sábado, dezembro 10, 2005

Para Julieta

Quando eu lhe disser fique, não vire a cara para mim. Quando eu lhe disser não vá, que o ficar não pareça mais duro do que o não ir, veja a lição das nossas faltas, e a graça dos nossos acertos.

Julieta, eu só peço que me entenda, mesmo isso sendo impossível até para mim mesmo. Eu nunca me entendi como seus olhos quando me fitam, sei lá onde eu me escondi dos seus exames, embaixo de um riso forçado, observando a mesa ou qualquer coisa que não fosse seu olhar.

Não Julieta, não entenda, nem queira entender. Nunca quis te amar, nem você nunca se amou ou quis amar você e eu, o par. Esse par tão inseguro, entre seguir por caminhos tão tortuosos melhor ser o ímpar, o singular.

Concordo com tudo que você disse. Não sou homem pra você, e você não é mulher pra ninguém, porém uma coisa só já fazia todo o sentido. Sou apenas um homem encantado com seus olhos arregalados, mas eu cheiro a sofrimento. E essa carta é borrada com lágrimas. Um beijo. Mateus.

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