Um belo dia, Andreza, de repente, foi embora. Eu sempre soube dos seus ímpetos de partir, tinha plena consciência de que ela estava distante. O que mais me angustiava nisso tudo era o fato de, sempre que ela fazia as malas, eu descobrir uma paixão irrefreável por ela. Cheirava o seu cheiro e beijava a sua boca em plena fronha no meu travesseiro, ao passo que, assim que ela retornava, o seu sabor me era amargo e o seu semblante era recoberto por uma névoa de tédio. Eu só queria Andreza quando ela não podia ser minha. Era um fato.
Mas o que me atraía em Andreza? Talvez a intensidade, a intuição em lugar de inteligência, a genialidade presente em sua falta de método. Às vezes me sentia pequeno perto dela. Pequeno não no sentido de inferior, mas como se ela fosse me abocanhar a qualquer momento, tamanha era a sua vivacidade.
O que falta em Andreza é o rigor de uma boa mãe e a segurança do conforto de um lar. Pois com ela, eu nunca me sentia em casa, mas num trailer ou pedindo carona na estrada. E aquilo me fazia querer viver com ela aventuras e mais aventuras, sem nunca embarcar de vez na sua viagem louca.
Ah, mas eu não quero perder Andreza de jeito nenhum! E todos os seus retornos, ao mesmo tempo em que me fazem desvalorizá-la por acabar me dando conta de que suas idas sempre terão voltas, eles enchem-me de tesão pela euforia compulsiva da briga e da reconciliação. Como um amante das aventuras, mas falso aventureiro contido pela rotina, eu me embriagava com Andreza e me extasiava com nossa novela mexicana. Acendo um charuto.
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