sábado, maio 27, 2006

Tem dias que eu fico pensando na vida

Hoje eu me fiz umas perguntas estranhas andando pela cidade. Sabe, aquele clima estou num clipe dos Rolling Stones, e bate até uma vontade de fumar um cigarro. É, mas eu fumo raramente, e a cidade não era feia ao ponto de ser underground, nem era bela para dar o ar de elegância. Era apenas Aracaju, e Aracaju é sem graça.

Enquanto fitava o meu sorvete de graviola com cobertura de chocolate, combinação estranha por sinal, eu me lembrei de um filme. Em Pierrot le fou, um homem pergunta a Ferdinand se ele estava ouvindo uma música. Ferdinand diz que não. Ele insiste, como é possível!, e manda Ferdinand chamá-lo de louco se não ouvia nada mesmo. Ferdinad diz que ele era louco. O homem se exalta, ergue os braços, até colocar as mãos na cabeça como um vencido. Ele havia ouvido aquela música durante a vida inteira e ela simplesmente não existia?

E você, já se sentiu alguma vez assim? A gente vive de crenças, há pessoas que se matam porque não acreditam em mais nada, há aqueles que se vestem com bombas porque crêem num céu cheio de virgens. Então imagine você acreditar numa coisa e, pá, ela não passa de uma mentira, ou coisa que ninguém aceita, ou algo impossível de se realizar. Pô, como eu sou idiota, ah, mas eu devo ser muito, muito idiota mesmo!

Depois eu me lembrei do Mefistófeles, o demo. Ele fez a seguinte proposta a Fausto: se em algum instante Fausto se sentisse plenamente feliz ao ponto de querer que ele fosse eternizado, Mefistófeles tomaria a sua alma. Eu fiquei matutando no ônibus, hum, me deixe ver, tem algum momento que eu faria pára, pára tudo, aqui tá bom, eu quero ficar assim pra sempre? Lembrei de coisas muito boas, e é incrível como a idéia de eternidade não me incomodava, eu não pensava poxa, saco isso, tá, eu tô feliz, mas dá pra mudar o disco? Eu aceitaria ter aquelas coisas eternizadas, só não prometeria a minha alma a ninguém por isso.

Sei lá, coisas da vida. É nessa hora em que a gente deixa a conversa pra lá e volta a falar de qualquer coisa. Sei lá, sei lá, a vida é uma grande ilusão. Sei lá, sei lá, só sei que ela está com a razão...

2 comentários:

Anônimo disse...

é. essas divagações lembram Nick Drake, sobretudo o cd Pink Moon. Bom, isso significa, de uma maneira informal, um elogio. Não sei se vc conhece Nick Drake...enfim, deveria.rsrs. Ainda mais a música "parasite" que é do Pink Moon também.

tatiana hora disse...

sei não quem é #)
pô, mas se é bom, tá massa. e vou procurar ouvir
:*