sexta-feira, fevereiro 29, 2008

"O que censuro aos jornais é fazer-nos prestar atenção todos os dias a coisas insignificantes, ao passo que nós lemos três ou quatro vezes na vida livros em que há coisas essenciais"

Concordo plenamente, Sr. Marcel Proust.
Eu não consigo discutir com pessoas "de esquerda". É o mesmo que debater com crentes que batem na minha porta com uma bíblia debaixo do braço. Se um evangélico, ao saber que não acredito em Deus, esbravejaria "você vai arder no fogo do inferno!", alguém "de esquerda", numa discussão qualquer, seguiria pela falta de argumentação consistente e pela fala autoritária também. Experimente discordar de alguém "de esquerda", e aguarde as exclamações. Logo a pessoa "de esquerda" dirá:

- Você é um(a) reacionário(a)!!!!!

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Engraçado como Hollywood mexe com a cabeça das pessoas. Quando eu era mais nova, sempre que via algum filme na TV a cabo falado em francês, espanhol, alemão, ou algum idioma que eu não reconhecesse, simplesmente mudava de canal. O mero fato de a língua falada não ser o inglês já me incomodava e, de alguma forma, era para mim um indicativo de que aquele seria um filme chato.

Hoje eu observo os cartazes do cinema localizado no shopping que deu nome ao bairro, Bairro Jardins, assim como o shopping Jardins. Eu vejo que aquela região virou um prolongamento do shopping, tanto que chegou a receber o seu nome. O que chamam cinema são as salas multiplex, e Hollywood parece ser o próprio cinema. E a minha cidade "Jardins" lembra uma Hollywood de Sergipe, em pleno Nordeste brasileiro.
A vida é a arte do encontro, embora haja tantas desencontros na vida.

Nunca essa frase do Vinicius de Moraes fez tanto sentido pra mim como no dia de hoje.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Ela faz cinema

Música do Chico Buarque que alguém dedicou pra mim.

Quando ela chora
Não sei se é dos olhos para fora
Não sei do que ri
Eu não sei se ela agora
Está fora de si
Ou se é o estilo de uma grande dama

Quando ela mente
Não sei se ela deveras sente
O que mente para mim
Serei eu meramente
Mais um personagem efêmero
Da sua trama

Quando vestida de preto
Dá-me um beijo seco
Prevejo meu fim
Ela faz cinema
Ela é demais
Talvez nem me queira bem
Porém faz um bem que ninguém
Me faz

Eu não sei
Se ela sabe o que fez
Quando fez o meu peito
Cantar outra vez
Quando ela jura
Não sei por que deus ela jura
Que tem coração
Ela faz cinema
Ela é assim
Nunca será de ninguém
Porém eu não sei viver sem
E fim



domingo, fevereiro 24, 2008

A cara amiga Wenna é quem melhor compreende a minha personalidade. Peço encarecidamente que ela se encarregue, se possível, de falar sobre mim no meu enterro. Ninguém além dela conseguiria dizer coisas tão brilhantes a meu respeito como as seguintes geniais observações:

- "Você vive com a cabeça nas nuvens e com os pés no chão. Não sei como consegue fazer isso".

- "Tati, você não vale um ponto no BomClube!!!!"
Só sei de uma coisa. Sobre o post abaixo, se eu realmente tiver um inconsciente capitalista, ele vai passar a vida inteira frustrado. Eu preciso procurar um psicanalista com urgência. É que sempre tive um apego irrefreável por tudo aquilo que não dá dinheiro. Aí é Freud!

Inconsciente capitalista

Nossa mente nos prega cada peça! Eu, que sempre digo que não preciso de muito dinheiro, graças a deus, e não me importa, honey... Que só preciso de uma casa onde eu possa guardar meus amigos, meus discos e livros e filmes e nada mais... Veja só a ironia: sonhei que minha mãe havia herdado uma casa com cômodos transpassados por uma luz de tom acobreado, com sofás gigantes e macios, com piscina e vistas para o mar. Ao acordar, o susto:

- Por todos os deuses, será que no fundo no fundo eu queria ser rica?

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Toda vez que eu cogito a possibilidade de realizar um filme, logo lembro daquela frase do Mojica em Ritual dos Sádicos (vulgo Despertar da Besta).

- Fazer cinema no Brasil é o mesmo que fazer um foguete aqui e mandar pra lua.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

As loucuras das pessoas apaixonadas só são realmente compreensíveis aos olhos daqueles que estão também apaixonados. Constatei isso ao ver que eu, pessoa que já morreu de amores o suficiente para ter sete vidas, não entendi direito a dor de uma amiga, a aflição da outra, a dedicação extrema de outra ainda ao seu amor. Eu reconhecia aquele sentimento, mas havia uma certa distância, é verdade. As coisas não faziam tanto sentido, e as soluções bem mais fáceis, as respostas óbvias, tudo muito na cara. Mas as pessoas não conseguem ver além do absurdo que é amar, e ficam presas numa armadilha da linguagem. Elas fazem teses absolutas e complexas sobre um simples olhar ou fala, e cometem o mesmo erro até o erro aprender que só o erro tem vez, como dizia Leminski. Enfim, as pessoas apaixonadas tornam-se mais analíticas, porém, mais estúpidas, e ficam mais sensíveis, não obstante, incapazes de perceber o mundo à sua volta.