Tenho pensado muito sobre meu cansaço, e cada vez que o percebo, pego, levo-o pra casa, e meu mundo vai ficando cada vez mais parecido com uma esteira de academia. Você olha toda hora pro relógio, e quer com todas as forças tomar dois litros de água gelada e cair em cima da cama. Aí me lembrei de uma vez em que eu estava assistindo a uma aula de uma professora que admiro muito, Lilian. Ela ministrava um curso sobre Escola de Frankfurt, e naquele exato momento falava de Adorno e suas teorias pra lá de pessimistas. Dizia Adorno que o tempo é determinado pelo modo de produção, que nossa agenda é feita de acordo com o trabalho; depois chegamos em casa após um longo dia de labuta, ligamos a TV, e nos entretemos com programas que nos seduzem a comprar coisas com o dinheiro do nosso suado trabalho. Então ela disse que às vezes era necessário se divertir, que essa história do Adorno de não participar do entretenimento da mídia era balela. Mas o que me chamou a atenção mesmo foi quando ela repousou o giz sobre a mesa, e disse com a mão encostada no quadro e o corpo exausto:
- Sabe, eu queria ter um tempinho pra não fazer nada. Nem ouvir música, ver TV, filme, nada. Eu só queria não fazer absolutamente nada por uns instantes. NADA. É, mas como eu ia dizendo...
2 comentários:
Acho que isso me assuta...
*assusta
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