sábado, outubro 09, 2010
Traz um Scorsese!
Quando soube que estava passando uma série com histórias de gângsters no tempo da Lei Seca dirigida por ninguém menos que Martin Scorsese, eu pensei logo: merda não ter HBO, mas God save the net e eu baixei dois episódios. Vi o primeiro episódio de Boardwalk Empire hoje, que é um verdadeiro longa-metragem, não só pela duração (70 e poucos minutos), mas porque tem cara de cinema e não de série televisiva.
O Scorsese caiu de cabeça no cinema noir na série: as noites de penumbra, os malabarismos na steady cam percorrendo Atlantic City no mais puro estilo A marca da maldade (Orson Welles), a montagem que justapõe planos de um espetáculo de teatro com uma sequência de assassinatos que deve muito a O poderoso chefão (Francis Ford Coppola), o sarcasmo em torno da hipocrisia do moralismo anti-drogas também presente em Os intocáveis (Brian de Palma)... Enfim, uma maravilha de série para quem, assim como eu, ADORA filme de gangstêrs!
Porque há algo de encantador no submundo do poder e do crime, nos heróis tão vilões capazes dos atos mais vis, porém às vezes tão afetuosos.
E o escárnio que o Scorsese faz quanto à modernidade americana do início do século passado é genial. Assim como em Gangues de Nova York, Scorsese demonstra ver a história de seu país intrinsecamente vinculada à corrupção e à violência. Impagável a cena em que Enoch Thompson, o tesoureiro de Atlantic City cúmplice do tráfico de álcool, faz um discurso sobre seu passado de filho de álcoolatra que emociona senhoras conservadoras, e finaliza afirmando: "com fé em Deus a democracia americana contará agora com o voto das mulheres". E o personagem de Jimmy, um garoto que abandonou a faculdade para "lutar pelo seu país" na Segunda Guerra Mundial e retorna violento e frustrado, é muito bem elaborado e interpretado.
Que venham mais episódios dessa série que tem a genialidade do cinema americano e um sarcasmo delicioso sobre a sua sociedade.
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Um comentário:
Manda um para mim também (risos)
Eu tenho HBO, mas não vi a série ainda.
Com este teu preâmbulo elogioso, estou no pisca já. Ui!
Garçom...
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