domingo, julho 24, 2011

Os sonhadores


Assistir hoje a Os sonhadores (2003), de Bernardo Bertolucci, pela segunda vez foi uma experiência bastante inusitada. Já faz mais de uma hora que o filme acabou e ele ainda está aqui comigo. Cá estou eu ouvindo I'm a spy in the house of love, I know the dream that you're dreamin on..., depois de algumas músicas da Janis Joplin.

Dessa vez o filme Os sonhadores teve outro significado pra mim primeiro porque vi bem mais filmes do que na primeira vez em que o vi, e reconhecia imagens como aquela do final do filme e que pertence a Mouchette (1967), de Bresson. Ou mesmo entrava na brincadeira dos personagens, como quando Theo, o personagem interpretado por Louis Garrel, pergunta qual o personagem que morre em cima da sombra de uma cruz e eu logo reconheci o plano de Scarface (1932), do Howard Hawks. E inclusive me lembrei do filme do Phillippe Garrel lançado dois anos depois, Amantes constantes.

Mas a identificação definitivamente não para por aí. Todo aquele climão de anos 60, revolução cultural, Vietnã, bandas de rock, e etc, me fizeram rememorar a minha adolescência. Claro que eu não vivi essa época, mas digamos que na minha adolescência eu tinha uma pequena obsessão pelos anos 60. Movimento hippie, The Beatles, The Doors, Janis Joplin, Led Zeppelin me encantavam muito.

Lembro que eu andava por aí com o cabelão e uma camisa onde havia escrito Break on through to the other side. Claro que havia muito mais, mas minha vida era tomar vinho com meus amigos, tocar violão na Sementeira e bater cabeça em show de rock.

Recordo como hoje da experiência louca que foi passar uma semana na aldeia hippie de Arembepe andando quilômetros sobre dunas com uma mochila imensa nas costas, tomando banho em rio, esperando uma hora pro miojo ficar pronto esquentando num fogo improvisado. De um lado a praia, do outro o rio, no meio dunas, casas rústicas, um mundo à parte. Como se a gente tivesse criado uma diegese, uma ficção.

Tudo isso me dá muita saudade. E na verdade até hoje insisto em ser meio moleca. Não sei quando é que eu vou ter um estilo de adulta, se é que isso vai acontecer algum dia. É que a juventude é gostosa demais.

Como diria Jim Morrison: You're lost little girl...