dizia Fernando Pessoa: todas as cartas de amor são ridículas. E há toda uma magia envolvida nessa breguice sem fim. Acaso me perguntarem qual Chico Buarque eu mais gosto, o político ou o romântico, digo sem um pingo de vergonha que sou apaixonada pelo Chico brega! Aquele que canta "devolva o Neruda que você me tomou e nunca leu! Eu bato o portão sem fazer alarde, eu levo a carteira de identidade... na saideira, muita saudade, e a leve impressão de que já vou tarde!". Em se tratando de cinema, sou fascinada pelo Almodóvar e seus personagens de histórias de amor malucas, que carregam no peito uma paixão visceral. Aliás, o Godard, com todo aquele discurso contra a identificação com os personagens, e o papo de distanciamento bretchiano, não conseguiu me distanciar. Vai ver ele traz mesmo algo novo sobre o amor em filmes como Elogio do amor e Alphaville, num discurso que vincula o amor a uma crítica ao Estado. Só sei que no fim das contas, pra mim há poesia em nosso companheiro de Natal, o Roberto Carlos. O Roberto é gente da gente, ele canta "duvido que ele tenha tanto amor, e até os erros do meu português ruim, e nessa hora você vai lembrar de mim!". Sejam "intelectuais" ou "melosos", pra mim o importante é que eles sejam BREGAS. Porque o brega é sincero!
sexta-feira, junho 05, 2009
Desde que o avião da Air France desapareceu, não há quem tenha sossego com tanta notícia sobre o acontecimento. Vá lá no site da Folha de São Paulo e veja do que estou falando. Você tem que nadar pelo site pra ver se encontra algo que não fale da porra do avião. Só dá isso em tudo que é noticiário. Minha gente, quer dizer que esse avião caiu e o mundo parou?
Vi uma notícia sobre o aumento estupendo da audiência de algumas emissoras de TV, a exemplo da Rede Globo e TV Bandeirantes, após a desgraça. Até o orkut colocou um link logo na página inicial indicando uma comunidade em "solidariedade" às vítimas do evento.
Não sei quem é pior: quem enriquece às custas da miséria alheia, ou quem financia a pataquada. E depois quando digo que a GRANDE MAIORIA das pessoas é MEDÍOCRE, chamam-me de pessimista antipática. Apois!
Fico com o dizer de Saramago: Não sou pessimista. O mundo é que é péssimo.
Vi uma notícia sobre o aumento estupendo da audiência de algumas emissoras de TV, a exemplo da Rede Globo e TV Bandeirantes, após a desgraça. Até o orkut colocou um link logo na página inicial indicando uma comunidade em "solidariedade" às vítimas do evento.
Não sei quem é pior: quem enriquece às custas da miséria alheia, ou quem financia a pataquada. E depois quando digo que a GRANDE MAIORIA das pessoas é MEDÍOCRE, chamam-me de pessimista antipática. Apois!
Fico com o dizer de Saramago: Não sou pessimista. O mundo é que é péssimo.
segunda-feira, junho 01, 2009
Temporariamente em Worpswede, perto de Bremen, 16 de julho de 1903
O senhor é tão jovem, tem diante de si todo começo, e eu gostaria de lhe pedir da melhor maneira que posso, meu caro, para ter paciência com relação a tudo que não está resolvido em seu coração. Peço que tente ter amor pelas próprias perguntas,como quartos fechados e como livros escritos em uma língua estrangeira. Não investigue agora as respostas que não lhe podem ser dadas, porque não poderia vivê-las. E é disto que se trata, de viver tudo. Viva agora as perguntas. Talvez passe, gradativamente, em um belo dia, sem perceber, a viver as respostas. Talvez o senhor já traga consigo a possibilidade de construir e formar, como um modo de viver especialmente afortunado e puro; eduque-se para isso. Mas aceite com grande confiança o que vier, e se vier apenas de sua vontade, e se for proveniente de qualquer necessidade de seu íntimo, aceite-o e não o odeie. A carne é um fardo, verdade. Mas é difícil a nossa incumbência, quase tudo o que é sério é difícil, e tudo é sério. Se o senhor reconhecer apenas isso e chegar a conquistar, a partir de si, de sua disposição e de seu modo de ser, de sua experiência e infância e força, uma relação inteiramente própria (não dominada pela convenção e pelo hábito) com a carne, então o senhor não precisa mais ter receio de se perder e se tornar indigno de sua melhor posse.
Rainer Maria Rilke em Cartas a um jovem poeta.
Rainer Maria Rilke em Cartas a um jovem poeta.
Todo mês é assim. É só chegar a minha menstruação que eu fico extremamente sensível. Não entenda isso como tristeza, mas como um aguçamento dos sentindos mesmo, da percepção do que está a minha volta. É um tal de chorar vendo filme, ouvindo uma música, lendo uma poesia... Às vezes sinto tanto as coisas, que dá até agonia. Ao mesmo tempo em que gosto desse estado de êxtase, penso que seria insuportável viver sempre desse jeito.
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