sábado, novembro 11, 2006
Namoro ou amizade
Em uma tarde de sábado entediante como a de hoje, estava assistindo a um programa do qual não recordo o nome, e que é apresentado por Márcio Garcia. No palco, gente simples, que geralmente diz ter apenas o ensino médio. Mas o que me chamou a atenção nesse programa foi o fato de ver mulheres e homens desesperados por sexo, romance, ou seja lá o quê, bem como as perguntas pra lá de indiscretas do apresentador.
Logo depois que uma mulher se apresentava, Márcio Garcia vinha com suas intervenções na vida particular dela. Como foi seu último relacionamento? Faz quanto tempo que não namora? Por que terminou? E eu me perguntava o tempo inteiro porque ninguém dizia um belo "não é da sua conta".
Durante uma dessas entrevistas, uma moça disse que seu último namoro terminou por incompatibilidade de gênios. Márcio Garcia logo destilava seu veneno que agradava a platéia e provavelmente fazia subir os índices de audiência. Perguntava se na verdade ele não teria terminado porque tinha arranjado outra, e por aí vai. Outra moça disse que seus relacionamentos eram efêmeros, e que o mais duradouro foi de apenas seis meses. Segundo ela, os rapazes simplesmente paravam de ligar, sumiam. O apresentador, que não deixava de arrancar alguns risos contidos das dançarinas seminuas, questionou qual seria a razão de os homens fugirem dela. O mais estranho é que a invasão de privacidade parecia não incomodar as senhoritas, e tudo era normal, extremamente normal se expor para um público do Oiapoque ao Chuí.
Francamente, não sei o que se passa na cabeça daquelas pessoas que se mostram aos olhos levianos que desnudam, zombam, interpretam como querem a vida pessoal dos outros. Engraçado como ninguém olha para o próprio umbigo nem lembra de suas próprias dores de cotovelo, inseguranças, loucuras de amor, suas cagadas em geral. Não, vemos um bando de juízes com reputação ilibada. Entretanto, problema é de quem se presta a esse papel, não é verdade, a gente precisa saber que pode sempre estar diante das platéias mais hostis nos palcos da vida.
Agora fica a pergunta: o que leva alguém a se expor dessa forma? Estariam atrás de alguém pra acabar com sua carência nas solitárias noites de sábado? Ou queriam mesmo a atenção das câmeras, subir ao palco, chegar perto do Márcio García e conversar com ele como se fosse um compadre. Às vezes algumas pessoas parecem se sentir em casa no universo que todos os dias entra pela sua casa através da telinha. Mas aquele lugar nunca vai ser lar de ninguém, nem acolher ninguém, ou dar atenção verdadeira e resolver problemas pessoais. E disso a gente sabe.
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