Hoje estava pensando
Que é injusto ter que sentir saudade
Que o que ficou foi só a lembrança do abraço
Há imagens de tato
E o vazio imenso entre a imagem do corpo
E o corpo
Entre a imagem do toque
E o toque
Não acredito nem na imagem, nem nas palavras
Uma imagem não diz mais que mil palavras
Palavras não dizem mais que mil imagens
Nem as palavras, nem as imagens podem ser signos da sua existência – só o tato
E agora tudo o que vejo é uma imagem fugaz do seu rosto
Tento recuperá-lo, às vezes ele se forma com mais precisão em mim
Não se trata de memória, mas de imaginação
Eu não lembro do seu rosto, eu o imagino
Sinto-o no meu corpo e no meu espírito
No fim, meu corpo e meu espírito são um
E a sua imagem é como um quadro para o qual eu olho
E descubro uma teoria mágica da visão
Lembro-me que o que havia de mais bonito
Era como os seus olhos me fitavam
E me mostravam
O segredo, o mistério, o milagre de ser vidente e visível
Ao infinito
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