Quando eu era mais novinha, uma amiga que eu achava o máximo vivia dizendo pra eu ser mais falante, pra marcar presença, pra eu ser mais legal, porque eu era uma pessoa bacana, mas não tinha muitos amigos.
No começo eu concordava com esse modelinho idiota. Mas, mesmo tendo em mente como eu deveria agir, eu simplesmente travava. Tinha aquele impulso de falar e... sabe? Chegava numa festa e não conseguia me entrosar com os amigos dela porque não fazia a mínima idéia do que eles estavam falando. Era tão dissonante que eu não tinha referência nenhuma sobre um assunto pra tratar. Também não era interessante, pelo menos pra mim. Então eu me encostava num canto e começava a conversar com alguma pessoa que também estivesse sozinha olhando pro horizonte segurando um copo de bebida e encostada na parede mais próxima. Conheci pessoas maravilhosas assim.
Minha amiga ficava com os carinhas mamãe-sou-bonitinho-veja-só-que-fofo-toco-numa-banda-sou-cabeludo-e-tenho-carro, e eu ficava na minha. Ela dizia que pra ficar com um cara “massa” era pra eu rir do que ele falava. Oxe, minha fia, ria, o cara se liga quando a menina fica rindo demais, ah, sabe, isso quer dizer alguma coisa. Às vezes eu a via rindo o tempo todo enquanto conversava com um carinha que ela mesma dizia que era paia. E depois fiquei me perguntando como é possível achar que só porque eu tô rindo eu tô a fim de alguma coisa? Também fiquei preocupada, afinal, eu vivo rindo. Pelo menos a minha forma de rir é escrota o suficiente para ser broxante.
Aí um dia eu mandei pra tonga da mironga do kabuletê. Sabe de uma coisa? Quem disse que uma pessoa tem que viver falando com todo mundo? Sabia que existem pessoas tímidas quietinhas no seu canto e com poucos amigos que são muito legais? Caramba, eu sempre fui amiga dos gordinhos, dos feios, dos gays encubados com vergonha de si mesmos, dos negros isolados na escola que só tem branco, e os adorava. E, não sei, mas a idéia de rir forçado de qualquer merda que um imbecil metido a besta fala pra mim me incomoda bastante.
Comecei a achar paias as pessoas que ela dizia que eram legais. Depois refleti melhor e pensei que eles também deviam me achar paia, então, quem tava com a razão? Sei lá, paia é um conceito relativo. Cada um na sua, e o importante é que você seja você mesmo, mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro, que nem naquela música insuportável da Pitty.
Moral da história:
Pessoas excluídas são mais legais?
Pessoas pops são paias?
No mundo só tem gente paia?
Não tem moral. Todos somos bizarros.
Pensamento do dia:
Feliz aquele que fala muita merda e joga dominó.
8 comentários:
Quem era o bizzaro da história?
suponho que sua amiga lá, a despirocada...kkkkkkkkkkk
óia, falando "despirocou", pegou minha gíria! hohoho
bem, quem é a pessoa bizarra?
todos somos bizarros. :P
kkkkkkkkkkk
e vc postou na mesma hora que eu!
tosco!
é isso mesmo. Somos todos rigorosamente bizzaros uns mais outros menos, às vezes batemos nossos próprios limites...enfim, semana passada eu tava vendo no www.greenplastic.com uns vídeos do inicio de carreira do radiohead e, bom... Bizzarissimos... hoje são, digamos, legais: bizzaros moderados. Olha, esse negócio de Joyce ( vou postar aqui mesmo) é esquisito, tenho um puta pé atrás por causa das traduções. Dá a impressão de que leio um similar, mas nunca o Joyce... alguém disse que em uma tradução no mínimo se perde 30% (assustador) ,mas, em Joyce que mexe com a linguagem parece que perde uns 45....
bizarro opá
é vero, porque o joyce inova muito na linguagem, inventa expressões novas, brinca com as palavras,é fantástico.
mesmo assim acho que vale a pena ler.
eu rio muito, mas só do que realmente acho divertido e me faz feliz ou emociona ....
na verdade, o legal mesmo é ser o que se é ... frase manjada, mas não tem nada mais certo.
legal é ter amigos prá calar e prá falar ... tudo na medida certa.
;-)
protesto
Qm disse q música da pitty é bizzaro?
Questão d gosto.
História xata!!!!!
Aff´s
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