Toc, toc, toc. Hoje é noite de natal. Passou uma estrela cadente. Eu sou o menino Jesus, filho de José com a virgem Maria, concebido pelo Espírito Santo. Eu voltei. Jesus está morto, menino, morreu numa cruz. Deus não está morto, senhora, eu prometi que ia voltar, aqui estou. Tenho fome e sede, a senhora vai negar pão e água ao Filho de Deus? Pare de me fazer rir, menino, você está delirando. Eu me lembro de você, vive pedindo na porta da igreja, pois andou vendo missas demais. Vá pra casa, vá. Boa noite. A porta.
O reino de Deus não é desta terra. Pai, perdoai-os, pois não sabem o que fazem. O Filho de Deus não nasce em berço de ouro. Eu que estou sempre com as mãos estendidas para receber as moedinhas na porta da igreja sou o Filho de Deus.
Você não é filho de José, Jesus. Ela botou gaia no seu pai com o seu tio Horácio. Todo mundo sabe, até o trouxa do seu pai. Nesse dia eu rumei uma pedra na cabeça de Vinícius. Foi pra abrir mesmo a testa do desgraçado que manchou o nome da minha santa mãe. Olho por olho, dente por dente.
De manhã cedo, quando com a fome do outro dia, tenho vontade de fazer os pães multiplicar. Ainda não é chegada hora. E às vezes sinto que estou caminhando sobre as águas do mar, mas ainda não é chegada a hora.
Qual o meu calvário e meu Judas? Pai faça-se a sua vontade. Um dia acharão as minhas vestes no túmulo, e eu haverei ressuscitado. Então separarei o joio do trigo, e finalmente sentarei à direita do Pai no reino dos céus.
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