Eu não tenho fim nem começo nesse céu enorme essa noite, onde as estrelas guardam o segredo do universo e as aventuras do meu ser que perdido se encontrará nas miragens. Guardo no peito a lua prateada que hoje se faz pálida como o meu pobre coração, e canto com o olhar a canção que ninguém nunca irá entender nem ouvir. Onde estará Judite, aquela que me pariu depois de minha mãe? Se você soubesse, Judite, da saudade que você me faz, não me abandonaria na noite, nos vãos, nos escombros de quem sou sem você.
Minha Judite dos olhos distorcidos de infelicidade, eu conheci na praça onde a Igreja cantava o mais puro silêncio, Judite do meu querer, do meu ser sem ter por que, eu me vejo sem palavras, só sei que todas as belas canções foram escritas para você. Minha Judite não é bela nem feliz, ela tem o rosto marcado pelo suor desgraçado do trabalho, e faz o pão que não vai comer. Ela vem pra mim com um abraço, e o odor do cansaço eu sinto nela. A mulher das mãos cheias de calos, das palavras feias, do mau humor de quem vive a duras penas.
Ai que eu sinto tanta saudade, e de saudade eu vivo a lembrar dos beijos de Judite e a esquecer o presente. Foi tão gostoso morder as suas pernas e lamber a sua casa, que eu só quero morar dentro de você, e morrer para sempre dentro de você. Olhe pra mim de soslaio pelo menos quando passar de braço dado com seu marido na rua, pra eu sentir que ainda guarda na lembrança um carinho meu. Eu queria te arrancar dos braços dele, matá-lo com a bala do meu patrão, e te beijar no meio da rua, apertando você como se seu corpo não tivesse fim.
Judite, volte para mim que eu não agüento mais ser só eu. Prometo só o que tenho para dar, e você sabe quem é. Eu fico aqui olhando essa lua e falta você para pular sobre mim debaixo da lua, volte que você é filha da lua, e eu fui parido de novo. Vou dormir debaixo da lua para sonhar com você, prometa que em algum canto do universo você também estará sonhando comigo. Boa noite, Judite, que Deus te guarde pra mim onde quer que você esteja.
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