Depois de ver o sofrimento de minha avó diante de tantas lembranças dispersas em papéis avulsos sobre o chão, poesias, fotos, cartas, e a saudade que ela tinha do meu avô como sentimento onipresente, sentido do mundo talvez. Ela dizia que podia estar ali conversando com a gente, mas seu pensamento estava sempre nele. Ela o via em algum canto da casa, sentia sua presença romper os limites do mundo. Vovó, que cuidou durante quatro anos do meu avô, que deu banho, limpou suas feridas... Que acordou e dormiu com ele por 55 anos de sua vida. Que tomou surra do pai pelo preconceito contra a cor. Que descobriu o amor que a gente constrói a cada dia, que fica firme aos trancos e barrancos da imperfeição ou mesmo do tédio às vezes, mas que se renova a cada dia passado juntos, numa afirmação de que a vida não é fácil nem tão grandiosa, mas é gostosa no aconchego da intimidade e do tempo difuso do passar dos dias. Na saúde e na doença, muito mais do que promessa na frente do altar.
Nessas horas, penso que acredito no amor.
4 comentários:
Que essas horas se multipliquem.
era uma vez o amor. aí ele morreu e fim.
Tudo bem Tatiana?
Gostei do seu blog.
Permita-me perguntar?
O amor não seria egoísta?
obrigada pela visita, senhor Espírito Livre.
me parece que não há como comentar no seu blog né? então... gostaria de dizer que o último texto do seu blog é simplesmente a inesquecível e minha favorita passagem de Assim falou Zaratustra. muito bom mesmo!
e o amor é egoísta, sim sim sim, tem que ser assim!
o amor ele só cuida, si, si, si, só cuida de si!
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