segunda-feira, fevereiro 26, 2007

*800

Todo mundo é carente. Não fosse assim eu não receberia tantos scraps de quem quer receber um scrap, nem olhava três vezes por dia a minha página no orkut pra ver se tem algum recado, nem ficaria feliz por algúem ter se lembrado de mim ou descontente acaso ninguém tenha me dito qualquer coisa boba.

Há também as tais mensagens de celular. Qual felicidade não sinto ao receber uma delas! Às vezes me decepciono ao ver que não passava de um recado da operadora. Ah, e o namorado da minha amiga, que digita *800 só para receber mensagens de saldo e ainda verifica a mensagem cheio de ânsia, na espera pela atenção de alguém? Cada doido tem sua mania, diz o clichê.

Somos tão carentes quanto cachorros. Lembro logo da minha adorável Kika, que vive a me seguir para onde quer que eu vá na casa saltando por entre minhas pernas. Kika, que ao ver algum estranho se põe a latir, arranhá-lo e dar mordidinhas. Kika, nome dado pela minha mãe, que gostou muito daquele filme do Almodóvar. Ah mamãe, não bastasse uma família tão grande, com tanta gente para lhe dar atenção, ainda traz uma cachorra para segui-la pela casa.

Mamãe não gosta de msn. Segundo ela, a gente passa tempo demais a falar besteira na internet. E é verdade. Ah, mas quantas pessoas carentes estão no msn agora? Quantos estão online esperando para que alguém vá lá e puxe conversa, ou quantos estão ausentes e aguardam para falar com alguém em especial, ou quantos estão ocupados e acabam por procrastinar um trabalho para conversar alguma bobagem com um amigo. Há até os que querem ser onipresentes; saem e dizem em sua mensagem pessoal o que foram fazer da vida. Fui à padaria, se quiser, deixe recado.

Bem, neste exato momento, estou offline, pois não há ninguém no msn com quem queira falar, não no momento. Aí venho aqui e escrevo esse texto e, francamente, depois confiro se não há algum comentário no blog. E clico no link, cheia de ânsia, para ver o comentário de alguém que deu um pouco de atenção a mim.

3 comentários:

Sr. Eulálio disse...

Admirável Dunya,

Tenho uma poodlezinha chamada Lalinha que foi prescrita por minha psicoterapeuta. Era para a Lalinha me ensinar o amor incondicional e quem sabe um dia amolecer meu coração emparedado pela Razão.

Só que eu arrumei uma gatinha desmamada, a Mia, que acabou elegendo Lalinha como sua mãe. Lalinha até produziu leite, mesmo virgem. Hoje são ótimas amigas. É Lalinha agora que fica de cabelos brancos com a Mia no seu primeiro cio. Corre atrás dos gatos mal-intencionados que entram no sítio.

O interessante é que Lalinha é uma cadela que sofre de TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), mas é muito carente também. Não sei se mais do que eu....

Beijo,
"Zé".

Interaubis disse...

ah, então eu vou deixar esse recado só pra você se sentir querida!
querida e desconhecida
;)

beijos já nem tão desconhecidos assim, afinal nossos blogs são vizinhos,
e por nossa própria escolha, né

tatiana hora disse...

ooowwwnnn
que fofo você! #)