quarta-feira, setembro 29, 2010
Borboletas
Ontem vi O meu melhor inimigo, do Herzog, e gostei muito. Uma coisa que ele tem em comum com O homem urso é que no final de ambos os documentários Herzog, que tem uma relação de amor e ódio com seus personagens, finaliza o filme com uma homenagem aos falecidos personagens. O final de O meu melhor inimigo mostra Klaus Kinski, o ator agressivo e egocêntrico com quem Herzog fez cinco filmes (mesmo após ele mesmo e alguns atores desejarem matar Kinski), apresenta uma borboleta que não quer abandonar Klaus Kinski, o qual brinca com ela com leveza e um semblante dócil. Já em O homem urso, Herzog homenageia Timmy ao mostrar uma antiga namorada dele lançando suas cinzas no parque ecológico onde ele se entretia com ursos até ser devorado por um.
Gosto das homenagens que Herzog faz. Ele não tem o cuidado de um Coutinho com seus personagens, chegando a mostrá-los em situações degradantes. Mas a sua postura é de sempre mostrar o ser humano como contraditório. No entanto, ele guarda um carinho imenso pelos seus personagens, e às vezes parece que ele acredita que o cinema é uma forma de lhes conceder a eternidade.
Lembrei desses filmes agora depois de pensar um pouco sobre o vazio que às vezes toma conta de tudo. Uma dorzinha, daquelas que a gente segura para sufocá-la, mas acaba ficando engasgada entre os ossos e a carne e entrando bem afiada pela garganta.
Não é tristeza. É incerteza. E a consciência de que é preciso arranjar forças não sei de onde...
Mas sou forte! Aprendi a ser...
Vê isso? É o contrário da morte, é a vida.
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Um comentário:
O final de MEU MELHOR INIMIGO arrasa mesmo qualquer um...
A voz revoltosa do Klaus Kinski é algo que sempre me impressionou...
Este documentário contém equívocos, mas é lindo.
Lindo como deve ser amizades (ou inimizades) tumultuadas e geniais como esta...
E AGUIRRE, A CÓLERA DOS DEUSES é, definitivamente, um dos melhores filmes de minha vida!
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