Não consigo parar de ouvir a Amy Winehouse. Ao procurar informações sobre a cantora, só encontrei notícias referentes aos seus vícios e bafóns homéricos, claro. A celebridade mais escandalosa de toda a história da indústria cultural, a menina dos olhos dos paparazzi, a favorita do tablóide The Sun.
O mais extraordinário nisso tudo é a forma como Amy Winehouse é a própria encarnação do espetáculo: ela fala sobre seus vícios nas suas canções, e diz que não vai para uma clínica de reabilitação (They tried to make me go to rehab, but I said no, no, no!), conta que dormiu com ex (há boatos de que ela recorreu ao ex enquanto o marido estava na prisão), e ainda avisa: I told you, I was trouble, you know that I'm no good... Ela entoa que espera seu grande amor sair da cadeia no cover de Valerie, feito em dueto com Mark Ronson. Ela se deita no chão da cozinha, em um clipe, segurando um copo de whisky, sua bebida favorita, representando um porre de dor de cotovelo.
Amy Winehouse canta sobre sua própria vida para todo mundo ouvir... Ela não é só uma cantora: é um personagem de carne e osso. E parece que a sua grande glória será morrer jovem, o que ela demonstra pelo seu instinto irrefreável de auto-destruição. Tal paixão pela morte levou mulheres depressivas e de vozes poderosas, a exemplo de Billie Holiday e Janis Joplin, ídolos de Amy Winehouse, ao falecimento por overdose. Só que ela está tão entregue ao vício, em uma sociedade em que as imagens se multiplicam cada vez mais, quando a rapidez das informações permite uma cobertura detalhada de escândalo a escândalo, que sua partida não teria nenhum glamour: as imagens não são de uma cantora eternizada pela sacralidade da morte na juventude, mas sim fotografias de uma mulher decadente e desesperada. Seria isso tudo um grande show?
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