sexta-feira, junho 08, 2007

Minha terceira perna

Não tem sensação pior no mundo do que a de estar confusa. Não mesmo. Certamente você pode fazer a pior escolha possível, e você não se conhece o bastante. Não me agrada a idéia de eu não ter controle sobre mim, de não conhecer cada pensamento conscientemente e embasada nas minhas experiências da infância, nos exemplos dos meus pais, e mimimi à la Freud. Nada disso.

O que eu quero? Não faço a mínima idéia! Sei que quero alguma coisa e quero-a já! Talvez a coisa que eu mais quero é ter controle sobre isso tudo, é conhecer pelo menos a mim, oras! Mas muitas vezes de tanto querer chegar a uma decisão concreta, a gente acaba se ajeitando numa forma que não nos serve.

6 comentários:

Anônimo disse...

Uma fonte confiável, mas cuja confiabilidade não passa de um fraco recurso meu de retórica, uma vez me falou que, segundo Freud, a mulher tem certa necessidade de algo que lhes falta: o "falo" que não tem. Juntando as pontas, a sua "terceira perna", de que fala Clarice em G.H. (personagem que perde a dita perna), é a associada a um sentimento inexplicável de ausência. Não afirmo que isso seja um desejo material - p.ex. uma vontade de se tornar transex., mesmo que isso tb esteja dentro do campo do possível e do aceitável -, mas sim uma vontade simbólica...

hohoho. Como Freud é tosco e cruel! ou machista.

(sinceramente, se essa n for outra de suas personagens, acho que tudo isso é normal. Seria mesmo possível encontrarmos a nós mesmos? - acho que quando as pessoas, a maioria delas, envelhecem, deixam de se perguntar sobre as coisas; assim, encontram-se consigo mesmas.

tatiana hora disse...

Sobre A paixão segundo G.H., bem, é um livro bem difícil, não? E você me perguntou sobre o livro como um todo quando eu estava lendo.
bem, o que vi no livro foi uma grande conflito de G.H. a respeito de sua natureza e da relação entre ela e o mundo, que se estabelece através da linguagem. além disso, vi também antagonismos entre classes na relação entre G.H. e sua empregada.

você me perguntou sobre o que seria a paixão. bem, me parece que paixão está aí no sentido de energia libidinal, de vontade de viver, de instinto de vida, de pulsão de Eros. a paixão que prende G.H. à vida. e essa paixão é levada às últimas consequências, ao lado bicho da personagem, quando ela come uma barata, e, assim, se iguala a ela. acho que a personagem está num conflito entre o que nela é Natureza, e o que é Cultura (será?). todo aquele drama a respeito da forma como vemos o mundo, como observamos o mundo, sendo que tudo o que não é humano simplesmente faz parte do mundo (não o contempla como investigador, não o conhece através da linguagem).

etc. enfim, eu acho que vou ler o livro de novo!

Anônimo disse...

kkkkkkkkkkk
poxa. boa tese.
Fiquei até instigado a ler...
É. Vou começar agora.
=D

tatiana hora disse...

deixe de onda, Diogo =P

Anônimo disse...

Eu comecei mesmo =P

A sua modesta tese pelo menos percebe que o livro é mais que a epifania na apreciação do sabor das baratas - talvez seja pouco, mas é a única coisa que lembro da escola, e logicamente não foi a razão por eu comprar o livro...) Por outro lado, eu não poderia saber até que ponto vc encaixou o sentido do livro ao seu próprio sentido sobre as coisas - se é que pode existir essa separação. Eu ainda me lembro de seus poemas e textos que falavam sobre esse lado animal, instintivo, do "homem".

Acho sensata toda desconfiaça de elogios - mais ainda se forem os meus... kkkkkkkkkkkk. (Embora eu os tenha feito de bom grado e com a melhor das intensões)

Anônimo disse...

*intenções (eu sempre confundo)