terça-feira, agosto 03, 2010

Masculin, féminin


Ontem assisti a Masculin, féminin (1966), de Jean-Luc Godard, e logo de início o filme me chamou a atenção pela leitura feita por Paul, interpretado pelo (olha o comentário fútil) belíssimo Jean-Pierre Léaud. Ele, entre uma palavra e outra, acende o cigarro, dá baforadas, olha ao redor da cafeteria inquieto, em plano-sequência diante da câmera estática. Gostei do clima juvenil do filme, de Paul envolvido na militância contra a repressão ao comunismo mundo afora (presos políticos no Brasil, Guerra do Vietnã), e também determinado na conquista do corpo e da alma de Madeleine (ela me lembrou Je vous salue Marie (1985), outro filme do Godard). Também achei interessante a crítica a essa geração, que Godard aborda como ainda presa aos referenciais da indústria cultural (vide a cena em que Paul, Madeleine e suas amigas vão ao cinema e se decepcionam com a exibição de um filme diferente do esperado). Não pude deixar de me lembrar também de Les amants réguliers (2005), de Philppe Garrel. Também adorei aquelas boas e velhas "quebradas de eixo" kkk e elipses malucas do Godard - eu me surpreendi quando, após um corte brusco que me fez acreditar que Paul falava sozinho na lavanderia para depois o filme mostrá-lo conversando num sofá com seu amigo Robert, de repente ver a câmera sacaninha mostrar os dois de costas e as máquinas de lavar ao fundo (o velho Godard brincando com o espaço fílmico, o tempo inteiro Paul e Robert estavam no mesmo lugar). E também curti aqueles personagens que aparecem do nada na diegese e saem sem nenhuma explicação narrativa, como os dois momentos em que diferentes mulheres matam um homem na frente de Paul.

Enfim, voltando à cena inicial, eu não conheço a origem deste texto, inclusive gostaria de ter mais informações sobre, me fez lembrar de uma pessoa, mas enfim... segue...

Nunca dois olhares se encontram
Sem deixar nenhum vestígio
De vida, silêncio, vazio, chama
A luz ofusca...
Nenhum lugar tem o ambiente dessa história
Sem limite
Narrar a monotonia
Narrar o trabalho cotidiano...
Um garoto sem nome de Marseilles
Conta 24 horas por dia
Conta com os outros
Compartilhando a vida
Incapaz de estar sozinho
Sem vestígio de nenhum lugar

5 comentários:

Pseudokane3 disse...

Eu sempre fui doido, doido para ver este filme... me emprestas????

WPC>

tatiana hora disse...

tô com ele aqui no pc, posso gravar pra vc

Pseudokane3 disse...

Por favor...
Suplico!
Entrego o DVD?
Mando por Jadson?
Por Nina?
Por alguns compatriotas de Aperipê?
Estudo com Moema, com Danilo, com uma par de gente que trabalha contigo (risos)
SOCOOOOOOOOOORRO!

WPC>

tatiana hora disse...

eu não trabalho mais na aperipê não
eu gravo e mando por Nina ou Jadson, q vivem na ufs.

Unknown disse...

Gostei do blog!