sábado, maio 06, 2006

Não é fácil

não é fácil
nunca foi fácil
entregar as coisas que revestem os sonhos da gente
procurando as partes em volta do mundo
como fragmentos perdidos nas causas sem rumo
não é fácil
nunca foi fácil
ser o outro e ser alguém mais
e ter certeza de que tudo isso já trás
tanta felicidade

e bem, não é verdade
mas isso a gente só descobre quando tudo se desfaz
mas é que a gente se desfaz
porque antes havia na gente mais outra pessoa
mas ela agora vive à toa
e a gente fica à toa
sem saber o que é andar
eu que nunca soube o que era o certo
fico com o destino incerto
nunca sei o que me traz

talvez a vida seja boa
entre afetos e desafetos
entre afagos e lágrimas tolas
mas assim olhar pra trás
e ver a frente como o vasto túnel
onde a gente teme o que não conhece
e uma luz dá medo do que virá

não sei, não sei
mas não é nada fácil
construir tantos afetos que depois são desafetos
e desvanecem como o sol por cima dos tetos da manhã
quando não quero ficar acordada
e puxo o lençol por cima da casa

porque pra ter amor
a gente tem sempre uma dor
e alguns se abraçam entre amor e dor
e as feridas têm que cicatrizar
ah não é fácil, amar nunca foi fácil
porque todos os outros são infernos
e a gente quer manter o céu certo
mas à custa do inferno de não ser capaz

e de céu e inferno a gente vive
e acaba no abraço do amor e da dor
de amar sempre um pouco a menos ou um pouco a mais.

4 comentários:

Anônimo disse...

É. Vc tem razão.
Se me perguntam sobre o amor revelo logo minha ignorância: Não sei.É o tipo de assunto que esta na estante de coisas maiores que eu. Mas se texto é definitivo, além de ser tocante essa frase “acaba no abraço do amor e da dor de amar sempre um pouco a menos ou um pouco a mais.” A medida é sempre errada.

tatiana hora disse...

também não sei. e talvez porque não haja medida.

Anônimo disse...

A moça das palavras... :)

Anônimo disse...

I love your website. It has a lot of great pictures and is very informative.
»