Sou uma pessoa brega, sentimental, meu excesso de sensibilidade dá nojo, mas pra tudo tem limite. Eu detesto aqueles malditos filmes edificantes! Tá bem, gostei de alguns há anos atrás, mas hoje em dia eu pelo menos sei a diferença entre filme bom e filme que eu gosto. E quando revi Cidade dos Anjos me perguntei como diabos chorei vendo aquilo. Lamentável.
Enfim, a questão é que esses filmes edificantes são uma das desgraças do cinema. Acredito que os filmes ruins com certificado de ruindade assinado embaixo são mais sinceros do que eles, como Todo Mundo em Pânico (não sei como tanta gente ria na sala, pois eu não achava a menor graça), e Cruzeiro das loucas (vou ter de admitir que dei boas risadas).
As pessoas que assistem a essas películas sabem que estão ali para ver merda. Agora, quanto a filmes edificantes, não, eles se dão o estatuto de arte. Aí todo mundo fica achando que cinema de arte são filmes dramáticos, atores chorando, lições de moral. Mas não é, porra.
A arte não foi feita para ensinar as pessoas a viverem. E aqueles atores que ganham o Oscar, nossa, às vezes parece que o padrão ator de qualidade se refere à maior quantidade de lágrimas vertidas em cena. Ninguém se lembra do quanto é importante um ator fazer o papel de uma pessoa comum, e conseguir elaborar com maestria a singularidade do comum. De um ator não querer aparecer mais que o personagem e ser estrela.
É melhor ator quem chora mais, e são bons filmes os que conseguem arrancar mais lágrimas do espectador, e não os que ousam esteticamente e levam à reflexão. Esse é conceito de cinema de arte que existe na cabeça de muita gente graças aos filmes edificantes e ao Oscar.
Um comentário:
concordo completamente
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