Atualmente, meu filme preferido é Pierrot le fou, de Jean-Luc Godard. Eu me encantei completamente por essa película, não como se ela fosse meras imagens na tela, mas tivesse uma vida própria. E uma das coisas que mais me chamou a atenção foi uma frase dita por Pierrot, interpretado pelo adorável Jean Paul Belmondo: “A vida pode até ser triste, mas é sempre bela”.
Acho que se fosse para definir a minha visão de mundo em uma frase, eu usaria essa. Em minha sensibilidade exacerbada, estou sempre vendo as coisas com uma lente que torna tudo gigante, e eu fico me sentindo pequenina, mas querendo subir no pé de feijão. Tudo se torna tão inebriante, cada som, imagem, toque, levam para alguma poesia dentro de mim, dentro do mundo.
Sinto tanto tudo o que me rodeia que às vezes dói. É como se eu estivesse sempre parindo vida, e a dor do parto é tão intensa. A beleza do mundo é uma beleza triste, um encantamento que vem de tudo que é insaciável, a criança chorando porque não consegue andar, fica caindo e encostando-se nas paredes da casa.
Às vezes a vida é tão gostosa, que me sinto mergulhando naquela piscina cheia de bolas coloridas, surgindo de lá do fundo triunfante e jogando as bolas pra cima. E ela às vezes é triste como um pintor que perdeu a visão, mas até aí ela é bela. Sim, porque em toda tristeza há uma saudade da vida, e nessa saudade se constitui a sua própria beleza, um querer sempre mais, e os quadros feitos com pinceladas que a gente não vê, mas sente.
A vida pode até ser triste, mas é sempre bela, porque ela é arte, arte dos homens que inventaram Deus e o amor.
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