sábado, fevereiro 05, 2011
Sombras
Nossa, mais uma personagem encantadora do John Cassavetes, dessa vez em Sombras (1959), seu primeiro longa-metragem. É a Leila, uma mulher que vive rodeada de homens, diz ser dona de si mesma, não baixa a cabeça para homem nenhum, e no entanto se revela tão frágil na belíssima cena em que perde a virgindade com Tony e tem conflitos de culpa ainda deitada na cama junto ao amante, dividindo-se entre lamúrias pelo nojo do sexo e sugestões de que os dois se casassem. O filme tem muito a ver com Les cousins, lançado no mesmo ano e dirigido por Claude Chabrol, no sentido de que ambos versam sobre jovens perdidos no mundo, unidos por fortes laços, e que se encontram em sérios conflitos morais - não só isso, como também a narrativa fragmentada e frouxa, a atmosfera boêmia, a iluminação de penumbra, as situações a la minitrama, a câmera que perscruta os espaços da cidade (seja Paris ou Nova Iorque) numa relação contemplativa. Um momento marcante para mim no filme é quando David, um homem interessado em Leila, que no entanto é apaixonada por Tony, pede-lhe com a pequena agressividade de quem suporta a rejeição e conhece profundamente o objeto de seu amor:
- Tudo que eu queria era que você dançasse e fosse amável como parece ser.
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Um comentário:
E, apesar do sobejo de amor neste filme, como tudo o que foi tocado pelo genial Cassavetes, são as cenas de briga que mais me apavoraram... O primeiro encontro entre o namorado assustado (e racista) da mulata e seu irmão... Aquelas brincadeiras neurastênicas com as estátuas... Quanto mais revejo este filme, mais me apaixono (e me assusto)
E preciso ver OS PRIMOS. Socorro!
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